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sábado, 23 de março de 2013

A REVOLUÇÃO DOS MINEIROS






“Ottoni e a Revolução”
“O país lembra-se ainda hoje de 1842, do
morticínio dos liberais de Minas e São Paulo,
da sufocação da imprensa, do direito de petição
eliminado, da delação premiada pelo governo da
tirania” ( Rui Barbosa )

O Projeto
Inspira-me a fazer este projeto fílmico, a pessoal convicção para com os exemplos de Minas, em sua mais íntima e substancial essência, irradiadora dos conceitos de cidadania, brasilidade e opulência política.

A imortalidade de Teófilo Benedito Ottoni, que ousou modificar a história de Minas e do Brasil, nos idos de 1842, trata-se de um deles, cristalizada por marcante epopéia política, histórica e de formação institucional que, pouco a pouco, vem esgarçando-se na memória das gerações, como que aproximar-se do mais impiedoso e injusto esquecimento.

Matéria do maior interesse na formação política do Brasil e na construção do moderno processo democrático, os Chimangos, alcunha dada aos liberais pelos portugueses conservadores de 1842, transformaram o panorama do II Reinado e deram a Minas, mais uma vez, a oportunidade de lutar em defesa da liberdade, da democracia e da república, proclamada 47 anos depois.

No Brasil, em todos os estados e regiões, existem fatos históricos de relevante interesse cinematográfico. Minas Gerais, possuindo um grande potencial para este gênero de filme, pela amplitude e riqueza de seu passado, está de frente, embora sem conhecer, de um dos seus mais instigantes episódios, ao enfocar para sempre na memória nacional, A Revolução Liberal de 1842 e o seu maior personagem, Teófilo Ottoni.

Uma série televisiva de reconstituição histórica sempre teve múltiplo interesse. Além de atrair o grande público, torna-se um patrimônio de permanente validade para a cultura e para a região enfocada, como documentário e peça de formação educacional.

Abordagem do Tema
A opção desta minissérie é pela linguagem cinematográfica direta e acessível, com cuidadosa reconstituição de época, sem descuidar da técnica e dos atores, mas com muitas cenas produzidas e filmadas em estúdios, cenas fechadas, planos curtos, teatralmente expressionistas, com uma cenografia datada onde se conta uma história real, sem deixar de lado a estética narrativa de um cinema brasileiro, de ficção e de conflito histórico.

Sinopse
Em 1842 o Brasil viveu o processo da “maioridade” no II Reinado. Eclodiam por todo o país vários movimentos revolucionários e republicanos.

Apresentada pelo fim, do ponto de vista do pico do Itacolomy, o megalítico pré-histórico, ícone dos movimentos libertários de Minas, a Revolução Liberal de 1842, liderada em Minas pelo então jovem deputado Teófilo Benedito Ottoni, se arrasta pelas ruas da capital da província.

A partir da memória do seu líder, Ottoni, o Capitão da Casaca Branca, retrata-se, em três momentos cinematográficos - o julgamento, a prisão e a revolução - este que foi um acontecimento singular na história de Minas e do Brasil.

Derrotado os revolucionários mineiros no arraial de Santa Luzia, Teófilo Ottoni é preso e é levado a julgamento na cidade de Ouro Preto, antiga Vila Rica. O Julgamento popular é tenso no seu início, pelo desejo da corte de se aplicar ao réu, como exemplo ao país, a maior das penas. O promotor acabara de falar. Ottoni pronuncia as primeiras palavras da sua brilhante autodefesa. Entra no tribunal, espremida pelo público que lota as galerias atento ao brilhante orador, uma jovem e bonita mulher, com uma criança no colo. Ottoni, visivelmente emocionado, vê, através dos olhos dela, sua esposa, e da criança, seu filho, os acontecimentos que compõem a história da revolução. Um jornal circula pelas mãos dos que ali estavam com a seguinte manchete: Presos de Ouro Preto; peçam misericórdia! Em suas recordações, estagnada na memória, a imagem do primeiro passo, o momento difícil na sua mais importante opção.

Dividido entre o amor da bela e grávida esposa Carlota Amália e a aventura de se fazer a Revolução, o jovem Ottoni, decidido, resolve abandonar o quartel da saúde - uma vida digna, respeitada, de recém-casado, vivendo em uma bela casa na grande cidade - e sai, às escondidas, numa noite chuvosa, montado na besta Montanha. Ottoni, destemido, contando só com sua argúcia e com o seu carisma, arriscando-se para levar o povo mineiro ao levante, cria um épico, numa seqüência de fatos, onde se misturam os ingredientes do romance, da aventura e avança sobre o imponderável.

Na construção dramática e no conflito do tempo histórico - do outro lado - está o poder do Império.

Nos palácios, os áulicos, ocupados em discutir outro Brasil, falam sobre o destino do menino rei e da sua futura esposa, que está sendo procurada por um emissário nas cortes européias.

É noite. Na casa dos Ottoni, está reunida a família e os amigos do Deputado. Nesta ocasião, sabendo das notícias de que os paulistas se renderam às forças do exército imperial e entregaram às armas ao General Barão de Caxias, Ottoni resolve ir ao encontro de seus seguidores e de seus companheiros que ficaram em Minas Gerais.

O rebelde deputado levaria do Rio para Minas uma “mentira” estratégica: “Os paulistas revolucionários, resistiam bravamente...” quando, em verdade, já haviam se rendidos.

Seu irmão tenta convencê-lo a ficar em casa - sua mulher está grávida - eis o seu último argumento. Ottoni não se deixa enganar - “Minas ainda pode resistir e mudar os rumos do país”- e, com seu forte ideal republicano, avança diuturnamente contra todas as barreiras e perseguições imposta pela polícia da monarquia. Mas, finalmente, enganando os soldados, passando a galope pela ponte que corta o rio Paraibuna, atravessa a divisa do Rio, chega às Gerais e é recebido com muita festa por seus companheiros revolucionários.

Com sua liderança, pelas estradas e trilhas que o leva à Barbacena, obtém as adesões das classes produtoras e também dos trabalhadores. Encontra no caminho, o amigo e também deputado correligionário, Cônego Marinho, fiel companheiro de toda a revolução.

Ottoni e o movimento de Minas preocupa o Império. D. Pedro e seus Ministros pedem ao Barão de Caxias que assuma o comando das tropas e marche rumo à província de Minas.

Na mais famosa das batalhas, a de Santa Luzia, os rebeldes mineiros, antes da derrota final, rechaçam o legendário Caxias e o exército imperial.

As movimentadas seqüências históricas e revolucionárias, terminam com a derrota e a prisão do herói em Santa Luzia e o seu julgamento em Ouro Preto, então capital das Minas Gerais, onde é absolvido pelo clamor popular contra a vontade da corte. Ottoni consegue convencer ao júri do seu amor à pátria, de sua lealdade ao povo e a nação brasileira.

Liberto, nos braços do povo, recebe, como seu maior troféu, a pena que assinou a sentença de sua liberdade. Abraçado a sua esposa e ao filho, caminha livre pelas ruas de Ouro Preto, misturando-se a população da velha capital de Minas Gerais.

Um comentário:

Douglas disse...

Estou com Dom Pedro II e não abro mão. Teófilo era homem de boas intenções, era um republicano. Mas veja só em que enrascada a republica nos colocou, até hoje ouve-se por ai um ditado que diz. Que de todos os Presidentes do Brasil só o Rei era republicano mesmo (Que com seu único poder moderador garantia a alternância de poder no parlamento). Sem contar que Teófilo foi um dos que ajudaram a ressuscitar o ja esquecido Alferes Joaquim José da Silva Xavier criando um herói mítico que hoje conhecemos (Ou não ja que pouco se sabe mesmos sobre ele) para tê-lo como mote dos ideais republicanos. Dom Pedro II foi sem dúvida até hoje o maior Brasileiro de Todos os tempo, uma pena Teófilo ter sido contra, mas também como ele poderia imaginar que daria no que deu.