QUE VALE? QUE CULTURA? QUE CINEMA?
Queridos amigos e amigas deste Brasil profundo,
Uma pergunta que não quer calar....
O cinema no Brasil, hoje, é restrito aos guetos dos Shoppings centers, onde é visto (em média) por apenas 2% a 4% de toda a população brasileira. Neste circuito só é exibido o cinemão dos EUA, com uma ou outra exceção, de um filme brasileiro "comercialmente extraordinário" ou uma ou duas comédias bem sucedidas da Globo Filmes. Mais de 90% do cinema brasileiro não é distribuído ou, quando o é, entra em cartaz em quatro ou cinco salas de todo o país (aqui estamos falando de um país continental), geralmente em um único horário, saindo de cartaz após uma semana, perfazendo uma média de 15 mil espectadores. Muitos filmes de grande qualidade estética e com muitos prêmios, no Brasil e no exterior, ficam com seus bravos e dignos 2.000
espectadores.
Quando o "Vale Cultura" nasceu, mesmo sendo dirigido a todas as artes, foi junto do projeto "um cinema perto de você", das redes de cinemas nas cidades pequenas e de porte médio, das redes de cinema universitários, dos cinemas nos conjuntos habitacionais, dos cinemas do circuito de bairros e favelas, da ampliação dos cineclubes etc e etc. Onde está este projeto? Havia para isso, segundo os discursos da época, quase um bilhão de reais... Dinheiro que gente besta não conta. Maravilhas e maravilhas! Mas onde está este dinheiro? Por acaso, foi para o financiamento de novas salas nos shoppings centers? (Aqui não afirmo nada, só pergunto, exercitando o meu papel de cidadania, e espero que as represálias governamentais que sempre vêm, depois de qualquer questionamento, sejam tão leves como os sete palmos de terra que nos cobrem após a morte (a parte que nos cabe deste latifúndio audiovisual).
Se, afora o circuito do shopping center, em um modelo que só favorece o cinema da Motion Pictures e uma alguma exceção do cinema nacional, o projeto dos circuitos de cinema populares e da diversidade não foi pra frente, qual é mesmo a saída, afora o aeroporto ou catar coco babaçu no Maranhão? Onde estão os projetos transformadores antes propostos? Estamos lutando mesmo pelo que? Por que? Pra que? Pra quem?
Desculpem a minha ignorância, mas é porque eu não entendo mesmo, por isso pergunto.
Que diferença faz entregar o dinheiro do povo brasileiro a Sky ou a Motion Pictures? Este dinheiro vai mesmo pra quem? A serviço de que? Será que não podemos também criar o "Vale-coquinho-babaçu"?
Esta reflexão é sobre a situação do cinema nacional (o modelo em crise,neste momento). O vale cultura, em relação ao nosso cinema, não muda nada ou quase nada, porque terminará favorecendo as grandes corporações, posto que o projeto popular não avançou. Sem o projeto de cinemas populares, do Banco de Audiovisual Brasileiro (para licenciamento de filmes brasileiros para as redes publicas, educativas e comunitárias de TV), o incentivo às micro e pequenas empresas de audiovisuais, a criação das TVs públicas regionais, os cineclubes sobre novos formatos, os pontos de cultura, etc e etc, não há saída. Estamos ferrados e condenados.
Outra pergunta que sempre me faço: Quem se interessa em mudar alguma coisa que quebre esta hegemonia? Quem propõe novos paradigmas? Quem está pensando um novo projeto? Qual é o projeto, para o cinema brasileiro, que está em curso? Por que devemos fazer de conta que está tudo bem?
Desculpem, mas só tenho perguntas e mil incertezas.
Como membro do Conselho Superior de Cinema (2010-2012), inúmeras vezes,levantei a questão de pensarmos um modelo diferente para o cinema
brasileiro? Inutilmente, respeitáveis senhores e nobres damas. Dom Quixote sempre desperta o riso, já que a tragédia humana nunca é enxergada em sua
profundidade.
Com todo o respeito, desejo bom trabalho e boa luta para todos companheiro(a)s, mas pra mim tudo isto é conto da carochinha mal (e mau)contado.
Acredito que outras artes possam conquistar algum benefício. Sobretudo nos grandes centros. Vamos ver, o futuro dirá.
No mais, FUI!... Catar coquinhos!
Um grande e caloroso abraço de um cineasta das beiradas do mundo e das marcianas caatingas
Rosemberg Cariry
Uma pergunta que não quer calar....
O cinema no Brasil, hoje, é restrito aos guetos dos Shoppings centers, onde é visto (em média) por apenas 2% a 4% de toda a população brasileira. Neste circuito só é exibido o cinemão dos EUA, com uma ou outra exceção, de um filme brasileiro "comercialmente extraordinário" ou uma ou duas comédias bem sucedidas da Globo Filmes. Mais de 90% do cinema brasileiro não é distribuído ou, quando o é, entra em cartaz em quatro ou cinco salas de todo o país (aqui estamos falando de um país continental), geralmente em um único horário, saindo de cartaz após uma semana, perfazendo uma média de 15 mil espectadores. Muitos filmes de grande qualidade estética e com muitos prêmios, no Brasil e no exterior, ficam com seus bravos e dignos 2.000
espectadores.
Quando o "Vale Cultura" nasceu, mesmo sendo dirigido a todas as artes, foi junto do projeto "um cinema perto de você", das redes de cinemas nas cidades pequenas e de porte médio, das redes de cinema universitários, dos cinemas nos conjuntos habitacionais, dos cinemas do circuito de bairros e favelas, da ampliação dos cineclubes etc e etc. Onde está este projeto? Havia para isso, segundo os discursos da época, quase um bilhão de reais... Dinheiro que gente besta não conta. Maravilhas e maravilhas! Mas onde está este dinheiro? Por acaso, foi para o financiamento de novas salas nos shoppings centers? (Aqui não afirmo nada, só pergunto, exercitando o meu papel de cidadania, e espero que as represálias governamentais que sempre vêm, depois de qualquer questionamento, sejam tão leves como os sete palmos de terra que nos cobrem após a morte (a parte que nos cabe deste latifúndio audiovisual).
Se, afora o circuito do shopping center, em um modelo que só favorece o cinema da Motion Pictures e uma alguma exceção do cinema nacional, o projeto dos circuitos de cinema populares e da diversidade não foi pra frente, qual é mesmo a saída, afora o aeroporto ou catar coco babaçu no Maranhão? Onde estão os projetos transformadores antes propostos? Estamos lutando mesmo pelo que? Por que? Pra que? Pra quem?
Desculpem a minha ignorância, mas é porque eu não entendo mesmo, por isso pergunto.
Que diferença faz entregar o dinheiro do povo brasileiro a Sky ou a Motion Pictures? Este dinheiro vai mesmo pra quem? A serviço de que? Será que não podemos também criar o "Vale-coquinho-babaçu"?
Esta reflexão é sobre a situação do cinema nacional (o modelo em crise,neste momento). O vale cultura, em relação ao nosso cinema, não muda nada ou quase nada, porque terminará favorecendo as grandes corporações, posto que o projeto popular não avançou. Sem o projeto de cinemas populares, do Banco de Audiovisual Brasileiro (para licenciamento de filmes brasileiros para as redes publicas, educativas e comunitárias de TV), o incentivo às micro e pequenas empresas de audiovisuais, a criação das TVs públicas regionais, os cineclubes sobre novos formatos, os pontos de cultura, etc e etc, não há saída. Estamos ferrados e condenados.
Outra pergunta que sempre me faço: Quem se interessa em mudar alguma coisa que quebre esta hegemonia? Quem propõe novos paradigmas? Quem está pensando um novo projeto? Qual é o projeto, para o cinema brasileiro, que está em curso? Por que devemos fazer de conta que está tudo bem?
Desculpem, mas só tenho perguntas e mil incertezas.
Como membro do Conselho Superior de Cinema (2010-2012), inúmeras vezes,levantei a questão de pensarmos um modelo diferente para o cinema
brasileiro? Inutilmente, respeitáveis senhores e nobres damas. Dom Quixote sempre desperta o riso, já que a tragédia humana nunca é enxergada em sua
profundidade.
Com todo o respeito, desejo bom trabalho e boa luta para todos companheiro(a)s, mas pra mim tudo isto é conto da carochinha mal (e mau)contado.
Acredito que outras artes possam conquistar algum benefício. Sobretudo nos grandes centros. Vamos ver, o futuro dirá.
No mais, FUI!... Catar coquinhos!
Um grande e caloroso abraço de um cineasta das beiradas do mundo e das marcianas caatingas
Rosemberg Cariry
Nenhum comentário:
Postar um comentário