RADICALIDADE E MUDANÇAS
A palavra radical vem do latim “radicale”, e etimologicamente, deriva da palavra raiz. No campo político “ser radical“ é encarado negativamente por diversos seguimentos da nossa sociedade, principalmente, por setores mais conservadores que abominam mudanças que possam abalar seus privilégios. Nós do PSOL – Partido Socialismo e Liberdade, fundado em 2005, a partir de um grupo divergente do PT, somos muitas vezes assim carimbados. Lembro da campanha presidencial de 2006, onde a ex-senadora Heloisa Helena recebia os elogios de inteligente, corajosa e honesta, mas era tachada de muito radical. O mesmo aconteceu com Plínio de Arruda Sampaio em 2010.
Guardada as devidas proporções, tal fato tem se repetido comigo e com os demais companheiros do partido quando participamos do processo eleitoral ou qualquer debate na mídia e nas redes sociais.
Somos militantes da esquerda socialista e opinamos sobre diversos fatos políticos e sociais que ocorrem em nossa cidade, nosso país e até no mundo, e também recebemos críticas por opiniões consideradas radicais.
Devido nossa formação política e ideológica, temos um olhar crítico sobre este modelo neoliberal e globalizante que querem nos impor como verdade absoluta e pensamente único.
O mais engraçado de tudo isso é que grande parte dessas pessoas que fazem críticas, quando perguntadas sobre o atual estado das coisas, principalmente, no campo político, reclamam e pedem mudanças. Fica a pergunta: que tipo de mudanças se fazem necessárias ?
Será que basta uma mudança “meia boca”, uma “melhorazinha “ aqui e outra ali ? Isso atende às nossas necessidades ? Qual a profundidade das mudanças que seriam realmente transformadoras ?
Ser radical não é ser negativo. É lutar por mudanças que possam atingir a raiz do problema. Encontrar soluções que possam mudar a vida das pessoas para melhor, de forma a impedir retrocessos.
Somos adjetivados como radicais por lutarmos por uma reforma política que possa restabelecer a ética e as boas práticas políticas. Por lutarmos por mudanças no modelo econômico que possam trazer mais igualdade e justiça social. Por combatermos com firmeza a corrupção, um câncer que atrasa o desenvolvimento do país. Por batalharmos pela total transparência no trato com a coisa pública. Por acharmos que o capital humano tem que estar acima do capital financeiro. Que o desenvolvimento tem que estar subordinado a preservação ambiental, respeitando o planeta e as futuras gerações.
No plano municipal, somos radicais por lutarmos contra um modelo de gestão que enriquece há décadas uma elite política em detrimento da maior parte da população que não é atendida com políticas públicas eficazes na saúde, educação, habitação e geração de emprego.
No atual estágio, não cabem mais meias-medidas. Precisamos de mudanças profundas que só virão com muita luta e participação popular. Precisamos atacar a raiz de todas essas situações, senão, ficaremos no terreno das “melhorazinhas”, dependendo da “ajuda e favores” de quem não quer mudar coisa alguma.
José Sarney, Renan Calheiros, Serra, Paulo Maluf, Dilma, Lula, FHC, Sergio Cabral, Jânio Mendes, Marquinhos, Alair Correa e outros em nosso Estado e Município se orgulham de não serem radicais, querem que tudo permaneça como está. Querem que você acredite que tudo é assim mesmo e que agentes políticos são todos iguais.
De minha parte, vou continuar sendo radical. Vou continuar lutando pela cidadania plena e participativa. Eu sou um daqueles teimosos que se recusam a abandonar seus sonhos e suas utopias. Pessimismo da razão e prática da vontade, ensinava Gramsci há muito tempo atrás.
“ Um sonho quando sonhados por muitos e ao mesmo tempo, torna-se uma inevitável realidade”.
Raul Seixas
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