Ponto de Vista
Fico ouvindo nas mesas dos cafés que eu frequento, desta
pequena cidade litorânea, geralmente de amigos - pessoas educadas com formação
acadêmica, professores, empresários - exaltações de coisas e desejos culturais embutidos
em frases de pensamentos político-filosófico, tidos e ditos como definitivos no
processo civilizatório da sociedade brasileira e confesso que fico, às vezes,
assustado.
Digo com isso que artistas, intelectuais e políticos,
envolvidos com o sistema capitalista que domina o país, não possuem a visão
necessária à percepção de um mundo novo que se descortina a sua frente. Um
mundo de ideias transformadoras, revolucionária, que se quer mostrar como parte
exclusiva de homens escolhidos e selecionados entre tantos outros de uma mesma
espécie, criaturas que me fazem gemer o estômago triturando meus próprios
dentes. Durante a ditadura militar
no Brasil, alguns artistas viraram colaboradores do regime – seja por
simpatizarem com os governos militares ou por pura covardia – passando
informações sobre o que acontecia no meio artístico e participando de atos
realizados nos quartéis. E os documentos da ditadura
revelam, além do massacrado Simonal, alguns nomes de colaboradores do regime no
meio artístico. É citado Roberto Carlos, Agnaldo Timóteo, entre outros,
Por exemplo, leiam as sandices ditas hoje pelo cantor e compositor Lobão: ”...
Essa Comissão da Verdade que tem agora. Por que é isso? Que loucura que é isso?
Aí tem que ter anistia pros caras de esquerda que sequestraram o embaixador, e
pros caras que torturavam, arrancavam umas unhazinhas, não [risos]. Essa foi
horrível [risos]. Mas é, é bem isso. Quem é que vai falar isso? Quem é que vai
ter o colhão de achar que bunda de pinto não é escovinha? Porque não é. Não é.
Então é o seguinte: a gente viveu uma guerra. As pessoas não estavam lutando
por uma democracia, as pessoas estavam lutando por uma ditadura de
proletariado. As pessoas queriam botar um Cuba no Brasil, ia ser uma merda pra
gente. Enquanto os militares foram lá e defenderam nossa soberania. ”
Esse Lobão é um merda que sempre detestei. Muitos apoiaram a ditadura, o cinema
brasileiro com a Embrafilmes; os jornais:
O Globo, A Folha de São Paulo, O Estadão, e ninguém fala disso, todos
permanecem calados enquanto um colunista medíocre como o Nelson Motta que não
tem a inteligência do Jabor escreve absurdos em sua coluna do Globo. Essa é a
exaltada inteligência nacional? O Brasil
se esqueceu, muito rápido, de suas mazelas e é sempre bom lembrar o que aqui
aconteceu há 48 anos.
Esse documentário
vale como alerta de um tempo que não pode ser esquecido.
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