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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Pílulas de Dúvidas

Com a chegada da tevê digital em todo território nacional, os canais abertos de pouco alcance que não terão mais as retransmissões das grandes redes nacionais de tevê analógica deveriam ser entregues aos municípios brasileiros, ao poder público, para que cada prefeitura fosse obrigada por lei federal a cuidar da difusão educativa, cultural e jornalística da sua região.

Tem certas experiências culturais que se praticam no país que nos parece de uma ingenuidade infantil. Cito aqui duas delas: por um monte de papel preenchido, assinado, documentado e legalizado, uma burocracia infernal, descola-se uma boa grana do Ministério da Cultura com a idéia de levar o nosso acervo cultural a um maior número de pessoas através do projeto chamado “Ponto de Cultura”. Talvez alguns desses “pontos” tenham difundido seus honestos trabalhos, mas sem nenhum dado na mão posso dizer que a maioria foi uma grande falácia. Outro absurdo é colocar equipamentos de vídeos profissionais na mão inexperiente de garotos das pequenas cidades do interior e ainda liberar uma boa quantia de dinheiro para eles realizarem vídeos com temas aleatórios que para nada servem. Posso garantir, não obstante os dados oficiais de proveito do Ministério da Cultura, que essas experiências, cheias de boas intenções para com os realizadores, não trouxeram, nem a eles nem ao país, nenhum proveito digno de nota.

É preciso gastar dinheiro e tempo nas coisas certas, como espalhar por todos os municípios do Brasil pequenas salas de encontros e concertos (que chamei, em um dos meus utópicos projetos, de “Ocas Culturais”, de mídia digital), onde possa se exibir a arte e a criação que existe no cinema, no teatro, na música, na dança, na poesia, na literatura, nas artes plásticas, no artesanato disso tudo, no popular cafezinho, no pão de queijo mineiro, no bate-papo inteligente e em todas outras guloseimas do paladar cultural brasileiro.

Não precisamos somente de mais salas de cinema, como está propondo a ANCINE ao governo, elas serão realizadas com o dinheiro público para levar o lixo estrangeiro às pequenas cidades que não possuem cinema. É inacreditável que isso aconteça. Ou serão essas novas salas exclusivas a exibição dos filmes brasileiros? Quem serão os programadores destas salas? Os distribuidores? O nosso interior não esta só carente de cinema, está carente da cultura brasileira, da sua identidade, que só um projeto multimídia, multicultural, como as Ocas podem oferecer.

Os assuntos da nossa cultura não deveriam ser no mínimo tratados pela mídia com toda a nobreza que ela trata o esporte?

A quem interessa a libertação do mercado alternativo de entretenimento por todo território brasileiro?

Uma boa notícia é que novas distribuidoras estão sendo propostas pelos produtores-empresários da indústria brasileira de cinema. Essa é uma boa oportunidade para se tirar as latas das prateleiras e digitalizá-las e é importante sempre lembrar que não se deve restringir o mercado só ao cinema comercial na distribuição destes filmes.

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