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terça-feira, 24 de maio de 2011

UM NOVÍSSIMO CURTA DE UM VELHO CINEASTA

Caríssimo Zé,


acabei um novo curta que já está no YOUTUBE. Chama-se "DESERTOS" e é muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuitíssimo pessoal. Podendo, tendo tempo e saco veja-o!




Gostei muito de tê-lo feito e vai ficar um pouco como TESTAMENTO. Se me for desta para outra vai ficar como despedida. Espero não ir, mas nunca se sabe.

E o teu longa? Faça-o como puder!

Cuide-se. Abraços.


UPA!UPA!UPA CAVALINHO ALAZÃO...
É inacreditável o que eu vou contar. Acordei hoje com a minha mulher passando mal. Estamos morando em Cabo Frio a mais ou menos cinco anos. Conhecemos poucas pessoas e fizemos alguns amigos. Levei a minha mulher a UPA da cidade, embora ela tenha o seguro saúde da UNIMED, pois tínhamos informação que a Unidade de Pronto Atendimento estava funcionando bem, e como eu tive uma péssima experiência no hospital da cidade, que representa a nossa seguradora UNIMED, com uma médica que me fez um diagnóstico totalmente errado – tomei uma caixa inteira de antibiótico sem necessidade – pensei que a tal UPA fosse a melhor opção. Assim que chegamos na sala do atendimento, ela já estava amontoada de gente sofrida. Quando íamos entrar o segurança na porta colocou a mão grossa no meu peito e disse: - É proibida a entrada de acompanhante... Pensei logo na marchinha de carnaval do Lamartine, mas achei mesmo que foi uma grosseria e como não havia lugar para se sentar e esperar o atendimento que, segundo um senhor humilde do povo local, estava demorando em média duas horas, então eu, preocupado, tentei convencer a minha mulher de que deveríamos pegar o carro e irmos prontamente para o Rio ou mesmo Juiz de Fora, onde temos grandes amigos que são médicos renomados na cidade.Ela não quis, pois tinha compromissos inadiáveis, e lá fomos nós para o inóspito hospital de amarga lembrança. Saímos do parque Burle e chegamos ao centro da cidade. No hospital, com sua fachada de época inglesa da II grande guerra, na sala de espera, que estava cheia de doentes e acompanhantes, tinha uma cadeira vazia. Uma coitada, com suspeita de dengue hemorrágica, fervendo de febre gemia na cadeira depois de uma hora sem ainda conseguir o urgente e necessário atendimento. Tive que sair da sala pois começava a ficar irritado com a irresponsabilidade médica e administrativa que ali se processava. Minha mulher, com febre e dor de cabeça, esperava pacientemente ser chamada para a sua consulta. Passaram-se três horas e meia e nada... Inacreditável! Reclamei na recepção. Ninguém falou. Silêncio. Finalmente uma anunciante vestindo azul abre a porta do ambulatório e chama o próximo... Eu entro com ela. O médico, mais velho com a cara fechada, parecia que estava de saco-cheio, ouve impaciente o histórico da paciente e com rapidez preenche o pedido de exame de urina e sangue tendo a desfaçatez de nos dizer no final da rápida consulta para que ela, com o resultado do exame, ir procurar o seu médico. Ora se tivéssemos algum outro médico para procurar não estaríamos ali agora com ele. Depois disso ainda fomos até o escritório da UNIMED para preenchermos a guia de exame, dentro do plano de saúde feito em Juiz de Fora, onde pagamos seiscentos reais por mês. O exame foi recusado pois deveria ter sido feito no próprio hospital que pelo que sei não possui os laboratórios necessários. UPA! UPA! Ai tem alguma maracutaia. Embora pagamos religiosamente a UNIMED temos que pagar a um particular os exames pedidos. Não é incrível? Eu que nasci em uma família de médicos e de políticos, fico escandalizado com o que eu ouvi, desde que aqui cheguei, a respeito da questão da saúde pública na cidade. Meu pai foi quem trouxe o primeiro posto de saúde para Cabo Frio, isto em 1958, quando foi diretor geral do SAMDU, no governo de Juscelino. Depois foi cassado e quando anistiado elegeu-se prefeito da sua cidade natal. Sua primeira obra foi um posto de saúde de urgência, um novo SAMDU que ele chamou de SAMU, para todo o município. Esse posto por servir com dignidade o cidadão nunca foi fechado por seus opositores e, existindo até hoje, tornou-se um marco de sua administração. Falo do meu pai pois essa cidade que é governada por um jovem médico deveria ter, com o orçamento que tem, além de outras coisas que não tem, pelo menos um belo serviço de saúde para o cidadão, para o seu povo, o que, como tantas outras coisas por aqui, infelizmente não acontecem.


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