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sábado, 24 de abril de 2010
Notícias
PSICOLOGIA DE MASSA, DO POVO E DA FÉ Leitores amigos, quando Brizola disse que se em vez de fazer os 500 Cieps (Escolas de tempo integral) para educar e dar cidadania as crianças do Rio de Janeiro, ele tivesse construído 500 igrejas, ele não teria perdido a eleição para o bispo da universal. O Darcy Ribeiro disse que durante a vida perdeu quase todas as lutas a favor de um país melhor, mas apesar disso ele não gostaria nunca de ter combatido ao lado dos seus vencedores. O que vimos ontem pela televisão, no encontro promovido pela Universal no centro do Rio, é a explosão de toda uma massa despreparada, desesperada, desinformada, deseducada e massificada com o que de pior se tem na mídia imposta por todos os canais abertos e fechados da televisão brasileira. Essa massa de gente possuída e poluída por desejos inconfessáveis são abastecidos, nos seus sonhos consumistas e de ascensão social, pelas novelas com suas histórias construídas na vida da alta sociedade de países ricos, inexistentes ao sul dos trópicos; valorizados pela propaganda consumista das grandes empresas estrangeiras que dominam os intervalos comerciais; pelos enlatados made in USA; pelos programas de auditório alienantes; pela proliferação de canais religiosos e mistificadores e até pelo novo cinema brasileiro – quem não quer ser um Chico Xavier, um pobre que deu certo através da fé e de Deus? Onde está embasado tanto sucesso? Na falsa felicidade de ser um assalariado ou na miscigenação de todos os credos? Do desprezo surge a esperança. Lula, o filho do Brasil, de formação católica, abandonou o culto quando frei Beto deixou o seu governo. A multidão de fieis que fecharam o aterro do flamengo no Rio assustou os meios informativos da poderosa e católica emissora de tevê. O povão que causou um grande congestionamento em todo centro da cidade, foi até ali na esperança do milagre, tantas vezes propagados pelos canais de tevê da igreja salvadora, onde cada graça é concedida dependendo das vultosas doações dadas por milhões de fieis que abastecem o cofre desta hoje poderosa organização nacional e internacional. Agora então com a pedofilia dos padres católicos, melhorou, em muito, o montante arrecadado por essas outras igrejas. É incrível! É preciso de muita força e saber para se manter correto e ideológico nesta babel de ignorantes desejos. Não precisa ser fanático religioso para saber que Cristo expulsou os mercenários do templo e fez de toda a natureza que o envolvia a sua igreja, o seu púlpito. Mostrava-se a todos, do alto da montanha, dizendo aos seus seguidores: que Deus, seu pai, estava nele e em cada um, e que Ele não precisava de templos suntuosos para dizer ao mundo todas as suas verdades. Todo mundo sabe disso! Ninguém consegue enganar a todos por muito tempo. Michel Foucault (Geanologia do Poder) afirmou quando visitou o Brasil que nós aqui, com tantos terreiros de macumba, candomblé, umbanda, não precisávamos da psicanálise. O esperto bispo criou uma igreja “universal” onde o sincretismo religioso toma de assalto, de todos os outros cultos, aquilo que é mais popular, que é mais oculto, que provoca mais mistérios e que oferece mais benefício ao praticante. Sempre tem alguém que resolveu definitivamente a sua vida depois de freqüentar os cultos. Satanás foi expulso do corpo de um visinho e ele ganhou na mega-sena. Maria parou de trair João, quando recebeu a benção… É tudo verdade! Quer assunto mais interessante? O homem comum não encontra isso em outra religião e anda desprezando e debochando de qualquer outra explicação dos católicos. No Brasil não se acredita e muito menos se tem paixão por nenhum partido político. Nem os velhos comunistas mantiveram suas legendas. A única coisa que supera isso tudo na alma do nosso povo é o futebol, como paixão e movimento de massa. O grande Wilhelm Reich, dissertando sobre a problemática da psicologia de massa diz, mais ou menos, o seguinte: quando os trabalhadores, devido aos baixos salários, entram em greve, essa ação deriva de sua situação econômica. O mesmo acontece quando um esfomeado rouba. Para explicar o roubo pela fome ou a greve pela exploração na provocação do poder econômico estabelecida por tão cruel sistema, é necessário, para psicologia de massa, explicar o inverso dialético deste caso: o que é necessário explicar não é que o faminto roube ou que o explorado entre em greve, mas por que razão a maioria dos famintos não rouba e a maioria dos explorados não entra em greve? Quem foi que disse que a religião é o ópio do povo?
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