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quarta-feira, 21 de abril de 2010

CONTO

Demóstenes orienta seus filhos sobre o que eles deveriam fazer caso tivesse um novo ataque.
- Não mexam comigo! Não tirem de maneira nenhuma o meu capacete, ele é a minha proteção...
Marcos, assustado:
- Mas papai! Um capacete nazista? O que ele pode fazer bem ao senhor?
Demóstenes:
- Não toquem nele! Gabriel sabe que quando eu o coloquei na cabeça, a minha memória, o meu estado físico, melhorou muito. Se eu desmaiar, só me coloquem na cama e não coloquem a mão em nada. Chame um médico, mas deixe o capacete na minha cabeça. Ele vai chegar e medir a minha pressão. Ela praticamente não vai existir, estarei morrendo? Não! Ai ele vai tirar o meu capacete e levar com ele, não deixe isso acontecer...
Marcos:
- Você estará morrendo...
Gabriel:
- Vamos deixar essa morbidez para outros momentos. Papai, o senhor esta em plena recuperação... Nada de mal vai lhe acontecer.
Marcos:
- Eu também acho...
Demóstenes:
Assim estará tudo bem. Agora estou um pouco cansado e vou me recostar ali na cama. Vou tentar dormir um pouco...
Gabriel:
- É isso ai. Descansa enquanto eu vou preparar uma comidinha leve para te dar força e ajudar na sua recuperação.
Demóstenes:
- Obrigado meus filhos, Fiquem tranqüilo que nada vai acontecer comigo enquanto eu tiver esse capacete na minha cabeça.
Demóstenes deita na cama e fecha os seus olhos.
Mariana e Júlio estão no quarto do hotel. Julio que havia aberto o embrulho e descoberto o capacete, esta com ele na cabeça. Mariana sorri quando o vê assim e ele faz a mesma brincadeira que Demóstenes fez para ela quando comprou os dois capacetes.
Mariana:
- Julio, o que você faria se eu piscasse o farol três vezes?
Julio, com a voz diferente:
- Nós temos que ir atrás daqueles colaboracionistas que irão receber um carregamento de armas?
Mariana:
- Você às vezes me parece uma criança para quem temos de repetir milhares de vezes o mesmo pensamento para que ela possa entender alguma coisa verdadeira.
Julio:
- Desculpe-me... Uma verdade dita mil vezes torna-se uma mentira...
Mariana:
- Pisque o farol três vezes novamente.
Julio:
- No mar pode-se ver uma luz piscando três vezes. São as armas chegando, precisamos detê-los! Olhe! Estão piscando as luzes, você pode ver?
Mariana:
- Claro! Mantivemos o contato. Agora é esperar.
Julio:
- Enquanto isso nós fazemos o quê?
Mariana:
- Fale-me um pouco sobre você, sobre a sua família, seus amigos...
Julio:
- Não sei mais quem eu sou... Sou uma pessoa que aceitei um trabalho e me apaixonei pela contratante.
Mariana:
- Estes são os desejos mais comuns a todos os homens que se dizem civilizados...
Julio:
- E por acaso sou um bárbaro?
Mariana:
- O que você está sentindo agora?
Julio:
- Um torpor agradável. É como se fosse um sonho...
Julio deita-se na cama e fecha os seus olhos. Mariana bastante assustada observa com atenção os acontecimentos. Depois se deita ao lado de Julio.

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