Liberdade e Cordialidade
Sombras de luzes difusas
Arquitetando sonhos
Acordando o dia
Sucumbindo o ontem
Mandrágora de um só destino
Nuvens no céu de cobre
Cata-vento de areia solta
Lagoa de sol e sal
Magia que vem de longe
Dos confins do Himalaia
Bode velho enterrado
Cobiça dos incautos
A cordialidade brasileira
Subiu as montanhas
Cortou o leito dos rios
Desceu pelo mar
A Terra salgou
São tão poucos hoje
Os homens cordiais
Um deserto de maldades
De iniqüidades e safadezas
A casa está cheia
A água está suja
O perverso predomina
Em cada esquina um desesperado
Um despreparado comanda o show
Uma barata atravessa a nado o canal
Um jet –set passa em disparada
A história é cíclica e está inteira no presente
O mar nunca mais vai se abrir para Moisés
A terra prometida estará perdida sem a cordialidade
Um carro de som explode num reclame de quinta
Um passante implica com o cigarro
Uma moto escarra a sua descarga aberta
Aumenta-se o som da tevê que não se vê
Ninguém mais fala todo mundo grita
O som de uma pequena cidade pode enlouquecer
Pode ser cruel aos ouvidos mais sensíveis
Quebrar uma vidraça ou matar um passarinho
O homem cordial está preso na gaiola
Liberdade é o diáfano de todo o conhecimento
É a substância de cordialidade entre os semelhantes
É o respeito do adversário pela força da verdade
É a natureza resgatada em sua exuberância
Liberdade e Cordialidade são as palavras chaves
Erva de caboclo para o ano do dragão chinês
Exorcismo de maldades em pescoço de galinha
Engolidor de sapos dos bares da vida
O homem caiçara cordial
Precisa se encontrar
Mudar a dinâmica do arraial
Onde ainda se encontra a cidade
Clarear as mentes e as águas poluídas
Escolher o bom e inexorável caminho
Dar dois passos à frente e abraçar a vida
Ou se deixar enganar mais uma vez
Reflita com o sol e a liberdade
Abandone a ausência de clareza
De limpidez e de perceptibilidade
Afaste-se do obscurantismo e da tormenta
Seja um novo homem
Livre num mundo melhor
Seja cordial
Seja feliz
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