Foram-se, com o passar dos anos, os sonhos da minha geração.
Às vezes eu me pergunto: o que eu faço ainda aqui neste mundo?
Nasci em 1948, três anos depois que explodiram a bomba atômica de Hiroshima; vinte seis anos depois da Semana de Arte Moderna; cinqüenta anos depois da invenção do cinema; trinta e um anos depois da revolução comunista; 64 anos se passaram e o mundo que sonhava, em todos os sentidos, caminha inexoravelmente para o caos.
Sempre estive convencido que sem uma mudança radical, uma reforma transformadora, uma nova edificação libertária na educação do nosso país, que não só passa pelas escolas, mas por todos os meios possíveis de comunicação, estaremos em muito pouco tempo sem a nossa identidade, sem lenço, nem documento, escravos do capital e do sistema que deseja unificar o mundo pela lei do mais forte.
É preciso ocupar e colocar em discussão todas as informações em todos os espaços de mídias disponíveis, se não estaremos condenados a barbárie cultural e seremos facilmente dominados por desejos e prazeres que não são os nossos e, nesse mundo unificado, imperializado, sem as suas diversidades geográficas e pontuais, seremos os infelizes da escadaria social mundial, onde os escravos que se alienam permanecem vagando por toda a eternidade. Como disse o mineiro Darcy Ribeiro: - “Perdi todas as batalhas, mas não gostaria de estar do lado dos que me venceram...”, querendo justificar a impotência perante a sua cruel contemporaneidade.
Embora com muito menos poder dado a mim, por eu ter trabalhado com arte cinematográfica em uma indústria que por aqui nunca aconteceu, também me julgo um frustrado na realização de todos os meus utópicos sonhos da transformação-político-cultural-cinematográfica-brasileira. Não me permitiram trabalhar o tanto que eu gostaria, mas o que mais me dói é saber que mesmo quando assumimos o poder no jogo democrático, pouca coisa ou quase nada podemos fazer.
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