Novos Emeios

Meu filho mineiro, o musico, poeta, José Vieira, tem me surpreendido a cada dia que recebo dele alguma coisa criada naquela cabeça iluminada. O engraçado é que a figura humana que ele representa com o seu personagem inusitado, é totalmente diferente dos seus textos poéticos e inovadores. Mas como se pode notar, no seu texto abaixo, ele mesmo quando proseia não deixa de lado a alma poética da síntese. Leia os seus poemas no link... http://www.palavralatente.blogspot.com/


As Faces do Fake

Das faces do fake book, ácidas lágrimas de crocodilo brotam,matando até mesmo o mais espinhento dos cactos reais.

Um livro escrito por ninguém não pode ser lido por alguém.

Uma face não pode ser tocada a não ser, face a face,boca a boca, olho a olho, pois só a testa molhada atesta a verdade do ser.

Uma nota não tem som, cor, muito menos intensidade ou duração, se não for tocada pelos teus próprios dedos, guiados pelo coração em direção ao colo do útero de seu instrumento.

Uma nota para soar plena, precisa aprisionar as outras, ocultando-as em profundo silêncio. Apenas dessa forma ela se fará ouvir, ver e ser devidamente percebida. Assim como uma mãe percebe a tua cria em meio a um imenso e branco rebanho de ovelhas.

Só o análogo é passível de ser digitalizado, em oposto ao analógico que é íntegro à sua essência, e sangra até a morte em cada tentativa de ser multiplicado.

Um pensamento ou sentimento não direcionado não toca a ninguém, a não ser de forma genericamente fria, por mais universal e pessoal que lhe possa parecer.

Só me sinto sincero ao escrever na primeira pessoa, mirando-me ao centro da alma de uma segunda. Assim como o sol só consegue aquecer uma face do planeta de cada vez.

Se você quer se sentir só, ligue a TV,leia o horóscopo e identifique-se com teu signo,reconheça a tua mãe nas tetas de uma cadela no cio, ou chore ao lado de alguém cuja dor não é sua nem dela.