SOB O DOMÍNIO DA MÍDIA
Todos nós que não vivemos como autômatos, dominados pela psicologia do sistema, sabemos que o grande poder do capital internacional tem na mídia a sua mais importante arma de contenção do desejo de transformação social das massas oprimidas. Esse controle social, que é fundamental para a sobrevivência do sistema, hoje neoliberal de hegemonia capitalista, é exercido pelos meios de comunicações em todos os países que ainda não se libertaram das garras grosseiras dos predadores de wallstreet.
Mais nem só de predadores vivem os Estados Unidos da América, lá existem também grandes pensadores e um grande número de pessoas que não concordam com a sua política conservadora e imperialista, tanto interna como externamente.
Embora a esquerda brasileira traz em conserva as suas dúvidas sobre algumas questões colocadas em seus textos e conferências, principalmente no que ele dizia sobre as opressões imposta ao povo pelo antigo regime soviético, eu acredito que o linguista estadunidense Noam Chomsky, é um destes íntegros americanos que pensam um mundo melhor. Ele foi solidário aos libertários espanhóis vítimas do fascismo de Franco; nos anos 60 foi um dos principais intelectuais presentes na oposição à guerra do Vietnã, participando também das lutas dos direitos civis que abalaram o establishment norte- americano; ele lutou ainda contra a política externa norte-americana, demonstrando a cínica e distinta forma do governo tratar o genocídio no Camboja e em Timor, a repressão em Cuba e na Guatemala e a violência israelense contra a palestina. Ele escreveu alguns livros que aqui não foram traduzidos, embora ele dissesse que escrevia para o homem comum. Eis alguns títulos que ainda não foram publicados: Os Novos Mandarins; Ano 501; A Conquista Continua ou As Ilusões Necessárias; O Controle do Pensamento nas Sociedades Democráticas.
Hoje, no flash do mundo digitalizado “é preciso ver e ler com lupa, com cuidado para não tropeçar em armadilhas dos jornalistas que deveriam contar a verdade, terem honestidade pessoal, coragem - até para perder o emprego... O mundo precisa de uma nova política de comunicações democrática, que deveria tentar desenvolver meios de expressão e interação que reflitam os interesses e as preocupações da população em geral, fomentem sua auto-educação e sua ação (política) individual e coletiva”. Sobre ele já foi produzido um filme documentário “Consenso Fabricado” em uma série de três capítulos sobre a vida e a obra deste pensador libertário norte-americano. O documentário discute o papel contemporâneo dos mídia na fabricação do consenso na sociedades de massas.
Noam Chomsky nasceu na Filadélfia em 1928 de família judia ucraniana.
A esquerda brasileira precisa ser menos preconceituosa e saber utilizar com sucesso alguns dos novos pensamentos universitários da vanguarda americana, (é o caso do Mangabeira Unger, o brasileiro de sotaque, o teórico de howard university, que só o Brizola entendeu) por mais estranhos que lhe pareçam ser. É preciso vê-los com os olhos livres.
Chomsky teorizou, o que todos já sabíamos e elaborou uma lista que ele chama DAS ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO através da mídia que, ao meu ver, todos os políticos de visão e de vanguarda das esquerdas, que querem avançar com suas idéias e transformarem o país, deveriam conhecer e assim descobrir a importância da liberdade na formação dos meios de comunicação, e começar a lutar contra a informação doentia e coletiva da mídia autofágica brasileira, fábrica de autômatos imbecis, desassociados da construção cultural e psicológica de uma nação. Essas são as estratégias utilizadas pelo sistema, segundo Chomsky: “A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO: O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')". CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES: Este método também é chamado "problema-reação-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos. A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO: Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações,precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez. A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO: Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento. A ESTRATÉGIA DE DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE: A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê?"Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver "Armas silenciosas para guerras tranqüilas")". A ESTRATÉGIA DE UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO: Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…A ESTRATÉGIA DE MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE: Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')". A ESTRATÉGIA DE ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE: Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto… A ESTRATÉGIA DE REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE: Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!”
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