ABAIXO TEXTOS - CRÍTICAS - ENSAIOS - CONTOS - ROTEIROS CURTOS - REFLEXÕES - FOTOS - DESENHOS - PINTURAS - NOTÍCIAS

Translate

sábado, 7 de novembro de 2015

VOCÊ SABIA?

Wilson Grey no filme "Um filme 100%Brazileiro" 
Conversa vai, conversa vem.
BETO VIANNA

Conversando com um colega de trabalho, concordá- vamos que “O povo brasileiro”, de Darcy Ribeiro, é um livro tão importante na história do livro (assim como, lembra-nos Caetano Veloso, “Sgt. Peppers” é um marco na história do disco), que as crianças do Brasil tinham de ser alfabetizadas nele. Ali a paixão lúcida de Darcy vai da admiração à vergonha profunda, um assombro com esse povo plasmado na violência das elites contra mamelucos, mulatos e curibocas, contra brasilíndios desindianizados e afrobrasileiros desafricanizados: “Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós, brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos”. Votei Cristovam, não tanto pelo próprio Cristovam, político que não me desagrada, não tanto por meu brizolismo passé, mas porque esse cara assumiu o bravo discurso darcysista de que só a revolução na educação pode “conter os possessos e criar aqui uma sociedade solidária”. Discurso tido por bichos orwellianos da direita à esquerda como óbvio, enfadonho, pueril. É mesmo? Então a quantas anda a revolução na educação se o que ainda vemos pelas ruas são “crianças convertidas em pasto de nossa fúria”? Votei Cristovam, e de quebra rezei pruma eleição decidida em primeiro turno, livrando-me de votar Lula no segundo. Pago agora por minha incoerência prática: agora, é preciso engolir o sapo barbudo, pois a alternativa é reentregar o comando do país para a gananciosa elite nacional. Não se trata de escolher o menos pior. Lula & cia. não vão fazer revolução na educação, mas têm coração e olhos abertos para a dívida de “crueldade mais atroz” que nós, brasileiros, temos com nós mesmos. Os remelentos ganharam e vão continuar ganhando com Lula, dado mais que relevante na hora de escolher o candidato. E Alckmin? Esse tem estampado na cara a cor chocha do servilismo, o discurso brega da Casa Grande, o nojo centenário que a elite alimenta por quem vive de suas sobras. Tal como nosso povo foi parido de ventres mamelucos, mulatos e curibocas, há uma linha direta que liga os primeiros gastadores de gente aos que hoje lucram on-line com a miséria do Brasil. Multimídia e na onda da mídia, os modernos alckimistas estão ávidos por voltar, travestidos de - shazam! - opção ética! Esse sapo clean eu não engulo. Prefiro esperar pela vindoura revolução da educação enquanto somos comandados, com poucos trancos e menos barrancos, pelo companheiro Lula.


Nenhum comentário: