2 Poemas de Belmiro Braga
Quem
o alheio veste...
Vendo
um jumento a dose de importância
Que
tem em certas classes o cavalo,
Pôs
selim e arqueou com elegância,
Tratando
o mais possível de imitá-lo.
Depois
foi para a feira, airoso e lindo,
E,
na verdade, os outros animais
Saudaram
com respeito o recém-vindo,
Atendendo
aos bonitos atafaes.
“Vossa
Excelência é cavalo, ou coisa assim?”
Perguntaram
os brutos ao jumento,
“Se
sou cavalo?! Já se vê que sim.”
O
vaidoso orneou, profundo e lento.
Ouvindo
em vez de rincho aquele zurro,
Os
outros conheceram-lhe o disfarce
Por
mais que tente disfarçar-se um burro
Tarde
ou cedo vem sempre a revelar-se.
Cata-vento
Viva
lá, senhor galo cata-vento!
Fale
à gente, não seja malcriado!
Lá
por ter o poleiro no telhado
Não
suponha que está no firmamento!
Como
percebe de onde sopra o vento
E
sabe do equilíbrio o seu bocado,
Já
se imagina bacharel formado,
Julga
que tem carradas de talento!
Vaidade!
Pedantismo sem mistura!
No
fundo, duas tretas, bagatela,
Que
só entre patetas figura.
O
que você, amigo, não revela
É
que antes de ser galo, nessa altura
Foi
uma reles tampa de panela!
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