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MAIORIDADE PENAL : UM DEBATE ANTIGO
Claudio Leitão
O debate da redução da maioridade penal para 16 anos não é novo.
Surge sempre quando há um crime violento praticado por um menor de idade num
grande centro urbano, com grande cobertura da mídia nacional.
E como sempre, aparecem opiniões díspares, que refletem a
diversidade cultural brasileira, onde estão presentes aspectos
sócio-econômicos, antropológicos, religiosos, ideológicos e culturais. Aparecem
também visões que refletem algum conservadorismo e “cortes de classe”.
Não vou ficar em cima do muro. Sou contra a redução da
maioridade penal no Brasil. Teria até um motivo de vingança pessoal para ser a
favor, pois já sofri um seqüestro relâmpago em Niterói, feito por um “di
menor”. Houve reação policial e com muita sorte saí com ferimentos leves.
Respeito às opiniões em contrário, pois neste debate não cabe
reducionismos, intransigências e nem “adjetivismo simplista”. Não acho também
que a defesa da redução seja bandeira da esquerda brasileira. Acho que a
questão passa por outros ângulos de análise.
A população brasileira cresce demograficamente 9,5% ao ano. A
população carcerária cresce 120% ao ano. Esta pesquisa foi feita
recentemente pela Justiça Global, uma ONG séria que não recebe dinheiro
público. Outras pesquisas apontam resultados assustadores como este.
A redução neste momento vai explodir o já combalido e
ineficiente sistema prisional brasileiro. Vai encher as cadeias e prisões de
“pobres, pretos e favelados”. Claro que também vão aparecer alguns
“filhos da classe média”, mas ninguém vai negar que seriam uma extrema minoria.
Esta medida não vai diminuir a violência urbana coisa nenhuma,
pois existe um grande “exército de reposição” composto de uma juventude
segregada e invisível ao modelo, excluída de qualquer política pública do
Estado brasileiro. São os “descartáveis” e as “Genis” da sociedade.
A população carcerária cresce e a violência aumenta, esta é a
realidade projetada.
Querem convencer a população, hoje tremendamente assustada, que
o problema da violência está na criminalização da pobreza. Os bandidos do
“andar de cima” vão apenas reduzir a idade para os “novos recrutamentos”,
fazendo com que jovens de 14 e 15 anos façam o trabalho dos “emancipados” de
maior idade penal.
Não há como negar que o retrato social da violência urbana é fruto deste modelo de desenvolvimento capitalista implantado, que provoca além da exclusão social implícita, uma profunda desigualdade social, e que não teve ao longo de décadas, medidas estruturantes na educação e demais políticas públicas que pudessem formar a cidadania destes jovens. A maioria não está roubando e matando porque quer. As pesquisas sérias mostram isso.
A sociedade como um todo também tem responsabilidade, pois é ela
que elege e reelege políticos ladrões e despreparados sob o ponto de vista da
sensibilidade social, que não conseguem transformar ou minorar esta realidade.
Eles vão acabar construindo mais presídios do que escola.
Concordo que neste momento crucial e doloroso, apenas as
políticas educacionais isoladas não vão resolver, mas são o principal passo
para salvar as futuras gerações. Não há solução possível no curto prazo, mesmo
quando aumentamos a repressão policial, que reconheço ser necessária em vários
casos.
Comparar nossa situação com realidades de outros países com
estrutura social e aspectos culturais diferentes é um equívoco. Seria
como homogeneizar as diferenças, e quando se toma medidas baseadas nestas
premissas, invariavelmente, toma-se o caminho do erro.
Temos que encontrar soluções que contemplem nossa realidade
específica de país periférico, levando em consideração nossa multiculturalidade
e diferenças étnicas, religiosas e sociais.
Eu não tenho a fórmula mágica, e acho que ninguém tem a verdade
absoluta nesta questão, mas a educação reformulada é a primeira “porta de
saída”.
Mas tem que ser uma educação que estimule os alunos, e ao mesmo
tempo, produza um conhecimento que incorpore também o cotidiano da vida
das pessoas, ultrapassando os conceitos e paradigmas da “classe
dominante”, que trata a educação como uma “relação de mercado” e a transforma
em “mercadoria”.
É muito fácil falar em aumentar a maioridade penal em um país
que gasta 47% do seu Orçamento com o pagamento de juros e amortizações desta
imoral e ilegal dívida pública e investe 3,9% em educação, menos de 5% do PIB.
Este deveria ser o grande debate, mas ninguém quer discutir este
tema, muito menos o Governo e a grande mídia nacional. Vamos provocar este debate aqui no blog. Vamos mudar a lógica
que querem nos impor. Vamos deixar de sermos pautados por este esquema. Quem se
aventura?
“Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade,
tampouco sem ela a sociedade muda”. - Paulo
Freire
Comentário:
Meus amigos,vamos discutir o sistema como um todo e
não o particular de casos específicos; se matou, estrupou e deu porrada no
professor, é caso para psicanalista e se for "de menor", fica
diretamente com os especialistas da polícia e do judiciário. Aliais o que é mais
grave: um débilmental que assalta e mata um inocente ou vários políticos
estudados, médicos, advogados, que assaltam e matam indiretamente milhares de
pessoas inocentes?
Não existe prisão neste país para tantos canalhas.
Vamos radicalizar para todos:
Roubou, matou, comeu a mulher do amigo, é simples - manda o juiz condenar a pena máxima o infrator e o mundo então será justo e muito mais feliz.
Vamos discutir os erros e os acertos de uma sociedade doente e perdida e não o que a mídia mesquinha e vendida se interessa discutir.
Jose Sette
Não existe prisão neste país para tantos canalhas.
Vamos radicalizar para todos:
Roubou, matou, comeu a mulher do amigo, é simples - manda o juiz condenar a pena máxima o infrator e o mundo então será justo e muito mais feliz.
Vamos discutir os erros e os acertos de uma sociedade doente e perdida e não o que a mídia mesquinha e vendida se interessa discutir.
Jose Sette
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