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terça-feira, 30 de outubro de 2012

UM NOVO MERCADO PARA O CINEMA INDEPENDENTE DO BRASIL


Informações completas sobre os novos canais de exibição do audiovisual brasileiro. 

 

Aprovada há mais de um ano, e regulamentada em junho, finalmente, passou a
valer, a partir do último setembro, a Lei 12.485/11, mais conhecida como Lei
da TV paga. Visando um público de mais de 14 milhões de assinantes, o setor
audiovisual está em ebulição. Mudanças previstas agora começam a tomar forma
e a previsão é de enorme crescimento. Uma das medidas responsáveis por isso
é a instauração dos chamados "canais brasileiros de espaço qualificado",
canais que exibem programas ficcionais e documentários brasileiros na maior
parte do horário nobre.
Recentemente, a Ancine publicou a lista dos canais de espaço qualificado,
atendendo a algumas particularidades da legislação. A lei determina que, em
todos os pacotes de assinatura ofertados, a cada três canais de espaço
qualificado, um deve ser brasileiro, tendo como limite máximo 12 canais
brasileiros de espaço qualificado. Desses canais, ao menos dois deverão
veicular, no mínimo, 12 horas diárias de conteúdo audiovisual brasileiro,
produzido por produtora brasileira independente, três das quais em horário
nobre. Quatro canais foram habilitados nesta categoria: CineBrasil TV, Prime
Box Brazil, Curta! O Canal Independente e Canal Brasil, sendo que apenas o
último não pertence a uma programadora brasileira independente – no caso, a
Globosat. "Esses canais são os que farão a diferença para a produção
independente. Os outros mais facilmente ficarão numa terceirização de sua                                                                                                        produção própria", afirma a diretora geral do CineBrasil TV, Tereza Trautman.                                         
 Tereza Trautman: "Os canais brasileiros independentes estão numa sinuca,de um lado o conteúdo, que vem a ser o seu insumo principal, disparando depreços, e de outro as operadoras querendo o canal grátis" A mudança e a necessidade de cumprir as cotas vêm sendo festejadas pelosetor, porque permite a funcionalidade de uma emergente indústriaaudiovisual brasileira. Mas nem todos veem assim. Trautman crê que a Ancinecometeu um grande erro ao referendar o autocredenciamento dos próprioscanais dentro dos regimentos – ou seja, quem diz se o espaço é qualificado eaonde se encaixa na lei é o próprio canal. Segundo Trautman, vários dessescanais tidos como espaço qualificado não obedecem à lei. "Isso criou falsasexpectativas no mercado que agora pretende a classificação desses canais,pelos quais nada ou muito pouco se paga, para o cumprimento das cotas decanais, e desta forma diminuíram ainda mais os parcos centavos por assinanteque as operadoras se predispunham a pagar pela veiculação dos verdadeiroscanais das cotas. Ou seja, os canais brasileiros independentes estão numasinuca, de um lado o conteúdo, que vem a ser o seu insumo principal,disparando de preços, e de outro as operadoras querendo o canal grátis. Éuma conta que não fecha", lamenta.A autodeclaração funciona quase como um voto de confiança nos canais, masa diretora colegiada da Ancine, Vera Zaverucha, garante que haveráfiscalização e haverá mudança no credenciamento se for o caso. "Afiscalização será feita com base nas informações que os canais estãoobrigados a nos fornecer", explica.Produção independente e mudanças no FSA "As cotas, como em outros segmentos, são apenas um fator impulsionadorpara uma indústria sustentável. Em países como o Canadá, por exemplo, issofuncionou perfeitamente, e hoje aquele país tem uma realidade sustentável.Portanto, além de maior visibilidade ao conteúdo nacional e um incremento deinvestimento no setor, certamente a lei beneficiará a atividade de produçãode conteúdo audiovisual como um todo. Este primeiro impacto foi muitopositivo. Algumas programadoras já haviam obtido excelentes resultados com aprodução independente brasileira e, com a lei, esta relação ficou mais clarae direta, houve um amadurecimento do setor", comenta Marco Altberg,presidente da ABPITV (Associação Brasileira de Produtoras Independentes deTelevisão). "Com a regulamentação, esperamos um equilíbrio daspossibilidades entre a produção de conteúdo dos canais por assinatura jáexistentes e os novos que serão criados. Quanto à criação de uma indústriaaudiovisual, essa responsabilidade não deve ser atribuída unicamente à TVpor assinatura, por ser este apenas um segmento importante e em francocrescimento", complementa.Marco Altberg: "Com a regulamentação, esperamos um equilíbrio daspossibilidades entre a produção de conteúdo dos canais por assinatura jáexistentes e os novos que serão criados"O aumento da demanda por produtos para cumprir as cotas diversas já vemsendo visto desde a aprovação da lei no ano passado e cada vez é maior."Temos sentindo um grande e natural aumento na busca de conteúdo por partedos canais. Esta procura se dá em dois sentidos: busca por conteúdo jáexistente, no qual estamos conversando com o mercado sobre projetos, como aminissérie 'Natália', os documentários 'Amores Expressos' e 'Histórias doRio Negro', além de longas-metragens como 'Natimorto' e 'Amanhã Nunca Mais',e produção de novos conteúdos, que já estamos negociando", conta PauloSchmidt, sócio do Grupo INK, que já trabalha em cinco novas séries, "OVigilante Rodoviário", "Destemperados", "Adorável Dora", "Santa Teresa" e"Zona Lost". Visando promover o desenvolvimento audiovisual de quem está tentando seafirmar na área, mas não tem tanta experiência, a regulamentação do FSA(Fundo Setorial do Audiovisual) prevê dois indutores: para produtorasestreantes e para estados da federação que não tenham sido contemplados naseleção inicial do edital de produção. Pela sistemática, cinco projetosserão de diretores estreantes e cinco para produtoras sediadas em estadosque não tenham tido projetos contemplados dentre os 30 selecionados. Ouseja, ao todo serão 40 projetos contemplados, com 10 obedecendo à regra deindução.Paulo Schmit: "A lei foi sábia em prever a possibilidade de recursos parafinanciar parte destes conteúdos que cumprirão cota de produção nacional"Um dos medos dos produtores – e do público – é a reprise excessiva doconteúdo brasileiro, desgastando-o – assim como costumam fazer com osprodutos estrangeiros –, especialmente buscando cumprir a cota semdesembolsar um pouco mais. "Não acredito que as programadoras façam reprisesexcessivas apenas para cumprimento das cotas. Temos que lembrar que oespectador tem o controle remoto na mão e que caso haja abuso nasrepetições, bastará mudar de canal. Desta forma, a diretoria optou por nãoregular o número de repetições permitidas, mas restringiu o tempo em que aobra poderá ser utilizada para cumprir a cota", explica Vera Zaverucha oporquê das reprises não serem normatizadas.A maior demanda de produtos pelos canais não tem como propósito aumentaros bolsos das produtoras e sim tornar possível que mais pessoas sobrevivamdo audiovisual, fazendo com que o mercado absorva mais profissionais, sejamtécnicos ou criadores de conteúdo. "As produtoras terão que estar prontaspara atender a uma grande demanda dos canais e isso envolveprofissionalização do mercado, tanto do ponto de vista de profissionais,quanto à estrutura e equipamentos prontos para suportar o aumento degravações. É necessária a criação de novos empregos para reforçar um mercadoque hoje é limitado e que, atualmente, os profissionais que dirigemprogramas de TV são do meio publicitário. Estamos falando de um verdadeiroboom de pessoal e estrutura. Aqui na casa, damos bastante atenção a novostalentos que nos procuram e mantemos profissionais criativos voltados apensar novas e interessantes possibilidades para as emissoras. Talentosescondidos serão revelados", pontua Paulo Schmidt.Produtoras aumentam custos de produção e licenciamentoA ideia é, também, que a maior demanda e o fluxo contínuo de projetosdiminuam os custos de produção desses novos produtos. "Está aberta atemporada de caça, ou seja, há uma possibilidade de negociação aberta parase chegar num ponto de equilíbrio entre o desejo da emissora e o daprodutora. Não creio que haverá um encarecimento na produção. Isso seriamuito ruim, pois em São Paulo já temos um alto custo de produção, emcomparação a outros estados e, principalmente, países vizinhos", comenta ocineasta Rubens Rewald, presidente da APACI (Associação Paulista de Cineastas).Rubens Rewald: "Antes de qualquer ação específica, temos que ver como osprodutores e realizadores de São Paulo irão se movimentar nos próximos meses""O desafio é que os produtores consigam propor modelos de negócio queatendam aos limites de investimento das programadoras independentesbrasileiras neste momento de consolidação, oferecendo alternativas deconteúdos de orçamentos variados, composto por um mix de projetos de grandeestatura e com produção diferenciada de alta qualidade, somados a projetosmais econômicos", afirma Cícero Aragon, diretor-presidente da programadoraBox Brazil. Vera Zaverucha também crê que não deverá haver inflação. "Osvalores de licenciamento não são tão elásticos a ponto de permitir que osvalores de produção aumentem de forma a inviabilizar o lucro. Considerandoque para a produtora ter um projeto de TV aprovado é necessário um contratode licenciamento com um canal de televisão, quanto mais alto o valor doorçamento, mais alto será também o valor de licenciamento. Desta forma, oprojeto terá que se adaptar aos valores praticados no mercado", argumenta."Os valores praticados em produção de TV são tradicionalmente bem menoresque os de cinema, mas existem características inerentes aos diferentesformatos que determinam os valores praticados em TV. A produção em maiorescala tende a reduzir os custos e isso é desejável, diferente da valoraçãoem licenciamento de produtos prontos que certamente será revista",complementa Marco Altberg.Aliás, o licenciamento de obras já prontas tem subido exponencialmente.Tereza Trautman aponta que, nos últimos três meses, subiu em 250%. CíceroAragon também notou aumento nos licenciamentos, mas está esperançoso. "Ovalor dos licenciamentos de conteúdos prontos tem subido mensalmente e,neste caso sim, a maior procura inflacionou. Todavia, acredito que a buscapor mais produtos vai gerar novas oportunidades para diversos produtores queantes não tinham para quem produzir e, neste caso, vai aumentar aconcorrência, com o surgimento de novos fornecedores e, consequentemente,uma tendência ao reequilíbrio de valores", aponta.Cícero Aragon: "Estamos em plena negociação com todas as empacotadorasbrasileiras. A Box Brazil nasceu pensando no mercado brasileiro e internacional"A fonte dos recursosAtualmente, todos os recursos federais disponibilizados ao audiovisual,através dos mecanismos existentes, figuram na casa dos R$ 500 milhões porano. Só o PRODAV tem R$ 55 milhões à disposição das produtoras que queiramproduzir projetos para TV. "Com os recursos novos que incre mentaram o FSA,teremos mais recursos que ajudarão, inicialmente, o processo de cumprimentosdas cotas da TV paga. No futuro, acredito que estes recursos poderão deixarde apoiar projeto a projeto e passar a apoiar as empresas. Existem diversasnecessidades apontadas pelo mercado que poderiam vir a ser contempladas comrecursos do FSA, tais como capacitação, empresas e núcleos de criação,desenvolvimento de formatos, pesquisa e inovação, entre outros", explicaVera Zaverucha. "O FSA passou a contar com recursos para as diversas açõesde fomento, garantindo assim uma quantidade de recursos capaz de alavancarde vez o setor, e assim competir com a indústria hegemônica estrangeira",complementa.A importância do FSA tem sido bastante grande nesse planejamento. Porconta disso, a Ancine tem tentado desburocratizar os processos, como, porexemplo, a aprovação de projetos. "Verificamos que cerca de 40% a 50% dosprojetos aprovados não captavam recursos suficientes para terem os valorescaptados liberados. Isto fez com que mudássemos a regra. Hoje, só passam poruma análise mais minuciosa os projetos que tem captação correspondente a,pelo menos, 20% do valor estimado aprovado quando da sua apresentação àAncine", esclarece Zaverucha.Essas medidas são cruciais, na opinião do produtor Paulo Schmidt,especialmente nos próximos dois anos, quando as três horas e trinta minutosde programação brasileira semanal já estiver em vigor. "A lei foi sábia emprever a possibilidade de recursos para financiar parte destes conteúdos quecumprirão cota de produção nacional. A utilização de recursos dos fundossetoriais e de renúncia fiscal será fundamental", aponta. "Imagina-se quecom o passar do tempo os canais comprem mais conteúdos nacionais além dacota estabelecida nesta lei e que os recursos necessários para a produçãovenham da receita do próprio canal, já que a aumento da base de assinantesterá um crescimento geométrico nos próximos anos", complementa, esperançoso.O governo do Rio de Janeiro, através da RioFilme, já está se mobilizandopara atender o setor. Até 2012, foram R$ 7,9 milhões investidos. Para 2013,os valores disponibilizados para TV serão equivalentes aos do cinema."Elevaremos o investimento em conteúdo para TV de modo que a indústriaaudiovisual carioca aproveite plenamente o contexto favorável do setor",explica o presidente da RioFilme, Sérgio Sá Leitão, que ainda não podedivulgar valores por conta da mudança de mandato. "Faremos investimentosreembolsáveis e não reembolsáveis, com critérios e normas distintos. Ter umcanal interessado no projeto será fundamental. Manteremos as parcerias com oCanal Brasil e a Oi TV. E estamos abertos a novas propostas", complementa.A RioFilme é uma empresa estatal que age no Rio de Janeiro, ou seja, temcomo mote alavancar a produção do estado. "Com o nosso investimento, serámais interessante para os canais selecionarem e investirem em projetos deempresas do Rio. Haverá um crescimento de pelo menos 10 vezes no número dehoras de conteúdo nacional exibido em TV paga no país", estima. São Paulo, o outro grande estado produtor audiovisual, em contrapartida,não tem projetos semelhantes. "Estamos sempre lutando por maiores aportes dopoder público para o setor, tanto junto ao estado como no município. Esseano, graças a nossa pressão, a Secretaria Municipal da Cultura teve umorçamento para o cinema maior que nos últimos anos e parte dessa verba foiaplicada para o desenvolvimento de projetos para TV", comenta Rubens Rewald.Dentro da APACI, a movimentação também não é muito maior. "Não há nenhumaação específica para o setor. O que fazemos é uma divulgação em nossa listade associados se haverá algum pitching ou edital aberto. Antes de qualqueração específica, temos que ver como os produtores e realizadores de SãoPaulo irão se movimentar nos próximos meses, para sentirmos as carências doprocesso e aí sim propor alguma ação", explica.Os canais para produção independenteSão três os canais brasileiros de espaço qualificado, programados porprogramadoras independentes, com mais de 12 horas diárias de produçãoindependente. São justamente eles que estão tentando realmente fazer a lei,e os ainda parcos recursos têm feito que encontrem soluções para veicularuma grade de programação de qualidade. Dos três, o CineBrasil TV é o maisantigo. São mais de oito anos. O Prime Box Brazil tem um ano e Curta! OCanal Independente ainda não está no ar.Segundo o diretor responsável pela Synapse Brasil, Julio Worcman, Curta! OCanal Independente ainda está em negociações com as operadoras, mas deveseguir a receita do portal de internet Porta Curtas, que permite que osusuários assistam online, gratuitamente, a mais de mil curtas do acervo,desde 2002. O canal já possui um acervo com 622 curtas-metragens e 505documentários brasileiros independentes, além de ter projetos de programasfeitos por produtoras independentes.O CineBrasil TV é comandado pela programadora Conceito A, de TerezaTrautman, voltado à cultura popular, com preferência por obras declassificação etária livre. Atualmente, negociando com a grandes operadoras,Net, Sky e Claro TV, o CineBrasil TV está sempre em busca de novos conteúdos(os produtores podem inscrevê-los via site www.cinebrasiltv.com.br), porémprefere obras prontas. A ideia é começar, agora com a valoração do canalpara as operadoras, a buscar fomentos para produções novas. "Uma coisa équerer, outra é poder. Tudo vai depender da distribuição que o canal tiver edo valor que as operadoras se predispuserem a pagar por ele. Se este valorfor muito baixo, mas a distribuição do canal tiver uma base de assinantesconsiderável, teremos que obter os recursos da publicidade, o que nãoacontece da noite para o dia. São ainda muitas as incógnitas. Por ora,estamos vivendo na expectativa", comenta Tereza.O Prime Box Brazil, voltado para o cinema e para o audiovisual, é oprincipal canal da programadora Box Brazil, que ainda conta com o Music BoxBrazil, voltado à música, o Fashion TV Brazil, voltado à moda, e o TravelBox Brazil, voltado ao turismo, todos classificados como canais brasileirosde espaço qualificado. Cícero Aragon quer, para a programadora, ser um dosmais importantes parceiros da produção independente brasileira. Segundo ele,mais de 80% dos conteúdos brasileiros exibidos nos canais serão licenciadosou coproduzidos com a produção independente brasileira. "Estamos em plenanegociação com todas as empacotadoras brasileiras e também com o mercadointernacional. A Box Brazil nasceu pensando no mercado brasileiro einternacional, formatada também para exportação, começando pelo Brasil comZ, que é como o país é conhecido internacionalmente, além dos nomes doscanais com nomes internacionais apesar do foco no conteúdo brasileiro", comenta.Atualmente, a Box Brazil busca filmes, séries, documentários e programasespeciais em geral e também com temas específicos como música, folclore,cultura, gastronomia, esportes, turismo, moda, comportamento e qualidade devida. "O grande desafio é encontramos projetos que pensem em volume deprodução, em valores muito competitivos por capítulo, em que todos ganhamcom o volume de contratação. Em geral, os projetos que recebemos têm um altovalor por capítulo e como um todo. Estes projetos são importantes,interessantes, mas é preciso que tenhamos uma maior oferta de conteúdos degrade, de baixo valor, para que consigamos ter um mix mais equilibrado deconteúdos quanto aos seus financiamentos", argumenta. "A referência seriaprogramas que fiquem, por capítulo, com preços próximos daqueles que se opróprio canal fosse contratar uma equipe básica fixa e produzi-los.Logicamente, o valor proposto pelo produtor independente precisa ter tambémuma taxa de produção, natural do negócio e da contratação", esmiúça. Ascoproduções e os licenciamentos de conteúdos serão financiados com um mistode recursos dos fundos, editais, leis de incentivo e recursos próprios."O mundo está olhado para o Brasil e certamente seus conteúdos passam ater um apelo infinitamente superior ao de anos atrás, dentro e fora do país.Como disse, este é o momento do Brasil e, em especial, o momento doaudiovisual brasileiro", conclui Cícero Aragon.Por Gabriel Carneiro



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