O princípio da desvalorização de si mesmo ou pior, da própria
anulação e submissão ao próximo, começa com a crença no humano. Todo cuidado é
pouco com o humano, demasiado humano. Nascemos com mecanismos de nos relacionar
com a verdade: os sentidos. Mais instintos visíveis e invisíveis, como por exemplo
a ambição, a competição, o medo, a cautela etc. É o corpo e suas determinantes.
Biologia de milhões de anos. Antes do advento da mente, da fala e das palavras
o Homem, animal que é, vivia a verdade como qualquer outro animal ainda hoje.
Depois disso, com a mente, vieram as mentiras. As ilusões. E por aí vai até o
auge delas com as filosofias criadas nos séculos XVIII e XIX e que deram origem
a teorias da salvação da humanidade como o socialismo. Nieztsche, dessa época,
foi a exceção e percebeu também como Shakespeare, que existiam mais coisas
entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia. Percebeu a
complexidade humana e sua grande parte indecifrável. Por essas e outras,
humilde, evitou criar filosofias e até se denominou um antifilósofo, dedicando
todo o seu trabalho a demonstrar que as religiões e ideologias, cuja essência é
a mentira, só têm um fim: a escravização de um humano pelo outro.
Oswaldo
Goeldi
Trazido à luz
Por Marina Vaz
Mostra
reúne 250 obras, entre gravuras e desenhos produzidos a partir de 1920 - Cenas
melancólicas dominam as gravuras de Goeldi - Nem
mesmos as cores que aparecem cá e lá nas xilogravuras de Goeldi (1895- 1961)são
capazes de lhes tirar o ar pesado, melancólico. Elas o amenizam, claro – são
momentos de leveza em meio às grandes áreas pretas, feitas a partir das
matrizes de madeira talhada. Estão no guarda-chuva do homem solitário, na
calçada diante de casarões tenebrosos, na saia da mulher sonâmbula. Cenas que a
exposição Oswaldo Goeldi: Sombria Luz reúne em cerca de 250 obras. Na maior
mostra já feita sobre o artista carioca, estão gravuras e desenhos produzidos
por ele a partir da década de 20 – momento em que Goeldi se tornou Goeldi, como
define o curador Paulo Venancio Filho. Nos trabalhos, é possível identificar
diferenças entre ele e os outros expressionistas. “Goeldi usa elementos
mínimos, não é panfletário nem sentimental; suas obras têm certa sobriedade”,
observa o curador. Ainda assim, explora temas recorrentes entre os artistas do
movimento, como a tensão entre a vida e a morte.Em relação ao modernistas
brasileiros, Goeldi também destoou. Ao retratar a vida urbana do Rio de Janeiro
e de seus personagens, revelou um lado mais obscuro do País – um “Brasil
subterrâneo”, como diz Venancio. “Ele é uma nota dissonante dentro do
modernismo, que tende ao tropical, ao exuberante; e talvez o lado revelado por
Goeldi seja mais verdadeiro. Depois de desvendar a trajetória do artista ao
longo de quatro décadas, você pode ainda saber mais sobre o ambiente em que
elas foram produzidas. Na Sala Paulo Figueiredo, o ateliê que ele mantinha em
seu apartamento no Leblon foi reconstituído. Objetos pessoais, fotografias,
cartas e documentos foram espalhados pelo espaço, com a ajuda de sua
sobrinha-neta, Lani. É mais uma forma de revelar outra faceta de Goeldi – que,
até então, era tão obscura quanto suas obras.
ONDE: MAM. Pq. do Ibirapuera. Av.
Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 3, 5085-1300.
QUANDO: 10h/17h30 (fecha 2ª). Até 19/8.
QUANTO: R$ 5,50 (dom., grátis).
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