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terça-feira, 19 de junho de 2012

INTERREGNO

O PERIGO DA CRENÇA NO HUMANO E A LIÇÃO DE NIETZSCHE                                                   Mauro Julio Vieira (tribuna da imprensa)
O princípio da desvalorização de si mesmo ou pior, da própria anulação e submissão ao próximo, começa com a crença no humano. Todo cuidado é pouco com o humano, demasiado humano. Nascemos com mecanismos de nos relacionar com a verdade: os sentidos. Mais instintos visíveis e invisíveis, como por exemplo a ambição, a competição, o medo, a cautela etc. É o corpo e suas determinantes. Biologia de milhões de anos. Antes do advento da mente, da fala e das palavras o Homem, animal que é, vivia a verdade como qualquer outro animal ainda hoje. Depois disso, com a mente, vieram as mentiras. As ilusões. E por aí vai até o auge delas com as filosofias criadas nos séculos XVIII e XIX e que deram origem a teorias da salvação da humanidade como o socialismo. Nieztsche, dessa época, foi a exceção e percebeu também como Shakespeare, que existiam mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia. Percebeu a complexidade humana e sua grande parte indecifrável. Por essas e outras, humilde, evitou criar filosofias e até se denominou um antifilósofo, dedicando todo o seu trabalho a demonstrar que as religiões e ideologias, cuja essência é a mentira, só têm um fim: a escravização de um humano pelo outro.                                                                         
Oswaldo Goeldi                                                                                                               

Trazido à luz

Por  Marina Vaz                                                                                                                                                                                                   Mostra reúne 250 obras, entre gravuras e desenhos produzidos a partir de 1920 - Cenas melancólicas dominam as gravuras de Goeldi - Nem mesmos as cores que aparecem cá e lá nas xilogravuras de Goeldi (1895- 1961)são capazes de lhes tirar o ar pesado, melancólico. Elas o amenizam, claro – são momentos de leveza em meio às grandes áreas pretas, feitas a partir das matrizes de madeira talhada. Estão no guarda-chuva do homem solitário, na calçada diante de casarões tenebrosos, na saia da mulher sonâmbula. Cenas que a exposição Oswaldo Goeldi: Sombria Luz reúne em cerca de 250 obras. Na maior mostra já feita sobre o artista carioca, estão gravuras e desenhos produzidos por ele a partir da década de 20 – momento em que Goeldi se tornou Goeldi, como define o curador Paulo Venancio Filho. Nos trabalhos, é possível identificar diferenças entre ele e os outros expressionistas. “Goeldi usa elementos mínimos, não é panfletário nem sentimental; suas obras têm certa sobriedade”, observa o curador. Ainda assim, explora temas recorrentes entre os artistas do movimento, como a tensão entre a vida e a morte.Em relação ao modernistas brasileiros, Goeldi também destoou. Ao retratar a vida urbana do Rio de Janeiro e de seus personagens, revelou um lado mais obscuro do País – um “Brasil subterrâneo”, como diz Venancio. “Ele é uma nota dissonante dentro do modernismo, que tende ao tropical, ao exuberante; e talvez o lado revelado por Goeldi seja mais verdadeiro. Depois de desvendar a trajetória do artista ao longo de quatro décadas, você pode ainda saber mais sobre o ambiente em que elas foram produzidas. Na Sala Paulo Figueiredo, o ateliê que ele mantinha em seu apartamento no Leblon foi reconstituído. Objetos pessoais, fotografias, cartas e documentos foram espalhados pelo espaço, com a ajuda de sua sobrinha-neta, Lani. É mais uma forma de revelar outra faceta de Goeldi – que, até então, era tão obscura quanto suas obras.
ONDE: MAM. Pq. do Ibirapuera. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 3, 5085-1300.
QUANDO: 10h/17h30 (fecha 2ª). Até 19/8. 
QUANTO: R$ 5,50 (dom., grátis).

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