Carlos Newton (Tribuna da
Imprensa)
A independência política foi muito fácil de
conquistar. D, Pedro I ganhou no grito, e estamos conversados. O que o Brasil
jamais conseguiu foi declarar sua independência econômica. Este é o nosso
dilema shakespeariano – do tipo ser ou não ser.
No início, o Brasil era até desprezado
economicamente por Portugal, que invejava as descobertas da Espanha. Embora o
território brasileiro fosse imenso, seus habitantes eram diferentes dos maias,
astecas e incas, nada sabiam sobre mineração e metais preciosos. Não havia ouro
e prata para roubar, nem trabalhadores especializados para escravizar.
O nome Brasil originou-se de seu produto
original de exportação – o pau brasil. A casca da árvore era um excelente
corante e a madeira era aproveitada. Outras espécies de madeira nobre também
foram exploradas.
Demorou décadas até chegarmos ao ciclo do
açúcar, primeiro grande produto de exportação, produzido com mão de obra
escrava.
CICLO DO OURO
Um novo ciclo de crescimento foi iniciado em
1690 com a descoberta de ouro na região onde hoje é o Minas Gerais. A extração
cresceu continuamente até 1760, e o Brasil teria sido responsável por metade da
produção mundial de ouro no século XVIII.
O ciclo do ouro terminou no final do século
XVIII, quando se esgotaram as principais minas. Parte da população mineira,
então, rumou em direção ao Planalto Central do Brasil, onde encontrou trabalho
em fazendas de gado, e outros foram para o Sul, engajando-se em atividades
agrícolas.
Veio então o ciclo do café, que na década de
1821–30 foi responsável por 19% do total de exportações. Em 1891 essa
participação havia aumentado para cerca de 63%. As exportações de café foram o
instrumento de crescimento durante quase todo o século XIX, e a pecuária também
avançava.
UM PAÍS AGRÍCOLA
Ao lado do café, outros produtos primários eram
exportados pelo país, como açúcar, algodão, fumo, cacau e borracha. O Brasil,
porém, não pôde competir com a borracha asiática, muito mais barata, e
gradualmente perdeu toda sua participação no mercado mundial.
Hoje, em pleno III Milênio, o Brasil segue como
país exportador agrícola e de minérios, embora disponha do mais diversificado
parque industrial da América Latina.
O pior é que jamais conseguiu se tornar
independente em termos econômicos. Pelo contrário, nos últimos 18 anos a
dependência se agravou dramaticamente, porque último presidente competente que
tivemos foi Itamar Franco. Consertou os equívocos de Sarney e conseguiu
derrotar a inflação crônica, que nos consumia desde o regime militar. E deixou
uma dívida pública equivalente a apenas 30% do PIB.
INDEPENDÊNCIA
No governo Fernando Henrique Cardoso a relação
só fez aumentar, se elevando até valores astrônomicos superiores a 50% (com
pico de 56% em setembro de 2002), em um aumento de incríveis 72%.
No governo Lula, a situação continuou piorando e
em 2010 ele entregou uma dívida pública brasileira equivalente a 66,8% do PIB
nacional.
Diminuir essa relação é o grande desafio da
presidente Dilma Rousseff, que acaba de jogar sua grande cartada, ao obrigar o
Banco Central a reduzir os juros básicos da economia para 7,5% ao ano, a menor
taxa da História do Brasil.
Quanto menor for a relação endividamento/PIB,
maior será nossa independência econômica. Essa realidade é como a Lei da
Gravidade. Não pode ser revogada no grito.
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