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sábado, 8 de setembro de 2012

COISAS DA POLÍTICA




Carlos Newton (Tribuna da Imprensa)
A independência política foi muito fácil de conquistar. D, Pedro I ganhou no grito, e estamos conversados. O que o Brasil jamais conseguiu foi declarar sua independência econômica. Este é o nosso dilema shakespeariano – do tipo ser ou não ser.
No início, o Brasil era até desprezado economicamente por Portugal, que invejava as descobertas da Espanha. Embora o território brasileiro fosse imenso, seus habitantes eram diferentes dos maias, astecas e incas, nada sabiam sobre mineração e metais preciosos. Não havia ouro e prata para roubar, nem trabalhadores especializados para escravizar.
O nome Brasil originou-se de seu produto original de exportação – o pau brasil. A casca da árvore era um excelente corante e a madeira era aproveitada. Outras espécies de madeira nobre também foram exploradas.
Demorou décadas até chegarmos ao ciclo do açúcar, primeiro grande produto de exportação, produzido com mão de obra escrava.
CICLO DO OURO
Um novo ciclo de crescimento foi iniciado em 1690 com a descoberta de ouro na região onde hoje é o Minas Gerais. A extração cresceu continuamente até 1760, e o Brasil teria sido responsável por metade da produção mundial de ouro no século XVIII.
O ciclo do ouro terminou no final do século XVIII, quando se esgotaram as principais minas. Parte da população mineira, então, rumou em direção ao Planalto Central do Brasil, onde encontrou trabalho em fazendas de gado, e outros foram para o Sul, engajando-se em atividades agrícolas.
Veio então o ciclo do café, que na década de 1821–30 foi responsável por 19% do total de exportações. Em 1891 essa participação havia aumentado para cerca de 63%. As exportações de café foram o instrumento de crescimento durante quase todo o século XIX, e a pecuária também avançava.
UM PAÍS AGRÍCOLA
Ao lado do café, outros produtos primários eram exportados pelo país, como açúcar, algodão, fumo, cacau e borracha. O Brasil, porém, não pôde competir com a borracha asiática, muito mais barata, e gradualmente perdeu toda sua participação no mercado mundial.
Hoje, em pleno III Milênio, o Brasil segue como país exportador agrícola e de minérios, embora disponha do mais diversificado parque industrial da América Latina.
O pior é que jamais conseguiu se tornar independente em termos econômicos. Pelo contrário, nos últimos 18 anos a dependência se agravou dramaticamente, porque último presidente competente que tivemos foi Itamar Franco. Consertou os equívocos de Sarney e conseguiu derrotar a inflação crônica, que nos consumia desde o regime militar. E deixou uma dívida pública equivalente a apenas 30% do PIB.
INDEPENDÊNCIA
No governo Fernando Henrique Cardoso a relação só fez aumentar, se elevando até valores astrônomicos superiores a 50% (com pico de 56% em setembro de 2002), em um aumento de incríveis 72%.
No governo Lula, a situação continuou piorando e em 2010 ele entregou uma dívida pública brasileira equivalente a 66,8% do PIB nacional.
Diminuir essa relação é o grande desafio da presidente Dilma Rousseff, que acaba de jogar sua grande cartada, ao obrigar o Banco Central a reduzir os juros básicos da economia para 7,5% ao ano, a menor taxa da História do Brasil.
Quanto menor for a relação endividamento/PIB, maior será nossa independência econômica. Essa realidade é como a Lei da Gravidade. Não pode ser revogada no grito.

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