ABAIXO TEXTOS - CRÍTICAS - ENSAIOS - CONTOS - ROTEIROS CURTOS - REFLEXÕES - FOTOS - DESENHOS - PINTURAS - NOTÍCIAS

Translate

domingo, 11 de outubro de 2015

Cinema com Joyce


QUEBRANTO

O Primeiro Passo

Durante muitos anos eu possuía na minha pequena biblioteca três livros escritos por James Joyce. Confesso que sempre que começava a ler desistia de continuar. Não conseguia acompanhar a sua intricada narrativa. Assim Ulisses, Dublinense, Retrato do Artista Quando Jovem e também um Estudo sobre o romance moderno com textos de Ezra Pound, Umberto Eco, Ítalo Svevo, Richard Ellmann, onde encontrei o seu Giacomo Joyce, ficaram adormecidos nas estantes.

No ano passado, numa noite de insônia, devorei “As Irmãs” o primeiro dos contos de Dublinense e fiquei extasiado com o que eu acabara de conhecer. Depois foram vindos de roldão os outros 14 contos restantes.

Apaixonado, pela tardia descoberta, debrucei-me na vida e na obra do renomado escritor, primeiro com os ensaios dos autores acima citados e depois com algumas pesquisas feitas pela internet, podendo assim experimentar o prazer de degustar o texto, a poesia inocente, do “Retrato do Artista Quando Jovem” e finalmente o colosso de “Ulisses”, o que mais demorei a ler, o mais difícil de ser decifrado.

Como a minha letra, o meu texto, a minha poesia, é composta por imagens e sons, resolvi fazer um esboço do que eu havia visto e daquilo que mais havia sensibilizado os meus ouvidos em todos os textos do genial escritor. Frases soltas, deste ou daquele momento retiradas do romance ou dos contos, poemas, e todo erotismo fantástico deste anárquico e misterioso ser, foram enchendo páginas e mais páginas de papéis com a minha confusa caligrafia. No final dessa maratona enlouquecida eu já tinha esboçado o desenho do que viria a ser o primeiro tratamento do roteiro de um filme. Comecei de pronto a ordenar e a digitalizar a urdidura, a trama, que aos poucos, como peças de um quebra-cabeça, tomavam a forma da história que deveria ser contada.

Assim nasceu “Quebranto”. Um filme das alucinações de Giacomo no seu um século de vida. Giacomo é James, que pode ser João, o nome que dei ao nosso personagem.

O roteiro começa com a apresentação dos três tempos de vida do João, o principal personagem desta história: CONTUBÉRNIO, GNÔMON, SIMONIA...

Na ânsia de colocar, em imagem e som, parte o que eu estava sentindo nesta indescritível aproximação em parte da obra deste extraordinário escritor, fiz um clipe caseiro de três minutos que está postado no Youtube. 

Não sei se nesse primeiro momento concretizarei o meu intento que é abrir o caminho para uma produção cinematográfica para a realização deste filme. Mas, pelo menos, é um começo e sei que não se atravessa um deserto sem se dar o primeiro passo.  


Jose Sette

Nenhum comentário: