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terça-feira, 25 de agosto de 2015

MEMÓRIA

SAUDADES

Ao amigo com carinho...Eliseu Visconti. Conheci esta figura singular em 1969. Cinquenta e cinco anos de uma convivência quase diária, sempre nos falando, uma hora sobre cinema, outras sobre o Brasil e seus grandes e esquecidos autores, e muitas vezes sobre a música do nosso passado cultural e que ele conhecia com uma riqueza de detalhes invejável. Era um colecionador de pequenas obras, legados da nossa época: discos, textos, pinturas, livros e principalmente colecionava amigos, um sujeito adorável. Quando nos encontrávamos, por esse mundo afora, tomávamos umas cervejinhas e riamos muitos da nossa própria vida, muitas vezes, por força das circunstâncias marginal e, quando estávamos longe, dia sim, dia não, falávamos pelo telefone por horas a fio até a orelha doer. Era um guerreiro polêmico, rebelde, iconoclasta e, talvez por isso, incompreendido. Vai deixar uma obra cinematográfica genial que influenciou muito todo o nosso cinema. Autor do inovador “Monstros de Babalu” inventou com ele a nova comédia satírica, bizarra, melodramática do nosso cinema expressionista  e com seus vários filmes de curtas metragens renovou, brilhantemente, o cinema documental musical etnográfico brasileiro. Seus filmes sobre o folclore, não podem ser esquecidos e precisam ser resgatados e estudados pelas novas gerações.
Eliseu sempre foi um bruxo, um grande artista, que recebia, por suas antenas pré-históricas, missões linguísticas de uma raça superior. Um nobre de caráter, um homem simples dominado pelo bom espírito da criação que vai deixar muita saudade para quem o conheceu. Enfim, Eliseu fez o que eu chamo de cinema da alma, um cinema de visão causada por delírio, sonho, superstição, fé e visagem. Viva Eliseu Visconti!!!



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