SAUDADES
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Ao amigo com carinho...Eliseu Visconti. Conheci esta
figura singular em 1969. Cinquenta e cinco anos de uma convivência quase diária,
sempre nos falando, uma hora sobre cinema, outras sobre o Brasil e seus grandes
e esquecidos autores, e muitas vezes sobre a música do nosso passado cultural e
que ele conhecia com uma riqueza de detalhes invejável. Era um colecionador de
pequenas obras, legados da nossa época: discos, textos, pinturas, livros e
principalmente colecionava amigos, um sujeito adorável. Quando nos
encontrávamos, por esse mundo afora, tomávamos umas cervejinhas e riamos muitos
da nossa própria vida, muitas vezes, por força das circunstâncias marginal e,
quando estávamos longe, dia sim, dia não, falávamos pelo telefone por horas a
fio até a orelha doer. Era um guerreiro polêmico, rebelde, iconoclasta e,
talvez por isso, incompreendido. Vai deixar uma obra cinematográfica genial que
influenciou muito todo o nosso cinema. Autor do inovador “Monstros de Babalu” inventou
com ele a nova comédia satírica, bizarra, melodramática do nosso cinema expressionista
e com seus vários filmes de curtas
metragens renovou, brilhantemente, o cinema documental musical etnográfico
brasileiro. Seus filmes sobre o folclore, não podem ser esquecidos e precisam
ser resgatados e estudados pelas novas gerações.
Eliseu sempre foi um bruxo, um grande artista, que
recebia, por suas antenas pré-históricas, missões linguísticas de uma raça
superior. Um nobre de caráter, um homem simples dominado pelo bom espírito da
criação que vai deixar muita saudade para quem o conheceu. Enfim, Eliseu fez o que
eu chamo de cinema da alma, um cinema de visão causada por delírio, sonho, superstição,
fé e visagem. Viva Eliseu Visconti!!!
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