PERSONA
Certas
coisas não podem ficar escondidas entre as paredes da memória. Elas gritam dentro
de nós, pois fazem parte da história e por este motivo não podem ser omitidas,
muito menos esquecidas.
Não podemos
ficar calados quando nos cometem determinadas faltas graves no processo existencial
e criativo a que estamos, dia a dia, submetidos.
Não
necessitamos conter elogios a quem nos faz um bem e escárnio ao augúrio de
provincianos feiticeiros.
Certas
pessoas, geralmente de quem você não espera nada, lhe promove festas, elogios,
trabalho e reconhecimento, outras, que você imagina irmã, camarada, companheira
de ideias e lutas, te abandonam quando mais você precisa delas.
O desprezo é
arma godardiana de quem sabe que é impossível mudar o espírito defensivo e burguês
de pessoas que estão caminhando ao seu lado com seus mesquinhos interesses à
espreita de uma boa oportunidade para vampirizar a sua luz ou te empurrar para
o abismo.
É como diz o
ditame popular: quem não pode se sacode e vá achar sua turma... Eu ainda
procuro a minha...
As máscaras
da traição caem quando menos se espera mostrando a todos o canastrão que ele
era ao representar o bom moço que nunca foi.
Mas o pior
de todos é aquele que se acha necessário acima de qualquer suspeita para
enganar o vizinho e apelar a sua individualidade para atacar o coletivo.
Poderia
sujar a memória mil vezes com estúpidas lembranças, mas prefiro estar perto das
velhas histórias que ser consumido por novas bravatas ditas por quem eu mal
conheço, sentado no bar de um lugarejo perdido, cheirando esgoto ao céu aberto,
em um deserto de areia e buracos de caranguejo.
É como disse
um amigo ao deixar a cidade: “nunca conheci inferno pior, aqui eu nunca mais
volto”.
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