O Pior Jovem é Aquele Que
Não Quer Vê.
Cada dia que eu passo neste
mundo catabiótico, perto do fim, menos paciência eu tenho com os meus semelhantes,
principalmente com os mais novos. Com inveja da pouca idade de muitos que estão
próximos, acho a maioria, em alguns momentos de nossos encontros, pretensiosos
e desprovidos da visão crítica do mundo. Para os que
estão distantes com seus grotescos espetáculos, suas medíocres comédias, não
perco o meu tempo discutindo ou sofrendo com suas observações, reflexões
criativas, percepções e analogias, retiradas geralmente de uma cultura
importada ou mesmo da incompreensão da sua identidade natural.
Geralmente
todos têm pensamentos confusos e tristes em relação as suas existências. Fico
então perturbado com o que eu poderia fazer para pelo menos entender as
traquinagens desta turba desesperada de rebeldes perdidos neste universo
draconiano deste segundo milênio. O desentendimento entre as
gerações é o primeiro conflito deste embate. De uma coisa eu tenho certeza: a mídia globalizada,
a serviço dos poderosos e dos interesses mais obscuros de uma casta de
privilegiados, faz o serviço sujo de desorientar as pessoas menos avisadas e
massacrar, pela impossibilidade de uma existência digna, aqueles jovens que tiveram
estudo e por isso são mais bem informados, sensíveis e conscientes da realidade
muitas vezes despercebida pela maioria cega.
No mundo de hoje, para que tudo dê certo em suas vidas, é preciso se
desprender das suas convicções e passar a conviver com quem não lhe diz
respeito, só pelo único motivo de que ele é seu superior hierárquico e a ele é
dado o poder de lhe privilegiar ou de lhe massacrar, coisa que geralmente ele
faz com sádico prazer. Tudo porque não consegue se alinhar aos pensamentos mais
conservadores dos seus patrões e tentar, a qualquer custo, manter sua
independência ideológica e existencial.
Os outros, por
não conseguirem o emprego almejado que poderia lhe proporcionar uma vida mais
confortável e menos miserável, passam de mão em mão e não conseguem se
estabilizar, vivendo inseguros, temendo pelo seu futuro.
Aos
felizardos que se vendem, sem mácula e arrependimentos, aos canalhas de
plantão, o mundo perfeito de alegrias e felicidades. Olhando-os em suas
ignomínias, às vezes me permito perguntar: Deus existe? Se existir é mais que
imperfeito, é caótico, absolutista e tirano, como qualquer mortal pretensioso e
cheio de poder.
ASSISTA
AO VÍDEO
Fragmento do romance "Retornar
com os pássaros"
Texto e voz: Pedro Maciel
Música: Juarez Maciel Vídeo: Roberto Bellini
(...): não me iludo mais em plena luz do dia.
Não mais disfarço a minha loucura. Rio de mim mesmo. Só choro pelos outros.
Desmistifico mitos. Faço as coisas sem sentido.
Vejo que nada mais tem sentido.
Improviso fugas. Corro do tempo parado. Memorizo manhãs de um não tempo.
Vislumbro coisas invisíveis. Quero o que era infinito.
Retorno com os pássaros.
Experimento sensações orientais. Desoriento-me no ocidente. Não lembro quem sou
nem onde estou. Nem sempre regresso das minhas viagens
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