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terça-feira, 5 de julho de 2011

CABO FRIO

Primeiro Manifesto
Julho de 2011

Cheguei nesta cidade faz sete anos vindos lá das bandas da zona da mata mineira.
Não tenho a sede do mar que contamina os habitantes das Gerais, pois passei a minha infância nas praias do Rio de Janeiro, tenho sim sede das tradições e dos cantos e encantos que o mar nos proporciona. Amei a região dos lagos, principalmente Cabo Frio, desde que aqui cheguei pela primeira vez em 1958. Isto aqui é o paraíso! Exclamei quando aqui voltei em 1967, pouco antes de entrar na luta dos estudantes contra a ditadura militar.
Em 1974, quando retornei do meu exílio, passei na cidade a caminho de Búzios onde queria alugar uma casa para descansar e recompor a cabeça. Ainda vivíamos a ditadura. Lembro-me que o centro de Cabo Frio continuava ainda preservado, conservando em muitos recantos o seu aspecto colonial. Sou ainda encantando com seus cenários de rara beleza e só voltei aqui outra vez acompanhado de duas amigas para degustar o sabor inigualável dos seus frutos do mar. Aqui viemos filmar “Abismu” de Rogério Sganzerla. Todo o cinema brasileiro queria filmar em Cabo Frio. Confesso que sempre pensei que um dia eu gostaria de aqui pousar durante um tempo... Trinta anos depois sai de Minas, arrumei a mala e fui pro Rio morar... Aqui estou em uma casa de onde se pode ver o mar... Aqui filmei “Amaxon”, com produção local. Posso dizer que sempre gostei e continuo gostando desta cidade costeira, deste povo caiçara, do pescador e humilde trabalhador aos personagens característico desta região, desta sociedade sendo ou não de suas elites, sou um sujeito eclético e sem medo, navego em qualquer mar.
Bem entendida a minha chegada, passo ao assunto desta minha reflexão a esse prestigioso Jornal do amigo Totonho: Quero falar por este rápido texto da política municipal, matéria que está na pauta do dia e na boca de todos. Mas antes é preciso dizer que não sou, como muitos que se escondem da história, um analfabeto político. Vim de uma família de políticos mineiros e, mesmo podendo, adianto que não pretendo ser candidato a nada e nem militante de nenhum partido político, mas apenas um colaborador de idéias futuras. Estou aqui também para aprender.
A primeira coisa que notei quando comecei a morar e a andar pela região foi a degradação da sua natureza paradisíaca e histórica. Tudo que havia me encantado, em poucos anos passados tinha se perdido na ganância e na estupidez de seus governantes e na ignorância pacífica de um povo oprimido pelo capital. Toda a riqueza de sua história, os sobrados centenários, as praias desertas, a água cristalina dos canais e da grande lagoa de Araruama, que eu conhecia com as suas salinas e os seus cata-ventos, foram transformadas em ruínas e prédios de arquiteturas duvidosas; hoje as praias cobertas de apartamentos fantasmas; as águas completamente poluídas e as ruas, embora limpas, exala pelos bueiros um cheiro nauseabundo que me deixa, em meus passeios pelo centro, neurastênico, transmutado, em pleno ataque de nervos... Como deixaram um lugar como esse chegar a esse ponto? Hoje os turistas se afastaram da região e os gananciosos, cegos pela febre do petróleo, disputam a tapa o seu lugar nas grandes negociatas que tamanho dinheiro envolve. Não é possível ficar alheio a tudo isso. O povo tem de deixar de ser minoria, precisa mostrar força, se conscientizar, deixar de ser massa de manobra, de obra, de tijolos, de cesta básica e dogmas teológicos e nas próximas eleições municipais votar sem medo, unido e consciente do melhor. O povo pode renovar em um único dia todo universo carcomido de políticos que habitam há anos o paço municipal, pois o seu voto é a única arma democrática que possuímos para derrubar de uma só vez todos esses oportunistas de plantão. Para isso acontecer tem que se unirem os políticos e os partidos de visão em torno do melhor candidato. Vocês que querem renovar e ao mesmo tempo conscientizar, informe aos seus eleitores quem pode e quem não pode ser votado e eleito. É longo o caminho. Então futuros candidatos é preciso começar já o trabalho. Mostrar a sua cara. Não é possível mais se conviver na política com os inimigos do povo. É preciso convencer-se que para salvar Cabo Frio é necessário mudar tudo que ai está. Não adianta remoer derrotas. Fazer política não é torcer por um clube de futebol, na política você pode mudar de time. Há de se saber também que de nada adianta ficar culpando o passado dos governantes por erros cometidos em suas desastrosas administrações. Isso não interessa. Não podemos retornar o tempo e muito menos desfazer os espaços ocupados. Mas programar uma dinâmica de trabalho construtiva voltada ao interesse da maioria e implementar na administração pública, a inteligência e a criatividade, isso sim pode ser feito. Repito: Cabo Frio tem de se unir para frear o caos administrativo que vem destruindo a cidade. Aqui, onde coisas importantes precisam com urgência serem feitas, nada se faz, tudo se desfaz numa rapidez espantosa. Como uma prefeitura pode pagar novecentos mil reais por ano a uma emissora a cabo (InterTV) por algumas produções caseiras de vídeo amador que em nada contribuem para o crescimento do conhecimento cultural e o desenvolvimento social, político e econômico da cidade? É incrível! Qualquer pessoa de bom senso sabe que todo esse dinheiro poderia ser muito mais bem empregado.
Com isso tudo exposto penso que os políticos que querem governar essa cidade têm de formalizar no mínimo sete compromissos com os seus eleitores e eu proponho para a reflexão dos leitores desse insigne jornal eletrônico, as minhas sete prioridades – são só idéias a serem observadas pelos futuros candidatos:
1 Cabo Frio é uma cidade com vocação para a educação de qualidade e integral que precisa com urgência de uma Universidade Federal.
2 Cabo Frio precisa, através do Governo Federal, do Banco Mundial e de outros órgãos, implantar, em convênio com outras prefeituras de toda região, obras de saneamento básico e consequente despoluição das suas águas.
3 Cabo Frio precisa retornar com a indústria do turismo para a cidade. Turismo de qualidade que possa trazer benefícios para os seus habitantes.
4 Cabo Frio precisa criar uma política de incentivo a criação cultural e prestigiar os seus artistas.
5 Cabo frio precisa criar uma indústria do peixe e beneficiar com ela o pequeno pescador a desfrutar de toda a riqueza que o seu auspicioso mar pode lhe fornecer.
6 Cabo Frio precisa urgentemente de uma reforma urbana que preserve o seu ecossistema e sua sustentabilidade futura.
7 Finalmente a cidade de Cabo Frio para se erguer precisa de uma nova administração, limpa e transparente, composta com o que de melhor a cidade pode oferecer e assim proporcionar a toda a sua população saúde, segurança e transporte de qualidade, sabendo que isto é o básico indispensável a qualquer governo que se quer começar.
No meu modo de pensar esses são os primeiros passos para se formalizar um compromisso com a sociedade de transformação e reformas.
Todos os habitantes de bom senso, com o mínimo de informação, já sabem que como está não pode ficar. Chega de nos enganar. É preciso mudar e a hora é essa.
Vou transferir o meu título para a cidade, pois quero ajudar a eleger o futuro prefeito e os vereadores que formalizarem um compromisso de mudança, de reformas e de transformações sociais.

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