QUEBRANTO
Meu próximo filme a ser filmado em Agosto e produzido pela CAVIDEO
O Primeiro Passo
Durante muitos anos eu possuía na minha pequena biblioteca
três livros escritos por James Joyce. Confesso que sempre que começava a ler
desistia de continuar. Não conseguia acompanhar a sua intricada narrativa.
Assim Ulisses, Dublinense, Retrato do Artista Quando Jovem e também um Estudo
sobre o romance moderno com textos de Ezra Pound, Umberto Eco, Ítalo Svevo,
Richard Ellmann, onde encontrei o seu Giacomo Joyce, ficaram adormecidos nas
estantes.
No ano passado (1998), numa noite de insônia, devorei “As
Irmãs” o primeiro dos contos de Dublinense e fiquei extasiado com o que eu
acabara de conhecer. Depois foram vindos de roldão os outros 14 contos
restantes.
Apaixonado, pela tardia descoberta, debrucei-me na vida e na
obra do renomado escritor, primeiro com os ensaios dos autores acima citados e
depois com algumas pesquisas feitas pela internet, podendo assim experimentar o
prazer de degustar o texto e a poesia inocente e indecente do “Retrato do
Artista Quando Jovem” e depois, finalmente o colosso de “Ulisses”, o que mais
demorei a ler, o mais difícil de ser decifrado.
Como a minha letra, o meu texto, a minha poesia, é composta
por imagens e sons, resolvi fazer um esboço do que eu havia visto e daquilo que
mais havia sensibilizado os meus ouvidos em todos os textos do genial escritor.
Frases soltas, deste ou daquele momento retiradas do romance ou dos contos,
poemas, e todo erotismo fantástico deste anárquico e misterioso ser, foram
enchendo páginas e mais páginas de papéis com a minha confusa caligrafia. No
final dessa maratona enlouquecida eu já tinha esboçado o desenho do que viria a
ser o primeiro tratamento do roteiro de um filme. Comecei de pronto a ordenar e
a digitalizar a urdidura, a trama, que aos poucos, como peças de um
quebra-cabeça, tomavam a forma da história que deveria ser contada.
Assim nasceu “Quebranto”. Um filme das alucinações de
Giacomo no seu um século de vida. Giacomo é James, que pode ser João, o nome
que dei ao nosso personagem.
O roteiro, que ainda não foi dividido em planos e
sequências, começa com a apresentação dos três tempos de vida do João, o
principal personagem desta história: CONTUBÉRNIO,
GNÔMON, SIMONIA...
Na ânsia de colocar, em imagem e som, parte o que eu estava
sentindo nesta indescritível aproximação de parte da obra deste extraordinário
escritor, fiz um clipe poético caseiro de três minutos que está postado no
Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=p9fn14-Xbn4
Não sei se nesse primeiro momento concretizarei o meu intento
que é abrir o caminho de uma produção cinematográfica para a realização deste
filme. Mas, pelo menos, é um começo e sei que não se atravessa um deserto sem
se dar o primeiro passo.
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