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domingo, 5 de dezembro de 2010

Opinião


LIBERDADE AGORA

Respondendo aos emeios recebidos, muitos me criticando, quero explicar como na prática formaliza-se, através de uma estória, o conceito da palavra Liberdade.

Tenho um velho amigo, que bebe muito pouco, se alimenta com equilíbrio, não gosta de esportes, andar e correr no calçadão, academias de ginásticas, etc., mas todo o dia, depois do trabalho, vai tomar um banho de mar. O cara tem 65 anos e tem uma saúde de ferro. Acorda por volta de 11.00 horas, toma um suco de frutas e vai para o trabalho. Ele é professor, dá aulas de 13.00 as 22.00 horas. Durante os períodos das aulas ele se alimenta com sanduíches naturais, sucos e café com leite. No intervalo do dia para noite ele almoça, come arroz, feijão, verduras e as vezes um ovo cozido ou um filé de peixe. Terminado o período noturno ele vai religiosamente ao boteco, onde encontra alguns amigos e toma a sua cerveja, pois a sua boca geralmente está muito seca. Chega em casa por volta das 24.00 horas. Dorme por volta de 5.00 horas da madrugada no máximo, diz que tem horror de dormir depois que o dia amanhece. Seria uma história comum se ele não fumasse dois cigarros de maconha por dia. Um baseado antes de sair de casa e outro quando retornava.Um dia, comprando algumas gramas em uma boca de fumo, que era a sua reserva mensal, foi surpreendido por um tiroteio entre os bandidos e a polícia e quase sai dali morto ou preso. Resolveu então fazer uma plantação em seu apartamento e quando os pezinhos da cânabis tomaram vida, um amigo seu, também professor, teve o seu apartamento invadido pela polícia e foi preso com o filho. Ele ficou, a partir desse caso, paranóico e amedrontado com a repressão e arrancou todos os doze pezinhos das selecionadas sementes vindas da Holanda, triturou todos os pezinhos no liquidificador, bebeu um pouco daquele xarope verde de gosto amargo, colocou o resto na geladeira e foi, chateado com o acontecido, dar as suas aulas. O professor fumava tabaco desde a sua adolescência, na sua juventude trocou de cigarros – fumava mais de vinte cigarros de tabaco por dia e passou a fumar dois de maconha – e não podia ficar agora, depois de tantos anos, sem o seu prazer predileto... Teria que correr o risco e voltar à maldita boca de fumo.

Conto esse caso para dizer o quanto a nossa civilização é escrava de um sistema preconceituoso, repressivo e fascista quando o assunto é a Liberdade.

O professor gostava de dizer que só devia ser proibido roubar e matar - Embora matar é também roubar a vida, dizia ele: - O estado deveria libertar os seus cidadãos destes grilhões e libertar os seus contribuintes deste atentado contra a sua liberdade individual. Se não sou bandido, se trabalho, se pago meus impostos, se estudei e tenho perfeito domínio de meu intelecto, tenho o direito sagrado de fazer comigo, com meu corpo, o que eu quiser. Quem pode me proibir de me matar? Mas sei que não posso roubar a vida de ninguém. Eu acho que se o homem quiser beber até cair; fumar até se entupir; se drogar até sucumbir; é seu direito e ninguém tem o direito de reprimir. Pode-se aconselhar o suicida a se tratar, mas nunca levá-lo a força a um hospital se ele tem plena consciência daquilo que ele é, pois, se não, ele acaba fazendo como fizeram o poeta português Mario de Sá Carneiro e o compositor brasileiro Assis Valente. Um se matou com veneno em um hotel de Paris e o outro no Rio de Janeiro tomando formicida com guaraná num boteco da Lapa. Dois gênios da arte. Quantos outros mais fizeram o mesmo? É chegada à hora de se libertar o homem aos seus mais íntimos desejos. Legalize tudo que ainda não foi legalizado e estaremos dando um passo fundamental rumo a Liberdade de se ter a desejada consciência do imponderável.

Um comentário:

lina machado disse...

Da dieta que teu amigo faz só achei saudável a maconha que fuma! Delicia !