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sábado, 28 de março de 2009

Poesia

95 ANOS ENTRE EU E OS ANJOS
Embora o parnasiano Bilac o tenha desdenhado e o Rio de Janeiro o maltratado, Augusto dos Anjos, “um poeta singular”, como disse Carlos Drummond, é o poeta mais conhecido e admirado pelo povo brasileiro. Foi o nordeste e o interior do país que lhe salvou a fama póstuma. Por mais paradoxal que possa ser o poeta da decomposição e dos vermes, das composições naturalistas repletas de palavras difíceis e rebuscadas no cientificismo da época é, ainda hoje, passados noventa e cinco anos de sua morte, um poeta Popular. Da Paraíba do Engenho do Pau d’Arco à Leopoldina mineira, viveu uma vida sofrida e ignorada por pouco mais de trinta anos. Poeta metafísico repleto de denúncias sociais, eu posso dizer até que ele é comovente quando retrata a miséria do homem brasileiro, delineia em imagens cáusticas a vida e a morte do nosso interior esquecido. Ninguém do movimento modernista, que aconteceu oito anos depois da sua morte, descobriu o grande antropofágico poeta que ele era. Ninguém passou por tamanha dor. Ninguém se aprofundou tanto no sobrenatural chegando a criar uma poética única, simbolista, que traz em suas imagens, aparentemente fatídicas, distorcidas, a marca moderna do expressionismo em nossa contemporaneidade. O filósofo naturalista extremado era um poeta maldito no final do século dezenove. Bilac, considerado o “príncipe dos poetas”, em sua época, dizia que os poemas de Augusto “era o extremo do mau gosto”. Ora, Como ele estava errado! Como ele se enganou e como todos se enganaram: “Poeta de necrotério”, chamava-no nas reuniões os intelectuais cariocas. “Poeta do horror” era o mínimo que se dizia de um dos maiores poetas brasileiro.

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