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segunda-feira, 30 de março de 2009

Memória

Pequena história da trilha musical do Filme 100% BrazileiroQuando era adolescente, era um apaixonado pelas músicas tocadas e interpretadas pelo Tamba Trio. Para mim era o que havia de melhor no instrumental da música popular brasileira no ano de 1965. Eu era um admirador fervoroso, tinha todos os Lps do grupo, mas me identificava principalmente com o seu pianista e arranjador que trazia nas suas concepções rítmicas, do que se chamava bossa nova, não só o jazz tradicional, mas a alma romântica dos cancioneiros franceses e das modinhas portuguesas. Era uma maneira de interpretar, harmonicamente, os temas da época no piano, sem a total influência do jazz. É bom que se diga que nesta época a música popular brasileira tinha nas suas formações de música instrumental o que havia de melhor. Do samba ao chorinho. Do jazz a bossa nova. Mas, talvez, por sua formação clássica, francesa, este extraordinário músico me agradava mais que outros também geniais pianistas brasileiros.
Imagine o que eu senti vinte anos depois, em 1985, quando em memoráveis noitadas, na sua casa e no estúdio de gravação do seu amigo Arthur Verocai, talentoso violonista que gravou o violão do belíssimo arranjo paro o Trenzinho Caipira do Villa-Lobos, eu me aproximei e conheci o lado criativo e iluminado deste artista sensível.
Fiquei feliz quando ele, na sua casa, me disse que tinha formado um novo trio, com dois outros músicos e com o nome de Triângulo e que gostaria que eles participassem do nosso trabalho. Assim ele me apresentou ao baterista Robertinho Silva e ao baixista Luiz Alves, o seu trio. Surpresa. Ambos eram meus conhecidos anos antes durante as filmagens, no Teatro Municipal de São Paulo, do show O Milagre dos Peixes com o Milton Nascimento. Filme que eu fotografei para o Márcio Borges e o Sérvulo Siqueira.
Com a formalização dos primeiros contatos – contratos feitos com o produtor, iniciamos os trabalhos de criação da trilha que deveria ter quase o mesmo tempo do todo filme – 80 minutos – Assim foi feito com a apresentação para ele dos 120 minutos do copião montado e gravado em uma moviola com uma VHS.
Lembro-me que cheguei à casa do pianista e fui recebido na porta por sua mulher. Fui entrando timidamente, como um bom mineiro, e ela me levou até a cozinha do apartamento. Olhei de esgueiro para não incomodar, mas ele me colocou a vontade me oferecendo o que ele estava comendo – um prato, uma montanha, de arroz com feijão preto. Eu, mesmo sendo o todo poderoso diretor, produtor do filme, não tinha palavras pra enfrentar o meu ídolo da juventude – sempre fui um apaixonado por piano que aprendi a tocar com a minha avó – e, enquanto ele comia, eu pensava como me aproximar e conquistá-lo para o filme... Levava na mão um disco do Darius Milhaud que tentava lhe entregar, mas ele comia em silêncio, sem parar e com prazer indescritível o seu banquete brasileiro... Assim, numa explosão de timidez, levantei o disco raro na mão e disse com a voz forte: - Faz muito tempo que pensei neste encontro, não sabia como iria acontecer, mas hoje aqui na sua frente, dissipadas todas as nuvens do estrelismo, eu posso dizer ao extraordinário músico, que só você é capaz de entender o que quero como trilha musical para esse filme... Ele continuava comendo, e eu levantei o tom da minha voz dizendo-lhe: - Fiz um filme sobre um poeta francês que vem ao Rio de Janeiro no carnaval e aqui se envolve com a nossa história, com a nossa cultura e principalmente com o nosso povo e só você pode fazer a cama musical aonde esse poeta vai se deitar... Ele deixa o prato na pia da cozinha, da um gole no cálice de vinho e coloca a sua mão no meu ombro e me pergunta o que eu trazia em minhas mãos. Eu lhe falei do músico francês e do disco raro que em seguida lhe dei de presente... Fomos até a sala onde ficava o piano e eu me emocionei com o belo instrumento e sem querer disse três vezes com inflexões diferentes: - Grande Luis Eça! Luis Eça, Luisinho! Toca alguma coisa aqui pra esse seu fã mineiro matar a saudade.
Ele riu e me deu um abraço, não tocou o piano, aceitou o trabalho e começamos assim, em alto astral, a trilha musical do Filme 100% Brazileiro, que venho trazendo diariamente aqui para os privilegiados leitores do Kynoma.

sábado, 28 de março de 2009

Poesia

95 ANOS ENTRE EU E OS ANJOS
Embora o parnasiano Bilac o tenha desdenhado e o Rio de Janeiro o maltratado, Augusto dos Anjos, “um poeta singular”, como disse Carlos Drummond, é o poeta mais conhecido e admirado pelo povo brasileiro. Foi o nordeste e o interior do país que lhe salvou a fama póstuma. Por mais paradoxal que possa ser o poeta da decomposição e dos vermes, das composições naturalistas repletas de palavras difíceis e rebuscadas no cientificismo da época é, ainda hoje, passados noventa e cinco anos de sua morte, um poeta Popular. Da Paraíba do Engenho do Pau d’Arco à Leopoldina mineira, viveu uma vida sofrida e ignorada por pouco mais de trinta anos. Poeta metafísico repleto de denúncias sociais, eu posso dizer até que ele é comovente quando retrata a miséria do homem brasileiro, delineia em imagens cáusticas a vida e a morte do nosso interior esquecido. Ninguém do movimento modernista, que aconteceu oito anos depois da sua morte, descobriu o grande antropofágico poeta que ele era. Ninguém passou por tamanha dor. Ninguém se aprofundou tanto no sobrenatural chegando a criar uma poética única, simbolista, que traz em suas imagens, aparentemente fatídicas, distorcidas, a marca moderna do expressionismo em nossa contemporaneidade. O filósofo naturalista extremado era um poeta maldito no final do século dezenove. Bilac, considerado o “príncipe dos poetas”, em sua época, dizia que os poemas de Augusto “era o extremo do mau gosto”. Ora, Como ele estava errado! Como ele se enganou e como todos se enganaram: “Poeta de necrotério”, chamava-no nas reuniões os intelectuais cariocas. “Poeta do horror” era o mínimo que se dizia de um dos maiores poetas brasileiro.

quarta-feira, 25 de março de 2009

IMPERDÍVEL

AVA
Ava Rocha, Nana Love, Daniel Castanheira, Emiliano 7

26 de março quinta

Posto 8 22 hs

Av. Rainha Elizabeth, 769 – Ipanema
R$ 30,00 R$ 15,00 (meia-entrada)

Até onde o progresso quer chegar?

Recebi do meu amigo Paulo Laender, que além de grande artista-plástico é também arquiteto, esta informação sobre a cidade que conhecemos e crescemos e que hoje não existe mais. É como diria o poeta – Belo Horizonte é hoje só um vídeo na internet.E fica o enigma a ser decifrado: o que tanto poderia interessar a cidade das alterosas em um filme produzido pelo governo dos Estados Unidos há 60 anos?Você pode imaginar a cidade de Belo Horizonte em 1949? São imagens inéditas quando a cidade tinha apenas 200 mil habitantes. Entre no link abaixo e veja 17min de filme.
http://www.archive.org/details/BeloHori1949

Festa no Rio de Janeiro


terça-feira, 24 de março de 2009

Enredo do filme

AMAXON

Laura Marques (Vera Barreto Leite) é uma escritora de sucesso casada com Lourenço Marques (Otávio III), um apresentador de tevê.
Ela sai da grande cidade onde mora e se refugia solitária em sua casa no alto da serra para escrever um novo livro.
De lá ela pode observar a imensidão do mar.
É no mar que ela busca a inspiração para toda a sua obra aclamada pelo público e pela crítica.
Toda história começa quando ela escreve o final do último capítulo de “Os Homens Que Não Tive” e finaliza toda a escrita, feita a mão, com sua caneta tinteiro e depois digitalizado o texto no computador.
Quando ela remete para o seu editor (Paulo Villaça) que é amigo de Lourenço, via internet, os originais encomendados, uma série de acontecimentos sinistros na natureza transforma o seu universo existencial.
O que é ficção torna-se poesia.
Retira-se a prosa do realismo fantástico de um mundo dual e agressivo. Mundo onde o sentir se apresenta como sendo um novo e cruel texto. Onde o ver é ouvir. Onde o processo criativo se apresenta com uma nova roupagem. Mundo experimental e inventivo onde nos assustamos com suas imagens e nos tranquilizamos pelo novo som nunca antes experimentado.
É o despertar desse novo momento da criação que a história de Laura vai contar.
O renascer pela verdade mágica da arte oculta na poesia em prosa cinematográfica.
Entre a prosa e a poesia, tudo é novo, tudo é verdade e tudo é mentira.
Máscaras dos sonhos, às vezes pesadelos, vividos no processo criativo que ela se envolve em suas reflexões... - Ira-me, que eu irei!
A escrita fala, narra (Ava Rocha) e dialoga com Laura.
A memória é viva, sem limite e se expressa por imagens cinematográficas.
Citações perdidas no tempo (Guaracy Rodrigues).
Essa nova roupagem, que busca no entendimento dos fatos por ela vividos a lucidez de seus últimos dias, leva a sua personagem e sua inspiração, acostumada a placidez de uma lagoa espelhada, para o enfrentamento do transmutado e revolto mar.
Formam-se imagens atormentadas, sofridas, criadas no desespero e no conhecimento de uma profunda solidão que consome a sua alma de artista.
É preciso que o mar novamente invada a terra e o céu seja riscado pela luz ofuscante de milhares de raios para que tudo volte a ser como antes.
Luzes terríveis que transformam a paisagem do grande continente em uma ilha são necessárias para que o equilíbrio criativo de Laura possa ser reconquistado e a sua loucura transformada em lucidez
É nesta ilha habitada por Calibã, que Laura, filha de Próspero, nasce uma nova mulher. Uma deusa - Amaxon! Uma guerreira com o poder de todos os homens do mundo.

Este filme é um manifesto poético sobre a arte da criação em um mundo desequilibrado, perdido e massacrado pelo homem predador.
Um filme quase ecológico e reconstrutor dos significados mais profundos do ser e do não ser na alma inquieta do verdadeiro artista.

domingo, 22 de março de 2009

Mostra de Filmes em Minas Gerais

IMAGEM DOS POVOS
é uma Mostra Audiovisual que reúne anualmente obras e artistas de
diversos lugares do mundo , países e /ou regiões , para um encontro em
Minas Gerais, com a nossa cultura, com nossos criadores
e com nosso público. Dirigida por Adyr Assumpção e
Tâmara Braga, a V Mostra Internacional Audiovisual será realizadados
dias 20 a 23 de Agosto de 2009 em Ouro Preto e dos dias 25 a 30 de Agosto de 2009 em Belo Horizonte.
Mais informações: http://imagemdospovos.blogspot.com/