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sábado, 26 de outubro de 2013


QUEM SABE O QUE ESTOU PENSANDO

Fico pensando sobre as coisas da vida
Sempre chegando ao fim de tudo
A conclusão fatal às vezes inexorável
De que não vale a pena viver

Quando acontece o caos
Na solidão de um condenado
A tempestade da alma
Arrebata o ser

O tempo dos anos não farda a força do homem
Pois na cabeça do pensar ele realmente não existe
Imagens que se transformam em microespaço de luz
Podendo guardá-las no bolso de uma calça velha

Em memória de tudo que um dia foi analógico
Quero ainda viver romântico ao som de um bolero
Lambuzar-me no suor de uma cama de motel
Sugar com volúpia o amor escondido da vergonha

Sofrer de ciúmes e da paixão cósmica
Que eu ainda não pude entender
Caminhando pelo mundo
Dando o meu último suspiro

Surpreendendo o amigo que ainda permanece
Mas que aos poucos vai desaparecendo
No labirinto de espelhos da história de cada um
Vislumbro o sol e o mar onde respiro liberdade

 Até quando vou aspirar à vida no meu caminhar?
Não sei responder e também não quero saber
Estou sufocado por tanta miséria de coisas
Vazio neural que por nada já me deixo irritadiço

No começo acreditei nas ideias de um mundo melhor
Mais justo em oportunidades e socialmente mais honesto
Repleto de boa vontade para com o próximo e o distante
Equilibrado nas conquistas filosóficas do bem viver sem sofrer

Os místicos acreditam na necessidade da purificação
Os reacionários na barbárie de homens impuros
Os revolucionários na urgência da transformação
Os mercenários na força do sistema financeiro

Os mercadores acreditam na venda dos ícones gastos
Os guerreiros no sangue dos insensatos
O nobre na dor dos inocentes
As donzelas no amor de um príncipe

Amei e fui amado por algumas mulheres
 Sem saber bem o que isso significava
Vivi feliz por um tempo com uma e com outra
Disse-me um dia meu pai pelo espelho da sala

Como ele eu acreditei que poderia amar e ser feliz
Mas o amor na humanidade é uma mentira
Já dizia os anjos ao senhor de engenho
Mastigando um torrão de açúcar

Meleagro das matas nasceu da semente
Macerada no elixir que eterniza a vida
Cresceu e frutificou o grande pomar
Tornou-se sumo sagrado do desejo

A quem será oferecida a grande homenagem dos deuses?
Ao solitário homem que vagueia na planície do medo?
O que a ele está reservado pela cálida mão da natureza?
A quem pertence ó pura fonte de toda essa sabedoria?


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