VERGONHA
Eis aqui uma história que está hoje acontecendo em uma escola estadual de música numa grande cidade do interior do Brasil.
Escola criada e financiada pelo governo, onde o narrador da história, para freqüentar o curso de música ali ministrado, teve até de fazer o vestibular, por sinal muito disputado.
Ele pensava ter entrado em um lugar onde poderia e deveria aprender, em quatro anos, as teorias e as práticas musicais, para depois finalmente se diplomar e se oficializar como músico.
O narrador da história é nascido e mora nesta cidade do interior. É músico autodidata e compositor de belíssimas trilhas e já teve até um disco produzido e editado em CD. Ele só entrou na escola, para se aperfeiçoar e conseguir um diploma que oficializasse a sua profissão e o possibilitasse alçar novos vôos.
Veja que paradoxo ele vive nesta situação vergonhosa por que passa o ensino de música na sua cidade e sinta a vergonha que ele sentiu de ter de viver em um país, em um estado, em uma cidade basicamente universitária, onde a burrice, a incompetência dos gestores públicos, no trato do que está relacionado à cultura e arte, é de dar pena.
Se eles não se preocupam no bom funcionamento das universidades, como podem entender o estudo em uma escola de música.
Tudo fica insuportável quando imaginamos que estamos obrigando um artista a ter, em nome da sua sobrevivência, de suportar tamanha ignomínia...
É mais um caso nesta inútil peregrinação educacional pelas artes nas escolas brasileiras
Vamos ao Narrador:
...ontem tive a primeira "aula de violão"!!!
A turma é composta por mim, e outros dois alunos que nunca haviam segurado um violão e uma professora recém formada no próprio conservatório.
Fiquei meio surpreso quando ela nos mostrou o livro de violão adotado por eles... "é uma revistinha de banca de jornal com músicas da Xuxa"....apenas com cifras ...
Eu achei que essa revistinha serviria apenas para início do curso, mas não, até o sexto período são por elas que as aulas se seguem...
A professora nos ensinou como se segura o instrumento , como se monta os dois únicos acordes da música da Xuxa, e começou em seguida ela própria a tocar com uma "levada" "xácundúm" com o violão completamente desafinado e cantando em um Tom diferente do que ela estava tocando.
Tudo foi muito estranho, pois ela não deu a menor diretriz para os outros dois alunos que não tinham noção alguma de como funciona o violão..., seguia simplesmente tocando seu violão desafinado, esperando que algum milagre fizesse com que os dois alunos conseguissem acompanhá-la.
A situação foi me deixando tão chocado com a falta total de didática, boa vontade e competência que comecei a dar instruções básicas para amenizar o constrangimento que os alunos estavam sentindo com aquela situação...
A professora ao ver que alguém estava "trabalhando" por ela se sentiu a vontade para sacar o celular da bolsa e começar a tratar com seu namorado sobre o que iriam fazer à noite etc...
Por um momento segurei o choro e a raiva de estar ali naquele lugar..., me deu vontade até de gravar ou filmar de forma clandestina o que ali ocorria, pois eu mesmo se não estivesse presente não teria a real dimensão do absurdo.
Comecei a imaginar qual seria o sentido daquilo..., me senti no SUS, no "SOS".
Será que a finalidade desse conservatório é simplesmente "profissionalizar" pessoas? Aumentar alguma estatística em pesquisas sociológicas etc.?
Eu saí e lá tremendo de ódio e revoltado tentando entender o que é aquilo lá... Onde eles acham que vão chegar "trabalhando" daquela forma... É coisa pra "pra inglês ver", não pra ouvir ...
Hoje, agora ao escrever já com a raiva e a tristeza sob controle já consigo um certo distanciamento do fato ocorrido ontem...e retorno aqui na minha tentativa solitária de aprender mais alguma coisa sobre música.
Estou aqui conseguindo fazer alguns exercícios de métodos tradicionais como o do Francisco Tarrega, um espanhol considerado o Pai do violão erudito, cujo nome a nossa professora desconhece por completo.
Tenho aqui também o método Richard Bona de leitura que vem com CD de acompanhamento que possibilita avançar um pouco na leitura e assim vou tentando me alfabetizar mais um pouco. Mas não me desanimei com música não... ela é sagrada!!! ...tanto como ciência, como forma artística de expressão, ambas desconhecidas pela instituição acima citada.
Vou continuar tentando aqui por meios próprios progredir para tentar o mais rápido possível, fazer prova para níveis mais avançados do conservatório a fim de pegar um "diploma profissional”..., que é única coisa a ser oferecida por eles..., porque aprender a linguagem musical é técnica do instrumento, ta difícil...
O comentário de outro músico:
É muito triste ouvir esse seu relato. Acho que não é de hoje que você deve tirar o pé que todos nós temos fincados na nossa terra. O músico de hoje, mais do que nunca, deve ganhar o mundo. Esse realmente deu uma encolhida. A crise é grande, você sabe muito bem. Um projeto musical não se sustenta mais limitado a um lugar. Deve ter uma base, mas deve também alcançar vôos mais altos. E você meu caro brother tem asas, só tens medo de usá-las. Eu sei que a situação não tá fácil e que é fácil dar conselhos e consertar a vida dos outros, mas bicho pense nisso. Objetive isso.A música, e todo e qualquer aprendizado, tem sua principal etapa no autodidatismo. Só aprendemos quando sozinhos lemos, fazemos exercícios e pensamos. Hoje em dia tudo pode ser conseguido na internet. Rola até curso de música pela internet. Coisa séria. Papo de Berklee e o caralho. Fora todos os materiais didáticos e partituras que dá pra conseguir no soulseek emulem, e outros... Vídeos-aulas piratas que da pra baixar via torrent. Milhares de vídeos aula no youtube...Sugue o que der para sugar desse conservatório. Quanto a essa aula não vá mais, é claro. Só se for para tomar o lugar da professora e receber o salário dela. Os alunos agradeceriam.
Eis aqui uma história que está hoje acontecendo em uma escola estadual de música numa grande cidade do interior do Brasil.
Escola criada e financiada pelo governo, onde o narrador da história, para freqüentar o curso de música ali ministrado, teve até de fazer o vestibular, por sinal muito disputado.
Ele pensava ter entrado em um lugar onde poderia e deveria aprender, em quatro anos, as teorias e as práticas musicais, para depois finalmente se diplomar e se oficializar como músico.
O narrador da história é nascido e mora nesta cidade do interior. É músico autodidata e compositor de belíssimas trilhas e já teve até um disco produzido e editado em CD. Ele só entrou na escola, para se aperfeiçoar e conseguir um diploma que oficializasse a sua profissão e o possibilitasse alçar novos vôos.
Veja que paradoxo ele vive nesta situação vergonhosa por que passa o ensino de música na sua cidade e sinta a vergonha que ele sentiu de ter de viver em um país, em um estado, em uma cidade basicamente universitária, onde a burrice, a incompetência dos gestores públicos, no trato do que está relacionado à cultura e arte, é de dar pena.
Se eles não se preocupam no bom funcionamento das universidades, como podem entender o estudo em uma escola de música.
Tudo fica insuportável quando imaginamos que estamos obrigando um artista a ter, em nome da sua sobrevivência, de suportar tamanha ignomínia...
É mais um caso nesta inútil peregrinação educacional pelas artes nas escolas brasileiras
Vamos ao Narrador:
...ontem tive a primeira "aula de violão"!!!
A turma é composta por mim, e outros dois alunos que nunca haviam segurado um violão e uma professora recém formada no próprio conservatório.
Fiquei meio surpreso quando ela nos mostrou o livro de violão adotado por eles... "é uma revistinha de banca de jornal com músicas da Xuxa"....apenas com cifras ...
Eu achei que essa revistinha serviria apenas para início do curso, mas não, até o sexto período são por elas que as aulas se seguem...
A professora nos ensinou como se segura o instrumento , como se monta os dois únicos acordes da música da Xuxa, e começou em seguida ela própria a tocar com uma "levada" "xácundúm" com o violão completamente desafinado e cantando em um Tom diferente do que ela estava tocando.
Tudo foi muito estranho, pois ela não deu a menor diretriz para os outros dois alunos que não tinham noção alguma de como funciona o violão..., seguia simplesmente tocando seu violão desafinado, esperando que algum milagre fizesse com que os dois alunos conseguissem acompanhá-la.
A situação foi me deixando tão chocado com a falta total de didática, boa vontade e competência que comecei a dar instruções básicas para amenizar o constrangimento que os alunos estavam sentindo com aquela situação...
A professora ao ver que alguém estava "trabalhando" por ela se sentiu a vontade para sacar o celular da bolsa e começar a tratar com seu namorado sobre o que iriam fazer à noite etc...
Por um momento segurei o choro e a raiva de estar ali naquele lugar..., me deu vontade até de gravar ou filmar de forma clandestina o que ali ocorria, pois eu mesmo se não estivesse presente não teria a real dimensão do absurdo.
Comecei a imaginar qual seria o sentido daquilo..., me senti no SUS, no "SOS".
Será que a finalidade desse conservatório é simplesmente "profissionalizar" pessoas? Aumentar alguma estatística em pesquisas sociológicas etc.?
Eu saí e lá tremendo de ódio e revoltado tentando entender o que é aquilo lá... Onde eles acham que vão chegar "trabalhando" daquela forma... É coisa pra "pra inglês ver", não pra ouvir ...
Hoje, agora ao escrever já com a raiva e a tristeza sob controle já consigo um certo distanciamento do fato ocorrido ontem...e retorno aqui na minha tentativa solitária de aprender mais alguma coisa sobre música.
Estou aqui conseguindo fazer alguns exercícios de métodos tradicionais como o do Francisco Tarrega, um espanhol considerado o Pai do violão erudito, cujo nome a nossa professora desconhece por completo.
Tenho aqui também o método Richard Bona de leitura que vem com CD de acompanhamento que possibilita avançar um pouco na leitura e assim vou tentando me alfabetizar mais um pouco. Mas não me desanimei com música não... ela é sagrada!!! ...tanto como ciência, como forma artística de expressão, ambas desconhecidas pela instituição acima citada.
Vou continuar tentando aqui por meios próprios progredir para tentar o mais rápido possível, fazer prova para níveis mais avançados do conservatório a fim de pegar um "diploma profissional”..., que é única coisa a ser oferecida por eles..., porque aprender a linguagem musical é técnica do instrumento, ta difícil...
O comentário de outro músico:
É muito triste ouvir esse seu relato. Acho que não é de hoje que você deve tirar o pé que todos nós temos fincados na nossa terra. O músico de hoje, mais do que nunca, deve ganhar o mundo. Esse realmente deu uma encolhida. A crise é grande, você sabe muito bem. Um projeto musical não se sustenta mais limitado a um lugar. Deve ter uma base, mas deve também alcançar vôos mais altos. E você meu caro brother tem asas, só tens medo de usá-las. Eu sei que a situação não tá fácil e que é fácil dar conselhos e consertar a vida dos outros, mas bicho pense nisso. Objetive isso.A música, e todo e qualquer aprendizado, tem sua principal etapa no autodidatismo. Só aprendemos quando sozinhos lemos, fazemos exercícios e pensamos. Hoje em dia tudo pode ser conseguido na internet. Rola até curso de música pela internet. Coisa séria. Papo de Berklee e o caralho. Fora todos os materiais didáticos e partituras que dá pra conseguir no soulseek emulem, e outros... Vídeos-aulas piratas que da pra baixar via torrent. Milhares de vídeos aula no youtube...Sugue o que der para sugar desse conservatório. Quanto a essa aula não vá mais, é claro. Só se for para tomar o lugar da professora e receber o salário dela. Os alunos agradeceriam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário