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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

DESABAFO



Chega de Ser Enganado.

Caros amigos,
O povo trabalhador do Brasil é de uma competência histórica. Foram eles que construíram e consolidaram a identidade do país. Foi com a força do trabalho deste povo que o capital internacional movimentou e transformou a economia nacional em seu benefício.                                                                                       Se hoje o Brasil é uma potência deve-se ao esforço desses homens que por gerações solidificaram as nossas indústrias, edificaram nossas cidades, alimentaram nossa gente, criaram uma cultura única, miscigenada e transformadora.    
Sabemos que todo esse extraordinário processo de descobrimento e desenvolvimento estagnou-se após o golpe militar de 1964. 
Nos últimos 50 anos o país foi vendido descaradamente, e depois falam de corrupção; Getúlio, Juscelino, presidentes e Israel Pinheiro, construtor de Brasília, morreram pobres.     
Com a redemocratização podíamos ver o caos econômico e cultural em que nos encontrávamos. Nada mais podia ser feito?                                                  
Sim! Eu acreditava que Brizola, Darcy, e um novo governo trabalhista poderiam por a nossa terra no rumo certo, das reformas e da consolidação de um regime socialista, independente e libertário.
A história não foi escrita assim, perdemos a eleição e sobrou-nos o Lula e o PT. Brizola gostava do sapo-barbudo e tentou, de todas as maneiras, aproximar e influenciar a prática política do líder do ABC, ele foi até o seu vice em uma das eleições perdidas.
Mas o PT ganhou a presidência em quatro eleições consecutivas e hoje quem comanda os destinos do país é uma mulher mineira formada nas fileiras brizolistas.
Ora, meu Deus! O que se passa na cabeça desta gente? É preciso que os que nos governam, nos informem, com todas as letras, o que anda acontecendo com o Brasil.
Chega das falácias e constrangimentos ideológicos. Qual será a nossa direção rumo ao futuro? Todos os brasileiros precisam saber e, por conseguinte, viver um novo amanhã. Chega de esperanças não vividas. Chega de dúvidas não confirmadas. Chega de verdades cheias de mentiras. Chega de notícias manipuladas e vendidas. Chega da mídia familiar e religiosa enganando o povo desinformado. Chega de ignorância. Chega do estado belicista onde o que vale é a bala perdida. Chega de repressão à liberdade do ir e vir. Chega de privatizações descabidas. Chega de se guiar pela vantagem do poder ter. Chega do capital especulativo que desnorteia a força do trabalho. Chega da miséria social, cultural e educacional. Chega de criminalizar a nossa juventude. Chega de massacrar os nossos verdadeiros artistas e prol do lixo cultural estrangeiro imposto e importado. Chega deste sistema político arcaico, medíocre, predador. Chega de morrer por doenças nas portas dos hospitais. Chega de deixar o país nas mãos dos medíocres, dos burocratas que assaltam e desvirtuam 500 anos de história.
Cara Presidenta, o seu partido tem a maioria no congresso, não admita traições, é hora de ser sensato, pois precisamos reformar o Brasil na Educação e Cultura do nosso povo; na conservação da terra e seus habitantes; na forma de ser fazer política e de eleger os nossos representantes. Mas é preciso primeiro informar ao povo brasileiro, através de todos os meios de comunicação disponíveis, todas as semanas, se for necessário todos os dias e dizer bem alto e em bom tom o que devemos ao passado e o que podemos fazer para o presente e o futuro desta nação.


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

CONTO DE REIS


DE VENTO EM POPA

Fabio Carvalho


Dizer que os espectadores entram no cinema como vão, ou iriam, ao bordel, não deixa de ser chocante, mesmo atenuando-se bastante a idéia com o acréscimo de que isso sucede sob um ângulo bem particular do exame. As necessidades que o cinema e a prostituição satisfazem são as mesmas. Tenho a impressão de que meus propósitos ficarão mais claros e menos chocantes se, invertendo agora a maneira de ver as coisas, eu lembrar que com muita frequência os homens vão ao bordel como vão ao cinema. Os homens, os mais jovens em menor medida, e os adultos plenamente, vão ao bordel em busca da ficção. Esta reflexão foi retirada por mim do letreiro inicial do filme Lucia McCartney do cineasta David Neves. Tive o privilégio de conhecer e de filmar este autor tão pouco visto ou lido do cinema brasileiro. Assim nasce a composição, quem pensava que a fonte secou, não sabia que a vida começou. Quando a cidade amanhecer é carnaval. Bastou uma nova visão de três de seus filmes em sequência, no mesmo dia fervente de sábado, para abreviar o longo percurso que tenho que percorrer em busca de mim mesmo. Retornei ao fugidio e sinuoso caminho da minha própria sensibilidade. Formosa não faz assim.  Ficção palavra diretamente ligada à fantasia. A música e o cinema, artes que se entendem. E eu então que sou tão só. Vale sempre lembrar o que Jean Luc Godard disse: a ficção é o documentário do imaginário do autor. Cinema, sonho e lucidez. Com seus olhos de inesperadas amêndoas, I love you Maria. Teus olhos molhados. O foguetório imponderável para aquele horário da Sexta–Feira de Verão terminou junto com a última faixa do CD que tocava no computador, sendo assim, fiz um brinde ao mistério dos acontecimentos naturais do cotidiano. Só com as palavras posso tentar conseguir te deixar molhadinha. Tenho que esperar o momento exato para começar. Tudo incide na reflectância alva daquela necessidade só minha, que não tem nada a ver com as da humanidade. O próximo passo será descobrir as rosas em vários tons das cortinas internas, numa saturação inconsequente. O carreto chegou com a geladeira branquinha em pé amarrada na carroceria da Kombi velha. Depois de exibi-la aberta para a mulher opulenta dona da porta de usados na Rua Padre Belchior, o senhor baixinho atarracado da cabeça branca começou o descarregamento junto com o seu assistente manquitola. Uma engenharia muito bem treinada. Ainda pivete a personagem do Irving São Paulo fala para seu comparsa pretinho no calçadão da lagoa Rodrigo de Freitas: “qualé mano? Jacaré que dorme vira bolsa”. Entre o sim e o não há uma palavra o talvez. Muito Prazer o nome do filme. Três arquitetos e três meninos de rua observam-se, entrecruzam-se, sem nunca se misturarem diante das impossibilidades morais e sociais na zona sul do Rio de Janeiro. E temos as mulheres. Quem não foi ao finado cine Palladium ver um filme com este nome não sabe o que perdeu. No outro ela, a música no mesmo espaço luxuoso de projeção: “me dá teu sorriso para guardar. Será para o mar o teu segredo. Acaso será esta estória uma ilusão? O sol de repente para na esquina”. A primeira visão destes filmes que contém um arguto exame das relações, na fase de transição do fim da adolescência, justamente quando a gente acha que sabe tudo, serviu para apertar meus parafusos e quem sabe tentar aprender um pouquinho vivendo a vida em crescimento cabal.  De toda forma tenho sonhado, sofrido e me divertido até hoje, quase na mesma medida, tendo aprendido praticamente nada, já que todo dia novo dia novas circunstancias se apresentam. Vamos lá sem correr porque o que não temos é tempo para desperdiçar com velocidades desnecessárias. O moderno teor da investigação naturalista dos costumes contemporâneos desse cinema me deu e dá tanto prazer quanto uma degustação do drink especial refrescante em um fim de tarde degradé acompanhado por ostras frescas. Prazeres telúricos. Nosso Diplomata Arnaldo Carrilho descreveu o David Neves: “era um carioca-mineiro, conheceu melhor as circunstâncias dos seres humanos e amava suas fraquezas sem demonstrações de pejo ou distanciamentos preconceituosos. Tudo isso está nos seus filmes, desde Mauro, Humberto, até Jardim de Alah. Como cineasta os olhos de David conduzem-nos a essa ironia extrema de tratar o simples com a transcendência superior da lógica. A luz do seu pensamento jorra para dentro do seu próprio olho”.  O olho do cinema observando na altura do olho.  A câmera filma o pensamento. Não temos mais princípios é só o nosso meio. Saúde, proteção e meios desejavam nossos progenitores.  A bela personagem em sua diáfana nudez em frente ao espelho no terceiro andar do edifício era observada por três pivetes trepados na árvore em frente à janela através de cortinas esvoaçantes. Cruzei com meu amigo contra-baixista na escadaria do La Traviatta, e perguntei brincando: e o baixo? Sorrindo respondeu: está cada vez mais alto. Manhã com música. “Te quero menina, estrela de um filme, estória de amor, te vejo em meu sonho de felicidade, luz de verão”.  

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Loucura Pouca é Bobagem


Estamos à beira da total auto-destruição?
Noam Chomsky

O que o futuro trará? Uma postura razoável seria tentar olhar para a espécie humana de fora. Então imagine que você é um extraterrestre observador que está tentando desvendar o que acontece aqui ou, imagine que és um historiador daqui a 100 anos – assumindo que existam historiadores em 100 anos, o que não é óbvio – e você está olhando para o que acontece. Você veria algo impressionante.
Pela primeira vez na história da espécie humana, desenvolvemos claramente a capacidade de nos destruirmos. Isso é verdade desde 1945. Agora está finalmente sendo reconhecido que existem mais processos de longo-prazo como a destruição ambiental liderando na mesma direção, talvez não à destruição total, mas ao menos à destruição da capacidade de uma existência decente.
E existem outros perigos como pandemias, as quais estão relacionadas à globalização e interação. Então, existem processos em curso e instituições em vigor, como sistemas de armas nucleares, os quais podem levar à explosão ou talvez, extermínio, da existência organizada.
Como destruir o planeta sem tentar muito
A pergunta é: O que as pessoas estão fazendo a respeito? Nada disso é segredo. Está tudo perfeitamente aberto. De fato, você tem que fazer um esforço para não enxergar.
Houveram uma gama de reações. Têm aqueles que estão tentando ao máximo fazer algo em relação à essas ameaças, e outros que estão agindo para aumentá-las. Se olhar para quem são, esse historiador futurista ou extraterrestre observador veriam algo estranho. As sociedades menos desenvolvidas, incluindo povos indígenas, ou seus remanescentes, sociedades tribais e as primeiras nações do Canadá, que estão tentando mitigar ou superar essas ameaças. Não estão falando sobre guerra nuclear, mas sim desastre ambiental, e estão realmente tentando fazer algo a respeito.
De fato, ao redor do mundo – Austrália, Índia, América do Sul – existem batalhas acontecendo, às vezes guerras. Na Índia, é uma guerra enorme sobre a destruição ambiental direta, com sociedades tribais tentando resistir às operações de extração de recursos que são extremamente prejudiciais localmente, mas também em suas consequências gerais. Em sociedades onde as populações indígenas têm influência, muitos tomam uma posição forte. O mais forte dos países em relação ao aquecimento global é a Bolívia, cuja maioria é indígena e requisitos constitucionais protegem os “direitos da natureza”.
O Equador, o qual também tem uma população indígena ampla, é o único exportador de petróleo que conheço onde o governo está procurando auxílio para ajudar a manter o petróleo no solo, ao invés de produzi-lo e exportá-lo – e no solo é onde deveria estar.
O presidente Venezuelano Hugo Chávez, que morreu recentemente e foi objeto de gozação, insulto e ódio ao redor do mundo ocidental, atendeu a uma sessão da Assembléia Geral da ONU a poucos anos atrás onde ele suscitou todo tipo de ridículo ao chamar George W. Bush de demônio. Ele também concedeu um discurso que foi interessante. Claro, Venezuela é uma grande produtora de petróleo. O petróleo é praticamente todo seu PIB. Naquele discurso, ele alertou dos perigos do sobreuso dos combustíveis fóssil e sugeriu aos países produtores e consumidores que se juntassem para tentar manejar formas de diminuir o uso desses combustíveis. Isso foi bem impressionante da parte de um produtor de petróleo. Você sabe, ele era parte índio, com passado indígena. Esse aspecto de suas ações na ONU nunca foi reportado, diferentemente das coisas engraçadas que fez.
Então, em um extremo têm-se os indígenas, sociedades tribais tentando amenizar a corrida ao desastre. No outro extremo, as sociedades mais ricas, poderosas na história da humanidade, como os EUA e o Canadá, que estão correndo em velocidade máxima para destruir o meio ambiente o mais rápido possível. Diferentemente do Equador e das sociedades indígenas ao redor do mundo, eles querem extrair cada gota de hidrocarbonetos do solo com toda velocidade possível.
Ambos partidos políticos, o presidente Obama, a mídia, e a imprensa internacional parecem estar olhando adiante com grande entusiasmo para o que eles chamam de “um século de independência energética” para os EUA. Independência energética é quase um conceito sem significado, mas botamos isso de lado. O que eles querem dizer é: teremos um século no qual maximizaremos o uso de combustíveis fóssil e contribuiremos para a destruição do planeta.
E esse é basicamente o caso em todo lugar. Admitidamente, quando se trata de desenvolvimento de energia alternativa, a Europa está fazendo alguma coisa. Enquanto isso, os EUA, o mais rico e poderoso país de toda a história do mundo, é a única nação dentre talvez 100 relevantes que não possui uma política nacional para a restrição do uso de combustíveis fóssil, e que nem ao menos mira na energia renovável. Não é por que a população não quer. Os americanos estão bem próximos da norma internacional com sua preocupação com o aquecimento global. Suas estruturas institucionais que bloqueiam a mudança. Os interesses comerciais não aceitam e são poderosos em determinar políticas, então temos um grande vão entre opinião e política em muitas questões, incluindo esta. Então, é isso que o historiador do futuro veria. Ele também pode ler os jornais científicos de hoje. Cada um que você abre tem uma predição mais horrível que a outra.
“O momento mais perigoso na história”
A outra questão é a guerra nuclear. É sabido por um bom tempo, que se tivesse que haver uma primeira tacada por uma super potência, mesmo sem retaliação, provavelmente destruiria a civilização somente por causa das consequências de um inverno-nuclear que se seguiria. Você pode ler sobre isso no Boletim de Cientistas Atômicos. É bem compreendido. Então o perigo sempre foi muito pior do que achávamos que fosse.
Acabamos de passar pelo 50o aniversário da Crise dos Mísseis Cubanos, a qual foi chamada de “o momento mais perigoso na história” pelo historiador Arthur Schlesinger, o conselheiro do presidente John F. Kennedy. E foi. Foi uma chamada bem próxima do fim, e não foi a única vez tampouco. De algumas formas, no entanto, o pior aspecto desses eventos é que a lições não foram aprendidas.
O que aconteceu na crise dos mísseis em outubro de 1962 foi petrificado para parecer que atos de coragem e reflexão eram abundantes. A verdade é que todo o episódio foi quase insano. Houve um ponto, enquanto a crise chegava em seu pico, que o Premier Soviético Nikita Khrushchev escreveu para Kennedy oferecendo resolver a questão com um anuncio publico de retirada dos mísseis russos de Cuba e dos mísseis americanos da Turquia. Na realidade, Kennedy nem sabia que os EUA possuíam mísseis na Turquia na época. Estavam sendo retirados de todo modo, porque estavam sendo substituídos por submarinos nucleares mais letais, e que eram invulneráveis.
Então essa era a proposta. Kennedy e seus conselheiros consideraram-na – e a rejeitaram. Na época, o próprio Kennedy estimava a possibilidade de uma guerra nuclear em um terço da metade. Então Kennedy estava disposto a aceitar um risco muito alto de destruição em massa afim de estabelecer o princípio de que nós – e somente nós – temos o direito de deter mísseis ofensivos além de nossas
 fronteiras, na realidade em qualquer lugar que quisermos, sem importar o risco aos outros – e a nós mesmos, se tudo sair do controle. Temos esse direito, mas ninguém mais o detém.
No entanto, Kennedy aceitou um acordo secreto para a retirada dos mísseis que os EUA já estavam retirando, somente se nunca fosse à publico. Khrushchev, em outras palavras, teve que retirar abertamente os mísseis russos enquanto os EUA secretamente retiraram seus obsoletos; isto é, Khrushchev teve que ser humilhado e Kennedy manteve sua pose de macho. Ele é altamente elogiado por isso: coragem e popularidade sob ameaça, e por aí vai. O horror de suas decisões não é nem mencionado – tente achar nos arquivos.
E para somar um pouco mais, poucos meses antes da crise estourar os EUA haviam mandado mísseis com ogivas nucleares para Okinawa. Eram mirados na China durante um período de grande tensão regional.
Bom, quem liga? Temos o direito de fazer o que quisermos em qualquer lugar do mundo. Essa foi uma lição daquela época, mas haviam outras por vir.
Dez anos depois disso, em 1973, o secretário de estado Henry Kissinger chamou um alerta vermelho nuclear. Era seu modo de avisar à Rússia para não interferir na constante guerra Israel-Árabes e, em particular, não interferir depois de terem informado aos israelenses que poderiam violar o cessar fogo que os EUA  e a Rússia haviam concordado. Felizmente, nada aconteceu.
Dez anos depois, o presidente em vigor era Ronald Reagan. Assim que entrou na Casa Branca, ele e seus conselheiros fizeram com que a Força Aérea começasse a entrar no espaço aéreo Russo para tentar levantar informações sobre os sistemas de alerta russos, Operação Able Archer. Essencialmente, eram ataques falsos. Os Russos estavam incertos, alguns oficiais de alta patente acreditavam que seria o primeiro passo para um ataque real. Felizmente, eles não reagiram, mesmo sendo uma chamada estreita. E continua assim.

O que pensar das crises nucleares Iraniana e Norte-Coreana
No momento, a questão nuclear está regularmente nas capas nos casos do Irã e da Coréia do Norte. Existem jeitos de lidar com esse crise contínua. Talvez não funcionasse, mas ao menos tentaria. No entanto, não estão nem sendo consideradas, nem reportadas.
Tome o caso do Irã, que é considerado no ocidente – não no mundo árabe, não na Ásia – a maior ameaça à paz mundial. É uma obsessão ocidental, e é interessante investigar as razões disso, mas deixarei isso de lado. Há um jeito de lidar com a suposta maior ameaça à paz mundial? Na realidade existem várias. Uma forma, bastante sensível, foi proposta alguns meses atrás em uma reunião dos países não alinhados em Teerã. De fato, estavam apenas reiterando uma proposta que esteve circulando por décadas, pressionada particularmente pelo Egito, e que foi aprovada pela Assembléia Geral da ONU.
A proposta é mover em direção ao estabelecimento de uma zona sem armas nucleares na região. Essa não seria a resposta para tudo, mas seria um grande passo à frente. E haviam modos de proceder. Sob o patrocínio da ONU, houve uma conferência internacional na Finlândia dezembro passado para tentar implementar planos nesta trajetória. O que aconteceu? Você não lerá sobre isso nos jornais pois não foi divulgado – somente em jornais especialistas.
No início de novembro, o Irã concordou em comparecer à reunião. Alguns dias depois Obama cancelou a reunião, dizendo que a hora não estava correta. O Parlamento Europeu divulgou uma declaração pedindo que continuasse, assim como os estados árabes. Nada resultou. Então moveremos em direção a sanções mais rígidas contra a população Iraniana – não prejudica o regime – e talvez guerra. Quem sabe o que irá acontecer?
No nordeste da Ásia, é a mesma coisa. A Coréia do Norte pode ser o país mais louco do mundo. É certamente um bom competidor para o título. Mas faz sentido tentar adivinhar o que se passa pela cabeça alheia quando estão agindo feito loucos. Por que se comportariam assim? Nos imagine na situação deles. Imagine o que significou na Guerra da Coréia anos dos 1950’s o seu país ser totalmente nivelado, tudo destruído por uma enorme super potência, a qual estava regozijando sobre o que estava fazendo. Imagine a marca que deixaria para trás.
Tenha em mente que a liderança Norte Coreana possivelmente leu os jornais públicos militares desta super potência na época explicando que, uma vez que todo o resto da Coréia do Norte foi destruído, a força aérea foi enviada para a Coréia do Norte para destruir suas represas, enormes represas que controlavam o fornecimento de água – um crime de guerra, pelo qual pessoas foram enforcadas em Nuremberg. E esses jornais oficiais falavam excitadamente sobre como foi maravilhoso ver a água se esvaindo, e os asiáticos correndo e tentando sobreviver. Os jornais exaltavam com algo que para os asiáticos fora horrores para além da imaginação. Significou a destruição de sua colheita de arroz, o que resultou em fome e morte. Quão maravilhoso! Não está na nossa memória, mas está na deles.
Voltemos ao presente. Há uma história recente interessante. Em 1993, Israel e Coréia do Norte se moviam em direção a um acordo no qual a Coréia do Norte pararia de enviar quaisquer mísseis ou tecnologia militar para o Oriente Médio e Israel reconheceria seu país. O presidente Clinton interveio e bloqueou. Pouco depois disso, em retaliação, a Coréia do Norte promoveu um teste de mísseis pequeno. Os EUA e a Coréia do Norte chegaram então a um acordo em 1994 que interrompeu seu trabalho nuclear e foi mais ou menos honrado pelos dois lados. Quando George W. Bush tomou posse, a Coréia do Norte tinha talvez uma arma nuclear e verificadamente não produzia mais.
Bush imediatamente lançou seu militarismo agressivo, ameaçando a Coréia do Norte – “machado do mal” e tudo isso – então a Coréia do Norte voltou a trabalhar com seu programa nuclear. Na época que Bush deixou a Casa Branca, tinham de 8 a 10 armas nucleares e um sistema de mísseis, outra grande conquista neoconservadora. No meio, outras coisas aconteceram. Em 2005, os EUA e a Coréia do Norte realmente chegaram a um acordo no qual a Coréia do Norte teria que terminar com todo seu desenvolvimento nuclear e de mísseis. Em troca, o ocidente, mas principalmente os EUA, forneceria um reator de água natural para suas necessidades medicinais e pararia com declarações agressivas. Eles então formariam um pacto de não agressão e caminhariam em direção ao conforto.
Era muito promissor, mas quase imediatamente Bush menosprezou. Retirou a oferta do reator de água natural e iniciou programas para compelir bancos a pararem de manejar qualquer transação Norte Coreana, até mesmo as legais. Os Norte Coreanos reagiram revivendo seu programa de armas nuclear. E esse é o modo que se segue.
É bem sabido. Pode-se ler na cultura americana principal. O que dizem é: é um regime bem louco, mas também segue uma política do olho por olho, dente por dente. Você faz um gesto hostil e responderemos com um gesto louco nosso. Você faz um gesto confortável e responderemos da mesma forma.
Ultimamente, por exemplo, existem exercícios militares Sul Coreanos-Americanos na península Coreana a qual, do ponto de vista do Norte, tem que parecer ameaçador. Pensaríamos que estão nos ameaçando se estivessem indo ao Canadá e mirando em nós. No curso disso, os mais avançados bombardeiros na história, Stealth B-2 e B-52, estão travando ataques de bombardeio nuclear simulados nas fronteiras da Coréia do Norte.
Isso, com certeza, reacende a chama do passado. Eles lembram daquele passado, então estão reagindo de uma forma agressiva e extrema. Bom, o que chega no ocidente derivado disso tudo é o quão loucos e horríveis os líderes Norte Coreanos são. Sim, eles são. Mas essa não é toda a história, e esse é o jeito que o mundo está indo.

Não é que não haja alternativas. As alternativas somente não estão sendo levadas em conta. Isso é perigoso. Então, se me perguntar como o mundo estará no futuro, saiba que não é uma boa imagem. A menos que as pessoas façam algo a respeito. Sempre podemos.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Despedida de Adeus

       Vinicius e Suzana de Moraes
ADEUS SUZANA


Fiquei muito abalado com a morte de minha querida amiga Suzana de Moraes. De todos os meus amigos que já partiram, foi ela quem mais me emocionou. Fiquei espantado com a notícia, um pouco fora de mim e chorei. Tanto tempo longe um do outro, logo nós que vivemos momentos inesquecíveis na década de setenta. Mas assim é a vida. Eu morando em Cabo Frio e ela no Alto da Boa Vista. A nossa amiga em comum Marta Luz me pediu um dia para ir visitá-la, ela queria me ver, talvez despedir, não pude ir, como me arrependo. Descobri hoje, que mesmo distante, de como eu gostava daquela mulher. Assim resolvi retirar do meu filme Bandalheira Infernal de 1975, onde ela foi atriz, um pequeno trecho para homenagea-la com todo meu carinho e resgatar, de pronto, para todos os amigos um pedacinho, quase insignificante de sua rica presença na vida cultural brasileira, fotogramas das nossas memórias cinematográficas. 

sábado, 24 de janeiro de 2015

RECADO

No estado capitalista a corrupção é um negócio onde todos participam em diferentes escalas do poder. Não há solução. Como diria Machado: " Não jureis nunca a verdade, pois a verdade nua e crua além de indecente é dura de roer. Mas jurai a propósito de tudo, pois os homens acreditam piamente muito mais nos que juram falso, do que naqueles que não juram nada. Se disseres que o sol apagou, todos acenderão velas."

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Loucura Pouca é Bobagem



Asteroide que passará “raspando” na Terra em janeiro será observado por astrônomos

Um enorme asteroide passará pela Terra ainda este mês.

A rocha espacial chamada 2004 BL86, poderá passar a cerca de 1,19 milhão de quilômetro de distância, o equivalente a 3X a distância da Terra até a Lua.

Embora esteja longe o suficiente para estarmos seguros, o sobrevoo do asteroide que deverá ocorrer dia 26 de janeiro, é considerado pelos astrônomos como algo “muito próximo” em termos de distâncias espaciais.

Isso é o mais próximo que um asteroide já passou da Terra nos últimos anos. Além disso, os astrônomos confirmam que outro asteroide de nome 1999 AN10, passará também próximo de nós no dia 07 de agosto de 2027.

As estimativas não são nada boas! De acordo com as mais modernas análises por computador, 1999 AN10, com 0,6 km de diâmetro, passará a apenas 390.000 km de distância (podendo ser 100.000 km a menos), o que equivale a distância da Terra à Lua, mas isso só veremos nos próximos anos.

O Dr. Don Yeomans, astrônomo aposentado da Nasa, comentou: “No dia 26 de janeiro deste ano, o asteroide 2004 BL86 passará próximo da Terra, e isso é o mais próximo que já ocorreu nos últimos 200 anos”.

Ele prossegue: “E enquanto ele não representa uma ameaça para a Terra, outro asteroide demonstra preocupação. Apesar de ser relativamente grande, devemos ficar tranquilos, pois ele irá nos oferecer uma oportunidade única para observá-lo a aprender cada vez mais”.

O asteroide do dia 26 de janeiro emitirá brilho suficiente para que astrônomos amadores possam observá-lo com binóculos mais potentes ou telescópios mais simples.

Os asteroides geram fascínio nos astrônomos e entusiastas do espaço por seres considerados os precursores dos “blocos de construção da vida”. Estima-se que muitos asteroides bombardearam a Terra, trazendo consigo água e elementos que proporcionaram o desenvolvimento das primeiras formas de vida.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

NOVO FILME DE JOSE SETTE


QUEBRANTO

Meu próximo filme a ser filmado em Agosto e produzido pela CAVIDEO

O Primeiro Passo

Durante muitos anos eu possuía na minha pequena biblioteca três livros escritos por James Joyce. Confesso que sempre que começava a ler desistia de continuar. Não conseguia acompanhar a sua intricada narrativa. Assim Ulisses, Dublinense, Retrato do Artista Quando Jovem e também um Estudo sobre o romance moderno com textos de Ezra Pound, Umberto Eco, Ítalo Svevo, Richard Ellmann, onde encontrei o seu Giacomo Joyce, ficaram adormecidos nas estantes.

No ano passado (1998), numa noite de insônia, devorei “As Irmãs” o primeiro dos contos de Dublinense e fiquei extasiado com o que eu acabara de conhecer. Depois foram vindos de roldão os outros 14 contos restantes.

Apaixonado, pela tardia descoberta, debrucei-me na vida e na obra do renomado escritor, primeiro com os ensaios dos autores acima citados e depois com algumas pesquisas feitas pela internet, podendo assim experimentar o prazer de degustar o texto e a poesia inocente e indecente do “Retrato do Artista Quando Jovem” e depois, finalmente o colosso de “Ulisses”, o que mais demorei a ler, o mais difícil de ser decifrado.

Como a minha letra, o meu texto, a minha poesia, é composta por imagens e sons, resolvi fazer um esboço do que eu havia visto e daquilo que mais havia sensibilizado os meus ouvidos em todos os textos do genial escritor. Frases soltas, deste ou daquele momento retiradas do romance ou dos contos, poemas, e todo erotismo fantástico deste anárquico e misterioso ser, foram enchendo páginas e mais páginas de papéis com a minha confusa caligrafia. No final dessa maratona enlouquecida eu já tinha esboçado o desenho do que viria a ser o primeiro tratamento do roteiro de um filme. Comecei de pronto a ordenar e a digitalizar a urdidura, a trama, que aos poucos, como peças de um quebra-cabeça, tomavam a forma da história que deveria ser contada.

Assim nasceu “Quebranto”. Um filme das alucinações de Giacomo no seu um século de vida. Giacomo é James, que pode ser João, o nome que dei ao nosso personagem.

O roteiro, que ainda não foi dividido em planos e sequências, começa com a apresentação dos três tempos de vida do João, o principal personagem desta história: CONTUBÉRNIO, GNÔMON, SIMONIA...

Na ânsia de colocar, em imagem e som, parte o que eu estava sentindo nesta indescritível aproximação de parte da obra deste extraordinário escritor, fiz um clipe poético caseiro de três minutos que está postado no Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=p9fn14-Xbn4

Não sei se nesse primeiro momento concretizarei o meu intento que é abrir o caminho de uma produção cinematográfica para a realização deste filme. Mas, pelo menos, é um começo e sei que não se atravessa um deserto sem se dar o primeiro passo.