Meu Cinema Brasileiro
Em 2010 o filme “Bandalheira Infernal” comemorará
os seus 35 anos de existência e o “Filme 100% Brazileiro”
25 anos.
Em 1975 fiz o meu primeiro filme de longa-
metragem, Bandalheira, sem roteiro, experimentando,
provocando, instigando, anarquizando a
linguagem cinematográfica imposta pelo regime
militar, repressor e predador, e por uma elite
brega, ignorante e pretensiosa.
Trabalhei financiado pelos amigos e amantes
do cinema. Há trinta e cinco anos mantenho
o meu sonho por um cinema de arte, livre,
poético, inventivo, antropofágico e mnemônico.
Por um cinema que provoque a nossa memória,
nossa inteligência e nosso existir.
Para definir a minha trajetória na arte cinematográfica
é preciso saber da minha geração. Saber que no país invadido,
há mais de cem anos, por manifestações cinematográficas de todas
as espécies e gêneros, temos hoje, como predominância estética,
os pequenos e os grandes lixos novelescos proveniente de toda
uma produção estrangeira, principalmente a americana, a de roliude,
com suas novidades tecnológicas, efeitos especiais, para contar
historietas e influenciar o mundo dos colonizados, injustiçados, em
sua grande maioria, a adorar o deus bestial do sucesso, do
dinheiro, do consumismo doentio, da fome do mercado, a
qualquer custo, onde poucos mandam, e quase
todos são vendidos e obedecem por força da mídia, submissa aos
grandes interesses, com os investimento na cultura direcionado as
produções que seguem a métrica reboante do pior
que se faz na indústria do entretenimento, tornando-nos,
novamente, imbecilizados pelo paradigma do sucesso
estrangeiro e pela incipiente conquista do mercado nacional,
tanto no cinema quanto na televisão.
Depois do movimento cinemanovistas dos
anos 50 e 60 e do jovem cinema de resistência
dos anos 70 e 80, a partir 1990, o cinema
brasileiro vem buscando, como um todo,
com raríssimas exceções, esse modelo
conformista imposto pela política cultural servil dos
nossos incautos governantes, e pelo deslumbre dos
burocratas de plantão, dos produtores e exibidores
comprados, na maioria por dinheiro de fundações de
capital estrangeiros, imaginando assim, pelo excesso
imagens e sons de quinta categoria, convencer os
nossos jovens estudantes, futuros cineastas, que
trabalhando com esta linguagem inocente, muitas vezes
beirando o ridículo, conquistará o seu espaço
perdido público.
Ledo engano, deles e nosso, de ficarmos cegos, calados,
surdos e sem voz, isolados, como uma grande ilha,
prestes a ser varrida por uma onda gigante.
A maioria dos filmes nacionais é de pequena
produção, os mais privilegiados vêm sendo
financiados com orçamentos médios pelas leis
de incentivo. Todas essas “fitas” produzidas ou
são mal exibidas, ou não são exibidas, por falta
de interesse dos produtores e de seus
patrocinadores. Assim, algumas centenas de
latas de bons e raros filmes, são guardadas nas
prateleiras das produtoras, quando existem, ou
em casa, quando se têm, na espera de salas
específicas - cineclubes, festivais, etc., para que,
pelo menos, possam ser exibidos.
Esses raros filmes de arte têm a simpatia
de um público específico, composto de pessoas
que lêem, que apreciam a boa arte, que gostam de
poesia,de serem instigados pela criação, pela invenção,
pela inteligência degustando o mistério de
composições, as vezes bizarras, sem fanfarras de
produção, mas sempre criativas e transformadoras.
Sem a mínima remuneração, este cinema
de resistência, faz com que muitos de seus
bons diretores, produtores, atores e técnicos,
sem aposentadoria, sem economia,
a cada dia que passa, sentirem-se mais ainda
encurralados pelo sistema predador.
- Vivemos como mágicos, sem renda, endividados.
A cada filme produzido, ficamos mais pobres e só
permanecemos ainda em pé, pela força da crença na
arte e pela necessidade mortal de poder criar novamente.
Mas como criar sem ter o direito de viver com
alguma dignidade? Todos os dias encontro
bons artistas que estão a beira de um ataque de
nervos por falta de uma política
justa na produção, distribuição e exibição
do verdadeiro cinema brasileiro
Aos grandes produtores, as verbas
milionárias da renúncia fiscal, verbas
que são distribuídas através dos
editais e leis, pelas empresas e
simpatizantes empresários, que querem
se aproximar das estrelas e astros da
última revista da moda, ou a todos
aqueles que participam desta ou
daquela turma, simpáticos a
este ou aquele produtor de tevê, ou
melhor: todos aqueles que tem a benesse
desta importada estética, cópias sem a menor
importância, que domina as novelas e os filmetes
das grandes redes da televisão brasileira.
Nas universidades, jovens sedentos
de saber buscam o conhecimento
necessário para que possam rodar
(filmar) o seu primeiro curta-metragem.
Tudo tem de ser financiado pelo Estado?
Eles são milhares de entusiastas da sétima arte,
são estudantes e artistas que pensam e vivem o sonho
de um dia fazer o seu primeiro longa-metragem.
O que eles podem fazer? Onde eles podem chegar?
O velho cinema, outrora revolucionário, hoje
milionário, sonha com o Oscar, com roliudi
e com a América, que é do norte.
O jovem cinema tem que abandonar esta
vontade cega de estar incluso no sistema
estabelecido pelos padrões dominantes,
É preciso ser rebelde e transformador da arte,
buscando a nossa identidade cultural no
conhecimento e no descobrimento, para
podermos criar uma imagem livre das amarras
dominantes.
O meu e o seu Cinema Brasileiro
nascerá desta prática: um filme feito
e distribuído no cinema e para a televisão,
com as mãos e com a cabeça, independente
e de baixíssimo custo, digital ou não,
onde se valorizará principalmente uma
nova estética cinematográfica, uma nova
idéia, novos atores. Um cinema que
seja instigante, transformador, que não
veja, mas que tenha visão, que seja lentes
especiais para um enquadramento total e
abrangente do homem e das artes brasileiras
escondidas no contexto da vanguarda, do novo
e do que é universal.
Em 2010 o filme “Bandalheira Infernal” comemorará
os seus 35 anos de existência e o “Filme 100% Brazileiro”
25 anos.
Em 1975 fiz o meu primeiro filme de longa-
metragem, Bandalheira, sem roteiro, experimentando,
provocando, instigando, anarquizando a
linguagem cinematográfica imposta pelo regime
militar, repressor e predador, e por uma elite
brega, ignorante e pretensiosa.
Trabalhei financiado pelos amigos e amantes
do cinema. Há trinta e cinco anos mantenho
o meu sonho por um cinema de arte, livre,
poético, inventivo, antropofágico e mnemônico.
Por um cinema que provoque a nossa memória,
nossa inteligência e nosso existir.
Para definir a minha trajetória na arte cinematográfica
é preciso saber da minha geração. Saber que no país invadido,
há mais de cem anos, por manifestações cinematográficas de todas
as espécies e gêneros, temos hoje, como predominância estética,
os pequenos e os grandes lixos novelescos proveniente de toda
uma produção estrangeira, principalmente a americana, a de roliude,
com suas novidades tecnológicas, efeitos especiais, para contar
historietas e influenciar o mundo dos colonizados, injustiçados, em
sua grande maioria, a adorar o deus bestial do sucesso, do
dinheiro, do consumismo doentio, da fome do mercado, a
qualquer custo, onde poucos mandam, e quase
todos são vendidos e obedecem por força da mídia, submissa aos
grandes interesses, com os investimento na cultura direcionado as
produções que seguem a métrica reboante do pior
que se faz na indústria do entretenimento, tornando-nos,
novamente, imbecilizados pelo paradigma do sucesso
estrangeiro e pela incipiente conquista do mercado nacional,
tanto no cinema quanto na televisão.
Depois do movimento cinemanovistas dos
anos 50 e 60 e do jovem cinema de resistência
dos anos 70 e 80, a partir 1990, o cinema
brasileiro vem buscando, como um todo,
com raríssimas exceções, esse modelo
conformista imposto pela política cultural servil dos
nossos incautos governantes, e pelo deslumbre dos
burocratas de plantão, dos produtores e exibidores
comprados, na maioria por dinheiro de fundações de
capital estrangeiros, imaginando assim, pelo excesso
imagens e sons de quinta categoria, convencer os
nossos jovens estudantes, futuros cineastas, que
trabalhando com esta linguagem inocente, muitas vezes
beirando o ridículo, conquistará o seu espaço
perdido público.
Ledo engano, deles e nosso, de ficarmos cegos, calados,
surdos e sem voz, isolados, como uma grande ilha,
prestes a ser varrida por uma onda gigante.
A maioria dos filmes nacionais é de pequena
produção, os mais privilegiados vêm sendo
financiados com orçamentos médios pelas leis
de incentivo. Todas essas “fitas” produzidas ou
são mal exibidas, ou não são exibidas, por falta
de interesse dos produtores e de seus
patrocinadores. Assim, algumas centenas de
latas de bons e raros filmes, são guardadas nas
prateleiras das produtoras, quando existem, ou
em casa, quando se têm, na espera de salas
específicas - cineclubes, festivais, etc., para que,
pelo menos, possam ser exibidos.
Esses raros filmes de arte têm a simpatia
de um público específico, composto de pessoas
que lêem, que apreciam a boa arte, que gostam de
poesia,de serem instigados pela criação, pela invenção,
pela inteligência degustando o mistério de
composições, as vezes bizarras, sem fanfarras de
produção, mas sempre criativas e transformadoras.
Sem a mínima remuneração, este cinema
de resistência, faz com que muitos de seus
bons diretores, produtores, atores e técnicos,
sem aposentadoria, sem economia,
a cada dia que passa, sentirem-se mais ainda
encurralados pelo sistema predador.
- Vivemos como mágicos, sem renda, endividados.
A cada filme produzido, ficamos mais pobres e só
permanecemos ainda em pé, pela força da crença na
arte e pela necessidade mortal de poder criar novamente.
Mas como criar sem ter o direito de viver com
alguma dignidade? Todos os dias encontro
bons artistas que estão a beira de um ataque de
nervos por falta de uma política
justa na produção, distribuição e exibição
do verdadeiro cinema brasileiro
Aos grandes produtores, as verbas
milionárias da renúncia fiscal, verbas
que são distribuídas através dos
editais e leis, pelas empresas e
simpatizantes empresários, que querem
se aproximar das estrelas e astros da
última revista da moda, ou a todos
aqueles que participam desta ou
daquela turma, simpáticos a
este ou aquele produtor de tevê, ou
melhor: todos aqueles que tem a benesse
desta importada estética, cópias sem a menor
importância, que domina as novelas e os filmetes
das grandes redes da televisão brasileira.
Nas universidades, jovens sedentos
de saber buscam o conhecimento
necessário para que possam rodar
(filmar) o seu primeiro curta-metragem.
Tudo tem de ser financiado pelo Estado?
Eles são milhares de entusiastas da sétima arte,
são estudantes e artistas que pensam e vivem o sonho
de um dia fazer o seu primeiro longa-metragem.
O que eles podem fazer? Onde eles podem chegar?
O velho cinema, outrora revolucionário, hoje
milionário, sonha com o Oscar, com roliudi
e com a América, que é do norte.
O jovem cinema tem que abandonar esta
vontade cega de estar incluso no sistema
estabelecido pelos padrões dominantes,
É preciso ser rebelde e transformador da arte,
buscando a nossa identidade cultural no
conhecimento e no descobrimento, para
podermos criar uma imagem livre das amarras
dominantes.
O meu e o seu Cinema Brasileiro
nascerá desta prática: um filme feito
e distribuído no cinema e para a televisão,
com as mãos e com a cabeça, independente
e de baixíssimo custo, digital ou não,
onde se valorizará principalmente uma
nova estética cinematográfica, uma nova
idéia, novos atores. Um cinema que
seja instigante, transformador, que não
veja, mas que tenha visão, que seja lentes
especiais para um enquadramento total e
abrangente do homem e das artes brasileiras
escondidas no contexto da vanguarda, do novo
e do que é universal.
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