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quinta-feira, 24 de abril de 2014

UM ESPÍRITO DO VERBO TRANSFORMADOR



Tolstói é praticamente o um dos poucos escritores russos extremamente popular no Ocidente. Mas ele não foi apenas um escritor: foi filósofo e fundador de uma nova religião e lendário velhinho barbudo que andava descalço no inverno e no verão. É o herói de piadas, profeta e guru. É até o “espelho da revolução russa”, como lhe chamou Lênin. Sua própria vida é uma obra de arte. Poderia ser a história de um romance não menos interessante do que “Guerra e Paz”.

Durante a juventude, Tolstói treinava como se quisesse se tornar o super-homem. Não sentia pena de si próprio. Segurava nos ​braços esticados dicionários pesados, bateu com uma corda nas costas nuas. Controlava sua vontade, queria tornar-se um homem “comme il faut”, um verdadeiro aristocrata. Falava francês fluentemente, cortejava senhoras, gostava de jogar cartas.
A guerra de quatro vezes
A vontade de ter novas experiências o levou à guerra, onde obteve muita experiência. Certa vez, no Cáucaso, uma granada explodiu perto de seus pés. Nas montanhas, ele quase foi capturado pelos tchetchenos. Após o Cáucaso, foi para o Danúbio para lutar contra os turcos e de lá para Sevastopol. A Rússia lutava o tempo todo e junto com ela Tolstói lutava também. Por isso os seus livros contém muitos temas de guerra.
Ao voltar para São Petersburgo, começou a escrever.  Foi reconhecido quase imediatamente no nível mais alto. A viúva do Imperador Nicolau 1º chorou lendo suas “Histórias de Sevastopol”. Alexander 2º ordenou sua tradução para o francês. E Tolstói de repente decidiu surpreender a todos: largou a cidade e começou morar no campo. Parece que ele estava mais interessado em agricultura do que em  literatura. Os camponeses o amavam, mas o consideravam estranho: “Às vezes,  você vem para receber ordens, mas em vez disso vê o cavalheiro pendurado com joelhos em uma vara e balançando com a cabeça para baixo; o cabelo balança, o rosto fica todo vermelho; não sabe o que se deve fazer: ouvir ordens ou admirar-se com ele.” Assim Tolstói fazia ginástica.
Vida no campo
No campo, ele fazia tudo sozinho.  Cortava a grama, arava a terra, ensinava as crianças camponesas. A escola de Tolstói era diferente das outras. Os alunos não tinham livros, nem exercícios com tarefas de casa. Ele levava as crianças para a floresta e lá conversava sobre a vida, contando histórias e respondendo às perguntas.
Ele se casou com Sophia Bers, uma mulher impressionante, que conseguia suportar o carácter difícil de Tolstói e lhe ajudava. Quatro, e de acordo com outra versão, até mesmo sete vezes, ela reescreveu “Guerra e Paz”,  ouvindo Tolstói e lhe dando conselhos. Era uma esposa verdadeira, feita sob medida para o escritor.
Tolstói tinha muita energia. Aprendeu grego, grego antigo, hebraico, podia ler a literatura dos sábios chineses, tentou aprender a andar de bicicleta. Ele sempre estava disposto a fazer algo. Cuidava de camponeses, soldados e dos mendigos. Durante um período de fome nas províncias centrais, coletava dinheiro para ajudar aqueles que precisavam. Despossuídos de todas as partes se reuniam em Iasnáia Poliana. Eles sabiam que Tolstói podia ajudar. Assim, ele tornou-se uma autoridade moral, um símbolo de honestidade e caridade.
Para a prisão e para a liberdade
Na sexta década de idade, ele teve uma profunda crise profissional e moral. Tolstói se decepcionou com a literatura, com a civilização e com as pessoas. Estava simplesmente cansado. Apareceram até pensamentos suicidas. No mundo não há harmonia, o forte prejudica o fraco, as pessoas passam a vida em diversões sem sentido. Tolstói sentia dor ao olhar para tudo isso. E  também não podia não olhar. E então surgiu a doutrina do “tolstoísmo”, ele começou a pregar o perdão, e a não resistência ao mal. São os dois postulados principais da sua nova religião.
A questão era simples: era necessário distribuir a riqueza, conviver com o povo, suportar as dificuldades, viver uma vida simples. Apesar disso, o próprio Tolstói não deu sua riqueza e não largou a sua propriedade. Ele sentia muito bem essa contradição, que o preocupava muito. “Será que eu vou ter que morrer sem ter vivido pelo menos um ano fora daquela casa louca e  imoral, sem viver pelo menos um ano humanamente razoável, ou seja, em uma aldeia e não em um pátio, mas na casa de trabalhadores, comendo e me vestindo como eles, e sem vergonha, dizendo a todos aquela verdade de Cristo que eu conheço.”
Revolução
Após a revolução de 1905,  começou o terror no país. Milhares de pessoas  foram para prisão por suas crenças, sofreram no exílio e com trabalhos forçados, mas ninguém tinha o direito de prender Tolstói. Ele escreveu para um ministro que a raiz de todo o mal era o próprio Tolstói, que era estranho punir os divulgadores de suas teorias, deixando o criador livre. Tolstói realmente quis sofrer. Ele foi atormentado pela consciência de seu bem-estar. “Nada poderia me agradecer e alegrar tanto como com a prisão, uma prisão de verdade: com cheiro, frio, fome. Isso me daria na velhice uma alegria sincera e satisfação.” Mas ele estava em uma posição especial, ninguém tinha o direito de prendê-lo.
Tolstói considerava que seus parentes eram loucos, e eles pensavam o mesmo sobre  Tolstói. Sua esposa até o aconselhou a ficar mais próximo à água para se tratar de uma crise nervosa. Ela realmente o amava, mas não podia  compreendê-lo. Como se pode recusar o dinheiro, a terra, os direitos de obras literárias? Quando ele tentava sair, ela ameaçava se suicidar. Uma vez, ela realmente saiu para se lançar embaixo de um trem, como Anna Karenina. Mas foi convencida a não fazê-lo. Em seguida, anunciou que se Tolstói começasse distribuir a propriedade, ela estabeleceria um curador para controlá-lo. Ele seria colocado em um hospital psiquiátrico, e a propriedade ficaria na mão de sua família.
Apesar de tudo, ele se foi. À noite, quando ninguém o via. Deixou para sua esposa uma carta em que escreveu que ele não podia viver com o luxo ao seu redor, que ele queria passar os últimos anos de sua vida em reclusão e tranquilidade. No trem, ele ficou resfriado. Na estação de Astapovo, gravemente doente, foi tirado do trem. Nas últimas horas de vida, Tolstói estava confuso.
“Os homens, os homens, como eles morrem”, disse ele. “Pelo visto, terei que morrer por pecados.” Antes de sua morte, olhando para a frente, ele disse: “Eu não sei o que fazer.” Suas últimas palavras foram: “Há um abismo de pessoas no mundo e vocês estão olhando para um Leo.”


VIVA SÃO JORGE 
CUBISTA

sexta-feira, 18 de abril de 2014

UM CONTO DE REIS



JAMAIS TE ESQUECEREI

Fábio Carvalho

Era o nome da cachaça que na hora que fui pedir tinha esquecido, felizmente, Gabriela a filha ruiva do João do bar, lembrou-me o título fatal: Jamais te esquecerei. Esqueci o inesquecível. Outro dia, de repente entrou pela janela uma bruxa marrom e veio ziguezagueando na direção do meu olho, tirei o olho fora num sobressalto, levantei rapidamente da cadeira e peguei minha camisa que estava jogada no sofá, ainda não tinha visto insetos naquelas alturas, até achava que não chegariam até lá. Antes de acerta-la em cheio, quando deu bobeira na porta da geladeira, errei três vezes a chicotada com a camisa enrolada. Fiquei meio atordoado e enquanto me regozijava pelo feito, apareceu outra atrás de mim. Imediatamente percebi a chegada de outra e mais outra. Fui até a janela zunindo a camisa, e vi que vinham subindo pelo ar como se um aspirador acima de mim as sugasse, várias delas. Um enxame de bruxas em ataque, o alvo era eu. Este tipo de bruxa, ao invés de fugir quando atacada, parte para cima do agressor como defesa, fico aqui imaginando. Sofri, mas mais uma vez consegui me safar. Matei todas e fechei a janela durante toda aquela noite. Ufa. Achei que tinha escapado. O privilégio do cinema, é permitir que um grande número de pessoas sonhem o mesmo sonho juntas, e de nos apresentar a ilusão como se fosse pura realidade. Isto é, em resumo, um admirável veículo para poesia. Meu filme não é nada diferente de um strip-tease, gradualmente vou tirando a pele do meu corpo para revelar minha alma nua. Para uma audiência bastante ansiosa por esta verdade além da verdade que se tornará um dia o sinal de nossa época. Este é o legado de um poeta para a mocidade na qual ele sempre encontrou apoio. Nuvens no céu. Depois do Jean Cocteau, agora já sou eu novamente falando.  Como meu chapéu era incômodo mandei-o de volta a outra dimensão, para qual eu poderia partir a qualquer minuto. Poetas sabem muitas coisas temerosas. Mais rápido, a noite levanta gritando. Traga sua noite para a luz do dia. Veremos quem dá as ordens e quem as executa.  Noutro dia lá de novo nas alturas, pela janela vi vários urubus voando de uma posição que nunca tinha visto. Eles voavam abaixo de mim. Planavam. Fiquei horas nesta observação pensando na elegância do Tom Jobim. Depois tirei um cochilo no sofá e sonhei com uma mulher muito bonita com uma saia rodada de botinhas vermelhas de salto em uma gangorra com o céu ao fundo, quando ela chegava à parte mais alta do balanço abria as pernas para o infinito e sua saia descia, deixando ver sua calcinha, bordada de cor de rosa. De tão esplendoroso esse sonho dura eternamente. Emocionei-me profundamente revendo depois de anos ao fabuloso Dersu Uzala. Que filme magnífico. Começo a pensar de novo sobre cinema sem conseguir escapar.  Fazer cinema te traz enormes problemas, enquanto ver cinema só te traz soluções. O grande paradoxo. Que desejo maluco seria esse, que te faz mover mundos e fundos para fazer um filme, se pela maioria das vezes nem exibi-lo você consegue? Eis a questão. Sempre me ocupo em pensar como fazer o filme, nunca em como não faze-lo,  portando vamos em frente. É a minha condição. Como em sonho, vou caminhando pelas ruas centrais da cidade no meio da Cracolândia, divagando sem que ninguém me incomodasse, chego ao meu destino as quinze para as duas da madrugada. Pode ser que tenham pensado que eu era um deles, por isto escapei de mais este tortuoso passeio. Na verdade esta caminhada noturna e essas divagações eram o escape momentâneo para o problemão que me atormentava e que todos vocês conhecem muito bem: uma coisa chamada dinheiro. E agora José? Dizem que dinheiro é solução, o problema é sua falta. Indubitável. Cheguei até aqui vivendo esse lado financeiro de maneira bastante destrambelhada, e porque não dizer muito arriscada. Ciclicamente à beira do precipício sempre acontecia um milagre para me salvar. Todo escrito é político. A transformação é o trabalho, mas não é só isso. Naquele dia depois de uma melancólica chuva com sol, vi do meu novo ponto de vista, um Arco-Íris com sua curvatura total, de um lado ao outro, coisa que nunca tinha visto. Ao narrar este acontecimento para alguns amigos na Cantina do Lucas, fui questionado sobre o meu oficio por não ter filmado e registrado de qualquer maneira tal visão. Confesso que apesar de ter ali o meio de registro à minha disposição, esse ato nem me passou pela cabeça, preferi imprimir na retina. Ainda tenho que confessar que me arrependo de não ter feito essa imagem. Mas para a execução o instinto animal deve estar mais aflorado do que o intelectual, o que não acontecia naquele momento. O que se apresentava era superfície enquanto procurava o sensorial de dentro para fora. Elucubrações de forma anti-natural. Subitamente descobri que o andamento era esse mesmo, e a gata sempre tem razão. O encontro é, sem dúvida, um tema constante da casualidade. As linhas de força que emanam desse tema não são poucas e nenhuma arte as soube explorar tão bem como o cinema. Assim escreveu o cineasta David Neves em um de seus textos que tenho lido recorrentemente a fim de tentar alcançar uma sofisticação e uma leveza  de analise conjuntural sobre a relação discrepante entre o fazer cinematográfico e a vida, que ainda não ousei compreender. Termino o interminável, transcrevendo o trecho final da trova romântica chamada Primaveris, escrita pelo Carlos de Alencar, meu avô.                                                                                                       As rosas irão florir, da mesma forma o jasmim, teremos tempo pra rir.                                     Nunca houve amor assim!                                                                                                                   Jamais iremos morrer, porque a morte traz a vida...                                                                   Vivemos a renascer,                                                                                                                                 O que mata é a despedida!                                                                                                                     Vamos dançar e cantar, neste dia ensolarado. Será inútil chorar, pois nada será mudado...  

terça-feira, 15 de abril de 2014

Um poema e uma prosa

Vida, Vida
Não acredito em pressentimentos, e augúrios
Não me amedrontam. Não fujo da calúnia
Nem do veneno. Não há morte na Terra.
Todos são imortais. Tudo é imortal. Não há por que
Ter medo da morte aos dezessete
Ou mesmo aos setenta. Realidade e luz
Existem, mas morte e trevas, não.
Estamos agora todos na praia,
E eu sou um dos que içam as redes
Quando um cardume de imortalidade nelas entra.
Vive na casa e a casa continua de pé
Vou aparecer em qualquer século
Entrar e fazer uma casa para mim
É por isso que teus filhos estão ao meu lado
E as tuas esposas, todos sentados em uma mesa,
Uma mesa para o avô e o neto
O futuro é consumado aqui e agora
E se eu erguer levemente minha mão diante de ti,
Ficarás com cinco feixes de luz
Com omoplatas como esteios de madeira
Eu ergui todos os dias que fizeram o passado
Com uma cadeia de agrimensor, eu medi o tempo
E viajei através dele como se viajasse pelos Urais
Escolhi uma era que estivesse à minha altura
Rumamos para o sul, fizemos a poeira rodopiar na estepe
Ervaçais cresciam viçosos; um gafanhoto tocava,
Esfregando as pernas, profetizava
E contou-me, como um monge, que eu pereceria
Peguei meu destino e amarrei-o na minha sela;
E agora que cheguei ao futuro ficarei
Ereto sobre meus estribos como um garoto.
Só preciso da imortalidade
Para que meu sangue continue a fluir de era para era
Eu prontamente trocaria a vida
Por um lugar seguro e quente
Se a agulha veloz da vida
Não me puxasse pelo mundo como uma linha.
Tarkóvski, Andrei. Esculpir o tempo, tradução de Jefferson Luiz Camargo. Arseni Tarkóvski foi um poeta e tradutor russo, nascido na Ucrânia a 25 de junho de 1907, então parte do Império. Trabalhou por muitos anos como jornalista. Estudou Literatura em uma universidade de Moscou, onde conheceria sua esposa, Maria Ivanova Vishnyakova, com quem teria dois filhos, um deles o cineasta Andrei Tarkóvski.

Um Dia Isto Tinha Que Acontecer.

(por Mia Couto)

Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. 
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. 
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.
Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.
Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.
São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.
Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.
E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!
Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.

terça-feira, 8 de abril de 2014

REFLEXÃO ESCOLAR

O LIXO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
Os problemas enfrentados pelas gerações atuais são cada vez mais dinâmicos. O mundo muda rapidamente e, para transpor seus novos desafios, cresce a demanda por pessoas que realmente pensem. Pessoas capazes de olhar para os problemas e imaginar soluções. Capazes de criar, inovar e reinventar. Pessoas que construam a mudança que o mundo precisa. Contraditoriamente, logo nos primeiros anos de vida, inserimos as crianças em um sistema educacional que tenta convertê-las em adultos consumidores, e não criadores de conhecimento. Adultos que deixam seus talentos de lado para se tornarem simplesmente medianos. Colocamos as crianças em um ambiente há muito tempo ultrapassado e esperamos que ele proporcione a elas alguma educação.
Eis algumas razões pelas quais o modelo educacional vigente é obsoleto e quais são as sequelas que ele deixa em cada um que passa por ele.

Ambiente escolar totalmente desfavorável

Conforme observado pelo especialista em educação Ken Robinson, as escolas são indústrias. Essa afirmação talvez não seja tão imediata, mas pare para pensar. As escolas agrupam os alunos em turmas, que nada mais são do que lotes. Em uma sala de aula, cada lote passa por uma rotina repetitiva, na qual profissionais especializados — os professores — desempenham seus papeis de maneira bem segmentada — cada um ensinando o conteúdo específico que lhe cabe, mesmo que na verdade todo o conhecimento esteja entrelaçado, e não dividido em disciplinas. Sirenes tocam indicando que é hora da aula atual ser interrompida para dar lugar à próxima. Após vários anos de repetições diárias desse ciclo, os alunos recebem o rótulo de “formados”, o que indica que o lote está pronto para ir para o mercado.
Infelizmente, não para por aí. Além de uma fábrica, as escolas também possuem características de um presídio. Elas cerceiam a liberdade dos alunos. Todos têm hora para entrar, hora para ir para o pátio e hora para sair. Há inspetores vigiando os estudantes e uma série de punições — advertências, suspensões e expulsões — para os que tiverem mau comportamento.
Esse conjunto de medidas faz com que as escolas suprimam o desejo de aprender, ao invés de despertar a curiosidade e estimular a inteligência. Tomo emprestada a metáfora do fascinante educador Rubem Alves, afirmando que a maioria das escolas são gaiolas, quando na verdade deveriam ser asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
- Rubem Alves

Escola de cinco décadas atrás e escola de hoje: pouca coisa mudou.

                                                   O modus operandi que norteia o funcionamento de praticamente todas as escolas é o mesmo há muitas décadas. As poucas mudanças que aconteceram não foram de caráter educacional, e sim cultural, como o surgimento das escolas mistas e o fim dos internatos. Fora isso, as escolas em que você estudou seguem os mesmos paradigmas das escolas em que seus avós estudaram.Salas de aula, lousas, cadernos e a velha relação dual: “o professor ensina e o aluno aprende”.

Foco na memória, e não na habilidade de pensar

Ao invés de ensiná-los a pensar, as escolas apenas obrigam os alunos a digerir grandes quantidades de informações. Transmite-se o conhecimento em aulas puramente expositivas. Posteriormente, o conteúdo é cobrado em provas, que são a forma que as escolas encontraram para avaliar se os alunos realmente aprenderam. Isso é bastante curioso, porque as provas, em geral, exigem que os alunos apenas reproduzam o que lhes foi “ensinado”, e não que desenvolvam seu raciocínio, senso crítico e a habilidade de relacionar fatos para tirar conclusões. Basicamente, na escola, os alunos são treinados para memorizar informações e despejá-las em avaliações escritas.

Inibição da criatividade

As escolas instituem desde o começo que serão feitas perguntas, e que cada pergunta admite apenas uma resposta correta. Se o aluno não responde exatamente o que lhe foi ensinado, ele errou. E é bom que não erre muitas vezes. Caso contrário, ele não passará de ano. O aluno aprende que ele não tem liberdade para pensar fora da caixa.

Conteúdos nem sempre relevantes

O cenário em uma sala de aula é, quase sempre, o mesmo: alunos sentados durante várias horas anotando o que o professor ensina. Não importa se o assunto lhes interessa ou se terá utilidade no futuro. Na verdade, a escolas desperdiçam boa parte do tempo e da energia dos alunos com assuntos desnecessários, quando poderiam estar desenvolvendo habilidades relevantes para a vida pessoal e profissional.
As escolas ensinam que a democracia surgiu na Grécia Antiga, mas não despertam nos alunos o pensamento crítico para avaliar o nosso cenário político e tomar melhores decisões. As escolas ensinam conhecimentos matemáticos nada triviais, como logaritmos, mas não instruem sobre noções básicas de economia ou finanças pessoais. As escola ensinam o que são dígrafos e sujeitos desinenciais, mas não formam pessoas que saibam utilizar bem a linguagem na hora de se comunicar com clareza.

Padronização do ensino

O ensino é o mesmo para todos. Um aluno que se interessa mais por uma determinada área não tem, dentro da maioria das escolas, a oportunidade de se aprofundar nela. Alunos com capacidades e interesses distintos são agrupados simplesmente por terem idades iguais, freando o desenvolvimento dos que têm mais facilidade e ignorando as necessidades especiais dos que possuem dificuldades. Além disso, as escolas conduzem o ensino sempre da mesma maneira, ignorando o fato de que cada aluno se adapta melhor a um tipo de aprendizado: visual, auditivo, cinestésico, entre outros.
Ao passar por todas as falhas desse modelo educacional, as crianças não ficam ilesas de suas consequências: redução da capacidade criativa, desprezo pelo ato de estudar, pouca habilidade para pensar por si próprias, estresse e acúmulo de muitas informações dispensáveis.
É por isso que já passa da hora das escolas serem reinventadas. Ao invés de doutrinar os alunos para se tornarem cidadãos obedientes e passivos, elas precisam estimulá-los a pensar de maneira inovadora e lidar com problemas reais — que são muito diferentes de um enunciado aguardando uma resposta decorada. Quando isso acontecer, chegaremos ao cerne da resolução de boa parte dos problemas contemporâneos.

E, quiçá, de uma verdadeira revolução.

sábado, 5 de abril de 2014

LOUCURA POUCA É BOBAGEM

Novidades sobre o avião desaparecido

Laura Botelho, Escritora e Pesquisadora, surpreende-nos com esta versão do misterioso desaparecimento do MH-370 da Malaysia Airlines.

Quando a própria media, convencional e respeitada, invoca um ar de suspense sobre o desaparecido avião após todas as hipóteses cientificas terem-se esgotado para saber o que aconteceu ao MH-370, algo de estranho se está a passar. Numa altura que se recrutam pessoas para ir a Marte, torna-se difícil explicar que não se consiga encontrar um “aviãzinho”! Vamos fazer um diagnóstico sobre este estranho caso, reunindo as peças do puzzle que se conhecem. 
Assim;
Boeing 777-200ER da Malaysia Airlines, tem uma reconhecida boa segurança, é dito até ser um dos mais seguros devido à sua tecnologia. No avião encontravam-se 239 passageiros. Sete eram crianças.
O Vôo MH-370 partiu do Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur às 00:41 de sábado (16:41 GMT sexta-feira), e deveria chegar a Pequim às 06:30 (22:30 GMT) - um pouco mais de 7h de vôo. O Capitão Zaharie Ahmed Shah, tinha mais de 18.000 horas de vôo e era funcionário da companhia aérea desde 1981 - 33 anos de casa.

Foram confirmados que estavam a bordo, 20 funcionários (12 da Malásia e 8 da China) da empresa FreescaleSemiconductor   - uma empresa de tecnologia com sede no Texas com bases em Kuala Lumpur e Tianjin, China. A Freescale Semiconductor desenvolve micro-processadores, sensores e outras tecnologias que executam funções de computação em sistemas electrónicos nos últimos 50 anos. 
A Freescale tinha acabado de lançar um novo "gadget" de guerra electrónica para sistemas de radares militares nos dias que antecederam ao desaparecimento do Boeing. Aparentemente, esta patente seria aprovada 4 dias após o desaparecimento do vôo, e o que estaria em jogo seria exactamente o direito à patente.
O valor da patente seria dividido assim -20% para Freescale Semiconductor  +20% para cada um dos 4 funcionários, os quais estariam no avião. Caso eles não sejam encontrados, a Freescale Semiconductor terá controle completo da patente. Se um detentor de patente morre, em seguida os titulares restantes dividem igualmente os dividendos do falecido, se não houver  testamento. Se quatro dos cinco morrem, então o titular da patente restante fica com 100% da patente. Os detentores de patente podem alterar o produto legalmente, passando para os seus herdeiros. No entanto, não podem fazê-lo naturalmente, até que a patente seja aprovada, o que não aconteceu, pois o avião desapareceu!
Quem são os outros 20% de accionistas da Freescale ? Incluem o Grupo Carlyle de investidores da private equity, cujo conselheiros no passado incluíram o ex-presidente americano George Bush  pai, e ex-primeiro-ministro britânico John Major. Clientes de destaque da Carlyle, incluem a Saudi Binladin Group, a empresa de construção de propriedade da família de Osama Bin Laden.
Sabe-se que uma carga altamente suspeita estava a bordo do avião em 8 de Março, declarada "publicamente como pilhas de lítio". Por este facto, teria Moscovo notificado o Ministério de Segurança do Estado da China (MSS) da sua preocupação quanto a essa carga, e Moscovo recebeu dos chineses a garantia de que todas as medidas seriam tomadas a fim de se verificar o que estava a ser mantido tão escondido, quando a aeronave entrasse no seu espaço aéreo Chinês.
Mas vamos a uns pormenores até agora pouco conhecidos: 
O voo MH-370 foi aparentemente desviado do seu curso por controlo remoto. Monitorizado por satélites e radares VKO no Oceano Índico, voou quase 3.447 km (2.142 milhas) para o atol de Diego Garcia.
A alegação, é que um controlo remoto (tipo drone) pode ter sido usado para controlar o avião, a sua velocidade, altitude e direcção através do envio de sinais de rádio sem a interferência dos pilotos. 
Ora, os EUA têm tecnologia capaz para desviar o avião para a sua base em Diego Garcia, ou para outra base qualquer, pois esta aeronave 777-200ER Boeing está equipada com um sistema fly-by-wire (FBW), que substitui os controles de vôo manuais convencionais de uma aeronave, com uma interface electrónica (controlo remoto) que lhe permite controlar qualquer aeronave deste tipo.
Entretanto;
Moradores nas Maldivas, afirmam ter visto um avião a voar baixo às 6:15h em 8 de Março, cuja descrição é aproximada do MH-370. Um especialista em aviação local, disse que provavelmente o avião teria sobrevoado as Maldivas. A possibilidade de qualquer aeronave sobrevoar a ilha no tempo e hora relatado, é extremamente baixa, acrescentou o especialista.
Testemunhas oculares do Kuda Huvadhoo, concordaram que o avião estava a voar de Norte para Sudeste, em direcção ao extremo sul das ilhas Maldivas. Também confirmaram o barulho incrivelmente alto que o avião fez quando voou sobre eles. Sabe-se que o avião, após ficar incontactável, passou para uma altitude de 3.000 pés, naturalmente para escapar à maioria dos radares
Habitantes das Maldivas:
"Eu nunca vi um avião voar tão baixo sobre a nossa ilha". "Vemos hidroaviões, mas tenho a certeza de que este não era um desses", disse uma testemunha ocular. "Algumas pessoas saíram das suas casas, para ver o que estava a causar este barulho tremendo".
Tudo indica que o avião desaparecido estará em Diego Garcia, uma base militar muito peculiar e importante dos EUA.  A matemática para a quilometragem e o tempo vôo, coincidem perfeitamente com os factos apresentados aqui, para mostrar que essa busca permanente de um avião que caiu no oceano é simplesmente um logro. Acho que isto resume tudo sobre esta farsa, montada para encobrir algo secretamente muito pesado. Talvez um dia venhamos a conhecer os motivos desse desvio de rota. Basta ficarmos atentos. Temos que pesquisar e compreender o "modus operandi" de e como nos enganam com tanta facilidade.
PS- Recebi uma opinião que deixo para vossa apreciação por ser coincidente com esta hipótese. 

Neste primeiro artigo, foi dito que seriam técnicos americanos que iriam a bordo, mas não, esses técnicos afinal são malaios e chineses ao serviço da empresa Texana.

Não se admirem que, nos próximos dias, venham a ser encontrados destroços no Índico, confirmando a tese que a nave caiu no mar. Na minha modesta opinião, o avião poderá ter estado a sofrer um desmantelamento cirúrgico em «Diego Garcia», para que esses restos sejam transportados num submarino e largados algures nas zonas de busca. Resultado oficial, "o avião espatifou-se definitivamente no Índico", assunto encerrado!
Por fim: O canal Discovery Channel, vai emitir um documentário sobre avião Malásia 370, 'O Mistério do Avião Desaparecido’ é o nome do documentário de 60 minutos que irá para o ar no dia 13 de Abril. Naturalmente não passará por pareceres técnicos, este caso é demasiado confidencial para ser discutido em público.