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domingo, 29 de setembro de 2013

POESIA Cinema

Miramar e Miracema

Miracema nasceu no mar
em noite de lua cheia

Cabocla brasileira 
batizada pelo sol

Princesa de multi reinos 
 dama de muitos amantes

Um dia encontrou seu par 
a noite se apaixonou

Miramar era o seu nome 
nascido na mais profunda grota

Na terra da solidão 
 acaba-se a última porta

Oh! Pura contradição 
Rio água chuva do céu negro

Lama escura flor de lótus 
verde lodo folha seca

Solimões Amazonas timoneira 
 tapete verde cobrindo a mata espessa

Na voz do pássaro sobre o pantanal 
 um grito ecoa...

Misturado às estrelas 
 no céu soa inteligente

Um som pulsante que não se repete 
infinitas combinações sobre o mesmo som

Repetindo sua presença 
soa ausência e soa mistério

sábado, 28 de setembro de 2013

POESIA

Manuel Bandeira 


(Itinerário de Pasárgada)

(...) fui vivendo, morre-não-morre, e, em 1914, o doutor Bodmer, médico-chefe do Sanatório de Clavadel, tendo-lhe eu perguntado quantos anos me restariam de vida, me respondeu assim: o senhor tem lesões teoricamente incomparáveis com a vida, enquanto está sem bacilos, come bem, dorme bem, não apresenta em suma nenhum sintoma alarmante. Pode viver cinco, dez, quinze anos... Quem poderá dizer? Continuarei esperando a morte para qualquer momento, vivendo sempre como provisoriamente.

Sua Poética:

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público 
com o livro de ponto expediente protocolo 
e manifestações de apreço ao sr. diretor

Estou farto do lirismo que pára e vai 
averiguar no dicionário
 o  cunho vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar 
com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Piada de Salão


O Programa "Mais médicos" faz sua 1° vítima
Dr. Manoel, médico português, depois da sua Primeira Consulta após chegar ao Brasil, sofreu fraturas por todo corpo e esta engessado na cama impossibilitado de falar,além de estar com amnésia, segundo testemunhas que estavam no Posto de Saúde do Alto José do Pinho no bairro de Casa Amarela, Recife.
Tudo começou por culpa do Dr. Manoel,segue o Relato:
Ao chegar no Posto de Saúde,Dr. Manoel cuidou logo de se posicionar na sua mesa e começou a consultar os pacientes:
Primeiro uma Jovem Mulher com seu filho de cinco anos
Dr. "Manoel" pergunta:
"Rapariga", quem está doente,você ou este Puto?
A Paciente responde: "Rapariga" é a sua mãe,e meu filho não
é um "Puto"!
O Dr.Manoel(admirado com a reação da Paciente)fala:
-Pois..pois..então vá para trás desta "Bicha",apontando para "Zé Tripé",um Negão de 2 metros por 1,5 de largura ,onde vamos lhe aplicar uma "Pica"!
Isso foi o suficiente
Daí pra frente o Dr. Manoel perdeu as duas bolas e a memória!
Aprenda : "Rapariga" em Portugal é uma Jovem Mulher!
"Puto" em Portugal é Menino!
"Bicha" em Portugal é Fila
"Pica" em Portugal é injeção!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

EM HOMENAGEM AO POETA



NOTÍCIA


Morreu em Lisboa, hoje, o poeta Antônio Ramos Rosa.
 

Estou vivo e escrevo sol  
Eu escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol
Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no ato de escrever e sol
A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objetos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida
Melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maravilha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde
de Estou Vivo 

E Escrevo Sol 
(1966)

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

FESTIVAL DE CINEMA DE BRASÍLIA


Considerações sobre a trilha sonora de A ARTE.
Noilton Nunes 



A Arte do Renascimento é um filme sobre a amizade. Uma ode a amizade e a admiração mútua durante muitos anos entre dois cineastas. Entre dois cineastas de uma mesma geração. De uma geração que cresceu espremida entre os Deuses do Cinema Novo e os diabos da ditadura militar.E, foi realizado através de parcerias solidárias entre amigos. Talvez da mesma maneira como fazíamos amadorísticamente quando nos conhecemos, Silvio e eu.Durante os Festivais de Cinema do Jornal do Brasil no Cine Paissandú, no final dos anos 60. A trilha sonora de Uma Cinebiografia de Silvio Tendler, segue pelos caminhos indicados pelos muitos fragmentos dos muitos filmes editados e citados no decorrer dos 74 minutos de sua projeção.Logo no começo, um letreiro anuncia que
documentário que não acabou e que nem sabemos ainda quando acabará, pois com as novas tecnologias digitais podemos ter o prazer de ir melhorando nosso "produto audio!
visualesco", depois de analisarmos os resultados de determinada projeção.  Obviamente que não pretendemos mudar mais a estrutura do filme. Ela continuará baseada num passeio, no final de tarde de um domingo ensolarado, pela orla da avenida Atlântica em Copacabana, acompanhando uma reflexão que nosso amigo Silvio vai fazendo sobre sua vida e sua obra. Mas, a dinâmica da montagem pode ir sendo alterada a cada novo sentimento, a cada nova manifestação popular, a cada nova mudança de rumos no país e ou no mundo.
Nem me lembro mais qual foi a edição que enviamos para o Festival de Brasília. Para mim será também uma grata surpresa a projeção da noite de 23 de setembro, início da Primavera.Ela será única, pois já na próxima exibição do filme, a edição já deverá apresentar novas afinações.E, com a trilha sonora acontecerá o mesmo.
Desde o começo da montagem havia sempre uma grande preocupação com os direitos autorais, principalmente das musicas. E, fomos substituindo as cenas e ou as musicas que poderiam trazer complicações para a vida do filme.
Antes de se encerrar o prazo para a inscrição do filme no Festival de Brasília, eu fui convidado pelo maestro inglês David Chew para fazer um documentário sobre o projeto Cello Encounters, que acontece há 19 anos no Rio de Janeiro.
Paralelamente ao processo de finalização de A Arte, fiz em um mês esse outro longa metragem, um doc musical que ganhou o título de SUBLIME. Confesso que durante esse processo, fui ficando apaixonado pela musica Bach for Eight a la Baião, assinada pelo também musico inglês David Ashbridge. Pedi e ele e a Orquestra do Encontro Internacional de Violoncelos, a devida autorização e eles me deram plena permissão para usarmos na edição de A Arte, essa lindíssima e inédita composição, gravada numa inesquecível apresentação no Auditório Tom Jobim, dentro do Jardim Botânico.
Voltamos então para a ilha de edição. Trocamos então diversas musicas do filme e permitimos que essa obra prima, Bach for Eight a la Baião,  passasse a  conduzir a narrativa musical do nosso documentário A Arte do Renascimento.É uma peça admirável. Contagiante. Violoncelos, violinos, harpa, bandoleon, vozes, cantos, danças tudo junto. Cheia de ritmos diferenciados que vão crescendo e se misturando enquanto o número de instrumentos e de velocidades vai também aumentando, impulsionando o avanço das sequências de A Arte na tela.
Vou fazer um único pedido ao distinto público que for assistir nosso filme no Festival de Brasília.Quando o Brizola aparecer incentivando o povo a cantar o Hino da Independência, peço que todos cantemos juntos.Mas, fazendo uma importante mudança na letra. Brava Gente Brasileira... Ou ficar a Pátria Livre... ou VIVER pelo Brasil. VIVER PELO BRASIL. Chega de morrer pelo Brasil. Vamos gravar muito bem gravada essa cantoria cívica com as vozes do querido público de Brasília.Certamente será emocionante. E, logo na primeira oportunidade vamos editá-la no filme. Vamos propor essa troca para sempre.
Mudar para sempre o Hino da Nossa Nova Independência.
Para juntos ampliarmos o desejo de Renascimento do Povo Brasileiro.

Crônica Mudana

A lógica do homem mais rico do Brasil

Não, não é o Eike Batista, este nem figura mais entre os 15 mais.Sua fortuna já esteve na casa dos 30 Bilhões, hoje é cerca de 7 bi. Que desgraça. Caiu nela o homem. Caiu ele também no rank.

Então quem é "o cara"? Saiu a mais nova pesquisa da Revista Forbes; É Jorge Lemann da AB Inbev com fortuna pessoal de R$ 38 bilhões.

Mas esta cifra NÃO SE COMPARA à soma das fortunas dos 3 filhos do verdadeiro "cara". Cada um dos 3 filhos de Roberto Marinho, os que figuram como O QUINTO MAIS RICO, O SEXTO E O SÉTIMO DO BRASIL, tem mais de 17 BI cada um, totalizando mais de R$ 51 BILHÕES só destes 3 membros da família, muito mais do que a fortuna do Jorge Lemann. Sem dúvida, mesmo noutro plano, Dr. Roberto Marinho é o mais rico.


MARINHO: - Não vamos dar pérolas aos porcos!

DISCÍPULO: - Mestre Marinho, qual a diferença entre a pérola, o povo e a mulher?

MARINHO: - A diferença é que uma pérola pode-se enfiar por dois buracos, enquanto uma mulher somente por um e o povo por muitos...

DISCÍPULO (um tanto confuso): - Mas Mestre, eu tenho ouvido que certas mulheres são como o povo que permite ser enfiado por todos os buracos!

MARINHO (com um sorriso): - Nesse caso, não se trata de um povo, nem de uma mulher, mas sim de pérolas para os porcos...

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Crônicas do Rio



O Enterro do Sinhô
Manuel Bandeira

Na crônica extraída do livro “Os Reis Vagabundos e mais 50 crônicas”, Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1966, pág. 11, ele narra sua convivência em vida com o famoso compositor da música popular brasileira, Sinhô, que muitos dizem ser o autor do primeiro samba, e a cena de seu velório, o que a faz uma peça descritiva de alto valor. J. B. SILVA, o popular Sinhô dos mais deliciosos sambas cariocas, era um desses homens que ainda morrendo da morte mais natural deste mundo dão a todos a impressão de que morreram de acidente. Zeca Patrocínio, que o adorava e com quem ele tinha grandes afinidades de temperamento, era assim também: descarnado, lívido, frangalho de gente, mas sempre fagueiro, vivaz, agilíssimo, dir-se-ia um moribundo galvanizado provisoriamente para uma farra. Que doença era a sua? Parecia um tísico nas últimas. Diziam que tinha muita sífilis. Certamente o rim estava em pantanas. Fígado escangalhado. Ouvia-se de vez em quando que o Zeca estava morrendo. Ora em Paris, ora em Todos os Santos, subúrbio da Central. E de repente, na Avenida, a gente encontrava o Zeca às três da madrugada, de smoking, no auge da excitação e da verve.

Me apresentaram a Sinhô na câmara-ardente do Zeca. Foi na pobre nave da igreja dos pretos do Rosário. Sinhô tinha passado o dia ali, era mais de meia-noite, ia passar a noite ali e não parava de evocar a figura do amigo extinto, contava aventuras comuns, espinafrava tudo quanto era músico e poeta, estava danado naquela época com o Vila e o Catulo, poeta era ele, músico era ele. Que língua desgraçada! Que vaidade! mas a gente não podia deixar de gostar dele desde logo, pelo menos os que são sensíveis ao sabor da qualidade carioca. O que há de mais povo e de mais carioca tinha em Sinhô a sua personificação mais típica, mais genuína e mais profunda. De quando em quando, no meio de uma porção de toadas que todas eram camaradas e frescas como as manhãs dos nossos suburbiozinhos humildes, vinha de Sinhô um samba definitivo, um Claudionor, um Jura, com um "beijo puro na catedral do amor", enfim uma dessas coisas incríveis que pareciam descer dos morros lendários da cidade, Favela, Salgueiro, Mangueira, São Carlos, fina-flor extrema da malandragem carioca mais inteligente e mais heróica... Sinhô!

Ele era o traço mais expressivo ligando os poetas, os artistas, a sociedade fina e culta às camadas profundas da ralé urbana. Daí a fascinação que despertava em toda a gente quando levado a um salão.

Vi-o pela última vez em casa de Álvaro Moreyra. Sinhô cantou, se acompanhando, o "Não posso mais, meu bem, não posso mais", que havia composto na madrugada daquele dia, de volta de uma farra. Estava quase inteiramente afônico. Tossia muito e corrigia a tosse bebendo boas lambadas de Madeira R. Repetiu-se a toada um sem número de vezes. Todos nós secundávamos em coro. Terán, que estava presente, ficou encantado.

Não faz uma semana eu estava em casa de um amigo onde se esperava a chegada de Sinhô para cantar ao violão. Sinhô não veio. Devia estar na rua ou no fundo de alguma casa de música, cantando ou contando vantagem, ou então em algum botequim. Em casa é que não estaria; em casa, de cama, é que não estaria. Sinhô tinha que morrer como morreu, para que a sua morte fosse o que foi: um episódio de rua, como um desastre de automóvel. Vinha numa barca da Ilha do Governador para a cidade, teve uma hemoptise fulminante e acabou.

Seu corpo foi levado para o necrotério do Hospital Hahnemanniano, ali no coração do Estácio, perto do Mangue, à vista dos morros lendários... A capelinha branca era muito exígua para conter todos quantos queriam bem ao Sinhô, tudo gente simples, malandros, soldados, marinheiros, donas de rendez-vous baratos, meretrizes, chauffeurs, macumbeiros (lá estava o velho Oxunã da Praça Onze, um preto de dois metros de altura com uma belida num olho), todos os sambistas de fama, os pretinhos dos choros dos botequins das ruas Júlio do Carmo e Benedito Hipólito, mulheres dos morros, baianas de tabuleiro, vendedores de modinhas... Essa gente não se veste toda de preto. O gosto pela cor persiste deliciosamente mesmo na hora do enterro. Há prostitutazinhas em tecido opala vermelho. Aquele preto, famanaz do pinho, traja uma fatiota clara absolutamente incrível. As flores estão num botequim em frente, prolongamento da câmara-ardente. Bebe-se desbragadamente. Um vaivém incessante da capela para o botequim. Os amigos repetem piadas do morto, assobiam ou cantarolam os sambas (Tu te lembra daquele choro?). No cinema d'a Rua Frei Caneca um bruto cartaz anunciava "A Última Canção" de Al Johnson. Um dos presentes comenta a coincidência. O Chico da Baiana vai trocar de automóvel e volta com um landaulet que parece de casamento e onde toma assento a família de Sinhô. Pérola Negra, bailarina da companhia preta, assume atitudes de estrela. Não tem ali ninguém para quebrar aquele quadro de costumes cariocas, seguramente o mais genuíno que já se viu na vida da cidade: a dor simples, natural, ingênua de um povo cantador e macumbeiro em torno do corpo do companheiro que durante tantos anos foi por excelência intérprete de sua alma estóica, sensual, carnavalesca.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

UM CONTO DE REIS



DEFRONTE A FONTE, TÔ QUASE!

 Fábio Carvalho

A fronte à frente, um quebra língua. Wonderfull. Eduarda, logo ela, após longos instantâneos anos finalmente me reviu quando estava desocupado, temos muito que conversar, o que fazer, bem de perto. Vamos rir de nós mesmos. Ela me esperou no fim da escada rolante no segundo andar. Aquele pistom tocava acima da escovinha. Cabelos em caracóis, moreninha e serelepe, como só ela. Sem interrogações, aparentemente, vieram as afirmações. Totalmente leniente, por pouco tenho compreendido tudo, ou pelo menos tentado a partir do que me é dado com toda parcimônia, onde menos é melhor, seguindo a tradução, como falou bem colocado a produtora Brócolis, sentada na cadeira bem à mesa da minha frente na esquina mais manjada do local. Era Sábado. Um princípio geral que tem aplicações. Passado vaga data, nos reconhecemos, cuspi no almoço nu. Sonhar é melhor que viver. Vivo tonto pelo seu olhar. Ela comprando Buscopan para cólica na farmácia, é sem dúvidas uma cena corriqueira, talvez a mais marcante. Mulher nenhuma compra Buscopan como ela. Reluzente retendo todos líquidos. As farmácias são iluminadas pela luz branca. De fora você vê bem. Muito exigente ela andava. Controles remotos voaram, zunindo bem próximo as minhas orelhas, ouvi um alarme intermitente hoje pela manhã cinzenta. Domingo. Era um bom sinal, as coisas tinham que evoluir, ou vai ou racha. Como dói. Repito e transijo de novo. Desejo-a como nunca Não sinto a ponta dos meus dedos, nem a palma da minha mão, pela primeira vez. A primeira vez não se esquece. O jazz faz as pessoas se sentirem bem em relação a si mesmas. Não vou dizer quem disse isto, basta ouvi-lo, nem vou levar adiante esta quimera ou quisera. Estou mulher vou cuidar de mim. Dois exames na mesma manhã de Segunda. Antes como sempre faço, passei na banca de jornal e o Dias me mostrou um novo fascículo da coleção Grandes Pintores Brasileiros dedicado ao Eliseu Visconti, avô do amigo cineasta e também pintor mestre das trilhas sonoras do cinema de invenção, que herdou seu nome acrescido de Cavalleiro do pai, outro pintor, suas obras maravilharam-me os olhos. Como é bom ter olhos para ver. Voltei a desenhar. Cantou a figurinista Wandíssima, que a técnica que vamos usar para imprimir desenhos nos vestidos das atrizes que representarão as alunas do Guignard, tem o seguinte nome: Sublimação. Bela palavra. Agora a técnica será outra, já que essa caiu. Tínhamos tido uma semana rica e agitada, comigo e o Mário, vendo e ouvindo as cantoras do rádio de um inusitado enquadramento em plena Praça Redonda bem jardinada. A boca da cantora. Depois um pouco de cinema, com um dos meus filmecos na tela grande, como era de se esperar, até terminamos de novo na mesma velha Cantina do Lucas. Já tinha visto este filme. Só falo das coisas boas, o pulso ainda pulsa. No outro Sábado naturalmente reassumi meu masculino personagem esculhambado mais trabalhoso: futebol, cachaça, acepipes além da terrível Via-Crucis por todos os botequins em funcionamento da zona sul. Triste uma doença velho. Nem sei ao certo se sobrevivi, ou se sou outro, já que aparentemente escapei de mais esta. Falem baixo por favor. A linda lua nos contos do aprendiz de manhã na Cafeteria Livraria desconhecida na Avenida do Contorno, onde começou o assobio. Enfim chegaram as frases inúteis. Não considero tanto assim o que eu disse. Tinha pensado em outra ilação. É tempo de se pensar. Tenho um filme a fazer. O Orson Welles de Niterói e bom de corte, Ricardo Miranda, publicou na sua página do Face, os dez mandamentos proferidos pelo cineasta alemão Werner Herzog. Apesar do meu transtorno compulsivo de oposição, e de sempre ter detestado regras e mandamentos, tipo faça isto não faça aquilo, como o dogma dinamarquês; este me interessou por não tratar exatamente da técnica e sim da moral e do pensamento de quem faz o filme. Como sabemos a ética é a estética e a estética é a ética. Não transcrevo aqui os parágrafos explicativos, limitando-me aos títulos, aí vão: 1- Não estudarás cinema 2- Serás astuto e intuitivo 3- Não suportarás o cinema verdade 4- Não consentirás filmagens impuras 5- Santificarás suas loucuras 6- Não escreverás roteiros de ferro nem usarás storyboards 7- Honrarás o som, a montagem e a música 8- Seguirás sua visão e não temerás 9- Não chorarás no set 10- Estarás sempre preparado para o inesperado. O homem moral. A linguagem dos olhos. Ao sair de casa ontem pela manhã, em frente à mercearia, notei um carro estacionado com a porta aberta, sem ninguém dentro ou por perto, com o rádio ligado numa certa altura que permitia ouvir nitidamente a voz do Nelson Gonçalves cantando: fica comigo esta noite e não te arrependerás. Lá fora o frio é um açoite, calor aqui tu terás. Quero em teus braços querida, adormecer e sonhar. Esquecer que nos deixamos, sem querermos nos deixar. Continuei descendo a rua lentamente, ninguém apareceu antes que a música terminasse e eu virasse a esquina. Desde então esta cena sonora não sai da minha cabeça.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Loucura Pouca É Bobagem


IMPASSE

O Pior Jovem é Aquele Que Não Quer Vê.

Cada dia que eu passo neste mundo catabiótico, perto do fim, menos paciência eu tenho com os meus semelhantes, principalmente com os mais novos.                                                                                                                                     Com inveja da pouca idade de muitos que estão próximos, acho a maioria, em alguns momentos de nossos encontros, pretensiosos e desprovidos da visão crítica do mundo.                                                                                                                                                                                                                                 Para os que estão distantes com seus grotescos espetáculos, suas medíocres comédias, não perco o meu tempo discutindo ou sofrendo com suas observações, reflexões criativas, percepções e analogias, retiradas geralmente de uma cultura importada ou mesmo da incompreensão da sua identidade natural.                                                                                       

 Geralmente todos têm pensamentos confusos e tristes em relação as suas existências. Fico então perturbado com o que eu poderia fazer para pelo menos entender as traquinagens desta turba desesperada de rebeldes perdidos neste universo draconiano deste segundo milênio.                                                                                                                                    O desentendimento entre as gerações é o primeiro conflito deste embate.                                                                                                                                    De uma coisa eu tenho certeza: a mídia globalizada, a serviço dos poderosos e dos interesses mais obscuros de uma casta de privilegiados, faz o serviço sujo de desorientar as pessoas menos avisadas e massacrar, pela impossibilidade de uma existência digna, aqueles jovens que tiveram estudo e por isso são mais bem informados, sensíveis e conscientes da realidade muitas vezes despercebida pela maioria cega.    

No mundo de hoje, para que tudo dê certo em suas vidas, é preciso se desprender das suas convicções e passar a conviver com quem não lhe diz respeito, só pelo único motivo de que ele é seu superior hierárquico e a ele é dado o poder de lhe privilegiar ou de lhe massacrar, coisa que geralmente ele faz com sádico prazer. Tudo porque não consegue se alinhar aos pensamentos mais conservadores dos seus patrões e tentar, a qualquer custo, manter sua independência ideológica e existencial.                 

 Os outros, por não conseguirem o emprego almejado que poderia lhe proporcionar uma vida mais confortável e menos miserável, passam de mão em mão e não conseguem se estabilizar, vivendo inseguros, temendo pelo seu futuro.                                                        

Aos felizardos que se vendem, sem mácula e arrependimentos, aos canalhas de plantão, o mundo perfeito de alegrias e felicidades. Olhando-os em suas ignomínias, às vezes me permito perguntar: Deus existe? Se existir é mais que imperfeito, é caótico, absolutista e tirano, como qualquer mortal pretensioso e cheio de poder.


ASSISTA AO VÍDEO


Fragmento do romance "Retornar com os pássaros"

Texto e voz: Pedro Maciel Música: Juarez Maciel Vídeo: Roberto Bellini

(...): não me iludo mais em plena luz do dia. Não mais disfarço a minha loucura. Rio de mim mesmo. Só choro pelos outros. Desmistifico mitos. Faço as coisas sem sentido.

Vejo que nada mais tem sentido. Improviso fugas. Corro do tempo parado. Memorizo manhãs de um não tempo. Vislumbro coisas invisíveis. Quero o que era infinito.

Retorno com os pássaros. Experimento sensações orientais. Desoriento-me no ocidente. Não lembro quem sou nem onde estou. Nem sempre regresso das minhas viagens

REFLEXÕES

ARTEIRO

Um bom artista não sabe fazer mais nada além de criar.

Sem a boa arte a educação não se consolida como parte da cultura de um povo
.
Burocratizar a boa arte é asfixiar o talento da criação.

Um bom artista não tem que depender do Estado, mas é o Estado que depende do artista.

O Estado tem o dever de proteger os artistas e oferecer a eles os meios de produção que necessitam na prática dos seus sonhos diversos.

O cineasta, o escritor, o artista plástico, o músico, todo grande artista, não precisa de diploma para poder exercer os seus talentos criativos.

A arte só é verdadeira quando não é imposta pelo sistema, pelo mercado, pelos interesses dos burocratas.

A arte para a revolução e a revolução para a libertação total da arte.

O artista não quer aposentadoria, o verdadeiro artista quer morrer trabalhando.

A boa arte está acima da política e dos desejos populares.

A boa arte não se vende, absorve-se.

A loucura é o combustível do grande artista.

A boa arte é universal e eterna.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O ÚLTIMO ROMÂNTICO


No amor não me interessam as polêmicas
pessoais, mas para elas não existirem seria preciso primeiro eliminar a intimidade, o afeto que o tempo proporciona àqueles que são próximos – depois as brincadeiras, as gozações, o escárnio e a sátira, fazem parte do que se chama amizade e muitas vezes é o que sobra de um grande amor, que não se quer esquecer.    

sábado, 7 de setembro de 2013

Nothing Hill Gate


PERSONA
Certas coisas não podem ficar escondidas entre as paredes da memória. Elas gritam dentro de nós, pois fazem parte da história e por este motivo não podem ser omitidas, muito menos esquecidas.
Não podemos ficar calados quando nos cometem determinadas faltas graves no processo existencial e criativo a que estamos, dia a dia, submetidos.
Não necessitamos conter elogios a quem nos faz um bem e escárnio ao augúrio de provincianos feiticeiros.
Certas pessoas, geralmente de quem você não espera nada, lhe promove festas, elogios, trabalho e reconhecimento, outras, que você imagina irmã, camarada, companheira de ideias e lutas, te abandonam quando mais você precisa delas.
O desprezo é arma godardiana de quem sabe que é impossível mudar o espírito defensivo e burguês de pessoas que estão caminhando ao seu lado com seus mesquinhos interesses à espreita de uma boa oportunidade para vampirizar a sua luz ou te empurrar para o abismo.
É como diz o ditame popular: quem não pode se sacode e vá achar sua turma... Eu ainda procuro a minha...
As máscaras da traição caem quando menos se espera mostrando a todos o canastrão que ele era ao representar o bom moço que nunca foi.
Mas o pior de todos é aquele que se acha necessário acima de qualquer suspeita para enganar o vizinho e apelar a sua individualidade para atacar o coletivo.
Poderia sujar a memória mil vezes com estúpidas lembranças, mas prefiro estar perto das velhas histórias que ser consumido por novas bravatas ditas por quem eu mal conheço, sentado no bar de um lugarejo perdido, cheirando esgoto ao céu aberto, em um deserto de areia e buracos de caranguejo.
É como disse um amigo ao deixar a cidade: “nunca conheci inferno pior, aqui eu nunca mais volto”. 

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

IMPROVISOS

Pra quê mentir? Mortes químicas em Damasco - Barackobomba vai intervir para salvar o combustível das vidas dos automóveis de Los Angeles... Los diablos vão cobrar ao Papa o contrato rompido?                                                                                                                                          Los Marinhos não precisavam do “mea culpa” pois se voltassem na história fariam tudo novamente  ou então romperiam o contrato internacional de submissão e a grande rede prateada de televisão não teria existido.

Medo de quê!

O partidão, com a prática do cupim – comer por dentro, fundeou-se erroneamente em todas as instituições da república              e depois do processo autofágico a que se submeteu                          burocratizou-se ainda mais para depois morrer.

Compactuando com a mais retrógada prática política aqui existente estavam muitos dos nossos intelectuais e artistas de esquerda que de quando  em quando morriam na mão da repressão militar ou se vendiam ao sistema com as mais esfarrapadas mentiras.

Todos mantinham suas boquinhas e seus interesses e ninguém até hoje pediu desculpas ao povo brasileiro. Quantos trabalharam e ainda trabalham com a família Marinho ganhando pequenas fortunas? Muitos estão milionários, e por que estariam pobres?

Medo de quê!

Porque os médicos cubanos se submetem a pagar um imposto tão grande dos seus salários para o seu governo que é de esquerda? Aqui no Brasil todos os médicos formados nas                     universidades públicas deveriam fazer o mesmo...                                                                                                                           

 O que o povo acha disso?

Pra quê mentir?

Conheci o dono de um jornal diário de esquerda que precisava de se vender todos os Dias para custear sua enorme despesa editorial Vivendo uma vida caótica e insustentável o pobre jornalista via, todos os Dias, seus sonhos ruírem na barreira de uma realidade cruel e indestrutível. Só para no final de tudo acordar com mais débitos que créditos em sua conta. O pior é que ele no fim de tudo tornou-se um cara de direita, retrógado, quase um fascista.

Pra quê mentir? Medo de quê!

O cinema de arte não morreu, o mercado não tem essa força capital para eliminá-lo. Eles, os neófobos, há anos tentam, cada hora, todos os minutos e segundos, um só instante e não conseguem estancar o processo revolucionário da arte.

A minha geração foi separada pelas circunstâncias históricas em que fomos envolvidos – amávamos mas não nos entendíamos – torturava-nos com medo de tudo e de todos. Era a paranoia...

Pra quê mentir?

Os artistas e intelectuais das novas gerações têm de lutar unidos em um mesmo propósito, ou seja: a arte pela revolução e a revolução pela libertação total da arte. Nada é mais importante. É preciso avançar no texto e no pensamento. Um passo a frente sempre! É como diz o malandro: quem fica parado é poste e quem anda para trás é caranguejo!

O mundo está oculto nas páginas de recônditos livros de lendas e entretenimentos. É preciso tirar coelhos da cartola, sapos da lagoa, escorpiões do buraco, cobras do serpentário, piranhas do igarapé e atravessar os pântanos das idiossincrasias que durante todos esses anos fomos submetidos, só assim poderemos dar mais um passo à frente.

Por que tudo tem que ser assim? Ainda bem que quase toda memória está guardada na grande e eterna biblioteca do homem. Precisamos conservar e saber escolher a melhor obra, mesmo sendo uma comédia tudo isso.

domingo, 1 de setembro de 2013

UM CONTO DE REIS

OSCILANDO ATORDOADO PELOS TELHADOS DE PARIS
 Fábio Carvalho
Encontro-me exatamente numa sinuca de bico, onde, a penumbra me faz decidir que o melhor a fazer neste instante é nada, já que não sei o que fazer. O nada deve conter o tudo, tudo é tudo e nada é nada. Com o sol no olhar, corpos em expansão, a me desvirtuar. Ouvi Johnny Alf cantando cadenciado a refrescar palavras, fui me enroscando na volúpia musical do dia que dadivoso se abriu para a noite estrelada com o som do violão do querido amigo Hélio Quirino, que sem derramar nos elevou além do além do finito do infinito. Ainda bem. Eu e você, nós dois. O verso ilude a voz. Porque razão? Gosto de escrever ouvindo músicas, mas este violão empana meu texto, de forma que vou guardar o carro, me recolher e recostar o cabeção que está pesadão. Esta é a página da dedicatória. Ela ganhou todo o espaço com a maior desfaçatez e habilidade natural. Agora a pergunta é quem é ela? Resposta bastante difícil e imponderável, ela mesma me disse que não a conheço. Também pra que saber tanto, se a superfície é o que interessa. Por entre caprichos e pilares, continuo me enrolando como um carretel de pipa recolhendo sua longitude. Cheguei à redondilha. Tenho saudades do tempo que passeávamos rindo de mãos dadas pelo centro da cidade branca durante o friozinho daquelas tardes emolduradas de dourado calmo brilhante. Em casa de meninos de rua, o último a deitar apaga a lua. Esta era a pichação que me disseram é muito manjada e está em um muro da Savassi. Pois bem, vamos adiantar as questões, meu problema está muito mais musical do que cinematográfico. Cinema é a música da luz, segundo Abel Gance. Humberto Mauro disse que cinema é cachoeira. Tema Jazz. Existe coisa mais musical do que uma cachoeira? Ela é cachoeira. Sonhei que tinha virado Hare Krishina. Apenas uma mentirinha. Sonhei um sonho que não era meu, súbito até começou a chover na roseira, após anos de secura e poeira. A visão interior ficou mais nítida e límpida. O cheiro da chuva. Como é bela. Ao me ouvir nem vai saber o que o cantor tenta esconder. A nota é falsa. Eu canto só para mim, assim nasce composição. O seu coração vai esquecer esta canção. Refugiar o som. Quem pensava em desenganos se enganou de vez. Olha que a fresta da porta, não te anima nem intimida. Olha que o medo da vida se acabou, afinal. Do maestro da paixão com um abraço musical, era a dedicatória escrita com letras de caderno de caligrafia na capa do CD. Depois da chuva, que foi fina e rápida, ascendi um charuto na janela, com os olhos lassos vi entre os claros e os escuros da noite uma ninfa de longos cabelos cacheados, descendo a rua em passos leves e flutuantes, como se não precisasse deles para o movimento descendente. Enfim veio a aliteração. A introdução fora feita com tímpanos e um contra baixo bastante original e melódico. O tempo se desmembrou em várias camadas superpostas como um palimpsesto. Deve ser o cinema. Abismo de rosas. Quando sentei a mesa de frente para a porta da Rua do Bar Central no quarteirão fechado da Praça 12 pensei em tomar um Steinhäger, e foi oportunamente o que fiz já que lá tinha. Os olhos da águia. O vai e vem das pessoas no contra luz foi ficando ritmado ao ponto que pude imaginar o maestro de cabelos brancos a reger aquele allegro moderato. Senti um tranquilo ventinho gelado. Por detrás do véu da sinfonia, estava fixamente definida uma oncinha de unhas furta-cor com uma bolsa trançada em uma das mãos e um celular na outra. Que coisa meu! Ela no ponto do ônibus. Continuei caminhando, subi, exato quando cheguei lá em cima antes do topo a cantora começou a cantar se debruçando sobre o balcão, notei que já era outra noite de outro dia. Deu um branco, me esqueci. Aos poucos as luzes foram se apagando. Apesar da descontinuidade não resisti e comi um rocambole em Lagoa Dourada ouvindo Dorival Caymmi e depois ainda tive olhos para ouvir um romântico Renato Russo. Tudo bem. Quero ver e cheirar o brilho dela. A luz voltou a Serra. Herbie Hancock tocando Tom Jobim. Instrumental totalmente demais. Nada mal para aquela noite de Sexta Feira, de fios desencapados, que parecia exatamente o que era ela, fúlgida. Nada restava além do churrasco de gato Angorá ou Siamês na calçada em frente ao tráfego, onde consegui rir mais um pouco. Risos e Facadas. Finalmente cheguei a me reconhecer, vem cá Luiza cantava a boca, no toca discos antiguinho do compositor trovador, sem acompanhamento. Quando existe. Hoje é o dia do aniversário da minha irmã, a grama, a lama, tudo é minha irmã. Tenho me lembrado muito do Guará, coddice penale di Bacco. Manhã certeira de pedras altas. Vou me lembrando cada vez mais de tudo ao redor. Mais tudo. Nesta noite de Sábado depois do jogo, conheci a Gabriela, ela se apresentou como sendo menino, logo vi que não era. Um diálogo arriscado se travou, e de repente ela estava ajoelhada no chão se agarrando as minhas canelas. Como dói. Era uma cena, quando contei, ninguém acreditou. Ave Maria Nossa Senhora. Todos os meus medos aparentes se insurgiram, várias reuniões de grupinhos vieram me perturbar, gostei das minhas reações, hoje domino meus nervos de aço com muito mais facilidade. Agora só a verdade. Estrela, eu diria o amor existe. Tina Turner e o trio de backing vocals, tudo é jazz. Desassombrado, doido, delirante. Dia da criação. Todas as mulheres estão atentas. A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula. Ao revés, precisamos ser lógicos, frequentemente dogmáticos. Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas. Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade, e até praticar amor sem vontade. Tudo isto porque o senhor cismou em não descansar no sexto dia e sim no sétimo. E para não ficar com as vastas mãos abanando, resolveu fazer do homem sua imagem e semelhança, possivelmente, isto é, muito provavelmente, porque era Sábado. Assim escreveu Vinícius de Moraes. Hoje é Domingo.

LOUCURA POUCA É BOBAGEM

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