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quinta-feira, 27 de junho de 2013

UMA CONTRIBUIÇÃO A REPÚBLICA

foto de Damião Lopes

POR UMA NOVA REPÚBLICA

Hoje me perguntaram, durante uma calorosa conversa sobre as manifestações contra a existência dos partidos políticos, o que eu teria para oferecer à discussão de uma possível reforma política no país.
É simples, brasileiro e democrático, respondi... 
Eis aqui o que eu acredito ser um regime político avançado, republicano e definitivo.
Teríamos no novo universo político, um presidente da nação, um presidente da câmara, um presidente do senado, os prefeitos dos municípios, os senadores, os deputados e os vereadores. Nada mais. Não existiriam neste novo sistema o Estado, governadores e deputados estaduais e seus complexos administrativos.
O país, a república, passaria a ser comandado pela união de senadores e deputados com o poder dos vereadores de todos os municípios regidos por um único governo central.
Os antigos Estados elegeriam, junto ao governo central, dois senadores cada, que cuidariam de representar o interesses da somatória dos municípios deste Estado junto ao governo central do país.
Os deputados federais seriam eleitos por todos os municípios brasileiros, defendendo assim, sem privilégios, os interesses do povo e do país junto ao governo central.
Os Ministros da Saúde, do Trabalho, da Educação e Cultura, do Transporte, da Comunicação, da Defesa, da Terra e da Agricultura, do Exterior, da Ciência e da Tecnologia, da Indústria e do Comércio, da Economia, do Esporte e do Turismo, do Mar e da Pesca, das Minas e da Energia, seriam apresentados pelo presidente e eleitos com a maioria de votos dos deputados e dos senadores.
Os secretários dos municípios apresentados pelo prefeito seriam eleitos pelos votos dos vereadores.
Não haveria mais necessidade de ser filiado a um partido político para se candidatar.
Os direitos a propaganda eleitoral seriam iguais para todos os candidatos.
Financiamento público das campanhas.
Governos de cinco anos com reeleição para todos os mandatos.
CURSO POLÍTICO UNIVERSITÁRIO PARA TODOS OS CANDIDATOS A VEREADORES.
Assim só pode ser candidato a prefeito e/ou deputado quem já tiver sido eleito vereador. Só pode ser senador quem já foi deputado. Só pode ser presidente quem já foi senador.

Assista ao filósofo Deleuze falando sobre esquerda...


terça-feira, 25 de junho de 2013

POESIA

Jorge Admoestado        
Ricardo Rizzo

Veste, Jorge
a tua couraça
a tua justa couraça de luta.

A luta armada
De negro canhão:
repara como
de Lima converges
para outro santo
de mesmo gibão.

Foste crescido
humano ou pétala
nestas praças e ninhos

Recebeste o sinal
entre meninas e poeira
no barro gelado.

Um escondido carneiro.

Calça
os brios a veste
escavados
pela lança
que o abaterá.
Queima
entre os frios
das escamas
o fígado
deste impostor.

Fenderá teu punho
as vergonhas do monstro?

Apenas a vida
mesmo crivada
de cem flechas
              morrida
te enternece
                lutada
no corpo e na batalha
              perdida.



domingo, 23 de junho de 2013

Uma Reflexão e Um Conto de Reis


AS TRÊS FORÇAS ZOOGÊNICAS

Eu tenho pensado muito no que vem acontecendo nas ruas das principais cidades brasileira.

Quando tudo começou, no primeiro dia, a primeira coisa que me veio à cabeça foi a realização de um filme onde dois personagens – Um homem, uma mulher – navegassem, sem se envolverem com a ação popular, na grande marcha e fossem discutindo textos sobre texto, dialogando com o saber universal, com os pensamentos escritos em todos os tempos, filosofando sobre todas as rebeliões por que já passou a humanidade.
O cenário em movimento da massa ignara, com mais de um milhão de pessoas em ondas de ir e vir se apresentou abruptamente a história de uma forma inesperada em toda a força de sua grandeza ingênua.
A classe média saiu do seu conformismo e mostrou o seu descontentamento.
Confesso que fiquei frustrado estar sentado ali de frente para tevê ligada, sem ação, perplexo com todos os acontecimentos.
Quem podia imaginar que de súbito, num estalo, milhares de pessoas, como abelhas atiçadas, saem para rua, para o centro da sua cidade, determinados e guiados pela internet, por seus celulares, facebooks, em marcha de protesto contra a insensibilidade política dos seus governantes.
A Copa da Corrupção e O Transporte Desastrado. Esses são os dois principais títulos, o mote deste enredo que já virou samba.
Reforma política já! É claro o motivo da ojeriza dos manifestantes aos partidos políticos: nenhum deles fala o que esse povo quer ouvir; todas as transformações sociais por que passou o país não chegaram aos seus ouvidos, não embalaram os seus sonhos, para eles o país ficou mais pobre. O que o Partido dos Trabalhadores e seus aliados fizeram foi nivelar os interesses por baixo.
Temos assim neste confronto de interesses do povo brasileiro três vertentes: a primeira, a do ainda pobre e ignorante trabalhador que quer mais poder de consumo e acredita que a felicidade está na fala exaltada, messiânica, salvadora, dos seus pastores pentecostais e das suas redes milagrosas de comunicação, que sempre é bom lembrar, convocando os seus fieis seguidores coloca também um milhão de pessoas na rua; a segunda, a classe média cristã, que está magoada, esquecida e ressentida com o tratamento capitalista que lhe é imposta pelos altos juros de suas dívidas, com os bancos, em contradição com os baixos salários e decrescente nível de consumo, sem educação, sem saúde, envenenados na mesa por uma alimentação salva pela genética dos agrotóxicos, morre aos poucos e adoece a cada dia que passa nesta selva. Nesta casa-da-mãe-joana, onde todos brigam e ninguém tem razão, sente-se menos feliz, com a família separada, os filhos rebeldes sem conseguir enxergar o seu futuro, massacrados pelo mercado de trabalho a cada dia mais competitivo e mal remunerado. A terceira é a elite econômica nacional, sempre satisfeita é vendida aos grandes interesses estrangeiros que de nada participa, e só saem dos seus palácios quando não é pressionada pelas transformações sociais e por passeatas anárquicas e muitas vezes violentas como vimos nestes últimos dias.
Como colocaremos em equilíbrio essas três forças antagônicas?
   

ARTIMANHAS DA NATUREZA ANIMAL
 Fábio Carvalho

“Mas Mariquita era muito mais descarada que Carmencita.
Pegou nas flores, abriu a janela, deitou-as fora e pôs-se a menstruar.”
Luís Buñuel

Exatamente treze e treze da tarde, ela não ligou. Ela a borboleta. Como recorrente tem sido olhar às horas no celular e dar borboleta, tenho que jogar no bicho correndo, se bem que já deve ter dado. Tomar coice não. Daqui do Brasil vos digo: não vamos aceitar a copa durante as manifestações. Seus pândegos dirigentes dessa quadrilha internacional chamada FIFA. Meu carrinho Gol é a coisa mais importante do momento, tenho até que pagar multas e impostos por ele. Se não conseguir, ao menos não deixo de tentar escapar. Onipresente, imediatamente vou para o berço, deixo tudo para amanhã. Nem vou à boca livre da abertura do restaurante de peixe do meu ator cineasta. Obedeço no melhor sentido da compreensão. Filmei tudo que pude. Escapei, tive sorte. Estou música, vou para aquele filme ouvindo Claudionor Cruz, mesmo inesperado e sozinho em estado de graça. E ainda escuto. Tenho adorado lan-houses, quanto mais escondida e central melhor. É secreto casual e virtual na penumbra com suas escadinhas de fundo nas lanchonetes na hora do lanche das lojas femininas ao lado. Os alquimistas já estão no corredor. Vejo o Rio de Janeiro dentro do meu olho vermelho. Deve ser bom. Finalmente, quero entrar para ele o Face, não queria antes porque todo mundo estava lá, agora quero compartilhar com o mundo todo. Chega de falar de cinema, vou resolver o problema da Flor, a gata. Todo dia. O azul marinho pintado nos marcos das portas e das janelas, permite que os sonhos penetrem, voltando ao que disse Joan Miró em uma entrevista do livro: A cor dos meus sonhos. Quero achar que isto não vale só para a Espanha, em qualquer lugar o sonho é merecido. Domingo pela manhã, como às vezes acontecia, estávamos eu e Seu Elias ou Laús, cada qual do seu lado do balcão naquela velha esquina, ouvindo o programa do Acir Antão na rádio Itatiaia, quando adentrou pela porta da Rua Amapá, um conhecido que há muito me falaram já havia morrido. Ele pediu uma cerveja e ficou olhando para o nada. Olhei bem e o reconheci nos mínimos detalhes de movimentos e expressões. Coisa que sempre fui muito bom. Ele foi tomando sua cerveja e eu o observando enquanto o Acir apresentava várias pérolas do cancioneiro popular. Quando terminou a garrafa o programa também, pagou e ia indo embora, não resisti e chamei: Milton! Ele se virou para mim e sem fixar o olhar disse: não sou Milton, meu filho. E foi saindo. Tenho certeza que era. Achei bastante curioso um cara quase da mesma idade que eu, me chamar de meu filho. Passado um tempinho, Seu Elias saiu de detrás das geladeiras verticais, onde ele conversa com seus convivas invisíveis, paguei minha conta e desci a Rua do Ouro ensolarada. Voltamos a Pamp’s para segunda sessão dos dois filmes em questão, duas noites com lua crescente refletida na lagoa, proveitosas para as viagens interiores do auto-conhecimento. Un petit comité. Seguiremos neste assombramento natural aos acontecimentos luminosos nos atingindo da tela grande numa sala pequena e confortável? Assim se esclarecem as impressões, projetadas sobre as próprias intenções artísticas, e seu juízo voltado para compreensão da qualidade plástica, que se concebe como expressão do conteúdo de sentido. Modifiquei um pouquinho essa estranha e inquietante frase, quase definitiva e retirei do livro Sobre a Arte Moderna e Outros Ensaios do Paul Klee. Ando Deslumbrado

sexta-feira, 21 de junho de 2013

TRIBUNA

Paulo Solon
Falam alguns que a China virou capitalista. Mas se isto é verdade, significa apenas que agora pode se dar ao luxo de admitir certa liberalização, após haver sedimentado os princípios de moralidade administrativa traçados pelos Pais da Moderna Nação Chinesa.
Falam muito em Pais Fundadores da Nação Estados Unidos, citando entre outros Benjamin Franklin. Nada de extraordinário. Mas os Pais Fundadores da Nação China moderna foram sem dúvida Mao Tse-tung e Chu En-lai, para não citar o camarada Chang Si-te. Os três estiveram dedicados por inteiro à libertação do povo, trabalhando totalmente a favor dos interesses do povo.
O antigo escritor Sima Chien dizia: “Ainda que a morte chega a todos, pode ter mais peso que a montanha Taishan ou menos que uma pluma”. Morrer pelos interesses do povo tem mais peso que a montanha Taishan, declarou Mao Tse-tung; servir aos fascistas e morrer pelos que exploram e oprimem o povo tem menos peso que uma pluma. O camarada Chang Si-te morreu pelos interesses do povo.
Prossegue o fabuloso Mao: “Servimos ao povo e por isso não precisamos que nos sinalizem e critiquem os defeitos que possuímos. Qualquer um, seja quem for, pode enfatizar nossos defeitos. Se tem razão nós os corrigiremos. Se o que propõem beneficia o povo, atuaremos de acordo com isso. A idéia de “menos mas melhores tropas e uma administração mais simples” foi formulada pelo senhor Li Ting-ming, que não é membro de nosso Partido. Fez uma boa sugestão em benefício do povo, e nós a adotamos. Se em áreas de interesse do povo persistimos no que é justo e corrigimos o que existe de errôneo, nossos destacamentos prosperarão”.
E NO BRASIL?
Agora eu pergunto. Onde já se viu um mandatário brasileiro agir desta maneira? No Brasil a revolução será feita de baixo para cima. Mas não se enganem, ela será feita.
Na China os revolucionários vieram de todos os rincões do país, unindo-se a um objetivo comum. Estará acontecendo algo perecido no Brasil? Creio que é o que vai acontecer brevemente. Todos os revolucionários do país se unindo a um objetivo revolucionário comum. Com o tempo, a imensa maioria do povo brasileiro marchará pelo caminho que leva a esse objetivo, ninguém podendo impedir. Mais de cem milhões como base de apoio para liberar toda a nação. Em tempos de reação, temos que ter presente nossos êxitos, aumentar nossas ações e renovar nossa coragem.
O povo brasileiro está sofrendo. É nossa obrigação salvá-lo, lutando com energia. Na luta sempre haverá sacrifícios e a morte será acontecimento frequente. Mas temos que ter a mente direcionada para os interesses do povo e a morte digna. Não obstante, como dizia Mao, devemos reduzir ao mínimo os sacrifícios desnecessários.
“Nossos quadros devem preocupar-se por cada combatente, e todos os que integram as fileiras revolucionárias devem cuidar-se entre si, possuir afeto e ajudar-se mutuamente”(…) Desta maneira expressaremos nosso pesar quando alguém é abatido e contribuiremos para a unidade de todo o povo”.


quinta-feira, 20 de junho de 2013

NOTÍCIA


 
O cineasta Miguel Borges, um dos diretores de "Cinco vezes favela" (1962), morreu ontem, dia 17 de junho, aos 76 anos. Nascido no município de Picos, no Piauí, Borges estava vivendo em São Lourenço, Minas Gerais, desde 1997, onde editava a revista "2016", da Sociedade Brasileira de Eubiose.

Segundo Maria Elisa Garcia, mulher do cineasta há 29 anos, Borges estava em casa, quando se sentiu mal por problemas respiratórios. O corpo foi enterrado nesta terça-feira, em São Lourenço.

- Meu gordinho não tinha idade para morrer. E ele estava muito feliz - diz Maria Elisa. - Nós nos conhecemos na Banda de Ipanema, em 1984. E desde que viemos para cá moramos juntos.

Borges foi o diretor do episódio "Zé da Cachorra", um dos cinco que compuseram "Cinco vezes favela", um dos marcos do cinema brasileiro. Dos outros diretores do filme (Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman e Marcos Farias), apenas Cacá está vivo.

Além de "Cinco vezes favela", Borges fez cerca de dez outros longas-metragens, entre eles "O caso Cláudia" (1979) e "Maria Bonita, rainha do Cangaço" (1968). Ele deixou um filho.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

ATENÇÃO BRASILEIROS

JUVENTUDE DA CLASSE MÉDIA!
Vamos revindicar novas condições financeiras para melhorar a saúde, educação, trabalho e transporte, mas primeiro vamos descobrir onde está o dinheiro e para onde vai toda essa riqueza brasileira.

                   SEM ESSA DE DERRUBAR O PT PARA COLOCAR O PSDB NO PODER
             CHEGA DE PARTIDOS POLÍTICOS E SEUS FANTOCHES MILITANTES! 
           VAMOS LUTAR POR UMA REFORMA GERAL NO ESTADO BRASILEIRO

Sobre os protestos que acontecem no Brasil hoje
Yuri Zero
Não me surpreende mais a truculência de uma polícia mal paga, treinada e orientada. Não me surpreendem os grandes conglomerados de comunicação que se prestam ao serviço de “noticiar fatos” da forma que lhes convém até que uma jornalista de uma de suas empresas seja alvejada no rosto e tantos outros sejam agredidos. Não me surpreende mais a falta de respeito e humanidade do Estado e de suas instituições malignas com aqueles que deveriam ser protegidos por esses. Choca? É claro. indigna? Óbvio! Mas não surpreende mais.
O que mais me despertou a atenção, e serviu de ponto de partida e reflexão para esse texto, em meio as ações e reações desse movimento popular que estamos vendo surgir em nosso país, foram os discursos, sempre com a tentativa de esvaziar, recriminar ou invalidar os protestos por parte da nossa classe política.
“São protestos políticos”, dizem nossos representantes, tentando dar uma conotação de orquestração por parte de algum partido ou movimento ligado a alguma instituição política que tenha interesse na desestabilização do governo vigente, e não como um movimento social apartidário e heterogêneo, motivado por razões legítimas e mais do que justas. Por natureza, todo e qualquer movimento social é de natureza política e possui uma ambição no mesmo sentido. É através dos mecanismos políticos de formação de uma sociedade que se manifesta, se faz ouvir e se representa a sociedade e, por consequência, os movimentos sociais.
CONCEITOS ANTAGÔNICOS
É aqui que, em uma análise que venho fazendo já à algum tempo, que difere a concepção de política e sociedade no Brasil para o resto do mundo, ou pelo menos em países que possuem instituições democráticas e sociais mais firmes, transparentes e sólidas que as nossas. Quando nossos políticos dizem isso estão escancarando na realidade um pensamento muito simples e que eles próprios colocam em prática desde muito tempo: Política e Sociedade são conceitos antagônicos que não se misturam, complementam ou se fortalecem.
A classe política tem o único e exclusivo interesse, seja o Partido A, B ou C, de criar um modelo político em que a sociedade seja um corpo externo desse processo, um corpo que seja domado, controlado e manipulado de forma a atender aos interesses de perpetuação dessa mesma classe política no poder. Não faz parte dos planos da classe política integrar a sociedade nesse processo. As balas de borracha, as bombas de gás lacrimogênio e os linchamentos são o grito de uma classe que quer passa um único recado: VOCÊS NÃO FAZEM PARTE DA TOMADA DE DECISÕES DESSE MODELO DE ESTADO.
Hoje é um dia simbólico. Tolo aquele que atribui esse movimento aos 20 centavos a mais ou a menos do transporte público, ao escândalos de corrupção diários, aos verdadeiros genocídios que acontecem em nossas cidades pela má administração pública e ao desleixo com o cidadão. É muito maior. É o início de uma retomada de consciência social e, acima de tudo de uma palavra que parece estar começando a fazer sentido para todos nós: CIDADANIA
Todo cidadão tem direitos e deveres. Acho que estamos começando a ficar cansados de termos apenas deveres, está na hora de corrermos atrás de nossos direitos. A classe política não vai correr. Eles já deixaram isso claro. Vamos nós, pacificamente, exigirmos o que é nosso, vamos construir na base do diálogo e não da violência e da covardia uma sociedade mais justa e voltada aos interesses daqueles que forjam, moldam e batalham por esse país: O POVO

segunda-feira, 17 de junho de 2013

UM CONTO DE REI


NA SEQUENCIA VEIO A OPÇÃO CHUVA
Fábio Carvalho
Para fazermos algo novo, é preciso regressar
às origens, à humanidade na infância.
A Eva da minha escolha é quase um animal.
Exato por isto é casta, apesar de nua.
Paul Gauguin
Além de tudo, podemos chegar lá, onde talvez ainda não imaginássemos. Que tal? Tudo bem, nem precisa responder, não era exatamente uma pergunta, embora parecesse. Foi só uma obrigação iniciática. Ela me veio lívida e leve, de uma maneira ardente pousou na ponta do meu nariz, mesmo eu percebendo disfarçadamente como não soubesse nada, ela fingiu fúlgida e magnífica aquilo que já sabia. Indecifrável, sugou o talo até extrair a última gota. Depois ainda espremeu liberando um restinho de seiva. Não peça para eu trair minha natureza, eu quero a paz, quero a ordem quero apenas a explosão de tudo. E muito mais. Muito tudo. Respondi em pensamento para o mundo todo ouvir. Explorando a aventura da vida, seguir aprendendo, somos tão juvenis ainda. Onde vou descansar minha asa, em que casa abrigar minha dor. Vou tangendo a saudade. Nas noites que varei. E o Galo venceu, se é que isso vale alguma coisa. Finalmente fui à dentista em plena Segunda-Feira de tarde. Fui a pé e encontrei na infalível sala de espera com a pedagoga mãe da Iara, colega de colégio da minha filha, que inesperadamente segundo a mesma disse, se tornou minha atriz. Nem me lembrava, a Dr.Valéria, seguindo minhas direções me dispensou novamente. Mesmo eu gostando só fez isto porque ela vai viajar e meu tratamento é meio demoradinho. Também nem estou com nenhuma dor maior. Sei não. Realmente neste momento só me resta o cinema que é a mais louca ilusão. Ela a bela. Sem recursos vou ter que trabalhar. Por outro lado gosto do meu trabalho, coisa que não deixa de ser um privilégio que me foi dado. Fruí um demasiado tempo de boreste, livre no paraíso local, bem dizendo a toa na maré, o que também requer certo posicionamento profissional. Podemos olhar diferente. Nem de cima nem de baixo, nem de lado algum, a visão e a palavra exatas podem ser um sentido só. Nem lembro o que significa isto, vamos direto para o assunto que é cinema: Medéia do Lars Von Trier. Há seis meses tenho visto este filme. A gazela desceu a florida Rua do Ouro vestindo uma inquietante bolsa vermelha, de óculos verdes escuros claros enquanto falava ao celular.
Este instrumento tu mereceste ouvir. Disse novamente meu amigo ido através das ondas Megacubo, infelizmente nesta vida não nos encontraremos mais. Digo nesta vida que passou. Uma nova vida se apresenta. Reconhecemo-nos lá onde for sem sombras de dúvidas. A esperança é cega. Você tem claro seu propósito de vida? Neste vôo irado no céu imaculado do teu rosto sem pecado. A boca vermelha na arrebentação. Vamos à matinné, na cena mais triste o amor quer ficar. Ondas sonoras em segredo. Será que o cinema existe mesmo? Estou prestes ao longe para saber. Barravento. De uma experiência muito fecunda nasceu em mim este filme que nem sei mesmo como fiz. Sem Sincronia – Jimi Hendrix e a Fonoaudióloga. A ordem pode mudar. Incrível minha viagem ao passado interior. A câmera e eu. Há muito não a tinha ou andava com ela a câmera na bolsa tira-colo. Quase a perdi. Tinha esquecido como ela era. Sem esforço lembrei. Estranhas conhecidas sensações. Vivemos tardes juntos durante anos luz. Tudo bem ninguém precisa saber. Melhor que antes. Posso dizer que fui magistralmente batizado pela possibilidade de novo única de fazer de uma maneira límpida e mágica o que sempre fiz com alguma dificuldade de mentirinha. Finalmente a música tocou, posso desligar por hora. Boa noite Cinderela. Neste filme que começo a montar, tive a sorte de conseguir ter várias cintilantes participações sem convite, todos atenderam ao meu chamado mental. E claro, eu estava na hora e no lugar certos. A começar com o Sávio Leite, que como ele disse agora além de ser meu ator fetiche, é também meu produtor fetiche já que emprestou a câmera. Aliás, fetiche é uma palavra bem lembrada para falar sobre um filme erótico musical. Político como toda poesia sabe ser. Puta merda! É esta a expressão. Ou puta que o pariu, também é bom. Ou ainda, phoda-se, como parece bom título. Uma brisa que a juventude traz, me soprou esse ph. Encontrei todos meus livros prediletos que tinha perdido há anos. Estão ainda todos comigo, e livros pesam e pensam. Sem dúvida um bom presságio e continuando o Galo perdeu para o Peixe. Sinalizações de todas as categorias. Vou ficar quietinho em casa, para quê sair? Pelo menos durante esta noite em que todos estudam a mesma cartilha, que já os acompanhava desde pré-infância. Ou melhor, no jardim do Éden, quem sabe. Onde andará a Verônica, que era minha coleguinha na escolinha do Rui Flores, no começozinho das nossas aventuras perambulando pelos muros e telhados da pequena e arborizada Belo Horizonte. Nunca mais nos vimos, mesmo assim, ainda me lembro muito bem dela. Dia 13 de junho do ano 13, hoje é dia de Santo Antônio, acordei depois de um sonho que contarei em seguida. Antes dia 12, estive na hora do almoço no bar do Cabral, quando encontrei pela última vez com o Anselmo. Já explico porque, depois de encontrar um livro fabulário que durante um grande período se escondeu numa caixa de papelão que estava perdida dentro de mim. Nem sei para quê carregar tantas caixas. Vou nesta noite para a Pamp’s de novo, para mim este chamado significa mais um presságio. Hum. Mais montanhas, quero ir para a Serra do Itatiaia no Rio, ficar no hotel que o Guignard morou. Pelo menos um pouquinho. Eu não me contenho, não caibo em mim. Depois de várias carraspanas de todas as mulheres e até dos amigos ao meu redor vou ter que me conter e parar de beber e fumar, pelo menos por um tempinho. Não deve doer tanto assim. Ai de mim. Pararei com este papo de aranha que detesto. Prometo só para eu mesmo. Fui até Ouro Preto todos estavam lá sem mim, de volta vou à Praça ver os músicos com todos os ouvidos desligados até domingo, quando volto a ouvir o Big. Se tudo der certo. Topo tudo menos trair- me. Mamãe me ligou e não era nada como não poderia antes nem ter imaginado depois na Sexta-feira, sozinho, ouvi o Astor Piazzola de repente, sem imaginar. Só escrevi. Depois ainda o céu Ave Maria, como nunca tinha rezado no bar nem em lugar algum, foi minha primeira vez de novo. De ordem natural. Que elevação. Vou comer uma sardinha da hora. Apareceram os africanos naquele caminho agradável e gostoso. Deu até vontade de dançar, como tenho aprendido neste período francês. Ainda veio o coro feminino, era muito ao mesmo tempo, facilmente eu dominava em todas as frentes seria uma questão de idade? É uma pergunta sem respostas, apenas mais um pequeno exercício muito subjetivo. Porque me negas tanto assim a primavera, se sabes que a última quimera existe no mundo. Teus olhos. Em que lago, em que céu, em que mar se oculta? Os índios me contaram em segredo. A tarde cai. Longo é o beijo do amador, bandida. Gaviões e Passarinhos do Pier Paolo Pasolini com o inclassificável Totó. Uccellacci e Uccellini. Vendo este filme pela qüinquagésima vez, pude compreender sua moderna montagem parabólica e ferina. Um filme totalizante como o cinema. No escuro da Praça da Liberdade os bancos laterais são ocupados por casais de vários gêneros que entrelaçam suas pernas, mãos e bocas e balbuciam sons inaudíveis, esquentando toda a atmosfera ao redor, enquanto são circundados pelos caminhantes. Um passeio pelas suas Alamedas à noitinha, serve como um belo e motivador exercício de voyerismo. Também o que seria de mim sem essa imagem, imediatamente vamos queimar o filme. A câmera filma o pensamento. Lúbrica.

sábado, 15 de junho de 2013

ATENÇÃO BRASILEIROS!!!!

CUIDADO COM O BURGUESINHO MINEIRO NA TERRA DO TUCANATO PAULISTA

Em período pré-eleitoral, acontece de tudo. Como a campanha está muito antecipada, os fatos incomuns também começam a acontecer com mais antecedência. Um bom exemplo disso são os protestos em função do reajuste das tarifas de ônibus coletivos em diversas capitais e especialmente, em São Paulo.

É PRECISO FICAR ATENTO AOS ACONTECIMENTOS OCORRIDOS EM TODAS AS CAPITAIS BRASILEIRAS COM O RECRUDESCIMENTO DOS MOVIMENTOS  CONTRÁRIOS AO AUMENTO DOS TRANSPORTES COLETIVOS.
ELES TEM O APOIO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E DOS PARTIDOS QUE FAZEM OPOSIÇÃO AO GOVERNO PETISTA.
A PM METE O CACETE SEM DÓ NEM PIEDADE. O RIO PARECIA TER VOLTADO AOS PRIMEIROS ANOS DA DITADURA.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

quinta-feira, 13 de junho de 2013

ATENÇÃO FUMANTES!

Cuba apresentará vacina contra câncer de pulmão nesta semana

O lançamento oficial da segunda vacina contra o câncer de pulmão, desenvolvida e registrada por autoridades sanitárias de Cuba, será realizado na sexta-feira (14) em Buenos Aires e na sexta 28 em Córdoba. 
Em 2008, Cuba registrou a vacina contra o câncer pulmonar e agora tenta comercializar o produto na Argentina graças a uma colaboração iniciada em 1994. Em março, a agência regulatória de Buenos Aires aprovou o registro da Racotumomab.
Com este medicamento, Cuba espera transformar o câncer avançado em uma doença crônica que possa ser controlada por períodos prolongados, como o diabetes e a hipertensão arterial.
A vacina, chamada Racotumomab (Vaxira) e desenvolvida pelo Centro de Imunologia Molecular de Cuba (CIM) foi aplicada com resultados favoráveis em pacientes da ilha caribenha entre os anos 2008 e 2011.
Ainda não foi possível precisar se a vacina é uma solução à doença, mas ela aumenta a esperança de vida dos pacientes, ao estimular o sistema imunológico do corpo humano.
O câncer de pulmão é considerado um dos mais mortais que existem, causando por volta de 1,4 milhões de mortes por ano, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

quarta-feira, 12 de junho de 2013

ELEIÇÕES DEMOCRÁTICAS


O modelo petucano 
Adriano Benayon *

Dívida

01. No geral, a Constituição de 1988 não sustentou os  interesses nacionais. A eleição dos constituintes foi muito influenciada pela grande mídia e pelo dinheiro de: concentradores, transnacionais, entidades e fundações estrangeiras.  Depois, o entreguismo foi radicalizado por Emendas patrocinadas por Collor, FHC e governos petistas.
02. Não bastasse  isso,  a “Carta Magna”  foi adulterada com a inserção fraudulenta de  dispositivos  jamais votados na Constituinte.
03. Entre as fraudes avulta este acréscimo no art. 166, inciso II, § 3º: excluídas as  [despesas] que incidam sobre: a)dotações para pessoal e seus encargos; b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e o DF”.
04. O § 3º do inciso II do art. 166 estabelece restrições à inclusão de despesas no orçamento, e o termo “excluídas”, privilegia as que constam das três alíneas. A “a” e a “c” entraram como bois de piranha, para não chamar a atenção sobre o serviço da dívida.
05. Devido a esse dispositivo ilegítimo e nulo, a União  já gastou,  desde 1988,   mais de R$ 10 trilhões com  a dívida, jamais auditada, pois nunca se realizou a  auditoria determinada no Ato das Disposições Transitórias da Constituição. Ou seja: só são cumpridas as normas  contrárias ou indiferentes aos interesses nacionais.
06. Resumindo: depois de  terem sido pagos mais de R$ 10 trilhõesa dívida pública - que em 1988   somava  R$ 300 bilhões (atualizados monetariamente) - ascendeu a mais de R$ 3 trilhões em 2012, devido principalmente à capitalização de juros a taxas absurdas
07. A cifra  de 1988 abrange as  dívidas  do Tesouro, BACEN, Estados e municípios:  a pública interna e a externa, incluída nesta a do setor privado estatizada por ordem dos bancos credores, FMI, Banco Mundial e demais instrumentos da oligarquia financeira anglo-americana.
08.  Se computarmos – como é recomendável, dado que a subserviência  continua - a dívida externa bruta,  de US$ 441,8 bilhões (R$ 880 bilhões), o total alcança R$ 4 trilhões.
Petróleo e minérios
09.   Nos artigos mais recentes, apontei que o governo federal está acelerando a entrega a transnacionais estrangeiras de blocos de petróleo avaliados em trilhões de dólares, em troca de nada, além de levar a Petrobrás a adquirir proporcionalmente menos campos que em leilões anteriores.
10. Embora tenha sido a única estatal estratégica não privatizada pelo tsunami legislativo e administrativo iniciado por Collor e completado por FHC, a Petrobrás teve a  maioria de suas ações preferenciais vendida em bolsas, inclusive a de Nova York.
11. A estatal foi prejudicada pela Lei 9.478 /1977,  vários dispositivos da qual deveriam ter sido declarados inconstitucionais, se o Judiciário não se mostrasse alheio aos interesses nacionais, como ocorreu também nas privatizações. 
12. A  lei da desestatização e demais do pacote das  “reformas” ditadas por Washington (1990),  a  liquidação de estatais, como o Loide e a Interbrás, a Lei de Propriedade Industrial e a Lei Kandir são  alguns dos indicadores de que o modelo infra-colonial foi inaugurado em 1989 com a primeira eleição direta à presidência, sob a “Constituição cidadã”, com direito a fraudes eleitorais.
13. A vigência da Lei Kandir constitui crime continuado, sem o qual a exportação de minérios poderia prover receita fiscal equivalente a 32% do valor dessa exportação.  Sua revogação ajudaria em muito a economia, pois não só o  petróleo, mas outros minérios, como o de ferro,  têm tido  participação crescente nas exportações, com  quantidades assombrosas extraídas de nosso subsolo.
14. Que dizer de minerais estratégicos, como o quartzo e o nióbio, cujas reais quantidades exportadas são escamoteadas, e que são insumos de produtos finais com valor de 50 a 200 vezes o da matéria-prima?
15. Os cidadãos escorchados pelos impostos seriam aliviados, se as receitas do ICMS, Confins etc. não estivessem sendo doadas a grupos concentradores, e se fossem poupadas despesas como as do serviço da dívida.
Concessões
16. O governo de Dilma Roussef embarca pesadamente nas  “concessões”, forma velada de privatização.
17. Configura-se, pois, um modelo infra-colonial petucano, caracterizado por submissão aos interesses da oligarquia  estrangeira,  maior que a do modelo dependente instalado a partir de 1954.  Esse, subsidiou a entrada do capital estrangeiro e submeteu-se às  dependências tecnológica e financeira, embora tenha mantido instituições públicas e estatais e criado  novas,  até  a casa ruir com a bancarrota da dívida externa nos anos 80.
18. Durante o modelo dependente, as empresas privadas de capital nacional foram esmagadas ou absorvidas pelas transnacionais, processo que se intensificou no após 1988, restando pouquíssimos  grupos concentradores, associados ao capital estrangeiro, e cuja data de validade como nacionais não se afigura muito distante.
19. A MP, há pouco aprovada, põe fim aos portos públicos, a ser controlados por armadores estrangeiros, e possibilita a prestação de serviço público por empresas privadas sem licitação, em contratos eternos. Ademais, os problemas logísticos estão mais nas ferrovias do que nos portos. O  governo programa “investimentos” de R$ 54 bilhões.
20. As concessões abrangem também os aeroportos, 23 mil km. de rodovias, mais de 10 mil km. de ferrovias, e  projetos em várias áreas, inclusive a pletora de bilionários estádios de futebol, superfaturados.
21. Centenas de bilhões de reais serão bancados pelo Tesouro, cujo serviço de dívida já absorve quase metade das despesas da União, conforme dados da Câmara Federal, assinalados por Maria Lucia Fattorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida: R$ 753 bilhões em 2012.
22. No ano passado, os aportes do Tesouro aos bancos oficiais fizeram aumentar o estoque da dívida em R$ 66 bilhões. O  BNDES deverá financiar 80% dos investimentos das concessões, propiciadores do enriquecimento, sem riscos, de concessionários e empreiteiras.  
23. O engenheiro Luiz Cordioli lembra que o BNDES oferece dez anos de carência e juros de 4% aa, e o Tesouro paga 12% aa. em seus títulos, possibilitando aos aquinhoados -  além dos ganhos com a exploração da concessão -   rendimentos de 8% aa., se aplicarem em papeis públicos a quantia emprestada pelo BNDES.
24. Se empreendimento não for rentável, o concessionário  não pagará a dívida, e o prejuízo fica para o Tesouro, que terá de arranjar os recursos para os juros e para a liquidação dos títulos da dívida pública, emitindo moeda e títulos ou, ainda, elevando impostos e contribuições.
25. O governo planeja propiciar empréstimos sindicalizados de bancos privados, que subsidiará (a bolsa-banqueiro, da qual os bancos estatais estão fora), inclusive liberando mais depósitos compulsórios.
26. Capitalizará a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), para a qual convergirão  recursos dos  fundos setoriais, e usará o  Fundo Garantidor do Comércio Exterior (R$ 14 bilhões).
27. Alternativamente,  dará garantias através de bancos públicos e emitirá debêntures de infraestrutura. Espera recursos próprios dos concessionários, de 20% do valor dos projetos.
28. O governo parece, ademais, disposto, a obsequiar os concessionários com benefícios adicionais.  Nas  ferrovias: 1) serão desoneradas dos custos de manutenção, segurança e outros, nos trechos que abandonaram e nos onde mantêm tráfego reduzido; 2) serão transferidos para  a União passivos patrimoniais, ambientais, cíveis, tributários e trabalhistas, ao custo de  muitas dezenas de bilhões de reais; 3) as concessionárias concentrarão as locomotivas e vagões arrendados nos trajetos de maior lucratividade.                                                                       

29. As maiores são: América Latina Logística (ALL), MRS Logística, Vale, Ferrovia Centro-Atlântica (FCA, controlada pela Vale) e Transnordestina, da CSN. Das mais lucrativas, como a MRS, o governo pretende comprar a capacidade de transporte da malha, realizar melhorias e revendê-la. Alega que fará acelerar investimentos e suscitar concorrência.                                                                                                                         

30. Entretanto, não faz sentido indenizar, por bilhões de reais, detentores de concessões a expirar em menos de 15 anos. Indaga-se: por que os concessionários não fizeram as melhorias?  Quanto arrecadaram sem as ter realizado?                        

31. As concessionárias vão livrar-se da obrigação de investir e terão direito ao uso parcial das linhas vendidas aos novos licitantes, a quem caberá substituir os trilhos e dormentes deteriorados.                                                                                          

32. Quanto aos aeroportos, as concessões de Guarulhos, Viracopos e Brasília foram entregues em  leilões ganhos por empresas estrangeiras de menor experiência.
33. Assim, para Galeão e Confins, o secretário do Tesouro manifestara-se em favor da participação majoritária da INFRAERO, mas isso não prosperou, por desagradar investidores europeus. Isso sintetiza a subordinação de Dilma ao capital estrangeiro  e sinaliza o rumo das concessões, que abrangem, além dos grandes aeroportos, a aviação regional, com 270 aeroportos e R$ 7,3 bilhões previstos.
34. Nota o engenheiro Roldão Simas: “O Galeão é um aeroporto moderno e ocioso, e não requer ampliações: está esvaziado, pois muitos voos internacionais foram transferidos para São Paulo, e muitos domésticos para o Santos Dumont.”
 Conclusão
Diante de tudo isso, não há como refugiar-se no terreno técnico,  ignorando que o  impasse está no sistema político. Nada há a esperar de novas eleições presidenciais, nem vale perder tempo discutindo candidatos. O povo terá de exigir outros caminhos.* - Adriano Benayon é doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

ARTIGO


Uma esquerda que a direita Uma esquerda que a direita gosta

Por Mário Augusto Jakobski

É no mínimo estranho o fato de alguns partidos brasileiros que a todo instante se proclamam legítimos representantes da esquerda apoiem uma chamada “revolução síria”. E isso em um momento em que no país árabe está clara a participação dos países europeus e Estados Unidos com combatentes mercenários e armas em luta contra o Presidente Bashar al Assad.

Está claro também que o país árabe se transformou em laboratório de forças imperialistas desejosas de traçar um novo mapa no Oriente Médio em favor de seus interesses econômicos. Não é por acaso o apoio ostensivo aos “rebeldes”.

No último dia 31 de maio, o PSTU promoveu uma jornada de apoio à revolução síria, esquecendo-se da prioridade em denunciar a presença do vice-presidente norte-americano Joe Biden em território brasileiro. Ou seja, enquanto Biden veio dar o recado do império, o PSTU se voltava para a Síria, na prática fazendo o jogo de quem os Estados Unidos apoiam.
Da mesma forma que o PSTU, setores do PSOL também levantam a bandeira da suposta “revolução síria”, quando a questão principal naquele país é exatamente denunciar a presença de forças mercenárias com o apoio do Ocidente, numa estranha aliança com a participação da Al Qaeda. Se é que é estranha, porque alguns analistas consideram a Al Qaeda, que a soldo da CIA iniciou seus trabalhos no Afeganistão para combater os soviéticos, um braço do imperialismo.
Mesmo que se faça restrições ao Presidente Bachar al Assad, na prática se posicionar ao lado de grupos com o respaldo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pode ser considerado não só meio estranho como basicamente contraditório. E afirmar que ao apoiar a revolução, que denominam de popular, estão contra os dois lados, não passa de sofisma, porque neste momento a estratégia do império é exatamente convencer a opinião pública mundial que o povo está com os “rebeldes” e contra Bashar al Assad.
Aliás, não é de hoje que sobretudo a “dialética” do PSTU tem lançado a divisão na esquerda. Foi assim quando os ideólogos do referido partido denunciavam o que chamavam de “bonapartismo” de Hugo Chávez, na prática também se alinhando com os opositores da revolução bolivariana. E demonstrando também o equivoco na assimilação de ideias levantadas por Leon Trotsky. Em outros termos, fizeram a leitura e a transplantaram mecanicamente para realidades distintas das vividas pelo líder soviético. Trotsky naturalmente rejeitaria tal equívoco.
Questionar o posicionamento do PSTU e de setores do PSOL em relação aos acontecimentos na Síria, é uma necessidade, para evitar que setores da esquerda na prática se alinhem com a direita. Para evitar também a proliferação e o fortalecimento, como dizia Darcy Ribeiro, de uma esquerda que a direita gosta.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

UM CONTO DE REIS


Eu me esqueço sempre nessa hora linda loura
 Fábio Carvalho     
                         
Um dia perguntei ansioso e confiante à minha estrela favorita,que brilha modestamente no firmamento:- Que dizes do meu futuro, do meu destino?Ao que me respondeu tímida e tremeluzente:- Que posso te dizer? Sou apenas uma estrela. Carlos de Alencar

Qual o gênero desta música? Se é que isso importa, nem precisamos responder. Foi só para começar. Qualquer um morreria para saber o que se passava na mente de Rimbaud quando ele escreveu “Le Bateau Ivre”, ou de Mozart, quando ele compôs sua sinfonia “Júpiter”. Qualquer um como nós, digo eu. Adoraríamos conhecer aquele processo secreto que guia o criador por entre suas arriscadas aventuras. Agradecidamente, o que é impossível ver na poesia ou na música, não é o caso da pintura. Para saber o que está acontecendo na mente de um pintor, a pessoa só precisa olhar para sua mão. Aqui está o que o pintor está sentindo. Ela está progredindo, começando com traço firme. Está seguindo uma curva a direita, um ponto à esquerda. Se ele errar e faltar sua harmonia, tudo estará perdido. O pintor falha como um homem cego na escuridão das telas brancas. A luz que lentamente aparece e paradoxalmente é criada pelo pintor que pinta uma curva negra após outra. Pela primeira vez, o drama particular e diário do gênio cego, será nos mostrado publicamente. Pablo Picasso concordou em mostrar isso hoje, na frente de vocês, com vocês. Bonita é ela, ando com certeza e com as incertezas. A rosa na glória. Com o texto falado acima começa um estranho filme do cineasta francês Clouzot. Não imagino para que, ainda me fiz cumprir mais esta etapa agora, revendo em seqüência alguns de seus inexplicáveis trabalhos fílmicos de chapéu verde na poltrona nova. Luz de Guignard. Também filmes não precisam de explicações, vou voltar a mim. Só quero e desejo chegar até o Renoir. Ainda acredito que além da imaginação como disse minha fonoaudióloga, passearei onde flana a bela excelência vocal com bastante conhecimento de causa. Ela falou isto depois que me deu uns canudinhos de pirulito, para exercitar minha prega vocal direita doentinha. A boca na forma de um beijo. Apenas como um selinho falando um u longuinho, sem esforço, não devemos cansar nossa emoção ou se ela merecer posso me esforçar um pouquinho mais. Devo estar pensando no Vinícius de Moraes, só tenho me referido as coisas e as pessoas no diminutivo. É bom pensar como fosse Vinícius. Portanto vou pensar agora no filminho que estou fazendo, que é o que me apetece neste momento, se bem que também algumas libélulas me atribulam, duvidando de mim naquele estado de êxtase só um tiquinho. Por vezes elas estão nos ouvidos ou no dedinho. Tenho que arriscar, afinal de contas, cinema sempre risco e ilusão e a longa escapada esperta para a Jamaica, não deixa de ser uma possibilidade entre mil, é lógico e ilógico ao mesmo tempo. Sempre detestei a lógica como o mais extraordinário Campos de Carvalho. Que tímpanos maravilhosos são esses, cruzo com todos os doidões pelos caminhos e ainda converso temporais com um por um, num aprendizado que jamais terminará. Para que tentar mais uma vez. Para que lembrar aquela vez. O que você Bebel me fez. Bonita. Tira essa saia logo ao vento. Começo a assobiar naturalmente sem controle, é melhor do que tentar entender Isabela. A narrativa não quer dar. Não vou insistir por enquanto, a sinfonia da milimétrica trova elaborada e lambida por mim, escamoteia para uma nova versão mais tenra. Sem endereço certo durante a mobilidade interna do carro movimentando-se na direção hidráulica do superior carinho vindo lá de cima das nuvens. Trepidando. A partir de agora, após esta música estou ferrado, o mundo já sabia enquanto de novo tocava: Autumn Leaves. Arranjo complicadinho apenas feito na cintilancia da luz da lua azul de maio, myself. Claro está, querendo ela a controversia, só por este inicio de noite depois sem mim se espalhará nas botas vermelhas enfiadas na bolsa marron da mamãe. Feito eu, para não dizer outra coisa diante de tantas que ela ampara, quebrando a esquina com suave tranqüilidade e desfaçatez. Aonde anda meu amigo negão. Gostei deste novo encontro e sem demonstrar, quero de novo. Sem facilidades. Vamos ao cinema. Subindo mais uns degrauzinhos bem subidos encontraremos o Roberto. Não menos que o Rossellini. Agora pintou uma curva e que curva, meu! Perdi minha rota e achei mais um filminho. Fui ao bar da luz vermelha ouvindo e vendo as cantoras do Sérgio Mendes no Youtube. Cada uma mais bela que a outra. Especialmente a que me colocou no lance imediatamente e dei mais uma aprendidinha com os velhos naquela curva tão conhecida, de novo uma manhã de carnaval com uma esperada encorpada tristezinha junto outra alegria leve incandescente. Vamos nos banhar e lavar os cabelos. Meu que resistência essa minha amiga domina. Parando um pouquinho com brincadeirinhas dessas palavrinhas, chegamos aos filmes para a televisão, feitos na busca da transmissão do conhecimento pelo mestre Rossellini, aí sim voltei a pensar então. Agostino D’Ippona, para nós Santo Agostinho. Sem se esquecer que Agostinho era africano nascido na cidade de Hipona e ensinou retórica em Roma e Milão. Sofisticado filósofo viveu o mundanismo e como o próprio Roberto, suas obras influenciaram muito o pensamento das respectivas matérias internamente: teologia e cinema. Pois bem, antes de falar do filme vamos ouvir algumas frases do Santo como ilustração de uma vaga pesquisa. “Certamente estamos na mesma categoria das bestas; toda ação do mundo animal diz respeito buscar o prazer e evitar a dor. Se você acredita no que lhe agrada nos evangelhos e rejeita o que não gosta, não é nos evangelhos que você crê, mas em você. A verdadeira medida do amor é não ter medida.” O Santo e o Vazio da Noite, quando fiz este filme ninguém viu muito bem, nem eu. Hoje sei que em todos esses belíssimos filmes da série dos pensadores realizada sem maneirismos por Rossellini, que já vi e revi, dormi muito bem e sonhei. Como ironizava em uma poltrona do lado oposto, Luis Bunnuel: os bons filmes te proporcionam um bom sono. Ainda para terminar vou transcrever aqui a fala do músico Luís Bonfá que vi novamente no Youtube, precedendo uma jóia rara de interpretação da nossa lady negra Eliseth Cardoso de Manhã de Carnaval. Assim ele diz: “o início da parceria com Antônio Maria foi com o nascimento do Orfeu Negro. Não no teatro e sim na versão cinematográfica. Eu procurei o Rubem Braga, a pedido do diretor Marcel Camus que tinha pressa de ver a letra pronta para uma melodia encomendada à mim, que mais tarde se chamou Manhã de Carnaval. Então o Rubem Braga me disse: olha, eu sou muito lento para escrever, telefona para o gordo. Eu não tinha feito músicas ainda com o Antõnio Maria, não tinha composto com ele. Assim nasceu nossa primeira parceria. Esta é a história real deste encontro.” Não sei bem por que essa pequena narração muito me agradou. Vou dormir.          

quarta-feira, 5 de junho de 2013

ARTES PLÁSTICAS

Em 28 de agosto 2013 comemora-se vinte anos da morte de Arlindo Daibert.

Releitura pop de Macunaíma

 Herói sem caráter e outros mitos da cultura nacional revelam-se através de desenhos

 Pedro Maciel
         
          Macunaíma, a obra mais conhecida de Mário de Andrade, transformada em filme por Joaquim Pedro de Andrade e recriada nos palcos por Antunes Filho, ganha nova releitura através de uma série de desenhos de Arlindo Daibert (1952-1993). Os desenhos fazem parte da coleção de Gilberto Chateaubriand, assim como as duas outras séries do artista, Imagens do Grande Sertão e Alice.
          Arlindo Daibert, ao reconstruir personagens de Mário de Andrade, insere traços autobiográficos, transforma os amigos em personagens, escolhe Tarsila do Amaral para representar Uiara e Ci, e elege o pintor Siron Franco como Macunaíma, no quadro das adivinhas. No final do capítulo de Macumba, Mário de Andrade também “mistura aos personagens de ficção alguns ‘macumbeiros’ reais como Bandeira, Antônio Bento, Cendrars, etc. Trata-se de uma lembrança de caráter efetivo ou talvez por identificação ideológica, como no caso de Raul Bopp, também evolvido no estudo da cultura popular”.
            Macunaíma de Andrade, Arlindo Daibert, ed. Editora UFJF, é ilustrado com 58 imagens em técnica mista (desenho, pintura, fotografia, xerox e colagem) e 10 esboços, realizados entre 1980 e 1982. Daibert, no Diário de Bordo, registro do planejamento e realização de seus desenhos, diz que, “o projeto está muito mais ligado ao campo da literatura comparada e semiologia do que as chamadas artes plásticas”. E prossegue: “Meu objetivo é traduzir o discurso literário em imagens, recriando os processos de escritura do autor e procurar paralelos nos fabulários americanos”.
          O livro Macunaíma, de Mário Andrade, é uma rapsódia moderna, história mítica do Brasil esquecido, lenda de um “herói sem nenhum caráter nem moral nem psicológico”. Segundo a pesquisadora Telê Ancona Lopez, “Macunaíma é um projeto que ultrapassa o nacionalismo modernista no qual se inscreve ao nascer, na segunda metade da década de 20. Na estrutura que recolhe, unifica e dá novo sentido a um sem número de fragmentos, que se pergunta com ironia sobre seu próprio rumo; no tratamento conferido ao tempo e ao espaço, na inclusão do mito; na prosa experimental que se liga à musica e à poesia, na linguagem decalcada na fala brasileira, no herói/anti-herói, espelho dos descaminhos do homem contemporâneo, Macunaíma consegue oferecer, através de sua arte e da sua funda reflexão sobre o Brasil, expressiva contribuição à literatura universal”.
          Para delimitar seu próprio Macunaíma, Daibert anota no final do Diário de Bordo: “o projeto não se trata de uma ilustração literal do livro e sim de uma recriação feita a partir do texto, o que me permite preferir este episódio àquele e, até mesmo, romper com a ordem da narrativa. Constato a impossibilidade (inutilidade?) de esgotar as possibilidades de ilustração do livro. Trata-se de uma narrativa essencialmente aberta e é este seu encanto”.
          O leitor/observador não precisa necessariamente conhecer a grande obra de Mário de Andrade para se encantar com a leitura pop que o artista promove. A série de desenhos surpreende até mesmo o leitor/observador distraído ou desavisado.
          Daibert, com sua estética kitsch-cômico, faz associações livres e colagens bem-humoradas. Retrata um país incivilizado. Desregionaliza personagens populares. Goza com a cara sem vergonha do Brasil, como na colagem Piaimã, O Gigante Comedor de Gente; Getúlio Vargas é colorido no centro de uma cédula de dez cruzeiros, entre um anjo e um demônio, e um balão de história em quadrinhos estampa a frase “Afasta que vos engulo”. A montagem sugere o Estado Novo, O DIP, o autoritarismo e a repressão.
          Há outras leituras cômicas e tropicalizadas da sociedade brasileira, como o desenho Ai, Que Preguiça; o artista recria a bandeira brasileira com estampas de araras e papagaios e o losângulo e o círculo centrais em branco estampam uma faixa presidencial em verde e amarelo com a frase do herói sem caráter: “Ai, que preguiça”.
          Daibert, em Macunaíma de Andrade, não teve a intenção de ilustrar o livro mas de recriar o repertório imaginário do modernismo. O artista propõe uma nova leitura do mito Macunaíma, leitura que certamente trará novos leitores para dentro da maior obra de criação de Mário de Andrade.
         
De um pequeno porto para o mundo afora

          Arlindo Daibert Amaral nasce em Juiz de Fora, Minas Gerais, no dia 12 de agosto de 1952. Em 1970 inicia o curso de Letras. Realiza a sua primeira exposição individual na Galeria Studio 186, no Rio de Janeiro, 1974. Recebe o prêmio Ambassade de France, que oferece ao artista uma bolsa de estudos em Paris durante o período de outubro de 1975 a junho de 1976. Após retornar ao Brasil, participa do Salão Paulista de Arte Contemporânea em São Paulo e da exposição Brasil Arte Agora, realizada no MAM-RJ.
          Em 1977 apresenta individual no MAM-RJ, onde mostra 61 trabalhos divididos em quatro séries: Alice no País das Maravilhas, Persephone, Gran Circo Alegria de Viver e Ofício das Trevas. Em 1979, Daibert obtém o Prêmio de Melhor Desenhista, oferecido pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Ainda neste ano participa do II Salão Nacional de Arte do Rio de Janeiro e do VII Salão de Arte Contemporânea, em São Paulo.
          No ano seguinte o artista recebe, com trabalhos da série Retrato do Artista, o Grande Prêmio da II Bienal Ibero-Americana do México e o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro do III Salão Nacional de Artes Plásticas, no Rio de Janeiro. Em 1982 o artista apresenta, na Galeria de Arte Banerj, no Rio de Janeiro, a série Macunaíma de Andrade.
          Participa da I Bienal de Havana, Cuba, 1984. Coordena como professor universitário, projeto de estudo e organização do acervo do poeta Murilo Mendes. Nos anos seguintes organiza várias mostras do acervo artístico de Murilo. A partir de 1976 realiza várias individuais na Europa. É novamente premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte em 1990. Nos anos seguintes participa de muitas outras exposições nacionais e internacionais.
          No dia 28 de agosto de 1993, Arlindo Daibert falece em Juiz de Fora. Logo após seu falecimento é inaugurada a mostra Grande Sertão Veredas, no Anexo do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto. Suas obras encontram-se em importantes acervos, como o Museum of Modern Art, Jerusalém (Israel), Museo de Arte Americano, Maldonado (Uruguai), Foro de Arte Contemporânea (México), Pinacoteca do Estado (São Paulo), MAM-SP, MAC/USP, MNBA-RJ, Casa de Cultura Murilo Mendes (Juiz de Fora, MG), Museu de Arte da Pampulha (Belo Horizonte, Coleção Gilberto Chateaubrinad, entre outros.

Pedro Maciel é autor do romance Como deixei de ser Deus (Editora Topbooks, 2009). Segundo o filósofo e poeta Antonio Cícero, “de certo modo, é o tempo o verdadeiro tema desse livro, que pode ser considerado uma espécie de Bildungsroman, isto é, de romance de educação ou formação. Pode-se dizer que é justamente a intensa capacidade de instigar a sensibilidade, o pensamento e a imaginação que constitui um dos maiores encantos de Como deixei de ser Deus”. Já o escritor Moacyr Scliar diz que, “Como deixei de ser Deus foi para mim uma gratíssima surpresa, pela originalidade, pela profundidade e pela transcendência do texto”. Pedro Maciel, segundo o poeta e tradutor Ivo Barroso, "nos faz acreditar que a literatura brasileira possa ainda apresentar alguma coisa de novo que, curiosamente, remonta à própria arte de escrever: o estilo. O seu primeiro romance A Hora dos Náufragos (Bertrand Brasil, 2006) perturba pela força da linguagem. O que há de mais próximo desse livro seriam os famosos fusées de Baudelaire".