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quinta-feira, 31 de maio de 2012

RIO MAIS VINTE

ATENÇÃO BRASIL!

Concordo em parte com este texto do Noilton Nunes, só acho que este EMPATE deveria se estender as outras redes de televisão (SBT – RECORD – BANDEIRANTE).
EMPATE A TEVE GLOBO
Noilton Nunes

DANDO CONTINUIDADE AOS PLANOS PARA O ATO PÚBLICO, AGORA PERGUNTEMOS AOS JORNALISTAS, FUNCIONÁRIOS E DIRETORES DA TV GLOBO: DE QUEM É A TELA QUENTE?

QUEM CONSEGUIR GRAVAR RESPOSTAS, PRINCIPALMENTE DOS JORNALISTAS, POR FAVOR NOS ENVIE PARA EDITARMOS UM PAINEL DO QUE ELES PENSAM.
FALTAM 3 DOMINGOS PARA A REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE DEVIDAMENTE REGISTRADA NA CÚPULA DOS POVOS.

EMPATE TV GLOBO JÁ! DOMINGO - 17 de JUNHO de 2012
MEIO DIA EM FRENTE A SEDE DA EMPRESA
RUA LOPES QUINTAS - HORTO - RIO DE JANEIRO.

A DATA NÃO PODERIA SER MELHOR ESCOLHIDA:
17 DE JUNHO É O DIA DA IMPRENSA
O DIA DE PROTEÇÃO DAS FLORESTAS
E O DIA DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO APOSENTADO. VIVA!

A TV Globo exibe cerca de 1000 filmes made in USA todo ano.
Nos ultimos 40 anos enfiou pelos nossos olhos, ouvidos, garganta, cérebro, coração...
mais de 40 mil audiovisuais ianques, vendendo os produtos e o way of life, deles.

O Movimento NOVOS EMPATES nasceu em Porto Alegre durante o Forum Preparatório para a Rio+20, em janeio ultimo. É inspirado nas ações desenvolvidas por Chico Mendes e seus amigos seringueiros
que impediram o desmatamento total do Acre.

Durante a Cúpula dos Povos serão realizados 3 EMPATES.

EMPATE BELO MONTE JÁ! que pretende se unir aos outros movimentos já desencadeados,
para mostrar ao mundo que o Brasil ainda está adotando uma política ultrapassada em relação
aos seus recursos naturais.

EMPATE FÁBRICAS DE ARMAS JÁ! que acontecerá em torno das fábricas de armas principalmente
nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, mostrando ao mundo que as armas brasileiras
estão matando cada vez mais pessoas, em diversas partes do planeta.

EMPATE TV GLOBO JÁ! acusa a emissora de praticar CRIME DE LESA CULTURA, todos os dias,
invadindo nosso espaço aéreo audiovisual, com a exibição de 4 ou 5 filmes made in USA diariamente,
em detrimento de uma saudável diversidade cultural.
A maioria destes produtos apresentados são subsidiados pela indústria bélica.
São vendedores de guerras, com seus merchandising de armas, publicidade do terror e propaganda da violência.

O MOVIMENTO EMPATE É PACIFISTA E TEM COMO FINALIDADE PRIMEIRA CHAMAR A ATENÇÃO PARA CADA UMA DESTAS QUESTÕES, PARA CHEGAR DIRETAMENTE AOS OUVIDOS DOS DIRETORES DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS E SEUS FUNCIONÁRIOS, BUSCANDO RESPOSTAS DELES SOBRE O QUE PENSAM À RESPEITO.
NO CASO DA TV GLOBO, O MOVIMENTO JÁ COMEÇOU E PRETENDE TER RESPOSTAS PÚBLICAS PRIMEIRAMENTE DOS SEUS JORNALISTAS.
O ATO FINAL SERÁ DURANTE A CÚPULA DOS POVOS, COM UM ABRAÇO FRATERNO AOS SEUS FUNCIONÁRIOS, NA SEDE DA EMPRESA NA RUA LOPES QUINTAS, NO JARDIM BOTÂNICO, CONVIDANDO-SE SATED, STIC, ABD&C, ABRACI, APACI, CNC, CBC, MST, FORUM DE CINEASTAS, OPRIMIDOS, TÁ NAS RUAS, OFICINAS E CARNAVALESCOS, PARA JUNTOS CANTARMOS EM DIVERSAS LÍNGUAS:

A TELA QUENTE É NOSSA!
A SESSÃO DA TARDE É NOSSA!
O SUPER CINE É NOSSO!
O SÁBADO ESPETACULAR É NOSSO!
O DOMINGO MAIOR É NOSSO!
MUDA GLOBO!
QUEREMOS PAZ NAS NOSSAS TELAS!
OS ARTISTAS E TÉCNICOS DO BRASIL, DA AMÉRICA

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Roteiro de cinema completo



UM ROTEIRO DE INVENÇÃO EM CAPITULOS
Quero fazer novamente cinema e ninguém pode me impedir.                                                              

CAPÍTULO I
Posso colocar um único personagem lendo um texto interminável, com horas de projeção, dentro de um único quadro em um único plano sequência, feito com dois celulares fixos em angulação opostas, de tal maneira que em um ele está de frente e no outro de perfil. Posso colocá-los em um suporte preso ao pescoço, na mesma angulação anterior a observá-lo e um terceiro celular preso em outro suporte escondido no seu chapéu, virado com sua lente para frente a observar os outros lhe observando, com curiosidade, pelo caminho seguido. Posso também colocar um quarto celular nas suas costas observando quem está lhe seguindo. É importante que esta traquitana que ele carrega não seja registrada pelas lentes dos 4 celulares. Ai está o mistério e a poesia do cinema de invenção. Assim, em uma rua movimentada da cidade, o nosso personagem sai para um passeio envolvido por essas quatro câmeras com 2 gigas de memória cada,  andando lentamente por um caminho pré-determinado anteriormente e só pára esse passeio quando as memórias dos celulares forem totalmente preenchidas.

AÇÃO:
No começo ele não sabe quem ele é, está perdido em um mundo estranho onde todos olham insistentemente para ele. Ele anda olhando distraído para os prédios, de um lado e do outro na rua e para as pessoas que passam por ele, como se tudo ali fosse uma grande novidade. Um mendigo sai de uma esquina e passa a segui-lo por trás.

Mendigo, falando alto, nas suas costas: - Aonde você pensa que vai?... Esse aqui não é o seu mundo... Porque você voltou?... (O mendigo desaparece da visão do celular)

Surge na sua frente à figura de uma menina toda vestida de branco. A menina pára o seu caminhar e lhe diz: - Onde você estava? Estou te procurando faz tanto tempo...

Nosso personagem: - Não sei... Não sei onde estou e nem quem é você. O que aconteceu? Que pessoas são essas? (A menina desaparece da visão do celular)

CAPÍTULO II

Nosso personagem continua o seu passeio pela cidade.

Ele pergunta para as pessoas que passam: - Estou com medo! Onde ficou a lógica? Onde eu perdi o meu caráter?

Retornando a cena, agora aparecendo saltitante em sua frente, o mendigo: - O caráter do homem é o seu demônio, repete três vezes e desaparece.

A menina vestida de branco reaparece caminhando atrás do personagem: - E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse:  -Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de retornar, e tudo na mesma ordem e sequencia - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!

O mendigo salta novamente em sua frente: - Pode acordar, abre o olho, rapaz. Ninguém é tão santa, nem tão demônio quanto aparenta.

Personagem: - O demônio tomou conta da minha vida com esse perfume enjoativo!

A mulher aparece caminhando em sua frente:
- Que demônio benévolo é esse que te deixou assim envolto em mistério, em silêncio, em paz e perfumes?

Personagem: - Que paz vive-se  neste inferno?

O mendigo: - Aqueles que repudiaram o seu demônio importunam-nos com os seus anjos.

A Mulher: - Quando pensamos, estamos com os Anjos... Os Anjos são serem inteligentes e manifestam-se nos homens através de pensamentos e ideias. Eles jamais nos abandonam. Não se alimentam e não se refazem através do sono e se quer sofrem a ação do tempo...

O Nosso Personagem tira do bolso um revólver e mata o mendigo e a mulher e logo em seguida é preso por dois policiais...

CAPÍTULO III

A Sequência final é livre com os policiais rodeando o Nosso Personagem.

O Nosso Personagem: - Vocês estão me prendendo?

Polícia 1: - O cidadão mata um homem e uma mulher e ainda faz essa pergunta...

Personagem: - Estou salvando a humanidade dos demônios que nos perseguem...

Polícia 2:  - Não dá trela a esse terrorista, deve ser mais um desses fanáticos que se dizem emissários de deus...

Personagem: - O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos.

Polícia 2: -  O fanatismo se torna uma Arte poderosa quando corretamente aplicada, sendo admirada por muitos, mas realizada por poucos. Essa arte faz da nossa organização militar o melhor exemplo de padrão de conduta, disciplina, honra e ética.

Personagem: - Não há limites para tal arte e para tal conduta...

Policial1: - Sem limite não há cidadania. Sem polícia não há limites.

Personagem: - A faca brilha a caveira sorri, eu não tenho medo de ti, a pele do bandido pus no mastro da bandeira, por isso sou chamado de FACA NA CAVEIRA.

Policial1: - Além de fanático deve ser drogado, vamos logo para a delegacia.

Personagem: - Nunca tive problemas com droga. Só com a polícia...

Policial 2: - Do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo. Todos os crentes parecem escandalosos e indiscretos: sempre procurei evitá-los!

Personagem: - Na escuridão da selva urbana, sois os guardiões da tranquilidade, e eu estou pronto para o combate, pois o inimigo nos observa atentamente, esperando o primeiro descuido. Nesta vida não levaremos nada, nem gloria, nem fama, apenas solidão… isso não importa, o importante é que não iremos sozinhos, o inimigo deve ser neutralizado, caso contrario se torna uma praga... Quero salvar o próximo, sem ter medo de perder a mim mesmo...

Polícia 1: - Esse sujeito é louco, nunca teve pai, mãe e muito menos educação, é como dizia meu pai: - Que não apanha dos pais, apanha da polícia. Não vamos perder mais tempo com esse assassino..

Personagem: - Quem mata o tempo não é um assassino: é um suicida. Não sou louco, embora eu creia que quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir um destino. Todos nós nascemos loucos. Alguns permanecem. Mas a pior das loucuras é, sem dúvida, pretender ser sensato num mundo de doidos.


CITAÇÕES (dos textos usados) EM TODO O ROTEIRO

terça-feira, 29 de maio de 2012


Pela primeira vez no Brasil, a obra de um gênio maldito das artes

Por Paulo Laender*

A Casa Fiat de Cultura apresenta a partir desta terça-feira a maior exposição do pintor italiano Caravaggio já realizada na América do Sul, com seis óleos do artista e 14 pinturas dos chamados Caravaggescos, artistas seguidores do gênio. Por meio da técnica do chiaroscuro, em que o emprego de luzes e sombras gera impressionante dramaticidade às cenas retratadas, Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610) revolucionou a arte de seu tempo. Apesar da incontestável herança do gênio italiano para a estética ocidental, jamais houve, na América do Sul, exposição de grande magnitude com as obras do pintor. Em 2012, tal lacuna há de se tornar fato do passado.
 

Evento que integra a programação do Momento Itália-Brasil 2011-2012, “Caravaggio e seus seguidores” reúne obras da Itália, Malta e Inglaterra. Além de pertencentes a coleções particulares, as pinturas provêm de três dos mais prestigiados museus estatais italianos: Galleria Borghese (Roma), Palazzo Barberini (Roma) e Galleria degli Uffizi (Florença).Destaque   Medusa Murtola e Ritratto di Cardinale, que saem da Itália pela primeira vez. De Minas Gerais, a exposição segue, no mês de julho, para o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP).

A idealização da mostra é de Rossella Vodret, uma das principais especialistas em Caravaggio na Itália e chefe da Superintendência Especial para o Patrimônio Histórico, Artístico e Etnoantropológico e para o Pólo Museológico da Cidade de Roma. Na Itália, a curadoria tem participação de Giorgio Leone e, no Brasil, de Fabio Magalhães. Além das obras de  Caravaggio, a exposição apresenta pinturas de Artemisia Gentileschi (1593-1653), Bartolomeo Cavarozzi (1587-1625), Giovanni Baglione (1566-1643), Giovanni Battista Caracciolo (1578-1635), Hendrick van Somer (1615-1684/85), Jusepe di Ribera (1591-1652), Leonello Spada (1576-1622), Mattia Preti (1613-1699), Orazio Borgianni (1574-1616), Orazio Gentileschi (1563-1639), Orazio Riminaldi (1593-1630), Simon Vouet (1590-1649), Tommaso Salini (1575-1625) e Valentin de Boulogne (1591-1632). Trata-se de seguidores do mestre, da segunda metade do séc. XVI e início do séc. XVII.

O mundo visto pela morte

Michelangelo Merisi da Caravaggio, nascido a 28 de setembro de 1573, no burgo de Caravaggio, próximo a Milão, tornou-se, em sua breve e atormentada vida, um dos artistas mais importantes, controversos e enigmáticos da pintura pós-renascentista italiana.

Sua obra, realizada ao final do renascimento, rompe com os princípios daí herdados e revela uma nova e admirável maestria de fundamentos, cores, luzes e dramaticidade na concepção de um realismo humano inédito que contribuiria, decisivamente, para o surgimento da pintura barroca.

Além disso, sua obra viria a influenciar mestres do porte de Velasquez, Zurbaran, na Espanha, Georges de La Tour, na França e atingiria, até mesmo, Rembrandt e sua escola nos países baixos.

Com uma vida marcada pela genialidade, a tragédia e a criminalidade, numa época em que a subserviência dos artistas à sociedade dominante e ao poder do estado/igreja era a única possibilidade de sobrevivência, Caravaggio transformou-se num símbolo da rebeldia e da transgressão face a esta ordem.

Com a riqueza, a audácia de proposições inéditas e um enfoque revolucionário sua obra transformou o universo da pintura vigente, arrancando-a do preciosismo em que já se instalara ao final do renascimento, para uma nova visão que desembocaria no inicio do barroco e das outras escolas que daí evoluíram.

Ao final do século XVI cânones quase absolutos gerados, desenvolvidos e sedimentados durante o apogeu do renascimento, regiam as normas técnicas e conceitos da pintura, como a perspectiva geométrica, a luminosidade exterior, a pureza dos temas, dos personagens e seus modelos.

Esse é o momento do surgimento de Caravaggio que, com sua atuação revolucionária vai buscar, no lado sombrio do seu espírito atormentado, a energia e o fundamento que gerariam a nova concepção e transformariam a pintura para sempre.

Escolhendo modelos entre seus pares, gente da rua, marginais e prostitutas para temas sacros sob encomendas da Igreja. Utilizando um ambiente de estúdio, com paredes e teto pintados de negro e permitindo a luz apenas como um raio controlado e incidente sobre o motivo, Caravaggio monta o suporte sombrio e vai fundo no seu interior dramatizando a composição, jogando com os corpos e criando obras de uma intensidade narrativa e de um realismo inédito até então.

Ignora os fundos de paisagem, o exterior, a natureza, a luz universal, a onipresença do criador e outra qualquer manifestação onírica ( elementos) cânones da herança renascentista que ainda sustentavam a composição pictórica.

Adota o trabalho no ateliê escuro e traz, para o interior, para dentro de si mesmo a formulação de um outro universo, no qual o realismo dos corpos enfocados numa proximidade inquietante, quase palpável, gera o novo estranhamento.

Utiliza a técnica de retratar seus modelos refletidos no espelho evocando transcendência na busca por uma situação, um momento além da realidade usual. Recorta mais do que molda os corpos com a tênue incidência de sua luz dosada em favor de uma linguagem representativa, na qual a perspectiva clássica, velha soberana, já não é mais a regente absoluta na construção da composição.

Seus personagens, observados e anotados pelo reflexo do espelho, possuem uma incomoda e dúbia postura invertida e adquirem uma cristalização próxima a da morte.

Como bem define Giulio Carlo Argan:

“O realismo de Caravaggio nada mais é que uma visão do mundo segundo o pensamento da morte”.

Ao não mostrar a paisagem ao infinito, a exaltação da luz e a grandeza do universo sagrado, nem os feitos do homem, suas arquiteturas e conquistas mas, ao contrário, pintando para dentro, aprisionando num cenário restrito e escuro, constituído apenas pelo mobiliário e complementos imediatamente próximos, a sustentar minimamente seus modelos, sua composição, Caravaggio elege o homem, a emoção humana confinada a este invólucro de pouca luz que seu espírito lhe imprime, contendo-a na sua densidade máxima não lhe permitindo qualquer evasão do perímetro da tela.

Deste inconformismo com o ideal da arte, universalmente aceito até então, e o furor de alcançar o real além de todo método ou esquema herdado, Caravaggio elege os fatores principais que lhe moldam o caráter.

Sua carreira, iniciada de forma fulgurante em Roma e que, precocemente o leva ao topo entre os grandes pintores de sua época, desemboca, na sua maioridade, na realização de grandes obras e na sucessão de transtornos e tragédias gerados pelos excessos de sua vida atribulada, sua marginalidade, seu péssimo humor e seu temperamento belicoso que, frequentemente o envolvem em disputas e duelos lhe infringindo sérios ferimentos, prisões e temporadas de internação hospitalar seguidas de períodos de convalescença.
 

Suas agressões culminaram com um assassinato transformando-o num condenado. Foge de Roma para o sul em direção a Nápoles, então território espanhol. Em busca de redenção para seu crime, vai para a ilha de Malta, onde consegue ser admitido como membro da Santa Ordem dos Cavaleiros Hospitalares de São João. Realiza uma série de pinturas importantes mas uma grave desavença com um oficial de justiça o leva ao cárcere e o faz perder seu título de cavaleiro.
 

Após uma fuga espetacular chega à Sicília e depois Nápoles onde, seus novos inimigos o alcançam infringindo-lhe um espancamento quase mortal. Mais uma vez ele se recupera, volta ao trabalho e inicia, através de cardeais, seus protetores em Roma, uma negociação junto ao Papa por um perdão pelo seu crime. Finalmente, ao divisar a possibilidade deste perdão, reune seus bens e as obras que preparara para presentear seus protetores e toma um barco em direção a Roma.

Numa escala em Port’Ercole, a oeste de Roma, é detido por engano e, após gastar suas economias na compra de sua liberdade percebe que o barco em que viajava já havia zarpado do porto com suas obras e pertences.

Em terra e sem nenhum dinheiro Caravaggio, numa tentativa desesperada, tenta alcançar o barco seguindo à pé, pela praia infestada de malária quando, acometido de febre e esgotamento morre abandonado e de forma indigente.Era o ano de 1610 e Caravaggio tinha 37 anos.

Anoto rapidamente, como passagem, alguns fatos relevantes da vida deste gênio, sem a pretensão de registrar qualquer perfil biográfico, apenas para estabelecer um parâmetro de compreensão do complexo, atribulado e breve percurso da sua existência no intuito de lançar sobre estas linhas uma reflexão a respeito do comportamento do artista.

Por várias vezes, na história da arte, encontramos este confronto ente o artista e a sociedade chegando, como no caso de Caravaggio, a extremos que culminaram na sua própria morte.

Alguns mais, outros menos, vários artistas de relevo tem infrigido normas e estabelecido comportamentos questionáveis, se autodestruindo e tornando-se estigmatizados para sempre.

Voltando ao começo destas linhas, onde localizamos a época e o poder do estado/igreja, determinante na contratação do trabalho artístico e ditador do comportamento dos seus “súditos”, encontramos o cenário para uma leitura amplificada do ser Caravaggio.

Um artista deste porte sempre será um homem cuja visão irá muito além do limite de sua época extrapolando a couraça que a sociedade, habitualmente conservadora, tentará lhe impor.

Podemos desfilar aqui dezenas, centenas até, de nomes e seres sacrificados na fogueira da repressão em sua luta por evolução. O caso de Caravaggio, apesar de mais complexo, foi agravado por seu difícil temperamento, o seu espírito sombrio e sua natureza belicosa, marginal, autodestrutiva. Fatores que, inevitavelmente, o levaram a se chocar com o estabelecido e possivelmente favoreceram o seu final trágico.

Esse ”roman-noir” que, com frequência, encontramos na história das artes, nem sempre tão acentuado como o de Caravaggio, mas terrível e existente, é uma sombra que permanece e aflige os artistas.

Por mais socialmente avançados, abertos e vanguardistas que acreditamos ser na atualidade, ainda registramos desastres desse tipo, basta rever a história recente de pintores, músicos, atores etc. que se perderam nesta trama.

A mostra de Caravaggio e seus Seguidores que a Casa Fiat de Cultura nos apresenta é, sem dúvida, um evento marcante que nos possibilita um contato inédito, em Belo Horizonte, com a grandeza da obra deste artista e, ao mesmo tempo, capaz de nos lembrar dos limites do ser humano perante a genialidade.

domingo, 27 de maio de 2012

CINEMA



UM ROTEIRO DE INVENÇÃO EM CAPÍTULOS
Quero fazer novamente cinema e ninguém pode me impedir.                                                              
II PARTE

Nosso personagem continua o seu passeio pela cidade.
Ele pergunta para as pessoas que passam: - Estou com medo! Onde ficou a lógica? Onde eu perdi o meu caráter?

Retornando a cena, agora aparecendo saltitante em sua frente, o mendigo: - O caráter do homem é o seu demônio, repete três vezes e desaparece.

A menina vestida de branco reaparece caminhando atrás do personagem: - E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse:  - Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de retornar, e tudo na mesma ordem e sequencia - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!

O mendigo salta novamente em sua frente: - Pode acordar, abre o olho, rapaz. Ninguém é tão santa, nem tão demônio quanto aparenta.

Personagem: - O demônio tomou conta da minha vida com esse perfume enjoativo!

A mulher aparece caminhando em sua frente:
- Que demônio benévolo é esse que te deixou assim envolto em mistério, em silêncio, em paz e perfumes?

Personagem: - Que paz vive-se  neste inferno?

O mendigo: - Aqueles que repudiaram o seu demônio importunam-nos com os seus anjos.

A Mulher: - Quando pensamos, estamos com os Anjos... Os Anjos são serem inteligentes e manifestam-se nos homens através de pensamentos e ideias. Eles jamais nos abandonam. Não se alimentam e não se refazem através do sono e se quer sofrem a ação do tempo...

O Nosso Personagem tira do bolso um revólver e mata o mendigo e a mulher e logo em seguida é preso por dois policiais...

Segue amanhã o próximo capítulo...

sábado, 26 de maio de 2012

EM MEMÓRIA



No dia 17 de março último, o Rio de Janeiro perdeu,
prematuramente aos 40 anos de idade, um de seus 
filhos mais queridos: o poeta Ericson Pires.

Nascido na Rua Gomes Freire, no coração da Lapa, em 1971, Ericson Siqueira Pires era um corpo em constante movimento pela cidade. Poeta, performer, ator, músico, produtor e agitador cultural, além de mestre e doutor em Literatura pela PUC-RJ, Ericson foi um dos fundadores do CEP 20.000, ao lado de Guilherme Zarvos e Ricardo Chacal, criador do coletivo musical HAPAX, um combo auto-denominado "grupo de afro-industrial", do coletivo RRRadical e participante de uma série de outros. Militante ativo nas artes, na política e no cotidiano urbano da cidade, lançou como poeta os livros "Cinema de garganta" (Azougue, 2002) e "Pele tecido" (7 Letras, 2010).

No primeiro, a inquietação e o lirismo potente do autor saltava de poemas que mesclavam prosa narrativa e versos de teor fabular. Ele também flertava com as artes plásticas em poemas iconográficos que dialogavam com ilustrações, num fluxo livre que apontava uma das marcas do pensamento e da ação de Ericson, o compromisso com "a instantaneidade do instante do instante", também evidenciado em "Pele tecido", amostra poética de toda volatilidade, urgência, risco e beleza de um corpo colocado inteiro e ativo a serviço de uma experimentação da vida.

"O homem dança. O homem descobre a poesia para aconchegar a fúria. O homem é também política", escreveu Guilherme Zarvos.
Faixa-preta e ex-professor de jiu-jitsu, Pires fazia da arte ação, luta, resistência e estratégia de combate. Fruto de suas andanças pela urbe nasceu também o livro "Cidade ocupada" (Aeroplano, 2007), um manifesto em defesa da arte urbana como forma de resistência, um escrito que partia de suas aventuras e vivências em coletivos artísticos. O autor defendia uma ocupação da cidade com expressões coletivas, de múltiplas vertentes, que pudessem diluir as barreiras entre a arte dos centros e da periferia.

Filiado à academia, Ericson deixou trabalhos importantes como o livro "Zé Celso Oficina-Uzyna de corpos" (Editora Annablume, 2004), desdobramento de sua dissertação de mestrado entregue ao departamento de Letras da PUC-RJ. Foi também pesquisador do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da UFRJ e professor adjunto do Instituto de Arte da UERJ.

Agora, alguns de seus muitos amigos se reúnem no 

Circo Voador para prestar esta merecida homenagem:

a partir das 19h


Shows:

* Rodrigo Amarante (Los Hermanos)
* Marcelo Yuka
* AVA
* Segura Nega

* Com Participações de :
* Otto
* Jorge Mautner
* Hapax

Dj's: Saddam e Nepal
Performance: De Millus & Du Loren

A partir das 19h roda de poesia com:

* Pedro Rocha, Pedro Lago, João Velho, Chacal, Guilherme Levi, Omar Salomão, Guilherme Zarvos, Kyvia Rodrigues, Laurent Gabriel, Cep 20.000, Corujão da Poesia, Vitor Paiva, Coletivo Organismo

Exposição/Intervenção:

* Rafael Inacio, Piti Fraga, Raphaela Suckoi, André Dahmer, Guga Ferraz

Ingressos: R$60 (inteira) R$30 (meia)

A RENDA SERÁ REVERTIDA PARA A FAMÍLIA DO ERICSON, PARA AJUDAR A PAGAR AS DESPESAS HOSPITALARES

Os 50 primeiros pagantes ganham um livro do poeta Ericson Pires.

CINEMA

UM ROTEIRO DE INVENÇÃO EM CAPITULOS
Quero fazer novamente cinema e ninguém pode me impedir.

CAPÍTULO I

Posso colocar um único personagem lendo um texto interminável, com horas de projeção, dentro de um único quadro, em um único plano sequência, feito com dois celulares fixos em angulação opostas, de tal maneira que em um ele está de frente e no outro de perfil. Posso colocá-los em um suporte preso ao pescoço, na mesma angulação anterior a observá-lo e um terceiro celular preso em outro suporte escondido no seu chapéu, virado com sua lente para frente a observar os outros lhe observando, com curiosidade, pelo caminho seguido. Posso também colocar um quarto celular nas suas costas observando quem está lhe seguindo. É importante que esta traquitana que ele carrega não seja registrada pelas lentes dos 4 celulares. Ai está o mistério e a poesia do cinema de invenção. Assim, em uma rua movimentada da cidade, o nosso personagem sai para um passeio envolvido por essas quatro câmeras com 2 gigas de memória cada, andando lentamente por um caminho pré-determinado anteriormente e só pára esse passeio quando as memórias dos celulares forem totalmente preenchidas.

AÇÃO:

No começo ele não sabe quem ele é, está perdido em um mundo estranho onde todos olham insistentemente para ele. Ele anda olhando distraído para os prédios, de um lado e do outro na rua e para as pessoas que passam por ele, como se tudo ali fosse uma grande novidade. Um mendigo sai de uma esquina e passa a segui-lo por trás.

Mendigo, falando alto, nas suas costas: - Aonde você pensa que vai?... Esse aqui não é o seu mundo... Porque você voltou?... (O mendigo desaparece da visão do celular)

Surge na sua frente à figura de uma menina toda vestida de branco. A menina pára o seu caminhar e lhe diz: - Onde você estava? Estou te procurando faz tanto tempo...

Nosso personagem: - Não sei... Não sei onde estou e nem quem é você. O que aconteceu? Que pessoas são essas? (A menina desaparece da visão do celular)

.......... (segue amanhã)

sexta-feira, 25 de maio de 2012

POESIA

UMA DATA A SER LEMBRADA E DOIS POETAS DE PESO PARA NÃO SEREM ESQUECIDOS 


HOJE, 25 DE MAIO, O ENIGMÁTICO CINEMATÓGRAFO JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE (1932) ESTARIA COMPLETANDO 80 ANOS.

SAIBA MORRER O QUE VIVER NÃO SOUBE


Meu ser evaporei na lida insana

do tropel de paixões que me arrastava.

Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava

em mim quase imortal a essência humana.

De que inúmeros sóis a mente ufana

existência falaz me não dourava!

Mas eis sucumbe Natureza escrava

ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus e meus tiranos!

Esta alma, que sedenta e si não coube,

no abismo vos sumiu dos desenganos.

Deus, ó Deus!… Quando a morte à luz me roube

ganhe um momento o que perderam anos

saiba morrer o que viver não soube.

Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805)


Sorriso Cerrado

Do Guimarães fez-se rosa
Enveredada, sorriso teu.
Teu sorriso fez-se corte,
Espinhaço orgulho meu.

Corre sangue peito aflora
Forte escuro feito breu
Entrelaçado ao buriti
No sertão que se perdeu.

José Vieira

quinta-feira, 24 de maio de 2012

HARUO OHARA & FÁBIO CARVALHO


A ILUSÃO VIAJA DE ÔNIBUS ELÉTRICO

Fábio Carvalho

Ninguém domina a arte da procrastinação como eu. Antecipando a chuva fina que trouxe o frio gelado, a MÔNICA de óculos escuros subia em frente ao posto PIAZA no final daquela manhã. Que fazer com o pequeno engarrafamento que ali na hora se engarrafava. Prometia a seqüência do dia. Esta rima fácil me lembrou sorria a flor. Como soam essas palavras. Por hora chega. Está bom assim como era. Começa uma nova era. Sem chance de dominar. Acontecimentos acontecem, vamos lá. Já tinha avisado, vamos demorar apenas mais um pouquinho. É pouca a demora, mas é boa. Só queremos a boa. O plural me persegue. Como uma música faz isto com você? Exatamente a pergunta. Beira do mar. Que falta faz. Agora sim chegamos lá. Na boa e ainda gostoso. No balanço dos anos 70, devo ter começado a existir neste período. Tenho que reconhecer a puberdade. Quando voltei da Côte d’Azur no verão de 2012, tentando organizar meu computador, encontrei um texto que o JOSÉ AMÉRICO RIBEIRO escreveu há alguns anos, sobre meu filme FIO CONDUTOR, realizado em Cataguases. Era um poema. Desde então, toda manhã na infalível agenda mental estava marcado: ligar para o ZÉ AMÉRICO. Falhou. Não consegui cumprir esta agenda até o final de abril devido a minha inescapável madorna que nunca me deixou escapar. A triste conclusão é que nunca mais ligarei para ele. Aí, sob o comando do ROSEMBERG, depois da pergunta do SÉRGIO VILAÇA no cemitério, escrevi o pequeno roteiro NOVA AURORA. Vou filmar. É a desculpa e a redenção pelo telefonema que não dei para mim mesmo. Ralentava-se o avanço do tempo nas montanhas. Ao mesmo tempo passava muito rápido. Natural. O efeito SCHUMANN. Novamente após um hiato sem revisitá-los, só os filmes do DOM LUÍS continham minha hiperatividade. Nada mais importava. Uma verdadeira crise entomológica. Vamos exercitar a língua. O mínimo para com a honestidade. Ela fez muito bem a mim. O músculo da imaginação. Cumprida mais esta temporada de explorações internas, finalmente o Galo jogou bem e foi campeão, o Fluminense também. Milagres acontecem. Dizia o velho SARRA. Vivemos em mais um sonho. Quando tocava eu tocava assim. Isto é apenas uma foto na tela full-screen. Só uma configuração. Sul bordo del mare. Não dá para reconhecer tudo na hora que se apresenta. Embora seja obrigação, já no adiantado da hora. Vamos em frente. Te procurei para ver comigo o sol se pôr no Leblon. Se dividir dá samba. Fui no planeta Vênus em outro sonho. Ai de mim. Saíram do armário na mesma semana dois filmes feitos já há bastante tempo. A ISABEL deu o corte final. Uma semana longamente expressiva na ligeira expansão daquele curto período. Transbordou. Tudo se deu na cabeça e na outra realidade ao redor. MINAS o misterioso filme feito há 15 anos, formado de rostos músicas futebol e amor, também surgiu hoje em mim, abrindo os cofres e as portas das catedrais. Muito estranho. É domingo, de novo se inicia mais um ciclo.
Tenho sido atacado por cada palavra extraordinária, invariavelmente deixada de lado, caída em desuso pelo descaso com a linguagem. O problema é que às vezes depois deste ataque fico horas pensando nela, a palavra exata, e quando tenho a oportunidade de escrever a esqueço. Mesmo com o sentido mantido, a frase perde muito sem aquela figura perfeita e esquecida. Temos que nos encontrar. Brilha a luz procurando o movimento da curva poesia que por ali passa ou vai passar. Bela e fugidia. Temos que manter a arapuca armada. Nem sempre é possível. Chega de desculpas. A ficção se revelou documentário. Um documentário Straubiano. Bela frase. Não é minha é claro. Um filme que respira liberdade. O ROSEMBERG inventou mais esta. Por você não há o que eu não faça. Você mesma.

Meu amigo Pedro Maciel, um escritor de sucesso, uma pessoa sensível e antenado com as novidades da boa arte, me mandou este filme que ainda não pude assistir, aqui no mato não tenho banda larga, mas acredito que pode ser alguma coisa de interessante em se tratando de Haruo Ohara, que, em verdade, não sei quem é... Talvez algum fotógrafo japonês extraordinário de delicada arte, digno representante de uma cultura milenar, esteio de um povo que meu amigo tanto admira e eu também e que viveu em terras brasileiras do Paraná por 90 anos...


Creio que vale a pena conhecer...

HARUO OHARA (2010) HD/35MM, 16 MIN (Procure no Youtube)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

CRÔNICA


O Caranguejo do Cachoeira


É no mínimo bizarra a situação ridícula desta comissão parlamentar de inquérito onde o réu se nega a responder quaisquer perguntas feitas pelos seus inquisidores.

Se os parlamentares já sabiam que o depoente estava preparado pelos advogados a nada responder, porque insistiram em convocá-lo a depor?

É como diria o meu avô – Debaixo deste angu tem carne...

Dentre todos os vícios do sistema capitalista, o poder financeiro, conquistado historicamente pelas formas mais cruéis e manipulado por homens dotados de uma ganância incontrolável, é a meta e o costume mais comum entre todos afortunados pelas circunstâncias, larápios de todos os níveis, de todos os tempos, que sistematicamente vampirizaram o estado.

Até para furtar é preciso ter arte, diria o Padre Vieira há séculos passados - para furtar o reino é preciso agradar o rei – eis o primeiro conhecimento da lei e da arte do meritório usurpador. - Não há punição para quem é amigo do rei! Exclama o inocente político pelo telefone ao governador... – Não me comprometa! Você não sabe que as conversas estão sendo gravadas?

A corda acaba roendo pelo lado mais fraco.

Nesse sistema democrático capitalista de distribuição das altas verbas públicas as grandes empresas, se perdem nos corredores do poder, não se tem como fiscalizar a ação dos lobistas e de outros apaziguados do poder, perde-se o controle, engana-se a lei, a voracidade é o fator dominante deste clube de afortunados, a para confundir na ignorância dos destinos da bendita verba, o extra que fica, o lucro, se dispersa em segundos, é como colocar açúcar na porta do formigueiro.

Todos querem o seu naco neste grande butim e no fim forma-se um grande saco de caranguejos, onde um está agarrado no outro e no outro, etc., passando a não interessar a ninguém do sistema político-empresarial abrir esse saco e mostrar os caranguejos dependurados ao deleite da opinião pública como foi a última CPI do mensalão.

Eu não acredito na isenção do sistema e não vejo solução para os casos estúpidos de corruptos e corruptores que nunca deixarão de existir enquanto a ganância e o culto aos valores do mercado, dos juros sobre juros, a posse do ser e do não ser no poder, o acúmulo fácil do dinheiro ilícito, a disputa entre a vaidade e a soberba, dominar os interesses mesquinhos do homem contemporâneo.

terça-feira, 22 de maio de 2012

EXERCÍCIO DE MEMÓRIA


ANUÁRIO DO DESCOBRIMENTO I


Estive pensando naqueles iluminados que partiram e que, de uma maneira ou outra, contribuíram para a minha formação intelectual e artística. Comecei a escrever os seus nomes em um papel. A lista ficou grande e assim resolvi, com algumas exceções, eliminar, de todos que eu lembrava, os autores estrangeiros.
Pesquisei na web as datas e não consegui achar algumas delas completas, só o ano do nascimento. Outras, eu não encontrei referência com os nomes. Gastei três horas para completar a lista. Depois de matar a minha curiosidade, entre o primeiro pensamento e a lembrança de todos no tempo em que convivi com eles, me perguntei angustiado: a quem, além de mim, essas lembranças poderiam interessar?
Para não ter um tempo perdido, resolvi lembrá-los também aqui no blog, na data dos seus aniversários, mas depois das referências completas, fruto da minha rápida pesquisa, de quantos anos teriam eles hoje, pensei que talvez fosse importante publicar todo anuário para que alguém como eu possa se interessar e sofrer desta mesma loucura que é querer descobrir os mistérios que regem os astros dos outros nos seus curtos espaços de tempo.

2012
Neste ano, Nunes Pereira (1892) estaria completando 110 anos. Edgar Brasil (1902) estaria completando 110 anos. Maurício Gomes Leite (1936) estaria completando 76 anos. Sergio Bernardes Filho (1944) estaria completando 68 anos. Jairo Ferreira (1945) estaria completando 67 anos.

JANEIRO
Hoje, 11 de janeiro, Oswald de Andrade (1890) estaria completando 122 anos.
Hoje, 13 de janeiro, Guaracy Rodrigues (1943) estaria completando 69 anos.
Hoje, 20 de janeiro, Euclides da Cunha (1866) estaria completando 146 anos
Hoje, 23 de janeiro, Serguei Eisenstein (1898) estaria completando 114 anos.

FEVEREIRO
Hoje, 1 de fevereiro, Camargo Guarnieri (1907) estaria completando 105 anos.
Hoje, 6 de fevereiro, Padre Antonio Vieira (1608) estaria completando 406 anos.
Hoje, 8 de fevereiro, James Joyce (1882) estaria completando 120 anos.

MARÇO
Hoje, 5 de março, Villa-Lobos (1887) estaria completando 125 anos.
Hoje, 25 de março, Mário Peixoto (1908) estaria completando 104 anos.
Hoje,14 de março, Castro Alves (1847) estaria completando 165 anos.
Hoje, 14 de março, Glauber Rocha (1939) estaria completando 73 anos.

ABRIL
Hoje, 3 de abril, Luiz Eça (1936) estaria completando 76 anos.
Hoje, 14 de abril, Aluisio de Azevedo (1857) estaria completando 145 anos.
Hoje, 15 de abril, Fernando Cony Campos (1933) estaria completando 79 anos.
Hoje, 15 de abril, Roberto Santos (1928) estaria completando 84 anos.
Hoje, 19 de abril, Manoel Bandeira (1886) estaria completando 126 anos.
Hoje, 20 de abril, Augusto dos Anjos (1884) estaria completando 128 anos.
Hoje, 23 de abril, Geraldo Pereira (1918) estaria completando 94 anos.
Hoje, 30 de abril, Humberto Mauro (1897) estaria completando 115 anos.

MAIO
Hoje, 6 de maio, Orson Welles (1915) estaria completando 97 anos.
Hoje. 13 de maio, Murilo Mendes (1901) estaria completando 111 anos.
Hoje, 19 de maio, Mário de Sá-Carneiro (1890) estaria completando 122 anos.
Hoje, 25 de maio, Joaquim Pedro de Andrade (1932) estaria completando 80 anos.

JUNHO
Hoje, 5 de junho, Pedro Nava (1903) estaria completando 109 anos.
Hoje, 13 de junho, Fernando Pessoa (1888) estaria completando 124 anos.
Hoje, 14 de junho, Peter W. Lund (1801) estaria completando 211 anos.
Hoje, 21 de junho, Machado de Assis (1839) estaria completando 173 anos.
Hoje, 27 de junho, Guimarães Rosa (1908) estaria completando 104 anos.

Hoje, 30 de junho, meu pai, Zé (Sette) de Barros (1918) estaria completando 94 anos.
JULHO

AGOSTO
Hoje,12 de agosto, Arlindo Daibert (1952) estaria completando 60 anos.
Hoje, 24 agosto, Jorge Luis Borges (1899) estaria completando 113 anos.

SETEMBRO
Hoje, 1 de setembro, Blaise Cendrars (1887) estaria completando 125 anos.
Hoje, 26 de setembro, Rogério Sganzerla (1946) estaria completando 66 anos.

OUTUBRO
Hoje, 13 de outubro, Carlos Drumond de Andrade (1902) estaria completando 110 anos.
NOVEMBRO
Hoje, 5 de novembro, P.C.Saraceni (1933) estaria completando 79 anos.
DEZEMBRO
Hoje, 10 de dezembro, Wilson Grey (1923) estaria completando 89 anos.
Hoje, 11 de dezembro, Noel Rosa (1910) estaria completando 102 anos.

domingo, 20 de maio de 2012

Uma Reflexão

Da Cobiça e da Soberba


A Atenção dos Políticos do Governo, do Ministério da Cultura, da Ancine, dos Cineastas, dos Jornalistas, dos Intelectuais, dos Produtores do cinema brasileiros: Todos vocês, há muito tempo, sabem disso que vou relatar e nada fizeram para mudar essa triste realidade?

As redes nacionais de televisão abertas fogem do cinema nacional assim como o diabo foge da cruz. A TV SBT nunca exibiu um filme brasileiro em sua programação. As porcentagens de filmes brasileiros em comparação com os estrangeiros são na TV Record de 1,9% , na TV Band de 2,9% e na TV Globo de 7,2% (em sua maioria com filmes de produções próprias ou em regime de co-produção, usando para isso os seus populares atores). Isso sufoca qualquer pretensão de popularizar o cinema comercial de exibição. O cinema de arte, nem se fala, está morto há anos.

Quando um artista independente pensa em fazer um movimento qualquer de contestação a todos esses absurdos, logo esbarra nos grandes interesses corporativos de alguns oportunistas atentos a todas as verbas disponíveis a cultura e para ele não sobra nada.

Aqueles que por não podem perder suas boquinhas afortunadas, nunca saem do lugar confortável onde se encontram, nem para dar ao morto o direito à ressurreição e nem para pedir perdão aos artistas verdadeiros pelos seus pecados de cobiça e de soberba.
SEGUE LINK DO PRIMEIRO ENCONTRO PÚBLICO DE COMUNICAÇÃO DA CÚPULA DOS POVOS.
http://www.youtube.com/watch?v=rmWRbEWvc0o&feature=youtu.be

SEGUE LINK DO ENCONTRO DA CULTURA DA CÚPULA DOS POVOS, REALIZADO NO DIA 11 NO TEATRO DO OPRIMIDO
http://www.youtube.com/watch?v=l0VizwIWb5c

sábado, 19 de maio de 2012

NOTÍCIAS

POLÍTICA DA PROVÍNCIA
Recebi hoje para almoçar, em um bom restaurante da cidade, o meu amigo deputado Roberto Henriques, prestigiado político da cidade de Campos e a sua querida esposa, Jô Garavine, nascida na minha Ponte Nova. Foi uma tarde agradável onde tratamos da direção do audiovisual da campanha a Prefeitura da sua cidade, além de recordamos os bons momentos vividos nas terras do rio Piranga, fincado nas montanhas de Minas, quando o meu pai foi dali prefeito e ele Secretário de Ação Social. Roberto tem em suas veias a força ideológica dos obstinados. A consciência forjada no seu passado e no seu saber político, o credenciam a disputar a próxima eleição municipal e eu estou com ele pelo seu conhecimento das necessárias transformações sociais e das fundamentais reformas urbanas que sua cidade tanto necessita.

COMEMORAÇÃO CENTENÁRIA
Hoje, 19 de maio, o genial poeta português Mário de Sá-Carneiro (1890), que influenciou o grande Fernando Pessoa, estaria completando 122 anos.

Quase

Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho – ó dor! – quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim – quase a expansão...
Mas na minha alma tudo se derrama...
Estranho nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser-quase, dor sem fim... -
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se enlaçou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol – vejo-as cerradas;
E mãos de heróis, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol – e fora brasa,
Um pouco mais de azul – e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Mário de Sá-Carneiro, Paris, 13 de maio de 1913

sexta-feira, 18 de maio de 2012

POESIA


Foi bom reencontrá-lo!
Ler novamente o poema deste grande mago fantástico de outrora, passado todos esses períodos de tempo vivido, me diz muito mais hoje que podia me dizer na juventude. Posso então, agora amadurecido, sentir o saber de tão radiante figura através dos seus olhos, o sabor dos sons através de suas palavras e pensar na lucidez do entendimento e do conhecimento de tão magnífico encontro...

ELOGIO DA SOMBRA
Jorge Luis Borges

A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão)
pode ser o tempo de nossa felicidade.
O animal morreu ou quase morreu.
Restam o homem e sua alma.
Vivo entre formas luminosas e vagas
que não são ainda a escuridão.
Buenos Aires,
que antes se espalhava em subúrbios
em direção à planície incessante,
voltou a ser La Recoleta, o Retiro,
as imprecisas ruas do Once
e as precárias casas velhas
que ainda chamamos o Sul.
Sempre em minha vida foram demasiadas as coisas;
Demócrito de Abdera arrancou os próprios olhos para pensar;
o tempo foi meu Demócrito.
Esta penumbra é lenta e não dói;
flui por um manso declive
e se parece à eternidade.
Meus amigos não têm rosto,
as mulheres são aquilo que foram há tantos anos,
as esquinas podem ser outras,
não há letras nas páginas dos livros.
Tudo isso deveria atemorizar-me,
mas é um deleite, um retorno.
Das gerações dos textos que há na terra
só terei lido uns poucos,
os que continuo lendo na memória,
lendo e transformando.
Do Sul, do Leste, do Oeste, do Norte
convergem os caminhos que me trouxeram
a meu secreto centro.
Esses caminhos foram ecos e passos,
mulheres, homens, agonias, ressurreições,
dias e noites,
entressonhos e sonhos,
cada ínfimo instante do ontem
e dos ontens do mundo,
a firme espada do dinamarquês e a lua do persa,
os atos dos mortos,
o compartilhado amor, as palavras,
Emerson e a neve e tantas coisas.
Agora posso esquecê-las. Chego a meu centro,
a minha álgebra e minha chave,
a meu espelho.
Breve saberei quem sou.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

EMEIOS NOTICIOSOS

Durante o Fórum de Porto Alegre realizado em janeiro ultimo, preparatório para a Rio+20, foi proposto um movimento com o título de EMPATE, inspirado nas ações que Chico Mendes e seus amigos seringueiros desencadearam no Acre impedindo a devastação total das florestas. Durante a Cúpula dos Povos, em junho próximo, serão realizados 3 grandes EMPATES, todos pacíficos com o objetivo maior de chamar a atenção para as seguintes questões: EMPATE BELO MONTE JÁ! EMPATE FÁBRICAS DE ARMAS JÁ! e EMPATE TV GLOBO JÁ! A TELA QUENTE É NOSSA! mostrando ao mundo os crimes de LESA CULTURA cometidos pela maior TV brasileira, colonizada e colonizante, contabilizando-se os prejuízos que a prática de exibir 3, 4 ou até 5 filmes made in USA por dia, causaram ao povo durante os 40 e tantos anos de sua existência, em detrimento de uma saudável e necessária diversidade cultural. Tal política sufoca os cineastas do Brasil, que não conseguem impedir sozinhos a invasão dos espaços aéreos audiovisuais do seu próprio país e cega o povo para o conhecimento maior de outras cinematografias do nosso continente e do mundo. Os EMPATES terão dias e horas marcados para acontecer, devendo ser bem anunciados e explicados para os participantes da Rio+20, pois a intenção é de que produzam uma forte corrente de conscientização, que chegue imediatamente aos principais formadores de opinião, fora e dentro da Globo. Podemos EMPATAR também a Ancine?

Segue mais uma contribuição ao debate sobre comunicação no Brasil: A Batalha da Ancinav. Doc gravado durante importante assembleia da Abraci, Jornada Internacional de Cinema da Bahia e numa gostosa feijoada da ABD&C em Santa Tereza, Rio de Janeiro - 2005. Bom proveito.
Noilton
Parte 1
Parte 2
Parte 3

A TAL-Televisão América Latina está promovendo o concurso Caixa de Curtas, que premiará curtas-metragens latino-americanos. Os vencedores receberão prêmio em dinheiro e serão licenciados para exibição nos canais de TV que compõem a rede TAL.
Realizadores de curtas-metragens podem inscrever quantas obras desejar, a participação é livre e tudo é feito online. Os curtas serão divididos em 3 categorias: ficção, documentário e animação. Regulamento e inscrições em
http://www.tal.tv/

O Ministério da Cultura e ANCINE anunciam investimento de R$ 205 milhões em produção e distribuição de filmes e séries de televisão São os primeiros investimentos no ano de 2012 do Fundo Setorial do Audiovisual, o principal mecanismo de fomento ao audiovisual no Brasil

quarta-feira, 16 de maio de 2012

INSÓLITOS MOMENTOS

IN MUNDO
Afora amar, ser amado, namorar, comer e beber, quatro coisas minhas me dão prazer: descobrir-me, transformar-me, sonhar-te e saber ser quem sou.
Sei que sou um ser político contestador. Tenho horror do sistema que me rodeia, ele é cruel, eu sou doce, ele é mercenário e castrador, eu sou poeta e livre. Sei que são palavras ácidas e velhas, como é revolução, indignação, rebeldia, criação - são coisas de artistas velhos, saudosistas, desacreditados no mundo cultural que hoje estamos vivendo.
Não falo isso para os velhos rebeldes de minha geração, não! Falo aos jovens artistas que hoje vivem presos, conformados entre a burguesia autofágica das famílias dos gangsteres e os falsos deleites de uma aristocracia decadentes de proprietários. Saibam que só se libertarão, agregados a poderosa burocracia estatal do sistema predador que lhes rodeiam e que lhes alimentam, corrompendo-os.
Pobres criaturas, presas fáceis do capital financeiro, desta matilha de vorazes famintos comandada pelo feitor social que provém a todos o mínimo necessário a suas medíocres existências comportadas e previsíveis e, meus queridos amigos, ai daqueles idiotas que se rebelar contra os juros impostos pelo sistema, eles são considerados pestilentos a polis e geralmente morrem na miséria e no esquecimento.

UM POEMA DO VELHO CAMÕES
Saudade

“Que dias há
que nalma me têm posto
um não sei quê
que nasce não sei onde
vem não sei como
e dói não sei por quê.”

UM POEMINHA SACANA.

“Qual é o bicho que mata home?
- O bicho que mata home
véve debaixo da saia,
tem crista igual à do galo,
esporão que nem arraia,
e uma lasca no meio
onde o pau veio trabaia!”

terça-feira, 15 de maio de 2012

DUAS NOTAS DE HUMOR


NÃO VI, MAS ACHEI SUPER INTERESSANTE


Mineiros não deixem de assistir o ator Kimura Schetino (ator de diversos filmes e um texto de teatro com a minha direção) fazendo uma leitura dramática do conto de Franz Kafka "Um relatório para uma academia" com trilha sonora composta e executada ao vivo pelo pianista Henrique Cabral. Na peça, um macaco elegantemente vestido relata seu processo de humanização a membros de uma academia de ciências.


Pobres crianças...
Na escola consumista do mundo capitalista onde o que fala mais alto é sua crueldade social
A Professora pergunta:
- Joãozinho, o que você quer ser quando crescer?
- Eu quero ser bilionário. Quero ir na boate mais cara, pegar a puta mais cara, dá um carro de 500 mil pra ela e depois viajar com ela para Paris...
- E você, Mariazinha?
- Eu quero ser a puta.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

DESCOBERTAS INUSITADAS


UM AUTOR POUCO CONHECIDO
Maurice Blanchot (1907 – 2003) dizia que a morte não é a experiência patética de uma última possibilidade humana, mas que pode ser o sussurrar interminável da existência, aquilo que uma obra faz murmurar. Tomar a experiência psicanalítica, a literatura ou o cinema como “força subversiva” pode ser tomá-los também como este murmúrio- " uma obra que faz murmurar”.Conceber uma “narrativa” implica constituir destinos possíveis para esta força pulsional mortífera, inscrevendo a pulsão no registro da simbolização. Não conheço nada mais bonito do que a possibilidade de se contar e recontar- a reinvenção da escrita ou do sonho cinematográfico. Um mundo sem arte é um mundo definitivamente morto e sem nenhum sussurro de vida.

Maurice Blanchot foi romancista e crítico de literatura. Entre 1931 e 1944, exerceu o jornalismo no Journal de Bébats, em Combat, em L'Insurgé e em Écoutes. Maurice Blanchot sempre tentou, com mais ou menos razão, aparecer o menos possível.
Entre suas obras de ficção estão: Thomas L'obscur; Aminadab; Le Très-haut; L'Arrêt de Mort, Au moment voulu etc..Seus principais livros de ensaios são: A parte do fogo, O espaço Literário, O livro por vir, A conversa Infinita, A escrita do desastre, A comunidade inconfessável, Foucault como eu o imagino etc..