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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tipos elétricos

Alguns Livros Sobre Cinema Para Download

Faltam na lista ainda os melhores, mas vamos esperar...

- 50 Anos de Luz, Câmera e Ação - Edgar Moura

- A Experiência Do Cinema - Ismail Xavier


- Cinema 1 - A Imagem-movimento - Gilles Deleuze


- O Ato De Criação - Gilles Deleuze


- Da Criação Ao Roteiro - Doc Comparato


- O Cinema e a Produção - Chris Rodrigues


- Como Contar Um Conto - Gabriel Garcia Marques


- Como Formatar O Seu Roteiro - Hugo Moss


- A Dificuldade do Documentário - João Moreira Salles


- Semiótica e Filosofia da Linguagem - Umberto Eco


- O Cinema Brasileiro Moderno - Ismail Xavier


- Dicionário de Filmes Brasileiros - Antônio Leão Da Silva Neto


- Ontologia da Imagem Fotográfica - Andre Bazin


- A Imagem Inteligente - Neurocinema ou Cinema Quântico - Peter Weibe


- Historia Do Cinema Mundial - Fernando Mascarello


- A Imagem - Jacques Aumont


- The Human Figure In Motion (1907) - Eadweard Muybridge


- A Linguagem Cinematográfica - Marcel Martin


- Cinema: Trajetória No Subdesenvolvimento - Paulo Emílio Sales Gomes


- A Poética Do Cinema - Raúl Ruiz


- O Que é Cinema - Jean Claude Bernadet


- Dicionário Teórico E Crítico De Cinema - Jacques Aumont e Michel Marie


- Practica del Guion Cinematografico - Carriere JC


- Vida e Morte do Autor no Cinema - Fernando Furtado


- A Arte do Ator - Jean Roubine


- As Principais Teorias do Cinema - J. D. Andrew


- Brasil em Tempo de Cinema - Jean-Claude Bernardet


- O Cinema é Uma Outra História - Cinema e as Aulas de História - Roberto Abdala


- Esculpir O Tempo - Andrei Tarkovsky


- Construção Do Personagem - Renata Pallottini


- O Cinema: Ensaios - André Bazin


- Roteiro para Cinema e Televisão - Flávio Campos

Veja informações e preços deste livro.Link para Download

- O mais exaustivo levantamento já feito do investimento público em cultura pelo BRASIL, estado por estado.
https://docs.google.com/fileviewid=0B7blGfF63QDXNGQwZjkxZWEtZTJlNC00MjcyLTgzYjctZWZjMWJmM2NkOGY5&hl=pt_BR

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

FATO & FOTOS


“Quarenta minutos antes do nada...”

O Filme do Oscar Maron, “Mario Filho, O Criador de Multidões”, foi apresentado no cine Odeon, durante o Festival do Rio, com grande sucesso de público e de crítica (matéria de página inteira no jornal o Globo), o que muito me alegrou, pois sei das dificuldades na sua produção.
Oscar Maron, além de ser um amigo querido, abriu o seu projeto para meu filho, o músico Emiliano Sette, fazer a sua trilha sonora, que por sinal foi muito elogiada pela “multidão” que prestigiou a sua pré-estréia. Infelizmente não pude comparecer a está festa repleta de amigos saudosos, mas a minha irmã Ana Sette, fotografou e me remeteu o material que publico aqui.

Este é o segundo filme do Oscar,
o primeiro foi sobre Carlos Manga,
que participei como fotógrafo de algumas cenas.

Posso dizer que a sensibilidade e o conhecimento dele no trato do tema futebol é único, e é original.
Trabalhando com poucos recursos, ele tira leite de pedra, diria o professor Gilberto Vasconcelos, criando um novo tipo de documentário esportivo, dramatizando cenas históricas, mesmo durante as entrevistas, quando não estabelece a relação direta, frias, entre a câmera e o retratado, comum no universo cinematográfico, mas sim registrando ao contrário, regado pela emoção do olhar poético e pela intuição do experimental, ele tem visões poéticas, que é a sua escola, ele recria Mario Filho em um painel repleto de memória nacional, tanto pelas imagens belíssimas de um Rio antigo, pelos textos escolhidos, pelos depoimentos tomados, quanto pela competente edição construída com material de arquivo da Atlântida Cinematográfica, auxiliado pelo seu intrépido editor Toni Bizarro,
Oscar nos presenteia com seu requinte plástico e seu olhar voltado para o oriente, com o mais importante documento cinematográfico sobre um gênio da raça, já quase esquecido, que criou e presenteou o Brasil com o seu maior estádio, o Maracanã e o retratou com seus textos repletos de humor e poesia.
Mario Filho, escritor, jornalista, que lutou e compreendeu, como nenhum outro em sua época, a importância do futebol inglês como manifestação da cultura popular brasileira. É como disse prevendo, justificando, muitos anos antes o futuro filme a ser feito, Oscar Maron, no pré-fácil do livro FLA-FLU, com textos de Mario Filho e Nelson Rodrigues, que ele organizou: “... o futebol o nosso maior espetáculo dramático.” Eis ai o mote do filme a ser visto.
Parabéns Oscar! Você merece ter o Oscar do documentário e muitos outros prêmios, como uma boa e nova produção para fazer outros bons filmes documentários como esse que tive a honra de ter dado alguma contribuição.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Notícia de Minas


Imperdível!!!
Grandes filmes de uma época em que se fazia com garra o cinema brasileiro feito em Minas Gerais;

PROGRAMAÇÃO

Mostra de Filmes do Arquivo Público Mineiro

Datas – 30 de setembro e 14 de outubro de 2010

Horários: 30/09 – quinta–feira: 12 hs
14/10 – quinta-feira : 19 hs

Local – Sala Multimeios do Arquivo Público Mineiro –
Av. João Pinheiro, 372 Centro – Belo Horizonte

Programa -

1) Vídeo Institucional – Arquivo Público Mineiro


2 ) Título : Dona Olímpia de Ouro Preto – direção – Luiz Alberto Sartori
Imagem: Cor
Duração: 00:14:16
Descrição: Documentário sobre Dona Olímpia Cota, personalidade popular de Ouro Preto.
Ano de produção: 1971

3) Título: – Giramundo - Direção -José Tavares de Barros
Imagem: Cor
DURAÇÃO: 00:11:50
Descrição: Documentário sobre as atividades do grupo de teatro de bonecos Giramundo, destacando a criação dos bonecos, com enfoque no espetáculo Cobra Norato.
Ano de produção: 1979

4) Título: Nada Além – Direção – Sergio Lara
Imagem: Cor
Duração: 00:05:50
Descrição: O filme trata do pesadelo de um homem às voltas com livros de cinema. Possui trechos do filme “Dama do Lotação” de Nelson Rodrigues.
Ano de produção: 1980

5) Título: Um Sorriso Por Favor – Direção – José de Barros
Imagem: P&B
Duração: 00:20:50
Descrição: Filme inspirado na vida e obra do gravador brasileiro Oswaldo Goeldi.
Ano de produção: 1981


6) Título: Polícia: O Crime dos Irmãos Piriás – Direção - Luiz Alberto Sartori
Imagem: P&B
Duração: 00:14:35
Descrição: Documentário de ficção sobre dois irmãos perseguidos pela polícia, mostrando cenas de perseguição, fugas e emboscadas, além de trechos de notícias de jornais da época.
Ano de produção: 1981

7) Título: Sinais da Pedra – Direção - Paulo Augusto Gomes
Imagem: Cor
Duração: 00:10:15
Descrição: Documentário filmado em Ouro Preto que discute a necessidade de se preservar monumentos, construções, obras de arte, bem como a história de Minas Gerais. Além de solenidades de reconhecimento da cidade como Patrimônio Histórico Mundial, pela Unesco, e entrega dos Autos Crimes contra os Eclesiásticos da Conspiração de Minas.
Ano de produção: 1980


INFORMAÇÕES: 3269-1167 / 3269-1156 / 3269-1158
http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

texto

"Contundente reflexão sobre o Brasil do cineasta Sérgio Santeiro sobre a mudança do paradigma cinematográfico proposto pelo CBC."

Abrir os portos
É só o que dizem os governistas: o negócio, após oito longos anos em que nem pensaram nisso, é mudar o paradigma. Só se for mudá-lo para a dilgma. Abrir os portos. Nunca. Jamais. Já estão escancarados portos, braços e pernas há mais de 500 anos. Desde o tal "descobrimento de 1500", quando as nossas extensíssimas costas inteiramente abertas e visitadas por visitantes, digamos, nem melhores nem piores que os portugueses que se abateram a dominar brutalmente a terra e seus habitantes nativos. Crime contra a humanidade.Começam aí as aberturas de portos: no massacre dos que aqui estavam e no dos que arrastaram pra cá nos navios negreiros. Tirei boa nota no vestibular na prova de história por ser a questão a famosa abertura dos portos em 1808 ... para os ingleses que gentilmente comboiaram a segunda invasão portuguesa aqui espertamente transplantados os monarcas para escapar das tropas napoleônicas às portas de Lisboa. Deram aos ingleses a opção preferencial no comércio com as nações amigas, mui amigas, descontando-lhes os impostos.A Colônia, como nos chamavam eles, nada podia produzir, nem as roupas, os têxteis, de nosso esplendoroso algodão, só a chita que passou a adornar as vestes das baianas. Tudo tinha que ir e vir de fora para o gáudio dos bucaneiros bretões. E assim é. É a devastação da mera pilhagem, do saque ao ambiente e da chacina dos trabalhadores apesar de muito mais numerosos, no entanto, como reza a triste história, atirados aos jogos e arreglos do poder ficam impossibilitados de assumir seu destino igual ao de todos nós humanos, a vida.E aqui, hoje, continuamos com a supressão das necessidades de sobrevivência interna para ter que ouvir de novo, mais uma vez, que o poder que virá, se e quando vier, vai determinar a abertura dos portos audiovisuais, mercado em que pessoalmente atuo e acompanho. Não sei se também será assim no resto. Não só os americanos, o paradigma é que sejamos pilhados por todos os de todas as nacionalidades.Mui democrático ... para os estrangeiros. Internamente até hoje todos os governos esforçam-se em garantir o monopólio audiovisual norte-americano. E o que é que vai mudar no para a dilgma? Continuaremos os nativos contidos, amarrados, vendo o nosso espaço de trabalho, nosso mercado, sucessivamente assaltado por tudo que nos é estrangeiro.Nada contra, não fossem eles os que nos tiram o leite das crianças. Até seria a favor se fosse isonômico, tantos nossos lá quantos deles cá. A estética não é uma questão de beleza, ainda se fosse para nós somos mais belos, é uma questão de fome. A estética é a da fome.Muitos aplaudirão mais uma maldita abertura dos portos, devem estar levando algum, como a platéia brasileira índia aplaude nos filmes quando a cavalaria americana massacra os índios de lá na terra deles, na terra de nossos irmãos índios, a eles como a nós roubada.Nada de abertura dos portos, ao contrário, pela apertura, devia-se fechar todos eles, nossos braços, nossas pernas, como na gafieira, o que está fora não entra e o que está dentro não sai. Fechar para balanço, digamos, para repartir o pão. Uma vez resolvida a vida de nossos 200 milhões de conterrâneos, os velhos de guerra, então veremos o que fazer com os alienígenas.Abrir portos é apertar ainda mais nosso cinto. Sinto. Se querem mudar o paradigma melhor seria mudá-lo para o digno.

Sergio Santeiro (em A Tribuna, Niterói, RJ, a 22/09/2010).

domingo, 26 de setembro de 2010

Poesia

José Sette e Maria Gladys "Um Filme 100% Brazileiro" 1985
ATO DA CRIAÇÃO
(Para se en-cantar)
Quantum belo - Quão és cantando
Canta passarinho - Contos do amanhã
Eu vou cantar - Outros cantos
Em outros cantos - Inusitados cantam
Canto de um rio - Quantas mentiras
Cantos da mata - Canta aos poucos
Onde canta o sabiá - Todos os tontos
Quanto chorinho - Julgam cantar
Canta você - Canta passarinho canta
Canto da gente - Tudo que falta contar
Cantos da casa - Canta o atrevido
Contos de fada - Canta o bandido
Quanta terra - Canta e afina
Contra o mar - O velho guerreiro
Contra a natureza - Canta o violeiro
Quantos contos - Canta o aprendiz
Canta o poeta - Canta a menina
Quanta tristeza - Canta a meretriz
Canta a juriti - Cante comigo
Canta o canarinho - Essa canção
Canta o galo garnisé - Canta a viola
Canta quem pode cantar - Canta a vitrola
Canta quem sabe o que é - Canta quem conta
Canta o fado - O que sabe cantar
Quanta riqueza - Conta passarinho conta
Canta as minas - O que é preciso contar.
Enquanto a luz canta - Canta o sol
O fim do dia - Canta a lua
O amanhecer - Canta você
A noite escura - Na minha rua
Canta o mar - Cantando o seu pranto
Cresce a maré - Ao amanhecer
Espalma a pedra - Ao anoitecer
Sofre quem quer - Canta passarinho canta
Pois quem canta - Em cada canto
Seus males espantam - Quanta tristeza
Canta o branco - Traz o seu canto
Canta o índio - Canta a sereia
Canta o negro - No mar azul
Cantam todos os pássaros - Canta o barqueiro
De terras mil - De norte a sul
Canta o povo - Canta o baião
Com voz febril - No coração
Todo esse enredo - Canta o violão
Toda beleza - O samba canção
Da natureza - O que ainda falta cantar
Do meu Brasil - Canta o perdão
Quanta saudade - Cantando ou não
Conto contigo - O cruzeiro de luz
Canta passarinho canta - Dessa arte milenar
Canta amigo - Não estamos sozinhos
A estrela a brilhar - Nesses velhos caminhos
O céu estelar - Só nos resta esperar
A alma que encanta - O novo que já vai chegar
O universo infinito - Canta passarinho canta

sábado, 25 de setembro de 2010

CONTO

Grua durante a filmagem de "Um Filme 100% Brazileiro" 1985

Ardil

Ser ou não ser, eis a questão. Matar ou Morrer... Por que não se matar? Pensou o médico e escritor mineiro que se matou. O que anda acontecendo com as melhores cabeças da minha geração?

Outro dia falei com um grande ator e amigo e ele, em Minas, de frente à praça e de costas para a igreja, confessava, chorando e rindo ao mesmo tempo, o seu amor perdido e o seu sentimento infinito de fracasso.

Um grande ator desempregado, um ator popular maldito pela ignorância de muitos, interpretava no telefone público um dos seus personagens prediletos.

Macbeth, era dos trágicos o que ele mais havia decorado os textos.

Ele tinha naquele momento perdido a sua mulher, depois de uma briga por não ter conseguido o papel do jardineiro assassino em um filme de grande produção que começava a ser rodado ali, na praça, na sua frente, em sua cidade.

Ouço o seu lamento e fico imaginando o quanto seria bom para o nosso país, para o nosso povo, se os artistas independentes pudessem dispor de pequenas quantias e espaços pequenos para produzir e expor os seus grandes projetos.

- Preferiram aquele canastrão da novela!

Disse-me ele já encenando na rua, com o telefone na mão como se fosse um punhal, interpretando um dos personagens de Shakespeare que ele mais ensaiava nos seus diálogos com o espelho:

- “Se tivesse eu morrido uma hora antes deste acontecimento, teria tido uma vida um pouco mais feliz!... Mas a partir deste instante, nada há mais que seja sério no destino humano: tudo é brinquedo; a glória e a graça morreram; o vinho da vida foi derramado e no fundo da adega só sobraram às fezes! Quem pode ser sábio e idiota, moderado e furioso, leal e indiferente? Ninguém! O ímpeto do meu violento amor deixou para trás a lenta razão. Ali estão os meus assassinos, empapados nas cores da própria profissão, com as adagas monstruosamente embainhadas no sangue da traição...”.

Ele tinha por habito ensaiar trechos retirados aleatoriamente de algum dos famosos personagens do dramaturgo inglês, todos os dias, em frente ao grande espelho que havia no seu quarto. Ele sempre iniciava a encenação com uma adaptação daquela famosa e popular frase de Napoleão: “Destes versos, do inesquecível bardo, mais de 400 anos vos contemplam”.

- A última vez que representei este poema estava andando pela rua quando cheguei à porta do cemitério, dizia-me ele ao telefone: Entrei pelos corredores frios de cruzes e anjos, pedindo aos mortos uma luz, um caminho, que pudesse me livrar dessa terrível miséria, mas nada ouvi, nada me foi dito ou mostrado... Então largou o telefone no ar...

Ele ainda não havia almoçado e com a fome não podia ainda pensar em presentear ao seu distinto público com o seu melhor espetáculo, com sua tragédia preferida, com sua melhor representação, o seu maior sofrimento:

- Depois do almoço volto aqui e acabo com toda essa farsa...

Pensava ele: ... Se tivesse a oportunidade de sobreviver continuando o meu trabalho de ator, se me fosse dado, e a todos iguais a mim, uma chance de valorizar a imagem do povo brasileiro, em vez de trabalhar 10 horas por dia cortando a grama em uma rede de supermercado para sobreviver, estaria agora trabalhando nesse filme...

Ele comeu a refeição oferecida pelo amigo no restaurante da praça e de sobremesa tomou um copo de cachaça; depois apalpou o punhal que estava no bolso e saiu enlouquecido em direção ao set de filmagem disposto a tudo...

Esse ator de gênio forte, pensava em se matar, mas não tinha coragem. Estava tudo saindo errado na vida, os projetos não davam certos, as produções estagnaram-se e a solidão, morando com a mãe, era terrível. Nada mais valia à pena nem o sacrifício do artista.

Então ele invadiu a cena que estava sendo registrada por uma grande equipe de profissionais, agarrou a jovem atriz, todos ficaram espantados, ele era conhecido e todos clamavam para que soltasse a menina que ele mantinha imóvel com o punhal espetando na pele branca do pescoço... A câmera continuava a rodar a cena. Um homem sai do meio das pessoas que o rodeavam e dispara sua arma na cabeça do ator que cai no chão. A menina atriz ensangüentada é retirada de cena. A câmera se aproxima do corpo no chão. Algumas pessoas chegam perto do ator e chutam o seu rosto...

Alguma coisa mudaria após a exibição desse filme? Seria essa outra história em outro país?

Por muito menos, pensei eu: o poeta Mário de Sá-Carneiro tomou veneno num hotel de Paris.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Política

Reformando As Utopias II

Trecho da entrevista que o Presidente Lula fez para o site da Terra quando ele fala dos partidos e da reforma política.
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4693205-EI7896,00-Lula+nov

Terra - O Brasil mudou e eu faço a seguinte pergunta, quer dizer, a política brasileira mudou? O senhor antigamente falava muito em reforma política, que era uma das bandeiras e hoje a gente vê os partidos enfraquecidos. Como o senhor avalia hoje a política, a necessidade da reforma política e um adendo: em uma viagem ao Pará, nas vésperas da eleição passada, em um vôo o senhor disse na entrevista que uma das suas primeiras medidas que o senhor tentaria seria a reforma política. Por quê não saiu? Por que é tão difícil de fazer?


Lula: - Porque a reforma política não é uma coisa do presidente da República. A reforma política é uma coisa dos partidos políticos. E do jeito que os partidos se comportam parece que a gente tem um monte de partidos , todos criticando, sabe, a legislação que regulamenta a política no Brasil. Todo mundo quer uma reforma política, mas ninguém mexe. Porque desagrada a muita gente. Então, veja, eu mandei duas propostas de reforma, de coisas que precisariam mudar para poder melhorar a política brasileira e que não foi votado. Nós mandamos, por exemplo, a regulamentação do financiamento de campanha, para acabar com o financiamento privado e ficar com financiamento público, que na minha opinião é a forma mais honesta de se fazer campanha neste País, a fidelidade partidária... porque o que é o ideal? É você ter partido forte para você negociar com partido. Isso faz parte da democracia. Quando você faz coalizão com partido político você estabelece regras nesta coalizão, você partilha um poder com essa coalizão. Agora, do jeito que está é quase que impossível, porque a direção dos partidos não representa mais ospartidos. O líder da bancada não representa mais a bancada, ou seja se criou grupos de deputados, grupos por região, grupos...ou seja, e está muito difícil para eles próprios...então, o que eu acho? Quando eu deixar a presidência, eu quero, primeiro dentro do PT, convencer o PT da necessidadede fazer uma reforma política, convencer os partidos da base aliada do governo da necessidade de se fazer uma reforma política neste País pra que agente não fique com legenda de aluguel, como nós temos agora.



Terra - Na semana passada, o Lembo disse até naquela entrevista, primeiro que a oposição vai estar em frangalhos nas urnas e ele é do DEM, e que na verdade não vão existir praticamente partidos, só o movimento social e queseria liderado pelo senhor. O senhor concorda?


Lula: - Eu não concordo porque eu não sou líder do movimento social, eu sou um dirigente partidário. O movimento social tem suas lideranças próprias. Agora, eu acho que...eu não concordo com o Lembo que não tenha partido político, o PT é um grande partido político. Nas pesquisas da opinião pública, o PT aparece com 30% de preferência em qualquer pesquisa que se faça. Demonstração de que isso é um partido, sabe, como poucas vezes no mundo você teve um partido assim, você teve um PRI, um partido comunista mexicano que era extremamente forte e aí sim era populismo, você tinha um partido comunista italiano que tinha 30% dos votos e que era um baita de um partido na Itália, embora nunca tenha chegado no poder, você tinha a social democracia que revezava o poder em uma parte da Europa, os socialistas franceses que revezavam. E você tem no Brasil o PT que é um partido organizado nacionalmente e muito forte. Agora, eu acho que as reformas, elas se darão por dentro dos partidos políticos, dentro do Congresso Nacional. E ela se dará porque nós não precisamos ter uma legenda que aluga na época da eleição, que tem horário de televisão...



Terra - Tiririca é um símbolo disso?


Lula: - Veja, eu acho...eu não sou contra...



Terra - Como representação, não é demonizando...


Lula: - Ele tem um partido, ele pode ser filiado no partido como qualquer outra pessoa. Deixa eu lhe falar... o Tiririca é um cidadão que representa uma parcela da sociedade brasileira.



Terra - Mas um voto de protesto...


Lula: - Eu não sei se é voto de protesto, ele pode surpreender, sabe...eu acho legal o Romário estar entrando na política, acho legal o Bebeto estar entrando na política, o Marcelinho...porque, veja, a política antigamente o que era? Antigamente a política era advogado, professor, funcionário público e empresário. Ora, se você tem jogador de futebol, você tem movimento indígena, você tem...todo mundo tem que se apresentar e o Congresso estará melhor representado . Se eles trabalharem corretamente, serão valorizados. Se as pessoas não trabalharem corretamente, no próximo mandato cairão fora como já provou a história da humanidade e aqui neste País. Então, eu estou tranquilo com relação à necessidade da reforma política, ou seja, a cada dia uma pessoa só cria um partido político. Agora, na época da eleição você precisa normatizar quem é que participa do que, porque quando nós fomos criados em 80 nós tínhamos que legalizar o partido em 15 Estados e dentro de cada Estado em 20% dos municípios. Era um trabalho imenso e ter 3% de voto, sabe, para governo em 82. Não foi fácil chegar e nós fizemos. Então é preciso criar parâmetros para as pessoas organizarem. Você não pode, ou seja, você não tem um partido político, daqui a pouco os deputados são eleitos por um partido tal, antes de tomar posse, já mudaram de partido. Ou seja, você fez uma negociação com o partido que tinha 20 deputados, daqui apouco esse partido tem 10 e a negociação está feita. Como é que fica?



Terra - Presidente, que PT é esse que neste momento da política brasileira sairá das urnas? E, segunda pergunta, onde o PT, que teve momentos de altos e baixos acentuados durante o seu mandato, onde acertou e onde errou?


Lula - Primeiro, o PT tem pouca ingerência no governo, sabe. Quando você ganha um governo, você governa, e na minha o partido tem até liberdade de em vários momentos não concordar com o governo e até fazer oposição ao governo, criticar o governo, sabe? Nós perdemos muita gente que foi do PT porque não concordou com a reforma da previdência do setor público que nós começamos a fazer em 2003. Isso faz parte também da história política do mundo inteiro.Foi assim no partido socialista francês, no alemão, no sueco, no partido democrata americano, acontece em todos os partidos políticos. Eu acho que o PT deu uma ajuda muito grande agora quando aceitou a indicação da ministra Dilma como presidente, ou seja, havia quem dissesse que o PT queria criar caso, que o PT queria uma liderança histórica, alguém com mais vínculo, e oPT aceitou tranquilamente a Dilma e eu acho que PT tomou a decisão madura e coerente, sabendo a minha relação com o PT e o peso do governo na decisão do processo eleitoral. Eu acho que foi uma decisão madura e, obviamente que, muitas vezes aceitando aquilo que a gente fazia no governo. Porque, qual é o problema do governo? Quando você chega no governo, você não participa mais da decisão de um partido. Eu, faz oito anos, sete anos, que eu não vou numa reunião do partido. Porque eu tomei como decisão de que, ao ser eleito presidente da República, eu não poderia governar para o PT, eu não poderia enxergar o mundo apenas pelo PT, eu tenho que enxergar o mundo pela pluralidade da política brasileira e da sociedade brasileira. Então, eu estabeleci uma forte relação com os trabalhadores, é verdade. Mas estabeleci também uma forte relação com os empresários, estabeleci uma relação muito forte com os setores médios da sociedade, porque é isso que é a sociedade brasileira. Ela não é apenas, sabe, vermelha ou azul ou verde. Ela é muito mais colorida do que tudo isso e o presidente da República tem que ficar com uma espécie de magistrado. Agora, quando chega época de eleição não é possível o presidente da República ficar como magistrado porque eu tenho um lado. Eu tenho um partido e tenho candidato.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Política

Reformando as Utopias

Estou chocado com a eleição e com a pseudo-ética que formaliza a democracia capitalista brasileira.

As aberrações que podemos observar na prática eleitoreira tem se mostrado incomensurável na avaliação dos candidatos concorrentes e seus partidos aproveitadores.

O povo influenciado pela mídia, noticiários e programas de rádio e tevê, continua não sabendo em quem votar. Tiririca, Romário, Garotinho, Wagner Monte, são os campeões de voto, segundo as pesquisas. Antes, Clodovil, Maluf, Enéas, dominavam o cenário midiático sem nenhum benefício de suas atuações ao processo político de libertação do nosso povo.

Eles todos são os representantes do espírito brasileiro da esculhambação, da pilhéria e do mal dizer. Aliais o nosso povo quando não pode consertar ou transformar, ele tenta esculhambar, anarquizar. É o sentimento de revolta que passa na cabeça de todos nós, quando a outra opção que se tem nem é sempre o que se deseja de fato. O voto inútil. O fenômeno Cacareco faz parte disso. Acho um direito de o povo elegê-los, com todos os votos de quem quer para quem vai esculhambar o que não está direito.

Mas nisso tudo o que não é direito são os eleitores carregarem nas legendas dos partidos que apóiam os despreparados a possibilidade de com os Cacarecos seguirem todo o zoológico.

Quanto a esculhambação, meu pai me dizia que em 1939, ele assistia nos cine jornais da época, o poder da Alemanha no desfile sincronizado, harmonioso, perfeito, representados no balé bélico dos soldados nazistas com seus uniformes cortados na medida, suas calças impecáveis caindo em uma mesma posição sobre suas botas brilhando, era assustador. Mas quando um corte na imagem do cine jornal apresentava o contraponto no desfile dos seus seguidores no Brasil, onde centenas de integralistas comandados por Plínio Salgado marchavam na Avenida Rio Branco, sem nenhum sincronismo no movimento, praticamente andavam, conversavam uns com os outros, usavam diferentes sapatos esportivos, camisas verdes e calça de qualquer cor, o povo brasileiro gozador conseguia esculhambar até a rigidez do nacional socialismo alemão.

Assim o Brasil, que é feito pela mistura de todas as raças, um país sério dentro de uma desordem incontrolável, precisa de reformas urgentes e inovadoras.

Parafraseando Tancredo Neves, em depoimento ao meu filme Liberdade: “brasileiro radical não existe, se ele é brasileiro, ele não é radical, mesmo ele tendo nascido no Brasil”. No mesmo filme Luis Carlos Prestes, em uma entrevista, nos diz que se um dia soldados estrangeiros invadirem o nosso território, esse povo dolente, se bem informado, vai se unir radicalmente, com coragem na inaudita luta, sem trégua, para expulsar o invasor...

É preciso mostrar a todos que nós já estamos sendo invadidos e escravizados e ninguém fala sobre isso.

Essa dualidade nacional precisa ser entendida. Quando um candidato se deixa mais radical em suas opiniões ele não é entendido pelo eleitor. Mas o eleitor precisa saber o quanto invadido está sua mente, seu pensamento, seus direitos, sua vida, por forças de uma cultura estrangeiras que de maneiras claras e objetivas dominam grande parte do nosso território, tanto físico quanto mental.

Uma reforma política, se um dia existir, tem que se inovadora, tem de ser única. A verdadeira democracia tem de acabar com todos os partidos políticos. Com todo radicalismo burocráticos que dele advém.

Todo brasileiro pode ser candidato, todo eleitor pode ser votado. Assim Tiririca vai com milhões de voto ser eleito, mas vai sozinho. Garotinho e Wagner Monte também.

Um partido político engessa a expressão política pois são sempre dominados por panelinhas e conchavos. Ele não elege ninguém e recebe todas as glórias e legendas? É preciso acabar com isso.

Para mim, as eleições, depois de uma reforma política simples e radical, seriam assim:

1. No primeiro mês se elege os vereadores e os prefeitos. No segundo mês o governador e os deputados estaduais. No terceiro mês elege-se o presidente e os deputados federais Extingue-se a eleição para o Senado.

2. Só pode concorrer para deputado estadual quem já foi votado, eleito e cumpriu todo o mandato de vereador. Só pode concorrer para Governador quem já foi votado, eleito e cumpriu todo mandato de Prefeito. Só pode concorrer a presidência quem já foi votado, eleito e cumpriu todo mandato de governador. Não teremos candidatos à vice. Se um eleito faltar, elege-se outro.

3. Todos os meios de comunicação oferecerão a todos os candidatos o mesmo tempo de difusão de suas campanhas política. Acaba-se com a papelada e impressos de candidatos. Campanha limpa só pelos meios de comunicação.

4. Ao Senado caberá a inteligência dos estados brasileiros com dois representantes escolhidos por um colegiado a ser criado composto por representantes comprovados de expressão de sua cultura política, jurídica e artística. Ao Senado caberá legitimar as leis estabelecidas na Câmara e analisar e aprovar ou não os atos do executivo.

5. O Executivo só poderá nomear seus auxiliares; Ministros e Secretários, entre aqueles que foram eleitos deputados estaduais, federais ou se forem senadores.

6. Um Senador pode concorrer a qualquer cargo eletivo, bastando que ele cumpra todo o seu mandato no Senado.

7. Todos os mandados serão de oito anos, sem direito a reeleição.

Como podemos ver com essa reforma acabaremos com a falácia que se tornou as agremiações políticas neste país. Quando se fala em Brizola não se pensa PDT. Quando se fala em Prestes, não se pensa PCB, em Getúlio, não se pensa PTB, FHC em PSDB e nem no Serra, Lula também não pensa PT e Dilma nem se fala. Os outros se confundem no radicalismo boçal do conservadorismo e das utopias ideológicas seguindo regras pré-estabelecidas como se pertencesse a uma igreja dogmática onde a fé derruba montanhas.

Meu voto não mudaria nessa nova conjuntura. Dilma é a melhor que se apresenta. Lula foi o melhor que se apresentou, depois de Brizola. Hoje as opções para o governo do Rio e de Minas, onde eu voto, é mesmo de fazer rir...

Vamos democratizar de verdade, fazendo de imediato as reformas necessárias no sistema de governo e na representação política. Reformas que deveriam defender de imediato os anseios de libertação do povo brasileiro.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

POR UM NOVO CINEMA II

VER TIGEM filme curta sobre o artista Arlindo Daibert
CHAMAMENTO
Marcos Manhães Marins - http://cinemabrasil.org.br/

Vamos apoiar a MUDANÇA DE PARADIGMA, ou a cinematografia brasileira vai ficar cada dia, mais empobrecida... O ESTADO BRASILEIRO deve ter Critério de Estado, valorizando o imaginário de seu povo..., a descoberta da história do país. A CARTA DE PORTO ALEGRE fala disso, e devemos fazer uma grande mobilização por ela.

Trechos do discurso do cineasta Rosemberg Cariry – presidente do CBC – no encontro que se realiza em Porto Alegre no Rio Grande do Sul


... o cinema e o audiovisual como potências em movimento, como forças vivas e transformadoras, que poderão colocar o Brasil, nas próximas décadas, no papel de agente positivo e transformador no imaginário do mundo.

... a maioria dos que aqui estão são jovens, flexíveis e viçosos como os caniços que se curvam ao vento e se debruçam nas margens dos rios para beber da fonte renovadora da vida. Jovens que sabem que estes mesmos rios, pacientemente, cortam montanhas e desfazem a solidez das rochas, em busca do mar, porque todo rio nasce destinado ao mar.
... Prefiro falar das coisas, permanentes e visíveis, buscando antes situá-las em outro plano de entendimento... Vou tratar de poesia, de esperanças e de sonhos que, como pedras em alicerces, não raro são o fundamento do mundo.

... Os mestres budistas, que de bem no mundo possuíam uma túnica, um cajado e um prato, costumavam dizer: "Uma coisa é o dedo que aponta a lua e outra coisa é a lua". Sábios eram estes homens. É preciso não confundir o dedo com a lua, nem se iludir com a abstração da lua. Muitas vezes, confundimos o nosso cinema que aponta o mundo com o mundo, da mesma forma que os pequenos macacos muitas vezes se afogam tentando apanhar a miragem da lua refletida na água de um lago. Confundir cinema com mercado é confundir o dedo com a lua. O mercado pode ser importante, muito importante, mas o mercado não é o cinema. Fazer obras tendo como parâmetro exclusivo apenas o possível gosto de um mercado imaginado, em sua abstração conservadora, é se afogar tentando apanhar a miragem da lua refletida na água. O mercado não pode ser um fim em si mesmo, antes deve ser um meio para a realização do homem, da mesma forma que o dedo é um meio que aponta a beleza da lua.


Um Brasil que se reinventa em cores e sonhos, em novas belezas e impossibilidades tornadas possíveis. O que aqui se reúne é uma nação diversa e unida, nestes tempos de pós-modernidades, em que o centro está em todos os lugares onde estão os homens e as mulheres em seus processos criativos. ... só o sonho é real. Sejamos realistas, vamos restituir o sonho ao cinema brasileiro. Para Glauber Rocha, "O sonho é o único direito que não se pode proibir. (...) Uma obra de arte revolucionária deveria não só atuar de modo imediatamente político como também promover a especulação filosófica, criando uma estética do eterno movimento humano rumo à sua integração cósmica". (...)
Caso alguém me pergunte o que é o Congresso Brasileiro de Cinema, eu direi: é um ritual de pajelança que acontece de dois em dois anos, para a gente se encontrar, guerrear e sonhar.

Lembro aqui, sem medo de falar em vão, que os sonhos são mais poderosos do que as utopias, já que os sonhos são feitos com a matéria da vida.


CONVITE

Nankin Editorial e Funalfa Edições
convidam para o lançamento dos livros

Aconselho-te crueldade (contos), de Fernando Fiorese,
&Viavária (poesia), de Iacyr Anderson Freitas,


a realizar-se no dia
24 de setembro (sexta-feira), a partir das 19 horas,na Livraria ZaccaraRua Cardoso de Almeida, 1356 - Perdizes
São Paulo - SP

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Por Um Novo Cinema

Limite é um filme de Mario Peixoto, rodado em 1931, fotografado pelo genial Edgar Brasil. Um marco na vanguarda do cinema brasileiro muito pouco conhecido.
Aqui está só o princípio do filme...



Loucura Pouca é Bobagem

Uma belíssima viagem ao planeta Saturno e seus misteriosos objetos ainda não identificados.

Saturn's Rings

(a música do clip 4 de Satie com um arranjo novo, vale a pena)
1
http://www.youtube.com/watch?v=zNwTO3njTX0
2
http://www.youtube.com/watch?v=ibT4SFNcGcY
3
http://www.youtube.com/watch?v=ibT4SFNcGcY 4http://www.youtube.com/watch?v=33uvhjp7U5Y

domingo, 19 de setembro de 2010

Política

Uma grande inversão
A disparada de Dilma Roussef nas pesquisas de opinião pública tem suscitado interpretações diversas.

Duas constatações mobilizam os comentaristas: a primeira é a popularidade do governo, atingindo patamares de quase unanimidade, se computados como favoráveis os que avaliam o desempenho de Lula como ótimo, bom ou regular. Depois de oito anos, trata-se de algo raro.
A segunda constatação é a capacidade de transferência de votos do presidente. Também não é algo comum. O comum é o inverso.


Líderes de expressão nem sempre conseguem “fazer” os sucessores. Isto se deve, em parte, à vontade deles mesmos, têm medo que os herdeiros possam fazer sombra à sua liderança, apagando-os da história. Leonel Brizola era craque nisto: nunca elegeu um sucessor, embora saindo de governos com alto índice de popularidade. O mesmo aconteceu na sucessão de FHC. Embora desgastado, foi notório que ele achava graça em transferir a faixa presidencial para o líder operário, mesmo porque estava convencidode que a gestão deste seria um fracasso, favorecendo, quem sabe, a sua volta ao poder.

Quem pagou o pato foi José Serra que até hoje guarda rancor pela “traição” do chefe político do PSDB. No entanto, mesmo que os líderes invistam na escolha de sucessores, a transferência de votos nem sempre se dá, ou se dá de forma tão parcial que os herdeiros perdem as eleições. (Garotinho e Rosinha no governo do Rio foram exceção a regra)


Ora, o que surpreende nesta campanha eleitoral, é a capacidade de transferência de votos de Lula para Dilma. Esta era uma personagem desconhecida em termos eleitorais. Sua vocação era outra: a de servidora pública, empenhada na gestão de empresas estatais ou planos de desenvolvimento.


Quando Lula sacou o nome de Dilma, e o apresentou ao distinto público, não faltaram análises de que o homem não queria eleger o sucessor, no caso, sucessora. Escolhera um nome anódino para ter uma derrota eleitoral honrosa, evitando sombras em suapopularidade.


Mas não foi isto que aconteceu. Lula investiu na herdeira, pessoalmente e com a máquina pública. Os resultados não se fizeram esperar e até agora assombram osanalistas. O que dizer destas evidências?


Os mais simplórios, como sempre, denunciam sombrias manipulações. É uma velha cantilena, de direita e de esquerda. Quando o eleitorado não acompanha suas propostas é porque está sendo manipulado. Para a velha UDN, era Vargas o grande manipulador. Para as esquerdas, depois da ditadura, era a TV Globo que orquestrava as mentes. A conclusão é sempre a mesma: as pessoas não sabem votar! Multidões passivas, idiotas! A idiotice, no caso, é da interpretação, incapaz de compreender a complexidade do processo histórico.


Uma outra linha interpretativa foi importada de análise feita nos EUA a propósito da eleição de Bill Clinton. Um gênio teria formulado a frase: é a economia, seu estúpido! Queria dizer com isto que o eleitorado estadunidense estaria votando de acordo comseus interesses econômicos. Como Clinton falou, e muito, do assunto, ganhou as eleições com folga. Transportada para o Brasil, a tese poderia ser assim traduzida: amaioria do eleitorado brasileiro, sobretudo as classes populares, estariam votado com o bolso, ou seja, como os governos de Lula as beneficiaram economicamente, elas tenderiam a manter uma fidelidade canina ao benfeitor.


A análise não é destituída de fundamento. Com efeito, os interesses econômicos são um ingrediente importante nas escolhas de qualquer eleitorado. Mas, se o ser humano não vive sem pão, é conhecido o bordão que “nem só de pão vivem os humanos.”


A hipótese que sustento é que a aprovação do governo Lula e a sua inusitada capacidade de transferência de votos reside num processo mais profundo: o acesso progressivo das classes populares à cidadania. Lula é a expressão maior disso. Ele é visto como o político que promoveu como ninguém este acesso. Isto tem a ver com bens materiais, sem dúvida. Mas há outros bens, simbólicos, mais importantes que o pão nosso de cada dia. E é isto que as direitas raivosas e as esquerdas radicais não percebem. As pessoas comuns e correntes, desde os anos 1980, e cada vez mais, começaram a achar graça nas instituições e nas lutas institucionais.

Política, que era coisa de brancos ricos, começou a ser também de pardos, negros, índios e brancos pobres. Esta é uma novidade óbvia, senhores e senhoras das elites brancas (a expressão é de Cláudio Lembo, líder conservador). Se Vossas Excelências puserem o ouvido no chão, talvez sejam capazes de ouvir o tropel que se aproxima. Se olharem para o mar, vão ver a tsunami que vem por aí. Na história desta república, só houve uma coisa parecida com o que está ocorrendo agora, foi antes de 1964. Entretanto, na época, os movimentos populares queriam muito e muito rápido. Não deu. Veio o golpe, paralisou e reverteu o processo. Agora, não. O tropel vem comendo pelas bordas, com paciência e moderação, devagar e sempre, mas a fome destas gentes é insaciável. Quando as pessoas comuns compreendem os benefícios da democracia, querem para elas também. É simplório imaginar que tudo se esgota no pão. O pão é gostoso, quem não gosta de comer? É mais do que isto, porém: os comuns querem a cidadania. Plena. Querem jogar o jogo como gente grande, como antes só os brancos ricos faziam. Uma grande inversão.Vai dar? Não vai dar? Veremos. Mas uma coisa é certa: não vai ser tão fácil deter esta onda como em 1964.



Daniel Aarão Reis - Professor de História Contemporânea da UFF

sábado, 18 de setembro de 2010

Notícias do Rio e do Cosmo

ALGUÉM TEM QUE HONRAR ESTA DERROTA

"Derrota!" abre o filme novo do Cao Guimarães "Ex-Isto" no Festival do Rio! É um filme experimental, sucesso de crítica em gramado! Segue abaixo os horários e dias de nosso filme.

A Sessão de Gala no Odeon cai numa segunda! To pensando em reunir o pessoal depois para um chopp comemorativo do nosso filme ali pelas redondezas... O que vocês acham? Estou em Sergipe. Derrota passa hoje aqui. Vamos torcer, estamos na competitiva!Dia 4 de outubro, segunda-feira, Cine Odeon Petrobras22h – sessão para convidadosDia 6 de outubro, quarta-feira, no Estação Vivo Gávea 317h50 e 22h10
Cine Odeon Petrobras – Pça. Floriano 7, Cinelândia – Lotação 584 poltronas e 2 cadeirantes
Estação Vivo Gávea 3 – Rua Marquês de São Vicente 52/4º andar - (Shopping da Gávea) - Gávea – Lotação – 91 lugares

Loucura Pouca é Bobagem


Espetacular e realística viagem pelo universo (ida e volta) saindo do Tibet para o passado e de volta para o futuro. Dois outros vídeos interessantes sobre o tamanho das estrelas em comparação com o tamanho da terra. É chocante!
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http://www.youtube.com/watch?v=wHiHFXtE0js

O simpático e empático físico nosso conhecido Nassim Haramein, fala das novas possibilidades humanas depois dos acontecimentos de 2012 (não é o fim do mundo)

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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

URBES (novas pinturas)

Depois de Festas Brasileiras, com 30 quadros, eu estou abrindo uma nova fase de minhas pinturas que eu intitulei de URBES, uma visão particular das cidades, pois em cada uma misturo sentimentos múltiplos de encantamento e desencanto, do figurativo ao abstrato, do cenário confuso a geografia do caos, da memória vadia ao esquecimento profundo, misturando todas as coisas em todas as cores, luzes em sombras em um céu negro atormentado por nuvens vermelhas, o meu ser pintor...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Notícia do Rio de Janeiro

ABAIXO A REALIDADE
Geraldo Carneiro Poemas Reunidos
No próximo dia 15, acontece na Livraria Argumento do Leblon
o lançamento e sessão de autógrafos do livro Poemas Reunidos, de Geraldo Carneiro. Na ocasião serão exibidos os filmes "Miragem em abismo", de Eryk Rocha, e "Rascunhos do tempo", de Jorge Brennand, sobre a poesia e os poemas do livro. Quarta-feira dia 15/09 a partir das 19:00 Livraria Argumento, Leblon, Rio de Janeiro (Rua Dias Ferreira, 417)
Notícia de Minas Gerais I
Queridos e queridas:
Para quem tem curiosidade,
Para quem tem saudade,
Aí vai o link da Rede Minas de TV para ver meu programa.
http://www.redeminas.mg.gov.br/imagem-da-palavra/assista
Aguardo comentários, críticas, sugestões e, por que não? Elogios!
Guga Barros
Notícias de Minas Gerais II
Nankin Editorial e Funalfa Edições convidam para os lançamentos dos livros
Aconselho-te crueldade (contos), de Fernando Fiorese & Viavária (poesia), de Iacyr Anderson Freitas a realizar-se em
BELO HORIZONTE
14 de setembro (terça-feira), a partir das 19 horasEspaço Cultural Letras e PontoRua Aimorés, 388 sl. 501-502 - Funcionários(esquina com Rua Ceará)
RIO DE JANEIRO
17 de setembro (sexta-feira), das 19 às 22 horasDaConde Arte + CulturaRua Conde de Bernadotte, 26 loja 125 - Leblon

domingo, 12 de setembro de 2010

Por Um Novo Cinema II

Como Macbeth a tragédia shakesperiana ,
Rogério Sganzerla foi quem decifrou os enigmas da viagem fílmica de Orson Welles ao Brasil. Editando imagens encontradas em suas incansáveis pesquisas nos acervos das cinematecas do Rio e de São Paulo, com textos recolhidos, editados e ditos pelo próprio Welles, somado a outros declamados com elegância e sentimento profundo das histórias passadas, por Grande Otelo, ator e amigo de Orson durante o tempo que ele filmou no Brasil, o curto documentário, que eu não conhecia, e que me chegou através da internet, deixou-me encantado com o poder de síntese poética do meu querido amigo. Lembro-me que víamos os filmes do Welles como quem saboreava uma iguaria de sabor incomparável e conversávamos horas a fio sobre esse genial artista nos bares da Urca, bairro carioca onde o amigo morava. Como eu tinha um equipamento completo de filmagem 35mm e ainda por cima Welles estava vivo, tínhamos resolvido - só entre nós, como ele gostava de dizer, que iríamos a Los Angeles filmá-lo... Mas, pra variar, faltou produção (dinheiro), e o tempo levou de nós o Cidadão Welles e tempos depois partiu para o eterno o meu amigo Sganzerla. Ficou a obra. Infelizmente a cópia aqui mostrada não tem a qualidade fotográfica do original, tenho certeza, ,mas pode-se ver a grande magia, a maestria, a poesia anárquica, brasileiríssima, cinematográfica desses dois grandes artistas.

OS DOIS FILMES ESTÃO POSTADOS NA MINHA PÁGINA KTV http://www.settefilmes.blogspot.com/

NOTAS

O ator operário Gerson Rosa, sambista, interpreta Geraldo Pereira no filme "O Rei do Samba" 1999
A Nossa Presidenta
Dilma disse na abertura da 37a. Jornada Internacional de Cinema da Bahia que precisamos acabar com a invasão dos nossos espaços audiovisuais pelos produtos made in USA. E acrescentou: a Lei Ianque de dominação através do cinema e da televisão, criada no Governo Roosevelt com a célebre "aonde vão nossos filmes, vão nossos produtos, nossa maneira de viver...", não pode continuar a ocupar os olhos, os ouvidos, as mentes e os corações do nosso povo. Queremos a diversidade artística e cultural. Vamos abrir nossos portos, aeroportos, vídeo locadoras para todas as manifestações, de todo o mundo. O monopólio da comunicação está com seus dias contados. Os programas de nossas tvs que são verdadeiras bases de lançamentos de foguetes audiovisuais para destruição em massa dos nossos melhores cérebros, com filmes subsidiados pela indústria da guerra, vão ter que mudar.

Novo Site
http://www.josefacury.com.br/

“Alô meus companheiros de lindas amizades, de trabalhos inesquecíveis, de lutas artísticas suadas, de debates culturais infindáveis, de relações familiares profícuas e também os dos simples contato da vida que podem se desdobrar em outros tantos momentos. Mesmo que, tardiamente tomei vergonha na cara e coloquei meu site na rede”.

Pedro Maciel e a promessa de novos amanheceres
Escrito em agosto 2010 por Amigo de Montaigne

Já não é de hoje que expresso a minha admiração pelo escritor mineiro Pedro Maciel. Autor de A hora dos náufragos (Bertrand, 2006) e de Como deixei de ser Deus (Topbooks, 2009), acaba de lançar o seu incl as sificável livro Retornar com os pássaros (Leya). Colagem coerente de aforismos, máxim as e versos líricos, a incl as sificabilidade do gênero tem aí o seu ponto forte. Em meio ao mar as mo editorial br as ileiro e mundial, consequência do dito "pós-modernismo", Pedro Maciel traz frescor e revitaliza o nosso olhar, o nosso sentir. Tal qual um P as cal dos trópicos, brinda-nos com o seguinte pensée: "Penso em não morrer aqui, sentado, esperando por um facho de luz ou por uma ideia brilhante. Penso em não morrer por hoje. Penso em não morrer. Não é a primeira vez que penso em não morrer. A pior coisa de tod as é morrer logo; a segunda pior é simplesmente morrer um dia". Há momentos de grande lirismo, que eu ousaria em cl as sificar de hilstianos - quanta falta me faz Hilda!, m as logo a enxergo na estante, à direita, entre amigos: "(...); não te esqueç as de mim quando não encontrar palavr as para nomear as cois as indeterminad as e sem-nome, não se deslumbre com a luz artifcial dos palcos da vida, ouça o rumor do vaivém dos seus descaminhos, não atenda se o p as sado ligar fora de hora, esqueça o p as sado por um instante". Manoel de Barros arquetípico que vive em todos nós, Pedro Maciel vaticina: "O tempo e o habitat são fundamentais para a sobrevivência dos pássaros. Quem não é ave, não deve acampar-se sobre abismos.Pode-se reconhecer aves selvagens ou doméstic as através do voo ou da voz. B as ta observar os pássaros a cantar nos arbustos, o voo dos insetos diversos, os vermes a r as tejarem pela terra úmida, e refletir que ess as form as elaboradamente construíd as , tão diferentes entre si e tão dependentes um as d as outr as de modo imensamente complexo, foram tod as produzid as por leis que atuam à nossa volta". Constituído por 72 pensamentos, a capa de Retornar com os pássaros se equivoca: onde se lê "romance", leia-se "incl as sificável: novos amanheceres possíveis".

NOVOS ESPAÇOS NOVAS IDÉIAS
Paulo Duarte <pauloduarteguimaraes74@gmail.com>

Devido a falta de espaços para expor, lobs, panela, culhão pra colocar quem tem o que dizer e não tem rabo prezo, medo de correr risco... e essa merda toda que cerca o meio das artes plásticas no Rio de Janeiro, eu, Paulo Duarte Guimarães, venho por meio dessa, convidar, convocar, chamar... artistas e não artistas para se reunirem no dia 10.10.10, as 17hs, bairro do Jardim Botânico, local a ser decidido, com objetivo de expor suas artes, seus pensamentos... Esse e-mail e um convite para você expor sua ideia em forma de objeto, performance, musica, poesia... não tenho e-mail de todos os 50 artistas plásticos que listei, por isso aguardo retorno daqueles que queiram se juntar ao exercito cambraleonico e por ventura tenham amigas e amigos com o mesmo feeling - se juntar aos ratos e vermes verminozos dantescos das sombrias regiões do inconsciente latente, buraco escuro onde aquela raiz daquela arvore vem beber água...Tenho 2 tipos de lugares - um coberto, lindo, com paredes brancas, numa rua silenciosa do Horto, com mais ou menos 35mts por 15 de largura e 3 metros de altura, e uma praca na esquina da rua Jardim Botânico com a Pacheco Leão, chama praça do fedor, pq fede! Cambralha - tudo indeferido vivo, aquilo que incomoda realmente, risco, abismo, cu do Judas, a casa do caralho, raiva transformada em desejo, ar que se aquieta ao entardecer, terral. A face do desconhecido vivo, latente pulsão daquilo que fede, profundezas, luz ao amanhecer. Psico-pompo sobrevoando abismos infindáveis, chegada. saudações Cambraleonicas!!

sábado, 11 de setembro de 2010

Por um novo cinema

Dziga Vertov, (Rússia, 2 de janeiro de 189612 de fevereiro de 1954), cineasta, documentarista e jornalista, é o grande precursor do cinema direto, na sua versão de cinema verdade. A sua teoria do Kino Pravda, a do cinema-verdade, é fundadora de futuras teorias e práticas numa área fundamental do cinema: o contato direto do olho da câmera com o evento filmado, a verdadeira realidade, ao contrário da ficção, que precisa do plateau. Aí se diferencia Vertov de Eisenstein: a idéia, a encenação e o plateau, tal como no teatro -" A idéia é aquilo que tudo determina. Não escapa ao movimento da História e é expressão de um ideal humanista que se dinamiza na construção de uma sociedade justa".

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Loucura Pouca é Bobagem


NAVE MÃE

Sol vermelho
Céu azul
Nuvens negras

Buracos de tempestades
Vento forte
Mar de pedra Batida

Terra à vista!
No espaço
Viaja...


Caiu na Colômbia há poucos dias atrás uma bola de fogo causando um grande impacto nas montanhas de uma de suas províncias. Dizem que é um pequeno parafuso de uma nave que estava para penetrar no buraco negro que existe em nossa estrela o sol.
Nave espacial maior que o planeta terra
http://www.youtube.com/watch?v=YmXhUoh3p1w

parte 01

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

BRASIL


É Preciso Coragem e Avançar...

Um poder político republicano inovador, transformador e criativo, que pretenda avançar na identidade e na defesa de uma nação-continente livre e soberana como é o Brasil, precisa ter a coragem de fazer três ações simples, mas de complexas injunções no sistema político de governos engessados por interesses seculares pré-estabelecidos mundialmente pelas elites dominantes.

Os governos caem por sua mesquinhez e ganância.

Se algumas destas três ações propostas aqui, a qualquer tempo, forem executadas pelos futuros mandatários da república, Presidente, Governadores, Prefeitos ou se forem exigidas pelo povo organizado, o país mudará para sempre e para melhor e, em bem pouco tempo, transformar-se-á a sociedade reprimida e escrava em terras de homens livres.

Acredito que o Brasil deu o seu primeiro passo em busca do país do sol e da liberdade com governo Brizola e Darcy, abrindo os olhos da nação para a educação pública de qualidade, criando quinhentas escolas de tempo-integral no Estado do Rio de Janeiro.

Alimentando o corpo e a alma de todas as crianças brasileiras, o saber ganha da ignorância e une a todos, sem distinção, pelas novas oportunidades que são oferecidas, liberando a energia salvadora do trabalho consciente de todos construindo, sem medo, uma nova sociedade brasileira.

Para que isso se torne realidade é preciso avançar e para avançar é preciso ser criativo.

Ser criativo é:

1. Ter todas as crianças do país na escola de tempo integral – Como foi imaginado e feito pelo Professor Darcy Ribeiro. Além das matérias curriculares, mais aulas de introdução a Música, Literatura, Teatro, Cinema, Televisão e História da Arte. Dez anos de escola pública onde o saber, o talento, à vontade e a vocação serão os privilegiados.

2. Fazer a Universidade Livre do Brasil. A sequência lógica para o ensino público nos últimos três anos de aprendizado. Um centro de saber pautado aqui em três temas básicos ministrados em três escolas fundamentais: Escola do Atlântico (ou do Mar); Escola da Terra (ou da Biodiversidade); Escola das Artes (ou do Conhecimento).

3. Constituir o Ministério das Reformas Brasileiras. Para abrir, democraticamente, o caminho e avançar será preciso primeiro reformar e melhorar todo o sistema: Agrário; Urbano (habitação, segurança e transporte); Tributário; Judiciário; Saúde; Educação; Comunicação; Político e Cultural.

Educar e Reformar Para Avançar!

O resto é papo furado em época de eleição.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Poesia

POSTAL
Esses teus olhos divinos,
Tempestuosos, ardentes,
São como dois assassinos
Que trazem punhais nos dentes
Tenho mais de uma ferida
Feita com toda a malicia...
Se eles não mudam de vida,
Eu vou dar parte a policia!

Osório Duque-Estrada
Rio de Janeiro, 25-2-1913.

domingo, 5 de setembro de 2010

NOTAS

No Rio de Janeiro

"Um "espetáculo" sobre a história do Brasil que tem a música popular brasileira como fio condutor. De forma lúdica e prazerosa, os contextos das músicas são analisados e o público é levado a conhecer um pouco da história da época em que foi composta e de seus compositores, enfim, uma mistura inusitada de literatura, teatro, informação e principalmente boa música".

Videoclip do projeto produzido pela FluxosFilmes

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NOTAS

BOAS NOVAS! Emiliano, meu filho e sua mulher Cris, futura mãe do meu neto(a).

Aos meus amigos

EU VOU SER VOVÔ!

Vai, na certa, ser um(a) menino(a) lindo(a), pois os pais, aqui pra nós, são belíssimos.

Vamos então comemorar...


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Loucura Pouca é Bobagem



Vamos viajar para os confins do universo?

Parte 01
http://www.youtube.com/watch?v=17jymDn0W6U

parte 02
http://www.youtube.com/watch?v=B4dK_083LrA&feature=related

parte 03
http://www.youtube.com/watch?v=wHiHFXtE0js

Extra:
http://www.youtube.com/watch?v=OMX5VxMzv-0

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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

RE-LEITURA

A Verdadeira Revolução dos Mineiros
Todos os brasileiros, principalmente os mineiros, deveriam conhecer a história do movimento político de 1842 e o que aconteceu naquela época com todo aquele povo rebelde. Esta revolta popular que abalou o Brasil e por pouco não fez os revolucionários da Província de Minas Gerais proclamarem a república 47 anos antes de a quartelada carioca derrubar o Império, em um golpe conjurado por fazendeiros e pela elite paulistas como apoio do exército.
Esse livro, escrito no calor deste movimento de libertação, por um do seu mais pugnaz revolucionário, o cônego José Antonio Marinho, é um testemunho extraordinário sobre aquele momento singular por que passou o povo das Minas Gerais, pois é dali que surge, vindo escondido da corte, cavalgando a noite, despistando os soldados do Império, a figura histórica do grande herói dos rebeldes, o Capitão da Casaca Grande, o comandante de fato dos revolucionários mineiros, o mais sábio dos chimangos, o deputado Teófilo Ottoni.
A partir desse livro, acima exposto, e meu envolvimento criativo com o romance histórico escrito sobre Ottoni, por Paulo Pinheiro Chagas, intitulado “O Ministro do Povo”, como base de observação daqueles acontecimentos, escrevi um roteiro para cinema intitulado “Ottoni e a Revolução” que infelizmente, por incompreensão dos governantes e autoridades ligadas a cultura do país e do meu Estado, não me foi possível realizá-lo. Deixando ainda cinematograficamente escondida uma das mais belas páginas da história de Minas Gerais e do Brasil.

HISTÒRIA DO MOVIMENTO POLÌTICO DE 1842
Autor: José Antônio Marinho
Editora Itatiaia (Belo Horizonte)
Editora da Universidade de São Paulo – 1977
Capa de Claudio Martins
Apresentação de Francisco Iglésias

OBS: O Roteiro escrito por mim sobre o Ottoni e o movimento de 1842 está publicado aqui no Blog na página ROTEIROS.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

História

Um Exercício de MemóriaO plano mágico do transatlântico em "Um Filme 100% Brazileiro" 1985

A partir do expressionismo alemão, do neo-realismo italiano e da vanguarda francesa, artistas anárquico-contestadores do outro lado do mundo, na América roliudiana, criavam suas obras desde o caseiro oito mm até exibições com seis ou mais projetores, com temas que iam do homossexualismo até a mais radical anarquia, demolindo instituições e valores morais. Obras como Lúcifer Rising (1966); Invocation of my Demon Brother de Kenneth Anger; Normal Love (1963) de Jack Smith, esses artistas criaram um movimento cinematográfico que se alto proclamou de underground. Foi o jovem Jonas Mekas e a sua revista Film Culture, que liderou na América essa corrente anárquica por uma nova maneira de ver e de fazer cinema. Mekas realizou filmes onde retratava o cotidiano de personalidades como John Lennon, Allen Ginsberg.

Aqui no Brasil surgia, na mesma época, o cinema novo, influenciado pelo neo-realismo italiano, saindo dos grandes estúdios para o cinema de rua. Nelson Pereira e Carlos Diegues dominavam a cena no Rio de Janeiro, mas, quando menos se esperava, aparece o rebelde Glauber Rocha que coloca pimenta baiana nas imagens mineiras de Humberto Mauro, fazendo surgir daí os primórdios de um movimento carioca que se intitulou de Cinema Novo. Filmes revolucionários, de baixo orçamento, feito na rua com o povo como coadjuvante.

No começo os jovens cineastas brasileiros queriam um cinema de guerrilha cultural e popular e estavam conseguindo o seu objetivo. os filmes enchiam salas de cinema e passaram a ser respeitados nos meios internacionais da crítica. Depois da implantação cruel de um regime autoritário, ditatorial e moralista, as coisas começaram a mudar. A indústria cinematográfica de entretenimento comercial com a tutela dos interesses americanos destrói, sem muito esforço, anos de experiência e criatividade, eliminando definitivamente a esse cinema os meios de produção necessários para sua existência.

No final da década de sessenta surgiu, em minha opinião, com Rogério Sganzerla misturando ao underground americano, pitadas do expressionismo clichê de Orson Welles e o cinema popular de Carlos Manga e Watson Macedo, somado ao primitivismo estético paulista da boca do lixo, de um Walter Hugo ou de um Mojica, o que eu chamaria de um novo cinema brasileiro, mais anárquico, mais livre, menos comprometido com o discurso político ideológico panfletário de então, mais preocupado com a poesia da arte do que com a prosa marxista de transformação social. Cinema é cachoeira! Dizia Humberto Mauro. Glauber, que viu o filme de Rogério na pequena cabine da Líder em Botafogo, ficou extasiado, emocionado com o borbotão de imagens e sons que retratavam com ironia, nas dramatizações das cenas poeticamente construídas de uma maneira original e com muito humor, as mazelas sociais das grandes cidade brasileira.

O que era o resultado de um poderoso processo individual de afirmação cultural nas artes cinematográficas, tornava-se parte da criação coletiva e de vanguarda que explodia pelo mundo e se afirmava na sequência lógica da evolução estética apregoada e teorizada por Rosseline, Godard, Glauber, Antonioni, Welles, Straub e outros, através dos seus textos escritos e filmados que justificavam e conceituavam os movimentos de vanguarda que aconteciam mundo afora. No Brasil Rogério Sganzerla era, sem dúvida, a continuação desta explosão estética criativa da arte cinematográfica. Ele era o mais valoroso, o mais rebelde, o mais visionário dos nossos artistas cinematográficos, autor de um cinema popular e poético, liderando e influenciando outros jovens cineastas, anárquicos e transformadores, que se espalhavam pelo país.

O tempo passou e os personagens que desfraldaram a bandeira da transformação do cinema novo em ferramenta de informação cultural e de educação nacional e que fizeram história e escola de cinema novo, vaidosos e enciumados com a coragem de um grupo de jovens cineastas independentes, passaram a hostilizar e a boicotar a possibilidade deles fazerem novos filmes com atitudes bizarras de não reconhecimento, pautada em uma crítica destrutiva sobre os filmes e seus realizadores obrigando a cada um deles se isolar aqui dentro ou lá fora, individualizando a sua arte, formalizando para si a sua escola, a sua maneira particular de retratar, ainda com arte e liberdade criativa, o mundo. Assim os senhores, que no passado se abriram para o novo, acuados entre a arte e o comércio, preferiram o segundo, procurando para isso, uma maneira de atacar, minar, aquele novo cinema que tentava se consolidar na alma brasileira.
Hoje, passado quase meio século de história, eu ainda sinto na pele a marca daqueles tempos de terror. E quanto mais eu vivo, mas vejo a minha arte e a dos meus pares restrita a guetos de admiradores sem a possibilidade de atingir ao grande público. Assim nem o cinema dito comercial, tão acalentado pela nova geração de cineastas, nem o cinema de arte ainda exercitado por alguns fanáticos como eu, tem espaço nas telas do seu país e se contentam em ser exibidos, quando possíveis e aceitos quando vistos, em canais fechados de televisão.

Segundo o cineasta americano Stan Brakhage, “o cinema não deveria se apropriar da figuração visual, pois a mesma implicaria em uma narrativa e, consequentemente, uma moral. Sua proposta é redescobrir o mundo e a ti mesmo através do olhar, numa entrega contemplativa, não reflexiva, um ato mágico. Em suas palavras: Imagine o jardim como você quiser – o crescimento se dá fundamentalmente no subterrâneo”.