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sábado, 30 de maio de 2009

Santa Cruz

MISTÉRIO NA TORRE
Zizinha é um nome pequenino e altivo
que de tudo que é grande tem a palma,
Pois que este nome assim diminutivo,
é aumentativo da grandeza d`alma.

Emílio de Menezes
1915

1962


Era
uma casa
antiga uma rua
única

uma cidade
uma igreja
uma santa
Cruz
Uma ilha escalvada mineira

um mar de
montanhas

Uma panela uma cozinha
escondida cheirosa

uma pinga
da roça
Uma pena
perdida
uma poesia
esquecida

uma morena
formosa.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Poesia

UMA BOCA NO MEIO DO INFERNO PROFUNDO

energéticaluzpurificadora

Escrito nas paredes da cela do mosteiro onde me encontro: No corredor sem fim, na dor da gênese e dos sentidos, exalando o plasma que a tudo transforma.
Eu vi o céu explodindo!
ATONIA
Explosão atômica que denuncia sem provar a infâmia que maltrata o coração queimando sem piedade o verbo garrido que ecoa pelo corpo em chamas altas na alma cabocla da mata fechada que mata admirando o céu nas diferentes cores e brilhos da noite nascendo mais um vez
TODOSIMSERUMANOERRA
Vejo nas nuvens o meteoro ígneo de luz transformado no enorme cogumelo de fogo e entre as grades do convento, vejo o diabo vestido de anjo e os deuses perdidos no tempo...
se so mente

o fogo do fogo é o sol - folgo-me - atomizado em saber demonstrar - Que nada tem a força do fogo enquanto ele pode queimar

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Crítica Natural

Paraíso Quase Perdido
Foto de Damião Lopes

Moro em Cabo Frio, região do Brasil onde existem as mais belas praias. Região dos lagos. Passeio de barco em Arraial do Cabo, quando posso. Raramente vou à praia. Fui criado à beira mar. Para encarar o sol preciso de um chapéu pra tampar minha careca.
Na época apocalíptica, desnaturada, sôfrega, em que vivemos, por algum esquecimento do empresariado predador, ainda é possível andar arrastando com os pés as águas salgadas e transparentes que as ondas levam até a areia em dias nublados a praia onde se banhavam, na época do descobrimento, os selvagens amigos dos franceses.
O sol na região é causticante. Já se foram os tempos em que eu passava o dia seminu, tal qual índio, às vezes acompanhado, nas praias virgens, intocadas, de Búzios.

Mineiro ama o mar. Eu também sou mineiro. Quantos poemas, romances, roteiros, a ele foram dedicados? Quantos filmes foram feitos? Quando aqui cheguei pela primeira vez e vislumbrei a beleza natural do grande canal que corta a cidade, quarenta e cinco anos atrás, eu me lembro perfeitamente que ao acordar naqueles dias quentes de verão íamos ora andando, ora nadando, da praia do camping, recém inaugurado, onde estávamos, em suas águas cristalinas até quase a ponte, que víamos surgir sobre as águas, majestosa.

Hoje já não posso me aventurar a tanto. A ponte foi destronada e as águas que alimentam a lagoa estão turvas e mal cheirosas. Não tenho mais aquele fôlego juvenil. Tudo mudou.

Os jovens que herdarão a terra precisam acordar. Estamos a cada dia que passa perdendo o melhor. Nada mais se reivindica. O mundo é dos boçais?

A natureza, no seu dinâmico processo de transformação e equilíbrio, tende a acomodar em suas entranhas o lixo acumulado da civilização. Até quando? Tudo passa despercebido pela grande maioria dos desavisados cidadãos enquanto o planeta segue o seu destino inexorável.

sábado, 16 de maio de 2009

AMAXON


Como um estreante, estou assombrado com a perspectiva que se esboça, daqui pra frente, para a realização plena do meu trabalho, na sua ultima etapa, que é exibir da melhor maneira possível o meu novo filme.
Faz trinta e quatro anos que passo por esse sufoco que é de tornar público as mais íntimas loucuras do ser, ou do não ser, de meus personagens. Essa dúvida eterna está exposta em toda a minha obra de arte cinematográfica. Digo que é arte porque o meu cinema é profanador. Coisa de difícil entendimento para o espectador comum. Nunca fiz um filme onde os personagens representassem cenas comuns, realistas. Retratei muitos personagens de nossa história, mas nunca me prendi as suas biografias, aos fatos comuns de suas vidas. Eu quero é achar, através do texto fílmico, mais do que a imagem, o momento certo, o que foi importante, o desafio poético de uma nova estética para um novo homem, que surgirá dali, da tela. Desta matéria fósmea, como é o filme apresentado ao espectador, por metáforas, por citações, pelas artes, plásticas e cinematográficas; por tudo aquilo que tinha por opção a vanguarda e o novo; do inaudito enredo, onde o conhecer é desvendar os mistérios das palavras e os seus significados, surgirá o belo, a síntese, a imagem de cinema, o entendimento completo daquilo que está sendo apresentado nesta cena armada na grande mesa de jantar, como peças de um grande jogo, um mosaico de fragmentos preciosos, que devem construir uma imagem final, definitiva e única, do que se quis dizer. Assim é AMAXON!
O que terei de fazer para exibir meu novo filme/digital, poético, autoral, de produção independente, que acabei de finalizar e acho que ficou muito bom?

terça-feira, 12 de maio de 2009

AMAXON

Fotos de Cena
Vera Barreto Leite
Tenho em mãos a cópia final em digital do meu novo filme.
Finalmente depois de mais de um ano de trabalho consegui ver, pela primeira vez o filme completo, som e imagem, sem interrupção. Não vejo à hora de exibi-lo e colher opiniões. Estou querendo fazer a primeira exibição oficial na cidade de São Paulo. Aplauso de alguns, inveja de outros. Críticas e críticos espalham suas dúvidas, aos borbotões, pelas platéias convidadas. A primeira etapa foi cumprida. O filme está pronto e ficou muito bom, não tenho vergonha de dizer: é o melhor dos meus filmes feitos em digital. Tenho muito orgulho de ter conseguido fazê-lo. Espero encontrar os amigos leitores, todos a postos na sala de exibição da sua cidade, para assistirem esse meu mergulho profundo na alma feminina da criação.
Otávio III Wally Salomão
Ligia Duran

Guará RodriguesPaulo Vilaça

quinta-feira, 7 de maio de 2009

NOTÍCIA DE MINAS

Recebi pelo correio, dia 5 de maio, e já li, de um fôlego só, toda a viagem do artista Gilberto de Abreu pelo seu campo magnético. Ele, como um bom artista que é, brinca com seus desenhos e traça nos textos o linguajar dos homens simples das Gerais. Tudo é muito poético e divertido. Parabéns Gilbertinho Abreu!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Notícias do filme AMAXON

Amaxon, um jogo para campeões.
Acabei a edição do som do Filme Amaxon, ontem, as sete da noite, no estúdio Garimpo que fica na Gávea com Damião Lopes e Emiliano 7 (autor juntamente com Jose Luiz Vieira da trilha musical). Tudo aconteceu ao mesmo tempo em que finalizava no estádio Mario Filho, o clássico do jogo de bola carioca Flamengo e Botafogo. Saímos para comemorar o final do trabalho de meses e nos deparamos com a multidão fanática e exaltada com a vitória rubra negra. Milhares de jovens vestindo a camisa do timão se embebedavam pelas adjacências da praça do jóquei clube. O que poderia haver entre a finalização de um filme de arte com o esporte das multidões? Nada? Mas, nesta metáfora brasileira, me senti parceiro da alegria e do entusiasmo emocional em que se encontravam aquelas pessoas soltas em desalinho pela praça. Afinal acabava-se hoje a angustia de poder ver pela primeira vez o filme Amaxon praticamente pronto.
Mais de um ano de trabalho entre roteiro, produção, gravações, edição e agora finalização, tal qual um campeonato de bola, como no final, onde venceu o maior e mais querido time do Brasil, nós também vencemos, pois fizemos com arte e adorno o melhor filme! Está, portanto de parabéns todo esse pequeno time de craques que participaram da realização desse pequeno-grande filme de ficção.
Amaxon foi a nossa camisa suada, pois a cada etapa no penoso processo de realização desse trabalho sentíamo-nos vitoriosos. Trabalho de artesão, sem dúvida e sem orçamento. Trabalho nobre. Metalingüístico. Deformador. Único.
Como técnico desse time vencedor quero dizer o quanto me surpreendi com cada um de vocês. Com os atores: Vera Barreto foi a minha maior revelação, sem ensaio, com pouco tempo, conseguiu fazer da sua personagem, a escritora Laura Marques, uma explosão do seu talento artístico e dramático. Otávio III, Lourenço Marques, com a sua postura de ator clássico, construiu o seu personagem de apresentador de TV, equilibrando-se, com destreza, entre a grandeza e a nobreza de um Charles Laugthon e a galhofa e o deboche de um Oscarito. Ava Rocha, que narra e canta no filme com a sua voz grave, correta, afinadíssima e sensível nas inflexões e na interpretação pedida pelo texto de difícil retórica, me fez acreditar em Deus, pois me mostrou ser e ter a alma requintada de uma grande artista. O retorno, em memória de Paulo Vilaça (o inesquecível Bandido da Luz Vermelha), Guará Rodrigues (o grande ator do cinema de Invenção) e Wally Salomão, o grande poeta baiano, me proporcionou homenagear com distinção e propriedade esses grandes nomes da arte cinematográfica brasileira. Tivemos também o especial prazer de rever Ligia Duran, nossa inesquecível musa dos anos 70, em uma performance cênica espetacular. Depois vem a imbatível produtora Ana Sette, que deu o start ao filme. A direção de fotografia de Marcelo Pegado é primorosa e criativa e justifica a minha surpresa com o resultado obtido por ele trabalhando praticamente sem luz e com a câmera na mão. O amor pelo cinema do jovem Marcos Azevedo, nosso assistente geral, fez com que todos nós trabalhássemos o dobro. Mas somente ontem eu pude sentir o peso, a magia e o profundo entendimento do filme, que foi na apresentação, na telinha do monitor, da espetacular trilha sonora criada por Emiliano 7 e Jose Luiz Vieira e mais ainda surpreendendo-me com o brilho inesperado da edição do som e da mixagem estéreo do excelente finalizador Damião Lopes. Ontem foi um dia de glória! Foi o dia em que Amaxon vestiu, por todos nós, pela primeira vez, a camisa de campeão e saiu pelas ruas bebendo e sambando.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Desenterrando o Brasil

Fotos de Mario Drumond(Diamantina MG) Para conhecer o Brasil é preciso primeiro conhecer a pré-história sul americana. Muito já foi escrito e pesquisado sobre o assunto. Fiz um filme em 1978 nas cavernas e grutas de Minas descobrindo o homem de lagoa Santa e o paleontólogo P.W.Lund . Li o seu livro na Biblioteca Pública de Belo Horizonte. É um texto sensacional! O governo brasileiro deveria colocar todos estes textos para consulta na internet, via Biblioteca Nacional ou em algum site ministerial. Em qualquer lugar é preciso ser desenterrados,
expostos, comentados, esses magníficos textos sobre um Brasil e uma América ainda totalmente escondida e ou desconhecida.
Segue aqui 15 sugestões de títulos para começar essa biblioteca digital e fundamental para a nossa identidade cultural.
1 Título: Inscrições e tradições da América pré-histórica
Autor: Bernardo da Silva Ramos
Edição: Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 192?
2 Título: Cidades petrificadas e inscrições lapidares do Brasil
Autor: Tristão de Alencar Araripe
Edição: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, Rio de Janeiro, 1887.
3 Título: A suposta glaciação do Brasil
Autor: John Casper Branner
Edição: Revista Brasileira, Vol. VI, Rio de Janeiro, 1896
4 Título: Inscripções em rochedos do Brasil
Autor: John Casper Branner
Edição: Revista do Instituto Archeologico Pernambucano. Recife, 1904
5 Título: O segredo das minas de prata
Autor: Pedro Calmon
Edição: Rio de Janeiro, Editora A Noite, 1950
6 Título: Escrita Pré-histórica no Brasil
Autor: Alfredo Brandão
7 Título: Nuevo Descubrimiento del Rio de las Amazonas Autor: Cristobal de Acuña
8 Título: Pré-História Brasileira, Fatos & Lendas Edição: Editora Cuplo LTDA, Quatro Artes – Série Brasil
9 Título: Panorama Histórico de Tutóia e Araioses Autor: Paulo Oliveira
Edição: São Luis, 1987
10 Título: Viagem ao Desconhecido
Autor: Gilvan de Brito
Edição: 1993
11 Título: Os filhos do Sol Título original: Die Söhne der Sonne
Autor: Marcel Homet Edição: Ibrasa - Instituição Brasileira de Difusão Cultural S.A., São Paulo, 1959 Tradução: Beatriz Sylvia Romero Porchat
12 Título: Antiga história do Brasil - De 1100 AC a 1500 DC
Autor: Ludwig Schwennhagen
Edição: Liv. Ed. Cátedra, Rio de Janeiro ou Imprensa Official, Theresina, 1928.
13 Título: As Colunas do Templo
Autor: Gustavo Barroso
Edição: Rio de Janeiro, 1930
14 Título: Aquém da Atlântida
Autor: Gustavo Barroso
Edição: Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1931
15 Título: A Expedição Fawcett
Autor: P. H. Fawcett
Edição: Editora Civilização Brasileira S/A, 1954
Organização: Brian Fawcett
Tradução: Leonidas Gontijo de Carvalho